15 research outputs found

    Uma ciência replicante: a ausência de uma discussão sobre o método, a ética e o discurso

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    Este artigo pretende refletir sobre a pesquisa qualitativa e seu uso na área da saúde. A partir de considerações sobre os "modos somáticos de atenção" e exemplos de pesquisas realizadas, proponho, primeiramente, um questionamento sobre dicotomias como teoria-metodologia, sujeito-objeto e racionalidade-técnica. Sugiro que essas dicotomias possam estar na base daquelas que são consideradas dificuldades na utilização da metodologia qualitativa em projetos de pesquisa da área da saúde, como (1) o problema da escolha das técnicas de pesquisa; (2) o dilema do número de casos; (3) a participação do contexto da pesquisa; e (4) os procedimentos de análise ou interpretação dos dados. Num segundo momento, busco mostrar como essas dicotomias também podem estar implicadas na ética das pesquisas qualitativas. Finalmente, observo que esses questionamentos, quando projetados para os Comitês de Ética em Pesquisa, apresentam o grande desafio de avaliar a adequação metodológica em conjunto com os procedimentos éticos de cada projeto, respeitando as especificidades da pesquisa qualitativa.This article approaches the use of qualitative methods in health research. Following the concept of "somatic modes of attention" and examples of previous ethnographic research, I discuss the dichotomies theory-methodology, subject-object, rationale-techniques to suggest that they may be responsible for what has been pointed out as important constraints of qualitative research: (1) the problem of choosing the right research techniques; (2) the dilemma of the number of cases to be studied; (3) the role of the context; and (4) data analysis/interpretation procedures. I argue that these separations can affect research ethics. Ethics needs to be incorporated in methodology as a whole and inform the choice of techniques, sampling procedures, the context and data analysis/interpretation. Finally, this paper points out that the specificity of qualitative research needs to be acknowledged by Research Ethics Committees and suggests they should look, more than anything, at each project's methodological adequacy together with ethical procedures

    As políticas de inclusão como problemática de engajamento antropológico

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    A temática deste número de Horizontes Antropológicos – “Políticas de inclusão” – comemora a edição do número 50 da revista e reúne trabalhos que analisam, predominantemente a partir dos referenciais da antropologia social, um conjunto heterogêneo de programas, projetos e ações dirigidos a inscrever determinadas pessoas e populações como alvos de atenção e de políticas públicas. Trata-se de uma temática cuja relevância acadêmica e política no Brasil cresceu a partir do processo de redemocratiz..

    Nos contornos do corpo e da saúde: entre temas, problemas e perspectivas - apresentação ao dossiê

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    Desde suas origens, a antropologia tem questionado os discursos e compreensões naturalizantes dos vários aspectos e dimensões que compõem a vida humana. Nesse cenário, tanto o corpo quanto os processos de saúde e adoecimento que os envolve passam a ser compreendidos na perspectiva da construção social. Enredados em contextos culturais específicos, atravessados por jogos de saber-poder, negociados em complexas malhas relacionais, inseridos em códigos e símbolos místico-religiosos e/ou científicos, corpo e saúde (e os processos que os atravessam) são, sobretudo, produtos culturais. Ao propormos o dossiê temático “NOS CONTORNOS DO CORPO E DA SAÚDE: ENTRE TEMAS, PROBLEMAS E PERSPECTIVAS”, buscamos pensar de que modo práticas, discursos, modelos de intervenção, sistemas de pensamento e/ou instituições, elaboram suas concepções de corpo e de saúde e os agenciam. O objetivo é alargarmos o debate contemporâneo sobre corpo e saúde, bem como sobre as formas de construí-los e significá-los, evidenciando as relações (sejam éticas, político-ideológicas e/ou econômicas) que se estabelecem em torno deles e lhes dão contorno. Assim, são bem-vindos trabalhos de diferentes áreas – Antropologia, Sociologia, Filosofia, História, Psicologia, Saúde Coletiva, Medicina, Enfermagem, dentre outras – cujo escopo sejam as noções de corpo e saúde enquanto alvos privilegiados de construção de sentidos: processos de medicalização da vida; práticas e discursos de bem estar e de qualidade de vida; estratégias biopolíticas de controle do corpo e da saúde; relações entre ciência, corpo e saúde; terapêuticas convencionais e alternativas; estratégias de intervenção em saúde; práticas de/em saúde e os processos de subjetivação; marcadores sociais de diferença na interface com as discussões de corpo e saúde

    Entrevista com Richard Parker<A NAME="top1"></A>

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    Biopolíticas do aleitamento materno: uma análise dos movimentos global e local e suas articulações com os discursos do desenvolvimento social

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    Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar as articulações entre a produção das biopolíticas de amamentação e os discursos produzidos sobre desenvolvimento social após o período pós-guerra com vistas à problematização da dicotomia natureza/cultura mediante a qual a amamentação é frequentemente operada. Numa perspectiva antropológica, examinaram-se as biopolíticas de amamentação comparativamente às transformações nos discursos desenvolvimentistas. O exame dos movimentos globais realizadas por essas biopolíticas permitiu compreender como uma rede de entidades variadas (como órgãos de governo, organismos multilaterais, agências internacionais de desenvolvimento e organizações não-governamentais) vem configurando ao longo do tempo a amamentação em conformidade com os discursos e práticas desenvolvimentistas em vigor. Inicialmente, o discurso desenvolvimentista girava em torno da industrialização e modernização, e a amamentação não era foco de atenção das políticas públicas. Nas décadas de 1970 e 1980, quando o discurso desenvolvimentista passou a focar a desnutrição e a mortalidade infantil, têm início as primeiras biopolíticas globais de amamentação e a prática da amamentação passa a ser operada como um meio de combater tais males. Já o discurso de desenvolvimento social em jogo na contemporaneidade evoca também um processo de desenvolvimento individual. Simultaneamente, as biopolíticas de amamentação recorrem a tecnologias variadas com este propósito. Conclui-se que os discursos desenvolvimentistas atuam como uma referência sociocultural com base na qual a amamentação é operada, o que permite dizer que a amamentação é uma prática tão natural quanto política, econômica e social

    Uma ciência replicante: a ausência de uma discussão sobre o método, a ética e o discurso

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    Este artigo pretende refletir sobre a pesquisa qualitativa e seu uso na área da saúde. A partir de considerações sobre os "modos somáticos de atenção" e exemplos de pesquisas realizadas, proponho, primeiramente, um questionamento sobre dicotomias como teoria-metodologia, sujeito-objeto e racionalidade-técnica. Sugiro que essas dicotomias possam estar na base daquelas que são consideradas dificuldades na utilização da metodologia qualitativa em projetos de pesquisa da área da saúde, como (1) o problema da escolha das técnicas de pesquisa; (2) o dilema do número de casos; (3) a participação do contexto da pesquisa; e (4) os procedimentos de análise ou interpretação dos dados. Num segundo momento, busco mostrar como essas dicotomias também podem estar implicadas na ética das pesquisas qualitativas. Finalmente, observo que esses questionamentos, quando projetados para os Comitês de Ética em Pesquisa, apresentam o grande desafio de avaliar a adequação metodológica em conjunto com os procedimentos éticos de cada projeto, respeitando as especificidades da pesquisa qualitativa.This article approaches the use of qualitative methods in health research. Following the concept of "somatic modes of attention" and examples of previous ethnographic research, I discuss the dichotomies theory-methodology, subject-object, rationale-techniques to suggest that they may be responsible for what has been pointed out as important constraints of qualitative research: (1) the problem of choosing the right research techniques; (2) the dilemma of the number of cases to be studied; (3) the role of the context; and (4) data analysis/interpretation procedures. I argue that these separations can affect research ethics. Ethics needs to be incorporated in methodology as a whole and inform the choice of techniques, sampling procedures, the context and data analysis/interpretation. Finally, this paper points out that the specificity of qualitative research needs to be acknowledged by Research Ethics Committees and suggests they should look, more than anything, at each project's methodological adequacy together with ethical procedures
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