32 research outputs found

    Uma filmografia colonial de Timor Português

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    O documentário foi o género mais usado pelo Estado Novo para promover o colonialismo português. Embora a produção de filmes etnográficos e científicos não tenha sido tão relevante quanto foi noutros impérios coloniais, há que relevar a importância do uso dos filmes articulado com a prática antropológica em Timor Português. Colónia distante e pobre, em comparação com Moçambique ou Angola, não interessou o cinema independente, dada a inexistência de condições para a produção cinematográfica no território adicionalmente aos elevados custos da mesma. Foram, por isso, realizados escassos filmes de propaganda, sobretudo no âmbito de visitas políticas ou militares. O mais importante arquivo de filmes sobre Timor Português surgiu integrado numa prática antropológica e integra duas colecções: a composta pelos filmes feitos pela Missão Antropológica de Timor, dirigida por António de Almeida, e a resultante de filmagens do poeta e antropólogo Ruy Cinatti.The film genre most used by the Estado Novo to promote Portuguese colonialism was documentary. Although the production of ethnographic and scientific films has not been as relevant as it was in other colonial empires, it is important to highlight the relevance of the use of films in the case of the anthropological practice in Portuguese Timor. A distant and poor colony, when compared to Mozambique or Angola, Timor did not interest independent film production, given the lack of conditions for the cinematographic production in the territory in addition to its high costs. Scarce propaganda films were made, mainly in the context of political or military visits. The most important archive about Portuguese Timor is therefore connected to an anthropological practice and comprises two collections: the films produced during the Anthropological Mission of Timor, directed by António de Almeida, and the ones resulting from the filming of the poet and anthropologist Ruy Cinatti.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    The ballad of the salt sea: cinematographic travel through landscapes without men

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    Neste artigo procuro analisar porque é que o filme I cruzeiro de férias às colónias ocidentais, encomendado ao prestigiado fotógrafo de arte San Payo para registar o “primeiro cruzeiro de soberania” organizado pela Agência Geral das Colónias, foi projectado uma única vez durante o Estado Novo. Filme de viagens, um subgénero do cinema colonial de propaganda, é uma das primeiras obras de propaganda oficial com a qual se pretende projectar a ideia de que “Portugal não é um país pequeno”: (re)construir o país através de um novo mapa do império, portanto. Filme-sintoma de uma “cultura de mobilidade”, identificada por Jean Brunhes, quer atestar o domínio do espaço imperial através das novas tecnologias da comunicação. Inconsciente desse fenómeno, da aceleração, terá sido vítima da desintegração do olhar sobre o quotidiano das colónias? Ter-lhe-á faltado, para cumprir o desígnio de projectar a grandeza da nação, um movimento, mais íntimo, da contemplação para a compaixão (Orlando Ribeiro)?This paper analyses why the film 1º cruzeiro de férias às colónias ocidentais (First Holiday Cruise to the Western Colonies), commissioned to the noted art photographer San Payo, was projected only once during the Estado Novo. This voyage movie, subgenre of colonial cinematic propaganda, is one of the first works of official propaganda intended to show that “Portugal is not a small country”: therefore, to (re)build the country through a new imperial map. This film is symptomatic of “mobility culture”, identified by Jean Brunhes; its purpose is to testify to the rule of imperial space through new communication technologies. Unaware of this phenomenon of acceleration, this movie may have been a victim of the shattered vision of day-to-day life in the colonies. To fulfil its design to project the nations’ greatness, it might have lacked an even more intimate movement that would behold compassion (Orlando Ribeiro)

    "CINEMA IMPERIO": la proyección colonial del ‘Estado Novo’ portugués en las películas de las exposiciones entre guerras mondiales

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    Este artigo analisa como é que Portugal “imaginou” as ex-colónias através do cinema focando a produção de filmes feitos quer para projecção de Portugal como potência colonial nas exposições internacionais entreguerras quer para fixação das grandes exposições nacionais de afirmação e legitimação do regime ditatorial do Estado Novo português. A análise da instrumentalização do cinema pela propaganda colonial ocidental só agora começa a ser feita, mas se comprova a necessidade de uma investigação abrangente para melhor compreensão do uso propagandista do cinema, pela ditadura portuguesa, para promover a política colonial. Na investigação pós-doutoral em curso, intitulada “‘Cinema Império’. Portugal, França e Inglaterra, representações do império no cinema”, analiso as representações cinematográficas coloniais na longa duração. Neste artigo, porém, analiso especificamente a produção portuguesa de filmes para participação (e sobre as) nas grandes exposições coloniais nacionais – Colonial, do Porto, e Exposição do Mundo Português, em Lisboa – e internacionais – Sevilha, Antuérpia e Paris – entre 1930 e 1940. Que filmes foram feitos, por quem e para quem? Com que propósitos? Que representações propuseram? – são estas as questões que abordo, através da análise fílmica e de algumas fontes documentais que ainda não tinham sido referenciadas.This article analyses how Portugal “imagined” its former colonies through the cinema focusing on a production of films made for the projection of Portugal as a colonial power in the international expositions between the Twentieth Century World Wars or for the registration of the great national exhibitions of affirmation and legitimation of the Estado Novo dictatorial regime. The analysis of the uses of cinema by Western colonial propaganda has begun to be made only recently. There are few studies on how the cinema has represented the former colonies. They confirm the need for a comprehensive investigation for a better understanding of the propagandist use of cinema, especially by the Portuguese dictatorship, to promote colonial politics. In my ongoing postdoctoral research, entitled “’Empire Cinema’. Portugal, France, and England, representations of the empire in the cinema”, I analyse the colonial cinematographic representations in the “long-duration”. In this article, however, I specifically analyse the Portuguese production of films for projection in (and also the films produced about) the great national expositions – the Colonial Exposition, at Porto, and the “Portuguese World” Exposition, in Lisbon - and international expositions - Seville, Antwerp and Paris - between 1930 and 1940. What movies were made, by whom and for what audiences? For what purposes? What colonial representations did they propose? - these are the questions I address, through film analysis and some documentary sources that have not yet been referenced.Este artículo analiza como Portugal “imaginó” las ex-colonias a través del cine, haciendo foco en la producción de películas realizadas tanto para proyección de Portugal en cuanto potencia colonial en las exposiciones internacionales de entreguerras como para las grandes exposiciones nacionales de afirmación y legitimación del régimen dictatorial del Nuevo Estado portugués. El análisis de la instrumentalización del cine por la propaganda colonial occidental es reciente, pero se comprueba la necesidad de una investigación más abarcadora para una mejor comprensión del uso propagandista del cinema por la dictadura portuguesa, con el fin de promover la política colonial. En la investigación postdoctoral en curso, titulada “Cinema Imperio. Portugal, Francia e Inglaterra representaciones del imperio en el cine”, analizo en la larga duración (Braudel) las representaciones cinematográficas coloniales. En este artículo, sin embargo, me centraré específicamente en la producción de películas para (y sobre) participación en las grandes exposiciones coloniales nacionales – Colonial, do Porto y ‘Exposição do Mundo Português’, en Lisboa – e internacionales Sevilla, Antuérpia y París – entre 1930 y 1940. ¿Qué largometrajes fueron hechos, por qué y para quién? ¿Con qué propósitos? ¿Qué representaciones proponen? Son estas las cuestiones que abordo, a través del análisis fílmico y de algunas fuentes documentales que hasta hoy no habían sido referenciadas

    Ruy Duarte: um cinema da palavra para re-imaginar a angolanidade

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    Com as séries Angola 76, é a Vez da Voz do Povo? e Presente Angolano, Tempo Mumuíla, Ruy Duarte participou no que cha-mou “cinema de urgência”, através do qual se registaram modos de vida e tradições além da ânsia da construção do país. É um cinema da palavra, do testemunho, que supera o registo, colo-nialista, da fixação dos corpos e objectos. Mas, é um “cinema etnográfico” aquele que faz, questiona-se a dada altura? Este ensaio revisita a obra cinematográfica de Ruy Duarte, pen-sada em articulação com a polémica de 1965 entre Jean Rouch e Ousmane Sembène, e no âmbito da busca de uma linha de equilí-brio entre dois dinamismos – o de um tempo mumuíla e o de um presente angolano –, no quadro do cinema angolano projectado por Luandino Vieira. Que lugar ocupou Nelisita na construção de “uma delicada zona de compromisso” – um espaço utópico – “entre quem fornece os meios [o novo Estado Angolano], quem os maneja [Ruy Duarte e a equipa da TPA] e quem depõe, se ex-põe perante os mesmos”

    “Os Cantos de Maldoror”: cinema de libertação da “Realizadora-Romancista”

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    No contexto da produção internacional de um cinema político, engagé, Sarah Maldoror criou e manteve – desde Monangambé a Sambizanga, sobre a luta anticolonial em Angola, passando por Des fusils pour Banta, filmado entre os guerrilheiros da Guiné-Bissau – uma prática singular. Compôs um cinema político, servido por um olhar esteticamente cuidado, e em que, através de elementos ficcionais – e não através das opções documentais e do recurso ao cinema direto então característicos do cinema militante –, a ação não é tão central quanto a composição psicológica das personagens. Não obstante a qualidade estética dos seus filmes e a densidade psicológica das suas personagens, críticas e tentativas de controlar as opções criativas marcaram fortemente o início da obra cinematográfica daquela que é considerada a primeira realizadora africana, mas que continua sem ter reconhecimento idêntico ao dos seus pares masculinos.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    White skin or dark skin: mask(s) of the woman "imagined" by colonial cinema

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    Proponho um contributo para a reflexão sobre como, durante o Estado Novo, a mulher foi “imaginada” pelo cinema colonial. Nesse âmbito analiso representações patentes no filme de propaganda, Feitiço do Império (1940), de António Lopes Ribeiro, contrapondo-lhe outras de filmes proibidos pela Comissão de Espectáculos: Catembe (1965) e Deixem-me ao menos subir as palmeiras... (1972), filmados em Moçambique por Faria de Almeida e Lopes Barbosa respectivamente. Estudo ainda a representação da mulher quando o cinema se assumiu como “olho da liberdade” em obras militantes como Sambizanga (1972), filmado por Sarah Maldoror.What I want to comprehend is how, during Portuguese Estado Novo, colonial cinema “imagined” woman. I lay out in “shot” women representations on the propaganda film Feitiço do Império (Empire’s spell, 1940), directed by António Lopes Ribeiro, before I examine, in “reverse shot”, the ones presented in forbidden films by the Censorship Commission: Catembe (1965) e Deixem-me ao menos subir as palmeiras... (At least let my climb the palmtrees..., 1972). Finally I will analyse the woman filmic representation when cinema became the “eye of freedom” in militant films such as Sambizanga (1972), directed by Sarah Maldoror.(undefined

    The empire strikes back: the secret production of propaganda by foreign directors to gain international projection for the "Portugal of the overseas"

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    Quando se iniciou a contestação internacional à posse de colónias por Portugal, como é que o Estado Novo usou o cinema na projecção de uma retórica luso-tropical? A partir de 1965, vários documentários realizados pelos franceses Jean-Noel Pascal- -Angot e Jean Leduc foram exibidos internacionalmente, no circuito comercial de distribuição cinematográfica, em festivais, nas televisões e mostrados às principais organizações não governamentais. O financiamento desta produção supostamente independente - em que o Brasil era apontado como o modelo social em recriação em Angola enquanto que o funcionamento da Commonwealth era assumidamente inspirador em Moçambique -, dando enfoque ao desenvolvimento económico e social, foi mantido confidencial. “Do Minho a Timor somos todos portugueses” era a “evidência” que este cinema encomendado queria impor. Através da análise de filmes de propaganda do colonialismo português realizados por realizadores franceses questiono, porém, se a afirmação do “orgulhosamente sós” foi uma declinação retórica, para afirmação da política colonial internamente, enquanto para o exterior se projectava, progressivamente e com maior intensidade durante o Marcelismo mas ainda durante o Salazarismo, a imagem de outro Portugal, menos espartilhado, em termos de costumes, e aberto ao capital estrangeiro.When the United Nations began to question the possession of colonies by Portugal, how were films used by Estado Novo to project a luso-tropical rhetoric? From 1965, documentaries directed by French filmmakers Jean-Noel Pascal-Angot and Jean Leduc were showed internationally in cinemas, film festivals, televisions and were presented to the major non-governmental organizations. The Portuguese regime’s funding to this production supposedly independent - in which Brazil was appointed as the social model in recreation in Angola and the functioning of the Commonwealth was presented as inspiring for Mozambique – was kept confidential. “From Minho to Timor we are all Portuguese” was the “evidence” that this commissioned film production wanted to impose. Through the analysis of these international colonial propaganda films commissioned by Portuguese regime, I question, however, if Salazar’s claim of Portugal standing “proudly alone” was a rhetorical declination, only to affirm internally the colonial policy, while abroad it was being projected an image of another Portugal, less corseted in terms of customs, and open to foreign capital.Este artigo foi produzido no âmbito do projeto de pós-doutoramento com a referência SFRH/BPD/93217/2013, cofinanciado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pelo Fundo Social Europeu (FSE) - Programa Operacional Potencial Humano (POPH), no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) Portugal 2007-2013

    Angola: (re-)imaginar o nascimento de uma nação no cinema militante

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    The present article examines the use of cinema as an instrument of national liberation in colonial Angola. After contextualizing the use of cinema by independence movements in Portugal’s former colonies, I question first whether the activities of cineclubes in Angola contributed to the development of militant films. I then explore whether the fact that Angola’s independence struggle had early on been the subject of filmed international reportage was a determining factor in the use of film as an instrument of struggle, even before the publication of Fernando Solanas e Octavio Getino’s “Towards a Third Cinema” (1969). Finally, I focus on the use of cinema by the MPLA, analyzing Sarah Maldoror’s cinematic adaptation of José Luandino Vieira’s narratives of militance and colonial incarceration.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    “Brothers in Arms”: the Portuguese Expeditionary Corps in World War I propaganda films

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    Embarques de tropas portuguesas, exercícios militares, a visita de Bernardino Machado à frente de batalha em Verdun e ao Reino Unido. No que se refere à participação na Primeira Guerra Mundial, resume-se a pouco mais do que isto o retrato dos “bravos soldados portugueses” no cinema. A exceção que confirma a regra é a do filme amador alemão, Afundamento do Augusto Castilho, que documenta como a brutalidade deste primeiro conflito mundial não obstou a que ainda fosse sendo observado um código de honra militar e a bravura exigida aos combatentes portugueses para suprir a falta de meios de combate.We address the shipment of Portuguese troops, undertaking of military exercises, and the visits of Bernardino Machado to the Western Front (Verdun) and to the United Kingdom during the World War One. The cinematic portrait of the “brave Portuguese soldiers” is examined. An alternative view is that of the German amateur film, Afundamento do Augusto Castilho (The Sinking of the Augusto Castilho), which documents how the brutality of the First World War coexisted with a code of military honor and the bravery required from Portuguese fighting men to make up for their lack of modern weaponry.(undefined)info:eu-repo/semantics/publishedVersio

    Intermedialidades em imagens (pós)coloniais

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    UIDB/05021/2020 UIDP/05021/2020publishersversionpublishe
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