UM OLHAR PARA A QUESTÃO DA RESISTÊNCIA EM LUUANDA, DE LUANDINO VIEIRA

Este artigo pretende lançar um olhar para o modo como Luandino Vieira constrói a narrativa de Luuanda a partir de uma perspectiva de resistência, de diversos modos. O cotidiano dos habitantes dos musseques luandenses, de uma realidade tão dura e crescentemente desesperançada e cruel, é retratado na ficção Luuanda de um modo bastante peculiar, especialmente se considerado o contexto em que a obra foi escrita: o período da ditadura salazarista. Para tratar dessa questão, chamo ao texto as vozes de Michel Foucault (1986; 2000), Homi Bhabha (1998) e Gayatri Spivak (2010). Destaco ainda algumas falas de Tânia Macêdo (2016), Maria de Nazareth Fonseca (2015) e Andréa Ferreira e Generosa Souto (2013).       &nbsp

POESIA E TECNOLOGIA:: UM CONVITE À LEITURA DA "POÉTICA DO CIBORGUE", DE E. M. DE MELO E CASTRO

RESUMO: Este artigo pretende apresentar uma panorâmica da Poética do Ciborgue, de E. M. de Melo e Castro, obra a qual é, na verdade, uma antologia de textos que, trazendo consigo toda a bagagem desse expoente da Poesia Experimental Portuguesa, busca traçar uma trajetória da evolução das relações entre poesia e tecnologia. Na obra, Melo e Castro propõe uma discussão acerca das artes digitais e a construção de uma “poética” para estas e, para tal, ele apresenta diversas etapas da experimentação, desde os tempos antigos (e “analógicos”, por assim dizer), até a contemporaneidade e a sua quase simbiose com a máquina, discutindo a relação do fazer artístico humano com a tecnologia de maneira profunda. A apresentação panorâmica da obra intenta chamar atenção para a necessidade de se conhecer textos como os reunidos na Poética do Ciborgue, os quais são importantes peças de uma reflexão teórica e crítica acerca da relação das artes, em especial da poesia, com a tecnologia, cada vez mais presente no dia a dia contemporâneo. &nbsp

O "POEMA ESTRUTURAL" DE FERNANDO AGUIAR: PERFORMANCE, FRUIÇÃO, RESSIGNIFICAÇÃO E RESISTÊNCIA

Neste artigo, trato sobre o "Poema Estrutural", do experimentalista português Fernando Aguiar. Apresento, inicialmente, uma pequena contextualização da Poesia Experimental Portuguesa, a partir da obra Po-Ex: textos teóricos e documentos da Poesia Experimental Portuguesa (1981), de Ana Haterly e E. M. de Melo e Castro, e da "Breve apresentação da Poesia Experimental Portuguesa" (2006), de Rui Torres. Também comento o fazer poético de Aguiar, com base em textos dele mesmo e falo da associação da poesia aos meios digitais discutida por Melo e Castro na Poética do Ciborgue (2014). Para a análise que proponho do "Poema Estrutural" (performance realizada por Aguiar em 09 de maio de 2009), trago à luz questões relacionadas à performance, à fruição, à ressignificação e à resistência e, para tal, utilizo, além das obras já citadas, Performance, percepção, leitura (2007), de Paul Zumthor, e Em defesa da sociedade (2000), de Michel Foucault

Literary education: dialogical experiences in a school on the outskirts of Manaus-Amazonas

This article presents, aligned with Freire's (1967; 1996; 2020) and Bakhtin's (2002; 2010) concepts of dialogy, and Cosson's (2006) literary literacy, in a cultural-historical approach, the practices of teaching literature from the perspective of a poetic education. From participant observation, dialogical experiences were developed in a high school on the outskirts of Manaus-Amazonas. The results showed that an active literary education contributes to the development of critical perception, which enables the expression of subjectivity.Este artigo apresenta, alinhado às dialogias de Freire (1967; 1996; 2020) e Bakhtin (2002; 2010) e ao letramento literário de Cosson (2006), em abordagem histórico-cultural, práticas do ensino de literatura pela perspectiva de um educar poético. A partir da observação participante, desenvolveram-se experiências dialógicas em uma escola de Ensino Médio da periferia de Manaus-Amazonas. Os resultados apontaram que uma educação literária ativa colabora para o desenvolvimento da percepção crítica, que viabiliza a expressão da subjetividade