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Estabilidade antigênica e patogenia de amostras do vírus rábico após sucessivas inoculações em camundongos
A raiva é uma zoonose causada pelo vírus da raiva (VR), um membro do gênero Lyssavirus da família Rhabdoviridae. Apesar do VR, ser considerado antigenicamente estável, amostras com variações antigênicas têm sido detectadas. Na busca de identificar possíveis variantes circulantes no Brasil, um dos objetivos do presente estudo foi identificar as características antigênicas de amostras de vírus rábico circulantes nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Para tanto, amostras do VR coletadas naquelas regiões, isoladas de diferentes hospedeiros, tiveram seu perfil antigênico avaliado por imunofluorescência indireta frente a um painel de anticorpos monoclonais preparados contra antígenos de lissavírus. Foram identificados três perfís antigenicamente distintos: um característico de amostras de origem de cães domésticos, outro de amostras de morcegos hematófagos e outro de amostras de morcegos não hematófagos. O segundo objetivo deste estudo consistiu em avaliar a estabilidade antigênica e a patogenia de amostras com tais perfís antigênicos distintos. Para atingir este objetivo, três amostras de VR com diferentes perfís antigênicos foram submetidas a vinte inoculações sucessivas em camundongos. Á medida em que as passagens eram realizadas, o perfil antigênico das mesmas era monitorado. Os resultados obtidos revelaram que todas as amostras mantiveram-se relativamente estáveis e todas as amostras ao longo as 20 inoculações mantiveram altamente patogênicas. Duas delas (a amostra com perfil antigênico de cães e a amostra com perfil antigênico de morcegos hematófagos) mantiveram-se antigenicamente estáveis ao longo de todas as 20 inoculações. Por outro lado a amostra com perfil antigênico usualmente detectado em morcegos não hematófagos apresentou uma modificação antigênica após a sétima passagem sucessiva. Isto pode indicar diferenças no grau de adaptação do vírus à espécie hospedeira natural. Sumarizando os resultados desses estudos, conclui-se que as variantes do VR circulantes nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil possuem características antigênicas comuns a amostras cujos hospedeiros naturais são cães domésticos, morcegos hematófagos e morcegos não hematófagos. As variantes detectadas apresentam um elevado grau de estabilidade antigênica; a variante cujo hospedeiro natural são morcegos não hematófagos parece menos estável antigenicamente. Essa menor estabilidade antigênica poderia ter relação com o grau de adaptação à espécie hospedeira natural, hipótese que será examinada mais profundamente em estudos futuros
Raiva: uma breve revisão
Provavelmente todas as espécies animais de sangue quente são passíveis de serem infectadas pelo vírus da raiva (VR). No entanto, a maioria dessas espécies, quando infectadas, tornam-se hospedeiros finais do agente, pois a infecção resulta em morte e não ocorre disseminação do mesmo para novos hospedeiros. Para garantir sua perpetuação na natureza, o VR adaptou-se a determinadas espécies, denominadas “hospedeiros naturais”, as quais servem como reservatórios do vírus. Durante esse processo de adaptação, modificações genômicas e antigênicas são geradas, originando as chamadas “variantes” do VR. Estas por vezes apresentam alterações que podem ser utilizadas como marcadores epidemiológicos, permitindo, por exemplo, a identificação da espécie fonte de infecção ou de variantes associadas a determinados nichos ecológicos. Nesta breve revisão são apresentados dados sobre o VR e sobre a ocorrência de variantes no Brasil, com ênfase nos achados de uma parcela dos inúmeros estudos realizados sobre o tema. São também apresentados e discutidos dados epidemiológicos sobre a situação da raiva no País nos últimos dez anos (1997-2006), salientando-se a marcada redução no número de casos de raiva urbana em cães e em humanos, estes últimos infelizmente compensados por um aumento no número de casos humanos associados a contatos com morcegos hematófagos no triênio 2004-2006
Sequenciamento parcial do gene Citocromo C oxidase (COI) para determinação de espécies de morcegos enviados para diagnóstico de raiva no Instituto Pasteur
Os morcegos são mamíferos de grande diversidade, amplamente distribuídos no mundo. Apesar da importância desses animais na manutenção dos ecossistemas, estes também representam uma preocupação na saúde pública, uma vez que atuam como reservatórios ou hospedeiros de diferentes patógenos, principalmente vírus. A identificação das espécies de morcegos é essencial para melhor compreensão da origem e da epidemiologia de diversas doenças. Além disso, o entendimento sobre a interação vírus/hospedeiro e o papel dos morcegos na disseminação das doenças é essencial para a manutenção da diversidade e consequente conservação desses animais, permitindo assim, o controle racional dos patógenos albergados por estes. Desta forma, é imprescindível realizar a identificação correta das espécies de morcegos recebidas nos laboratórios, a fim de implantar medidas adequadas de vigilância. Neste sentido, este estudo teve como objetivo identificar geneticamente as espécies de morcegos enviados para diagnóstico de raiva no Instituto Pasteur através do sequenciamento genético parcial do gene citocromo C oxidase subunidade I (COI). Para este estudo foram selecionadas 127 amostras de pulmão de morcegos negativos para raiva obtidos em 2015. As amostras foram submetidas a extração de DNA e PCR tendo como alvo o COI e sequenciamento genético. Como resultado, foram identificadas oito espécies: Artibeus lituratus, Cynomops planirostris, Eumops glaucinus, Glossophaga soricina, Lasiurus ega, Molossus molossus, Molossus rufus e Myotis riparius, distribuídas em três famílias (Phyllostomidae, Molossidae e Vespertilionidae) comumente encontradas no Brasil. O sequenciamento parcial do gene COI foi eficaz na identificação das espécies de quirópteros podendo ser uma ferramenta auxiliar na identificação morfológica e facilmente implantada em laboratórios de biologia molecular
Record of Artibeus lituratus (Olfers, 1818) (Chiroptera: Phyllostomidae) positive for rabies virus of Rio Grande do Sul State, Brazil
O presente trabalho apresenta dois casos de morcegos frugívoros da espécie Artibeus lituratus (Mammalia: Chiroptera: Phyllostomidae), infectados pelo vírus rábico no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O isolado dos vírus foram caracterizados antigenicamente utilizando painel de anticorpos monoclonais, como também analisado geneticamente. A análise dos resultados mostrou que as amostras isoladas de A. lituratus apresentam variante antigênica compatível com Desmodus rotundus, o morcego vampiro comum.This paper presents two reports of rabies in frugivorous bats, Artibeus lituratus (Mammalia: Chiroptera: Phyllostomidae) in Rio Grande do Sul State, Brazil. The isolated viruses were characterized antigenically using monoclonal antibodies panel, but have been considered genetically. Analysis of the results showed that the samples isolated from A. lituratus presented antigenic variant consistent with that isolated from Desmodus rotundus, the common vampire bat
Viral diversity in oral cavity from Sapajus nigritus by metagenomic analyses
Sapajus nigritus are non-human primates which are widespread in South America. They are omnivores and live in troops of up to 40 individuals. The oral cavity is one of the main entry routes for microorganisms, including viruses. Our study proposed the identification of viral sequences from oral swabs collected in a group of capuchin monkeys (n = 5) living in a public park in a fragment of Mata Atlantica in South Brazil. Samples were submitted to nucleic acid extraction and enrichment, which was followed by the construction of libraries. After high-throughput sequencing and contig assembly, we used a pipeline to identify 11 viral families, which are Herpesviridae, Parvoviridae, Papillomaviridae, Polyomaviridae, Caulimoviridae, Iridoviridae, Astroviridae, Poxviridae, and Baculoviridae, in addition to two complete viral genomes of Anelloviridae and Genomoviridae. Some of these viruses were closely related to known viruses, while other fragments are more distantly related, with 50% of identity or less to the currently available virus sequences in databases. In addition to host-related viruses, insect and small vertebrate-related viruses were also found, as well as plant-related viruses, bringing insights about their diet. In conclusion, this viral metagenomic analysis reveals, for the first time, the profile of viruses in the oral cavity of wild, free ranging capuchin monkeys
Bovine herpesviruses do not play a major role in the differential diagnosis of rabies in cattle in Southern Brazil
Background: Rabies has long been recognized as the major cause of encephalitis in cattle in Latin American countries. It has been estimated that nearly 50.000 cattle heads per year are lost due to encephalitis in that subcontinent, with a signifi cant economic impact on cattle productive chains. In Brazil only, 2.500 to 3.000 cattle heads are estimated to be lost every year due to rabies. However, it is believed that rabies incidence in cattle is much larger, since usually only a few samples from affected animals in disease outbreaks are submitted to diagnostic laboratories. Rabies encephalitis is promptly and accurately diagnosed; however, particularly when rabies is excluded as causa mortis, the agent responsible for neurological disease of infectious origin often remains undetermined. Two bovine herpesviruses (BoHVs), bovine herpesvirus type 1 (BoHV-1) and bovine herpesvirus type 5 (BoHV-5) are major pathogens of cattle which are widely disseminated in Brazil. As usual in herpesvirus’ biology, these tend to infect a large number of hosts and establish lifelong latent infections which may occasionally be reactivated. Both viruses, particularly BoHV-5, are often recovered from cases of neurological disease in cattle. The participation of BoHVs in the differential diagnosis of rabies must be evaluated. Besides, there might be associations between the occurrence of rabies and BoHV infections that deserve investigation. The aim of this study was to investigate whether bovine herpesvirus 1 and 5 would play a signifi cant role in cases of neurological disease where rabies was the presumptive clinical diagnosis. In addition, associations between the occurrence of rabies and BoHV infections were searched for. The approach adopted for conducting such investigations was based on the search for viral nucleic acids as well as classical virus isolation on tissues of cattle submitted to rabies diagnosis over a two-year Materials, Methods & Results: Brain tissue samples of 101 cattle originally submitted to rabies diagnosis were collected over a two year period (2009-2010) from various municipalities within the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Thirty nine of these samples had the diagnosis of rabies confi rmed by standard laboratory diagnostic methods. Aliquots of tissues were submitted to DNA extraction and examined in search for genomes of bovine herpesviruses (BoHV) types 1 (BoHV-1) and 5 (BoHV-5) by as well as for infectious virus. Bovine herpesvirus genomes were detected in 78/101 (77.2%) samples, in which BoHV-1 genomes were detected in 26/78 (25.7%), BoHV-5 genomes in 22/78 (21.8%) and mixed BoHV infections (BoHV-1 and BoHV-5 genomes) were detected in 30/101 (29.7%) samples. In the 39 samples with confi rmed rabies diagnosis, BoHV-1 DNA was detected in 9/39 (23%), BoHV-5 DNA in 6/39 (15.4%) and mixed infections with both BoHV types in 16/39 (41%) samples. However, no infectious herpesvirus was recovered from any of the specimens examined. Discussion: The high prevalence of BoHV1 and BoHV-5 infections was evidenced in the sampled population, but the absence of infectious BoHVs indicate that these were not associated to the occurrence of the cases of encephalitis where rabies was the primary suspicion. In addition, no association was detected between occurrence of rabies and detection of BoHVs, since the frequency of detection of herpesvirus genomes did not signifi cantly differ between rabies-positive and rabies-negative samples. The detection of BoHV DNA in scattered areas of the brain with no infectious virus suggests that latency may take place in different regions of the brain
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