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Nem toda receita é "Mais você": estudo etnográfico sobre consumo e recepção de programas televisivos de culinária em camadas médias e populares
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia SocialEsta dissertação é resultado de uma etnografia de recepção de programas televisivos de culinária realizada com mulheres de camadas médias e populares do bairro do Morro da Caixa, no município de Tubarão, sul do estado de Santa Catarina. A pesquisa tem três eixos temáticos: televisão, alimentação e consumo. Entendo a alimentação como elemento central na construção de identidades (Poulin, 2004; Fischler, 1992); e a televisão como participante da construção de sentido que um indivíduo, ou grupo, atribui a suas práticas alimentares na(s) sociedade(s) contemporânea(s) (Poulain, 2004). O papel da mulher, principalmente o da mãe, aparece como fundamental para pensar a alimentação das famílias pesquisadas. Minha pesquisa mostra que uma receita ensinada na tv só é preparada pelas mulheres quando considerada .simples. e .fácil., categorias cujo sentido é variável de acordo com a camada social. Concluo ainda que os programas de culinária não alteram significativamente a alimentação cotidiana das famílias pesquisadas, mas servem como vitrine de alimentos e utensílios de cozinha, realizando uma educação para o consumo de novos produtos ou daquilo que as telespectadoras desconhecem
Reflexões a partir da mobilidade: o consumo de alimentos e a formação de mercados brasileiros em Boston
Neste artigo, eu utilizo minha etnografia das práticas alimentares de imigrantes brasileiros na Grande Boston, que realizei em 2009, para pensar a mobilidade. Proponho que a mobilidade é um conceito-chave para analisar como os imigrantes experienciam o processo migratório e a forma em que se inserem na(s) cidade(s), como também a formação de mercados étnicos e consumo de alimentos brasileiros em Boston.
In this article, I use data of my ethnography of eating practices of Brazilian immigrants in Great Boston to think about mobility. I suggest that mobility is a key concept to analyze how Brazilian immigrants experience the migratory process and the way they insert themselves to the cities, as well the formation of Brazilian ethnic markets and the consumption of Brazilian food in Boston
Onde a comida não tem gosto: estudo antropológico das práticas alimentares de imigrantes brasileiros em Boston
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Florianópolis, 2011Esta tese traz um estudo antropológico das práticas e saberes alimentares de imigrantes brasileiros na Grande Boston, estado de Massachusetts, nos Estados Unidos. Tendo como base um trabalho de campo realizado em 2009, argumenta-se que a alimentação cotidiana dos sujeitos de pesquisa, que eles descrevem como comida brasileira, é uma estratégia para recriar, através da sensorialidade, o ambiente doméstico que possuíam antes de migrarem. A comida brasileira consumida cotidianamente, portanto, não está relacionada a processos de construção ou afirmação de identidade nacional, mas a uma tentativa dos imigrantes de (re)produzir familiaridade em um meio hostil e, deste modo, lidar com a distância e saudade de familiares e parentes que deixaram no Brasil. A comida brasileira evidencia ainda as práticas transnacionais dos imigrantes e sua intensa participação em redes sociais. Além disso, esta tese trata ainda de outras questões pertinentes que cercam as práticas alimentares dos imigrantes brasileiros em Boston: as mudanças na rotina alimentar dos imigrantes; os aspectos morais da comida; os rearranjos nas relações de gênero, observadas a partir da tarefa de cozinhar para a família; o entendimento do gosto enquanto prática e sua importância na interação entre os indivíduos; a formação da oferta de produtos brasileiros na Grande Boston; a circulação de produtos entre boston e Brasil, com ênfase no envio de comida para os imigrantes; os encontros e as festividades nas quais a comida tem papel preponderante na produção de relações e alteridades
Onde a comida não tem gosto: uma análise do gosto como prática e interação
Este artigo baseia-se em dados de uma pesquisa etnográfica sobre as práticas alimentares de imigrantes brasileiros na Grande Boston, e discute as afirmações recorrentes dos sujeitos de pesquisa de que a comida nos Estados Unidos “não tem gosto”, mas que é possível “se acostumar” a ela. Nesse sentido, discute o que é gosto, a partir da literatura socioantropológica, e propõe duas abordagens interpretativas: o gosto é entendido (1) enquanto prática, contemplando a dinamicidade das ações dos interlocutores em seu cotidiano, e (2) como elemento constituinte das interações sociais dos sujeitos da pesquisa. Dessa forma, o artigo conclui que o gosto, em sua dimensão sensorial, é parte das estratégias que os sujeitos utilizam para viver no contexto migratório, lidar com as dificuldades nos Estados Unidos e manter laços com familiares, parentes e amigos que permaneceram no Brasil
MIGRAÇÃO INTERNACIONAL: ENSAIO SOBRE O FLUXO DE MEDICAMENTOS E PLANTAS MEDICINAIS PARA BRASILEIROS NO EXTERIOR
Este artigo baseia-se em dados de duas pesquisas etnográficas realizadas com imigrantes brasileiros nos Estados Unidos e na Holanda. O trabalho de campo evidenciou a recorrência de fluxos de medicamentos, plantas medicinais e saberes relacionados ao tratamento de doenças entre imigrantes brasileiros e seus familiares, parentes e amigos que permaneceram no Brasil. O artigo explora duas possibilidades interpretativas destes fluxos: (1) compreender esta circulação como formas de manutenção e fortalecimento de laços sociais entre os indivíduos que migraram e aqueles que permaneceram no Brasil; (2) utilizando-se a obra de Tim Ingold, entender como estes conhecimentos dos imigrantes são constantemente (re)construídos e atualizados através da prática
Reflexões a partir da mobilidade: O consumo de alimentos e a formação de mercados brasileiros em Boston
Neste artigo, eu utilizo minha etnografia das práticas alimentares de imigrantes brasileiros na Grande Boston, que realizei em 2009, para pensar a mobilidade. Proponho que a mobilidade é um conceito-chave para analisar como os imigrantes experienciam o processo migratório e a forma em que se inserem na(s) cidade(s), como também a formação de mercados étnicos e consumo de alimentos brasileiros em Boston.In this article, I use data of my ethnography of eating practices of Brazilian immigrants in Great Boston to think about mobility. I suggest that mobility is a key concept to analyze how Brazilian immigrants experience the migratory process and the way they insert themselves to the cities, as well the formation of Brazilian ethnic markets and the consumption of Brazilian food in Boston
Saúde e bem-estar nos ODS: problematizando os conceitos de saúde e doença a partir do diálogo entre saberes
Saúde e bem estar são questões prioritárias nos documentos que propõem-se a orientar as nações rumo ao desenvolvimento sustentável. Contempladas no objetivo 3 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estas questões refletem o conhecimento hegemônico e atendem aos interesses do modelo de desenvolvimento capitalista. Este artigo reflete sobre as concepções que orientam as estratégias que visam um desenvolvimento sustentável, e o modelo de desenvolvimento com o qual estão comprometidos. Por fim, aponta a intermedicalidade como um caminho possível na promoção efetiva da saúde e do bem estar das pessoas
COMPRAS SUSTENTÁVEIS NA GESTÃO PÚBLICA: ESTUDO DE CASO EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO
No contexto de uma sociedade de consumo, sob um modelo economicista, pergunta-se como a gestão pública poderia considerar a sustentabilidade ambiental nas suas aquisições. Neste sentido, o objetivo geral do estudo foi investigar o processo de compra e os critérios das escolhas feitas pelas aquisições em uma instituição de ensino federal, sob o aspecto de sustentabilidade, por meio das práticas institucionais de gestão. A importância do tema permite reflexões sobre as instituições públicas de ensino, a emergência das questões ambientais e o cumprimento da legislação voltada para aquisições sustentáveis. A pesquisa, que possui uma abordagem qualitativa, caracteriza-se como um estudo de caso. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 18 gestores do Instituto Federal de Santa Catarina - Campus de Araranguá. A pesquisa trata, ainda, do processo de tomada de decisão dos gestores sobre compras institucionais, busca identificar a aplicabilidade do Plano de Logística Sustentável do Instituto Federal de Santa Catarina nas compras feitas na instituição. Os resultados da pesquisa mostram que, para a adoção de critérios de sustentabilidade na aquisição em uma instituição pública, é necessário repensar o próprio sistema de gestão, marcado pela rotina burocrática, pensamento cíclico, fragmentação do processo e diálogos não-convergentes entre os gestores e demais sujeitos da instituição. Assim, a pesquisa apresenta um cenário apoiado pela racionalidade econômica, que precisa ser transformado para enfrentamento da crise ecológica
VERTICALIZAÇÃO E SOCIABILIDADE: AS RELAÇÕES ENTRE MORADORES DE EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS E SUAS FORMAS DE USO E APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO
O processo de verticalização avança para as cidades brasileiras de pequeno e médio porte, modificando as formas de habitação e influenciando as relações entre seus moradores. Este processo é consequência do avanço da economia capitalista e está associado a uma nova simbologia de status social, próprios da cultura de consumo da sociedade moderna contemporânea. Este artigo é resultado de uma pesquisa sobre as relações de sociabilidade e formas de uso e apropriação do espaço de moradores de edifícios residenciais no bairro Comerciário, no município de Criciúma, localizado no sul do estado de Santa Catarina, que vem sofrendo um rápido processo de verticalização nas últimas décadas. A investigação buscou compreender os relacionamentos e práticas que surgem a partir das mudanças nas formas de habitação e vizinhança. A pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com trinta moradores do bairro selecionado. A investigação concluiu que a sociabilidade entre moradores de edifícios oscila entre relações superficiais, regidas pela cordialidade e solidariedade, e o individualismo, marcado pelo respeito à privacidade. A praticidade e a segurança dos edifícios, elogiadas pelos sujeitos da pesquisa, são entendidas como características do modo de vida urbano moderno, que inclui a aceleração das atividades rotineiras e a cultura do medo. A pouca utilização dos espaços de uso comum aponta para uma falta de apropriação destes espaços, o que torna possível classificá-los como não-lugares