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Plantando, colhendo, vendendo, mas não comendo: práticas alimentares e de trabalho associadas à obesidade em agricultores familiares do Bonfim, Petrópolis, RJ.
Objetivo: verificar a prevalência de obesidade entre adultos das 86 famílias agricultoras de um bairro de Petrópolis, RJ, e analisar seus determinantes socioculturais. Métodos: estudo quantitativo e qualitativo sobre nutrição, práticas alimentares e de trabalho realizado em 2008. Dados antropométricos foram coletados por inquérito nutricional domiciliar e o material qualitativo por observação participante e entrevistas. Resultados: a prevalência de obesidade foi baixa (9,3%) entre os homens, mas bastante elevada entre as mulheres (29,9%). A prática agrícola local implica em atividade física leve para mulheres e intensa para homens. Essa diferença não é acompanhada na dieta, semelhante para homens e mulheres, com predomínio de alimentos de alto valor calórico. A produção familiar objetiva essencialmente a venda. A agricultura mercantil e a decorrente especialização dos cultivos favorecem comprar alimentos no mercado em vez de produzir para autoconsumo. Conclusão: os aspectos socioculturais e ocupacionais estudados podem ter contribuído para elevar a prevalência de obesidade nas mulheres e podem ser úteis no estudo de outros grupos com características semelhantes. Esta pesquisa ratifica a importância de estudar a obesidade em nível local, integrando abordagens quantitativas e qualitativas para identificar possíveis limitações e portas de entrada para ações de intervenção localmente relevantes
Ambiente construído, saúde pública e políticas públicas: uma discussão à luz de perceções e experiências de idosos institucionalizados
O impacto do ambiente construído na saúde das populações há muito que é reconhecido. Com efeito, esta ligação remonta ao século XIX. Dado o aumento da esperança de vida, as políticas públicas começaram, mais recentemente, a dar particular atenção à maximização da saúde e das capacidades funcionais das pessoas idosas. A ideia consiste em considerar a população idosa não como um problema, mas, antes, como um desafio e como o resultado de um substancial desenvolvimento social, económico e territorial. Como tal, iniciativas do tipo cidades/comunidades amigas dos idosos ganharam protagonismo, reconhecendo-se por esta via o impacto que o desenho, os serviços e as amenidades produzem na saúde e no bem-estar das pessoas. Essas iniciativas, porém, tendem a negligenciar o importante papel que as instituições de apoio à terceira idade detêm na sociedade. É objetivo deste artigo perceber o impacto que o ambiente construído envolvente a essas instituições produz no comportamento dos seus utentes. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 88 pessoas idosas, com idade média de 75 anos, de 11 instituições localizadas no Distrito de Aveiro, Portugal, representando diferentes padrões geográficos. Foram, igualmente, entrevistadas algumas das pessoas que aí exercem a sua atividade profissional. Embora globalmente os utentes sintam-se satisfeitos com a localização da instituição, foram referidas inúmeras barreiras associadas ao desenho urbano. Os resultados alcançados permitem realçar a importância de se realizar estudos dessa natureza e, consequentemente, reforçar, ao nível das políticas públicas, a ligação da saúde pública com o ordenamento do território
Cardiovascular disease, chronic kidney disease, and diabetes mortality burden of cardiometabolic risk factors from 1980 to 2010: a comparative risk assessment
Background High blood pressure, blood glucose, serum cholesterol, and BMI are risk factors for cardiovascular
diseases and some of these factors also increase the risk of chronic kidney disease and diabetes. We estimated mortality from cardiovascular diseases, chronic kidney disease, and diabetes that was attributable to these four
cardiometabolic risk factors for all countries and regions from 1980 to 2010.
Methods We used data for exposure to risk factors by country, age group, and sex from pooled analyses of populationbased health surveys. We obtained relative risks for the eff ects of risk factors on cause-specifi c mortality from metaanalyses
of large prospective studies. We calculated the population attributable fractions for- each risk factor alone,
and for the combination of all risk factors, accounting for multicausality and for mediation of the eff ects of BMI by the other three risks. We calculated attributable deaths by multiplying the cause-specifi c population attributable fractions by the number of disease-specifi c deaths. We obtained cause-specifi c mortality from the Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors 2010 Study. We propagated the uncertainties of all the inputs to the fi nal estimates.
Findings In 2010, high blood pressure was the leading risk factor for deaths due to cardiovascular diseases, chronic kidney disease, and diabetes in every region, causing more than 40% of worldwide deaths from these diseases; high BMI and glucose were each responsible for about 15% of deaths, and high cholesterol for more than 10%. After
accounting for multicausality, 63% (10\ub78 million deaths, 95% CI 10\ub71\u201311\ub75) of deaths from these diseases in 2010 were attributable to the combined eff ect of these four metabolic risk factors, compared with 67% (7\ub71 million deaths,
6\ub76\u20137\ub76) in 1980. The mortality burden of high BMI and glucose nearly doubled from 1980 to 2010. At the country
level, age-standardised death rates from these diseases attributable to the combined eff ects of these four risk factors
surpassed 925 deaths per 100 000 for men in Belarus, Kazakhstan, and Mongolia, but were less than 130 deaths per 100 000 for women and less than 200 for men in some high-income countries including Australia, Canada, France,
Japan, the Netherlands, Singapore, South Korea, and Spain.
Interpretation The salient features of the cardiometabolic disease and risk factor epidemic at the beginning of
the 21st century are high blood pressure and an increasing eff ect of obesity and diabetes. The mortality burden
of cardiometabolic risk factors has shifted from high-income to low-income and middle-income countries. Lowering
cardiometabolic risks through dietary, behavioural, and pharmacological interventions should be a part of the globalresponse to non-communicable diseases
Riscos para doenças crônicas não transmissíveis na ótica de participantes do Vigitel
O objetivo do presente estudo foi interpretar reflexões de grupos da população, por faixa etária, sobre risco de adoecer pelas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como parte do eixo qualitativo do projeto Vigitel que monitora a prevalência de fatores de risco para DCNT no Brasil. Procedimentos metodológicos a coleta de dados foi realizada por meio de grupos focais da amostra de Belo Horizonte, MG, de 2008, considerando que não existe, em estudos desse tipo, a necessidade de validação por amostragem abrangente. O interesse é aprofundar determinado assunto que poderá ser comparado, posteriormente, a outros estudos. Resultados mostraram que jovens conhecem os riscos para DCNT, mas consideram que viver sem arriscar-se é impossível. Sujeitos de 31 a 50 anos estão informados e conscientizados, mas querem continuar vivendo sem preocupação com a saúde, negociando, consigo mesmos, medidas pessoais de risco. Pessoas acima de 51 anos consideram riscos para DCNT inerentes à condição humana, porém maiores, devido a uma vida “desregrada”, e têm medo, buscando se cuidar centrados na assistência médica. Conclusões as reflexões dos grupos apontam representações centradas na impossibilidade de se considerar a saúde em primeiro plano e constantemente, na vida cotidiana. Existe desejo de viver prazeres e satisfações, que, muitas vezes, não são coerentes com a determinação de ser saudável. Além disso, há a necessidade humana de transgressões para se sentir vivo e mais forte que a morte. Abordagens interdisciplinares que relativizem o peso dessas representações para a incorporação de modos de vida saudáveis, coletiva e autonomamente, são fundamentais