44 research outputs found

    A Social Autopsy of the Kiss Nightclub Fire

    Get PDF
    This article offers a social autopsy of the Kiss Nightclub Fire and an exploration of the networks of trauma and reconstruction in its wake. We present a critical analysis of the social and political conditions that created this large-scale tragedy, placing these in the context of political conflict and profit-seeking in Brazil’s recent past. We trace the trauma of the fire in a network of survivors and family members in Rio Grande do Sul and beyond, and the contrasting ways they have sought to make sense of and respond to the fire with political action and/or spiritual exploration

    Uma ciência replicante: a ausência de uma discussão sobre o método, a ética e o discurso

    Get PDF
    Este artigo pretende refletir sobre a pesquisa qualitativa e seu uso na área da saúde. A partir de considerações sobre os "modos somáticos de atenção" e exemplos de pesquisas realizadas, proponho, primeiramente, um questionamento sobre dicotomias como teoria-metodologia, sujeito-objeto e racionalidade-técnica. Sugiro que essas dicotomias possam estar na base daquelas que são consideradas dificuldades na utilização da metodologia qualitativa em projetos de pesquisa da área da saúde, como (1) o problema da escolha das técnicas de pesquisa; (2) o dilema do número de casos; (3) a participação do contexto da pesquisa; e (4) os procedimentos de análise ou interpretação dos dados. Num segundo momento, busco mostrar como essas dicotomias também podem estar implicadas na ética das pesquisas qualitativas. Finalmente, observo que esses questionamentos, quando projetados para os Comitês de Ética em Pesquisa, apresentam o grande desafio de avaliar a adequação metodológica em conjunto com os procedimentos éticos de cada projeto, respeitando as especificidades da pesquisa qualitativa.This article approaches the use of qualitative methods in health research. Following the concept of "somatic modes of attention" and examples of previous ethnographic research, I discuss the dichotomies theory-methodology, subject-object, rationale-techniques to suggest that they may be responsible for what has been pointed out as important constraints of qualitative research: (1) the problem of choosing the right research techniques; (2) the dilemma of the number of cases to be studied; (3) the role of the context; and (4) data analysis/interpretation procedures. I argue that these separations can affect research ethics. Ethics needs to be incorporated in methodology as a whole and inform the choice of techniques, sampling procedures, the context and data analysis/interpretation. Finally, this paper points out that the specificity of qualitative research needs to be acknowledged by Research Ethics Committees and suggests they should look, more than anything, at each project's methodological adequacy together with ethical procedures

    Apresentação

    Get PDF
    As questões antropológicas relacionadas ao tema do sofrimento e da violência têm como pano de fundo a complexa relação entre indivíduo e sociedade e as diferentes formas de interpenetração entre um e o outro. Autores que estudam esses temas comentam com frequência sobre a dificuldade de enquadrar violência e sofrimento em uma definição. Scheper-Hughes e Bourgois (2010) referem-se à violência como um conceito “escorregadio” (slippery) devido à multiplicidade e à plasticidade de suas formas. Fa..

    A antropologia das emoções: conceitos e perspectivas teóricas em revisão

    Get PDF
    As emoções na antropologia A atenção para a dimensão emocional da experiência humana está presente em diversos momentos do pensamento antropológico. O clássico “A expressão obrigatória dos sentimentos”, de Marcel Mauss (1980), pode ser tomado como uma primeira formulação teórica a respeito das emoções, em que o autor, nuançando o modelo teórico durkheimiano baseado no conceito de “fato social”, analisa um conjunto de ritos funerários australianos como forma de pensar um problema central de su..

    Jogos de linguagem, gramática emocional e formas de vida: uma etnografia do aprender brincando na natureza

    Get PDF
    O objetivo deste artigo é discutir a gramática emocional “alternativa” vinculada ao individualismo romântico. O debate fundamenta-se nos dados da pesquisa etnográfica realizada durante as Tardes no Verde. Trata-se de ocasiões em que crianças participam de brincadeiras e trilhas por entre a mata em um sítio em Porto Alegre. Embora essa gramática emocional não seja ensinada explicitamente, ela é aprendida a partir de jogos de linguagem que constituem uma forma de vida ecologicamente orientada. Argumenta-se que a gramática emocional “alternativa” é constituída por dois eixos. Um dos eixos diz respeito à lógica da escolha individual e da participação ativa, e rege emoções associadas ao engajamento ativo e criativo. Já o outro eixo se vincula à lógica da distinção entre natureza e cultura e rege sentimentos que informam como os distintos entes considerados como pertencentes ao domínio totalizante da natureza devem se relacionar entre si.This paper discusses the emotional grammar associated with learning an ecologically oriented way of life, based on ethnographic research carried out at an outdoor day camp called “Tardes no Verde” (“Green Afternoons”), where children participate in games, hike trails and engage in outdoor activities on the outskirts of Porto Alegre, Brazil. We argue that the emotional grammar is not explicitly taught by the teachers in charge, but is instead learned by the children from language games that conform to a way of life that is more conscious of nature. We suggest that this “alternative” emotional grammar is constructed according to two logics. The first concerns individual choice and active participation, and governs emotions associated with active and creative engagement. The second relies on the distinction between nature and culture and governs feelings that inform how different human and non-human entities, which belong to the totalizing domain of nature, relate to each other

    A Covid-19 e suas múltiplas pandemias

    Get PDF
    Na linguagem epidemiológica, a irrupção situada de uma infecção entre determinadas populações ou porções geográficas é indicativo de um surto. Se a ocorrência se sustenta e também se avoluma e se espalha, ela caracteriza uma epidemia. Mas quando a escalada se mantém crescente e desordenada dificultando a circunscrição do evento, o caracterizamos como pandemia. Nesse caso, muitos surtos acontecem ao mesmo tempo, distribuídos por toda a parte, algumas vezes, em escala global. Foi assim com a Co..

    As políticas de inclusão como problemática de engajamento antropológico

    Get PDF
    A temática deste número de Horizontes Antropológicos – “Políticas de inclusão” – comemora a edição do número 50 da revista e reúne trabalhos que analisam, predominantemente a partir dos referenciais da antropologia social, um conjunto heterogêneo de programas, projetos e ações dirigidos a inscrever determinadas pessoas e populações como alvos de atenção e de políticas públicas. Trata-se de uma temática cuja relevância acadêmica e política no Brasil cresceu a partir do processo de redemocratiz..

    Nos contornos do corpo e da saúde: entre temas, problemas e perspectivas - apresentação ao dossiê

    Get PDF
    Desde suas origens, a antropologia tem questionado os discursos e compreensões naturalizantes dos vários aspectos e dimensões que compõem a vida humana. Nesse cenário, tanto o corpo quanto os processos de saúde e adoecimento que os envolve passam a ser compreendidos na perspectiva da construção social. Enredados em contextos culturais específicos, atravessados por jogos de saber-poder, negociados em complexas malhas relacionais, inseridos em códigos e símbolos místico-religiosos e/ou científicos, corpo e saúde (e os processos que os atravessam) são, sobretudo, produtos culturais. Ao propormos o dossiê temático “NOS CONTORNOS DO CORPO E DA SAÚDE: ENTRE TEMAS, PROBLEMAS E PERSPECTIVAS”, buscamos pensar de que modo práticas, discursos, modelos de intervenção, sistemas de pensamento e/ou instituições, elaboram suas concepções de corpo e de saúde e os agenciam. O objetivo é alargarmos o debate contemporâneo sobre corpo e saúde, bem como sobre as formas de construí-los e significá-los, evidenciando as relações (sejam éticas, político-ideológicas e/ou econômicas) que se estabelecem em torno deles e lhes dão contorno. Assim, são bem-vindos trabalhos de diferentes áreas – Antropologia, Sociologia, Filosofia, História, Psicologia, Saúde Coletiva, Medicina, Enfermagem, dentre outras – cujo escopo sejam as noções de corpo e saúde enquanto alvos privilegiados de construção de sentidos: processos de medicalização da vida; práticas e discursos de bem estar e de qualidade de vida; estratégias biopolíticas de controle do corpo e da saúde; relações entre ciência, corpo e saúde; terapêuticas convencionais e alternativas; estratégias de intervenção em saúde; práticas de/em saúde e os processos de subjetivação; marcadores sociais de diferença na interface com as discussões de corpo e saúde

    "A viagem de volta": o reconhecimento de indígenas no sul do Brasil como um evento crítico

    No full text
    O presente artigo enfoca a problemática do reconhecimento étnico de indígenas por parte do Estado, sugerindo que este pode ser pensado como um evento crítico, no sentido de que transforma percepções, ações e relações entre diferentes agentes envolvidos nos processos de territorialização, além de possibilitar a construção de memórias que tecerão discursos e narrativas específicos. A partir de uma pesquisa etnográfica realizada junto à comunidade Charrua da Aldeia Polidoro de Porto Alegre (Brasil), abordo inicialmente a historiografia dos índios Charrua do Uruguai que ressalta fundamentalmente a extinção da etnia, contrapondo a isso as suas narrativas que assumem a ótica da sobrevivência, condição de possibilidade para seu reconhecimento no Brasil atual. Na sequência apresento situações e discursos que considero reveladores da conflituosa relação deles com alguns agentes públicos que se veem confrontados com a agenda e a agência políticas desse novo povo indígena. Por fim, sugiro que, em parte, esses conflitos estão relacionados a diferentes formas de experienciar o tempo. Para os indígenas, por um lado, a construção narrativa que lhes dá possibilidade de se reconhecerem e serem reconhecidos como tais implica a corporificação da interprenetação dos tempos passado e presente e, nesse sentido, sua espera pela promoção de seus direitos constitucionais é contabilizada desde tempos muito remotos. Por outro lado, para os agentes públicos, o reconhecimento étnico oficial é um ponto específico no presente, a partir do qual estes iniciam um processo lento e gradual de reconhecimento da condição de indígenas, dentro do tempo da burocracia no qual estão imersos cotidianamente
    corecore