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Os índios makuxi e wapichana e suas relações com estados nacionais na fronteira Brasil-Guiana
O objetivo deste trabalho é examinar os complexos processos históricos e
socioculturais que se desenvolvem entre os povos indígenas Makuxi e Wapichana que
habitam a fronteira internacional entre Guiana3 e Brasil4. Este tema fornece uma
interface entre o estudo de sociedades indígenas e suas relações com Estados nacionais
nas suas fronteiras. Escolhi uma região geográfica ao longo da fronteira entre o Brasil e
a República Cooperativista da Guiana, mais especificamente entre a Terra Indígena
Jacamim, ao sul, e as aldeias de Uiramutã e Willimon na Área Indígena Raposa/Serra do
Sol, e Canapã na Guiana, ao norte, região habitada por Wapichana e Makuxi que vivem
nos dois lados da fronteira internacional em aldeias de composição étnica mista
Organizações indígenas e legislações indigenistas no Brasil, na Austrália e no Canadá
Neste trabalho apresento uma breve comparação da situação atual das sociedades indígenas em relação à legislação indigenista no Brasil, na Austrália e no Canadá, numa era de crescimento de movimentos indígenas a nível internacional e políticas de multiculturalismo implementadas pelos estados nacionais. Justifico uma abordagem comparativa para levantar primeiro a questão do que seja passível de comparação. Fazse necessário recuperar as histórias institucionais destes estados-nações surgidos de países europeus. Enquanto a Austrália foi uma colônia britânica em que a colonização européia começou em 1788, mais de 250 anos depois do início da colonização do Brasil, e o Canadá foi colonizado por britânicos e franceses (sobretudo o Québec), o caso do Brasil tem especificidades por ter sido uma colônia portuguesa com uma história institucional diferenciada. O Brasil tem sido pensado como parte do Ocidente a partir de modelos de estados nacionais calçados numa bricolage entre o francês e o inglês. A Austrália, em contraste, apesar da sua independência em 1901, foi pensada, até a década de 1950, como parte do Império Britânico mais do que um país autônomo e independente (Baines, 1995:74-81), e como uma extensão da sociedade britânica implantada no outro lado do mundo
Indianidade e nacionalidade na fronteira Brasil-Guiana
Este trabalho examina algumas perspectivas indígenas acerca da fronteira Brasil-Guiana e conceitos de território indígena nos dois Estados nacionais. Focalizando apenas aquele trecho habitado pelos povos Makuxi e Wapichana, que tiveram seus territórios historicamente separados pela linha divisória traçada entre o Brasil e a Guiana desde o período colonial, examinaremos brevemente o impacto das políticas indígenas nestas regiões de fronteira internacional
Indigenous autonomies and rights on the Brazil-Guyana border : Makushi and Wapishana on an international border
Based on a research project on nationality and ethnicity on international borders
in which I have been working since 2001, this paper examines the recent changes in the
relationship between indigenous peoples, the State, and civil society on part of the
international border which separates Brazil and Guyana. In this region, the
transnational, the national and the local coexist and are constantly revised in the struggle
of indigenous peoples to have their rights recognised. My research focuses part of this
international border which is home to the Makushi and Wapishana indigenous peoples
Imagens de liderança indígena e o programa Waimiri-Atroari : índios e usinas hidrelétricas na Amazônia
O artigo examina a maneira como imagens de liderança indígena Waimiri-Atroari estão sendo usadas para divulgar mensagens, através da mídia, que rebatem as críticas dirigidas à implantação de grandes usinas hidrelétricas em áreas indígenas e suas conseqüências altamente nocivas para os povos indígenas atingidos. As imagens apóiam a política do setor elétrico de implantar mais hidrelétricas que incidem em territórios indígenas na região amazônica. Esta estratégia tem sido usada, sobretudo, após as manifestações em Altamira, em 1989, contra a construção de um complexo de usinas hidrelétricas no vale do rio Xingu que afetariam dezenas de aldeias indígenas, e a mobilização do movimento político indígena nos anos recentes.The article examines the way in which images of Waimiri-Atroari Indian leaders are being used to publish messages through the midia which counter criticisms directed at the implantation of large-scale hydroelectric schemes in Indian areas and the highly nocive consequences for the Indian nations affected. The images support the policies of the electric sector to implant more hydroelectric schemes in the Amazon region which incide on Indian territories. This strategy has been used, above all, after the demonstrations in Altamira in 1989 against a complex of hydroelectric dams in the valley of the River Xingu which would affect dozens of Indian villages, and the mobilization of the Indian political movement in recent years
As terras indígenas no Brasil e a “regularização” da implantação de grandes usinas hidrelétricas e projetos de mineração na Amazônia
A proposta desse artigo é abordar a implantação de grandes usinas hidrelétricas e projetos de mineração em terras indígenas no Brasil sob a perspectiva da legislação
Entre dois estados nacionais : perspectivas indígenas a respeito da fronteira entre Guiana e Brasil
O trabalho examina perspectivas makuxi e wapichana sobre a fronteira Brasil-Guiana que dividiu seus territórios tradicionais, c como estes povos indígenas incorporaram a imposição histórica de uma fronteira internacional. Situados entre dois Estados nacionais e nas suas periferias, as leituras indígenas a repeito desta fronteira revelam as particularidades étnicas destes povos na encruzilhada entre o maior país da América do Sul e um pequeno país ex-colônia holandesa e posteriormente britânica até 1966, assolado por conflitos étnicos entre suas maiorias afro e indo-guianenses. Surgem diversas formas politicizadas de se identificar como índio, mestiço, Makuxi, Wapichana. brasileiro, ou guianen.se, que, muitas vezes, se sobrepõem. As maneiras de serem Makuxi e Wapichana se expressam, sobretudo, por meio das organizações políticas indígenas c. principalmente na Guiana, pela afiliações aos partidos políticos daquele país.This article examines some perspectives of Macushi and Wapishana indians about the Brazil-Guyana border which divided their traditional territories, and how these indigenous peoples have incorporated the historical imposition of an international border. Situated between two national States and at their peripheries, indigenous readings about the border reveal the ethnic particularities of these peoples at the crossroads between the largest country of South America and a small country, ex- Dutch and later British colony until 1966, ravaged by ethnic conflicts between its Afro and East Indian Guayanese majorities. Many politicized ways of identifying as Amerindian, mestizo, Macushi, Wapishana, Brazilian or Guyanese emerge and often overlap. The ways of being Macushi or Wapishana find their expression in indigenous political organisations and, especially in Guyana, through affiliations to the political parties of that country
Estilos de etnologia indígena na Austrália e no Canadá vistos do Brasil
Este trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesquisa sobre etnologia indígena no contexto de diferentes estados nacionais que iniciei em 1990, comparando os casos da Austrália e do Brasil. Incluí o caso do Canadá a partir de 1995 através de uma bolsa do governo canadense que permitiu um levantamento de pesquisa naquele país. Examino algumas questões que surgiram a partir de levantamentos de pesquisa de cinco semanas de duração na Austrália (1992) e no Canadá (1995), com antropólogos que realizam pesquisas junto a sociedades indígenas nestes países. Meu projeto de pesquisa examina a etnologia indígena nestes dois países, tomando a etnologia indígena que se faz no Brasil como pano de fundo, país onde realizei o doutorado em Antropologia (1981-1988) e onde estou trabalhando como docente e pesquisador. O trabalho se encaixa dentro da linha de pesquisa sobre “Estilos de Antropologia” iniciada por Roberto Cardoso de Oliveira, em que a dimensão comparativa da investigação passou a ser efetivada através do estudo do que se decidiu chamar de “antropologias periféricas” (Cardoso de Oliveira, 1988:143-159; 1998:107-133). Cardoso de Oliveira usa este termo para se referir àquelas antropologias situadas na periferia de centros metropolitanos da disciplina (nos centros científicos e acadêmicos onde a antropologia foi gerada e se consolidou como disciplina acadêmica - a Inglaterra, a França e os Estados Unidos da América). Como frisa Cardoso de Oliveira, “A justificação maior de um enfoque estilístico sobre as antropologias periféricas está no fato de que a disciplina nos países não metropolitanos não perde seu caráter de universalidade”. O meu objetivo, diferente da proposta de Cardoso de Oliveira que abrange toda a Antropologia como disciplina acadêmica, é um estudo comparativo somente da etnologia indígena que se faz na Austrália e no Canadá, vista a partir da minha experiência no Brasil
Antropologia do desenvolvimento e povos indígenas
Este trabalho examina algumas questões éticas enfrentadas pelo antropólogo que se engaja na área de antropologia do desenvolvimento, quando lida com casos da implantação de grandes projetos (usinas hidrelétricas, mineração, hidrovías, extração de madeiras, agropecuária, etc.) em terras indígenas. Os povos indígenas encontram-se inseridos em relações sociais desmedidamente desiguais com segmentos da sociedade nacional/global, merecendo uma atenção especial por parte de antropólogos em decorrência da sua vulnerabilidade frente a pressões econômicas e políticas de grandes empresas que têm o poder de influenciar as decisões de governos de Estados nacionais, em situações de contato interétnico altamente politizadas. Ressaltamos que a antropologia ao lidar com povos indígenas enfrenta problemas muito específicos por se tratar de povos com culturas diferenciadas que historicamente sofreram fortes discriminações e violências por parte de segmentos da sociedade nacional
Social anthropology with indigenous peoples in Brazil, Canada and Australia : a comparative approach
A partir da noção de “estilos de antropologia” usada por Roberto Cardoso de Oliveira em suas pesquisas nos anos 1990, que examinou diversas “antropologias periféricas”, em países onde a antropologia foi implantada posteriormente, fora dos países centrais – EUA, Grã-Bretanha e França – onde emergiu e se consolidou como disciplina acadêmica, este artigo examina os estilos de etnologia indígena que se desenvolveram no Brasil, no Canadá e na Austrália, ex-colônias de países europeus. Com histórias e culturas muito diferentes, examinam-se os estilos de antropologia no contexto desses Estados nacionais que se expandiram sobre os territórios de povos indígenas, e as maneiras em que as histórias e contextos refletem no que está sendo feito atualmente em pesquisas de campo com povos indígenas. Examinam-se algumas das tensões que surgem ao trabalhar em uma disciplina acadêmica que pretende ser internacional e universal enquanto os contextos são locais.Starting from the notion of “styles of anthropology” used by Roberto Cardoso de Oliveira in his research in the 1990s, which examined “peripheral anthropologies” in countries where anthropology was implanted later, outside the central countries - USA, Great Britain and France - where it emerged and had consolidated as an academic discipline, this article looks at the styles of anthropology with indigenous peoples which have developed in Brazil, Canada and Australia, ex-colonies of European countries. With very different histories and cultures, the styles of anthropology within the context of these national States which expanded over indigenous territories are examined, and the ways in which these histories and contexts reflect on what is being done today in field research with indigenous peoples. Some of the tensions which emerge between working within an academic discipline that aims to be international and universal while the national contexts are local are examined
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