RACISMO E DESUMANIZAÇÃO NO HAITI

This article analyzes a case of racism in his structural manifestations. From the public policy measures implemented in Haiti in the context of the earthquake that struck the Caribbean country in 2010, are unraveled the intricacies of international relations, racist in essence, that dehumanize the life of the black Haitian people. The text tries to show how racism is at the root of the entire history of international relations of Haiti since its independence in 1804, and as today, the country is still suffering from the same regime. Emphasizing the historical weight of these racist relations, the article insists on questioning the philosophical underpinnings that serve as their justification. In other words, this article sought to capture racism not in his dimension of social marker and individual identity builder, but in its dimension of political element definition of relations between countries.Este artigo analisa um caso de racismo nas suas manifestações estruturais. A partir das medidas de políticas públicas implementadas no Haiti, no contexto do terremoto que abalou o País caribenho em 2010, são desvendados os meandros das relações internacionais, racistas na sua essência, as quais desumanizam a vida do negro povo haitiano. O texto tenta mostrar como o racismo está na base de todo o histórico das relações internacionais do Haiti, desde a sua independência em 1804, e como ainda hoje, o País continua padecendo do mesmo regime. Além de ressaltar o peso histórico dessas relações racistas, o artigo insiste em indagar os fundamentos filosóficos que lhes servem de justificativa. Ou seja, este artigo procurou captar o racismo não na sua dimensão de marcador social e de construtor de identidade individual, mas na sua dimensão de elemento político de definição das relações entre países

Globalização neoliberal e lutas populares no Haiti : crítica à modernidade, sociedade civil e movimentos sociais no estado de crise social haitiano

Este trabalho analisa as lutas populares na formação social haitiana no âmbito da globalização neoliberal que se acelera no país, da queda da ditadura (1986) até hoje. Utilizando o arcabouço teórico marxiano para colocar esse processo na sua trajetória sócio-histórica e buscar suas diversas ramificações, o trabalho se inicia pelo estudo da ideologia da modernidade e de seus fundamentos ontológico-filosóficos. Essa abordagem tem permitido entender a anomalia que representa para a ordem internacional capitalista-racista-machista fundamentada na modernidade/ colonialidade, a única revolução triunfante de um povo escravizado a Revolução haitiana de 1791-1804. Esse quadro geral tem facilitado a compreensão do processo da desumanização da vida do povo negro haitiano, orquestrada em menos de cem anos, através de três invasões militares a última tendo sido encabeçada pelo exército brasileiro desde 2004. Assim, é explicitada a derrota das lutas populares haitianas em favor da livre individualidade solidária da vida, derrota realizada, nas últimas décadas, pelas instituições da indústria humanitária e da sociedade civil (ONGs, movimentos sociais...) através da ideologia do desenvolvimento, apresentado como a panacéia de todo ma

Humanitarismo e questão racial no Haiti

This article examines humanitarian policies in Haiti, which carry a racism that is not expressedin an individual way, but rather in the very structures that those policies create or help tocreate. Humanitarian racism ended up producing an effect contrary to its intentions: it encouragesHaitian workers to flee the country. Brazil, by affirming its disposition to welcome “withopen arms” Haitians who want to join a process of humanitarian immigration, reduces theheadaches of the U.S. administration with the undesired presence of these workers, and alsoscores points toward its own imperial objective: to obtain a seat on the U.N. Security Council.Este artigo examina as políticas humanitárias no Haiti, que carregam em si um racismo quenão se expressa de forma individual, mas especialmente nas próprias estruturas que taispolíticas criam ou ajudam a criar. O racismo humanitário acabou produzindo o efeito contráriode suas pretensões: encoraja os trabalhadores haitianos a fugir do país. O Brasil, ao afirmarsua disposição em receber de “braços abertos” os haitianos que querem se integrar em umprocesso humanitário de migração, diminui a dor de cabeça da administração estadunidensecom a presença indesejada destes trabalhadores, e ganha alguns pontos na concretizaçãoda sua pretensão imperial: obter a cobiçada vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU