31 research outputs found
DIÁLOGOS SOBRE PRÁCTICAS ESCOLARES SUPERVISADAS EN EDUCACIÓN FÍSICA CON NIÑOS Y NIÑAS EN BRASIL Y ESPAÑA
Tanto en Brasil como en España, las prácticas escolares externas son una etapa obligatoria para la formación docente y está rodeada de desafíos para su implementación, especialmente cuando está dirigida a niños y niñas. Por lo tanto, en este artículo, nuestro objetivo es analizar los desafíos para la formación de docentes en educación física orientados al trabajo con alumnado en edad escolar en los contextos brasileño y español, desde la perspectiva del Practicum. Se adoptó como supuesto metodológico la Investigación Narrativa, anclada en reflexiones autorales con contornos ensayísticos. Se identificaron los siguientes desafíos para que las prácticas escolares cumplan su rol de ampliar la formación docente con miras al trabajo profesional con estudiantes: la presencia de docentes con formación inicial en educación física para colaborar como co-formadores; insuficientes debates y experiencias teórico-prácticas con niños y niñas en los currículos de formación docente; el reducido número de horas dedicadas a prácticas centradas en la infancia y cuestiones de género que rara vez están presentes en las experiencias de contacto con la realidad escolar. Estos desafíos identificados inciden extremadamente en la constitución de los binomios entrenamiento-rendimiento y educación física-infancia
USOS E APROPRIAÇÕES DAS DANÇAS POPULARES NA EDUCAÇÃO INFANTIL DE VITÓRIA/ES
Analisa os usos e as apropriações que os dinamizadores de Artes e Educação Física fazem das danças populares na Educação Infantil de Vitória/ES. Utiliza o método descritivo-interpretativo, com a aplicação de questionários para 24 docentes que atuam nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Os resultados apontam que os dinamizadores fazem diferentes usos destas danças em seus cotidianos, em estreita articulação com os projetos institucionais dos CMEIs. Contudo, são poucas as mediações que valorizam as agências das crianças, pois as danças populares estão mais presentes nos momentos de apresentações do que ao longo do ano letivo. Dentre os fatores que dificultam o trabalho com as danças populares, sobressai a questão da religiosidade, pela crença de que a prática dessas manifestações evoca a devoção. Conclui-se que as danças populares se apresentam como conhecimentos potentes para tematizações e reflexões sobre as questões étnico-raciais nas instituições infantis
EDUCAÇÃO INFANTIL E FORMAÇÃO DOCENTE: ANÁLISE DAS EMENTAS E BIBLIOGRAFIAS DE DISCIPLINAS DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
This study looks into syllabi and bibliographies courses related to Early Childhood Education in the initial training courses in Physical Education, identifying their points of convergence and divergence with guiding documents of that first stage of Elementary Education in Brazil. It is a documentary study conducted on 16 syllabi and their respective bibliographies (267) of 14 Physical Education Schools of public universities. Data were systematized by the Iramuteq software. Conceptions of childhood and organization of pedagogical work present in the analyzed syllabi and bibliographies differ from the assumptions recommended by the National Curriculum Guidelines for Early Childhood Education and by the National Curricular Common Base. A biologic/universal vision of child development prevails in the documents analyzed, based on Developmental Psychology and Motor Behavior authors. El objetivo de la investigación es analizar los contenidos y bibliografías de disciplinas relacionadas con Educación Infantil en los cursos de formación inicial en Educación Física, identificando los puntos de convergencia y de divergencia que establecen con los documentos orientadores de la primera etapa de la Educación Básica en Brasil. Se trata de una investigación documental realizada con los contenidos de 16 materias y sus respectivas bibliografías (267) de 14 cursos de Educación Física de universidades públicas del país. Los datos fueron sistematizados por el software Iramuteq. Se constata que la concepción de infancia y de organización del trabajo pedagógico presentes en los contenidos y bibliografías analizados divergen de los presupuestos preconizados por las Directrices Curriculares Nacionales para la Educación Infantil y por la Base Nacional Curricular Común. En los documentos analizados predomina una visión biologicista/universal de desarrollo infantil, amparada por autores de la Psicología del Desarrollo y del Comportamiento Motor.O objetivo da pesquisa é analisar as ementas e bibliografias de disciplinas relacionadas a Educação Infantil nos cursos de formação inicial em Educação Física, identificando os pontos de convergência e de divergência que elas estabelecem com os documentos norteadores dessa primeira etapa da Educação Básica no Brasil. Trata-se de uma pesquisa documental, realizada com 16 ementas e suas respectivas bibliografias (267) de 14 cursos de Educação Física de universidades públicas do país. Os dados foram sistematizados pelo software Iramuteq. Constata-se que a concepções de infância e de organização do trabalho pedagógico presentes nas ementas e bibliografias divergem dos pressupostos preconizados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e pela Base Nacional Curricular Comum. Nos documentos analisados predomina uma visão biologicista/universal de desenvolvimento infantil, amparada por autores da Psicologia do Desenvolvimento e do Comportamento Motor.
BRINCADEIRAS LÚDICO-AGRESSIVAS: TENSÕES E POSSIBILIDADES NO COTIDIANO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
This study aims to understand the playful-aggressive games in the context of Childhood Education. This is an ethnographic study with participant observation of 3-to-5-year-old children at Municipal Center for Childhood Education in Vitória, Espírito Santo, Brazil. It used observations, video, photographs and narratives of playful episodes described in a field diary at playground times at school and in physical education classes. The analysis consisted in qualitative appreciation of interaction episodes through three categories: playful-aggressive games and social context; media; and turbulent movements. It points out the need to open space in children's daily life for different ways to play, suggesting a positive reading on playful-aggressive play as a socializing and individual element and an expression of the child’s expressiveness that is present in children’s peer culture. Este estudio busca comprender el juego lúdico-agresivo en el contexto de la Educación Infantil. Es una investigación etnográfica con observación participante de niños de tres, cuatro y cinco años de edad, en un Centro Municipal de Educación Infantil en Vitória/ES. Se utilizaron observaciones, filmaciones, fotografías, narrativas y episodios de juego descritos en un diario de campo en momentos de recreo en el patio y clases de Educación Física. El análisis consistió en la evaluación cualitativa de episodios de interacción, vistos a través de tres categorías: juegos lúdico-agresivos y contexto social; medios de comunicación; y movimientos turbulentos. Se hace evidente la necesidad de abrir espacio en la vida cotidiana de los niños para las distintas maneras de jugar, lo que sugiere una lectura positiva sobre los juegos lúdico-agresivos, como un elemento de socialización, autoral y de manifestación de la expresividad infantil que está presente en la cultura de pares de los niños. Este estudo busca compreender as brincadeiras lúdico-agressivas no contexto da Educação Infantil. Trata-se de uma pesquisa etnográfica com observação participante de crianças de três, quatro e cinco anos de idade, em um Centro Municipal de Educação Infantil de Vitória/ES. Foram utilizadas observações, filmagens, fotografias e narrativas de episódios brincantes descritos em diário de campo, em momentos de pátio e em aulas de Educação Física. A análise consistiu na apreciação qualitativa de episódios de interação, visualizada por meio de três categorias: brincadeiras lúdico-agressivas e contexto social; mídia; e movimentos turbulentos. Evidencia a necessidade de abrir espaço no cotidiano infantil para as diferentes maneiras de brincar, sugerindo uma leitura positiva sobre as brincadeiras lúdico-agressivas, como um elemento socializador, autoral e de manifestação da expressividade infantil que se faz presente na cultura de pares das crianças.
“COM OLHOS DE CRIANÇA”
O objetivo deste artigo consiste em analisar o processo de escolarização das crianças na educação infantil, por meio das charges do pedagogo e desenhista italiano Francesco Tonucci, que compõem a obra “Com olhos de criança”, publicada originalmente em 1988. A análise destaca o olhar das crianças em suas relações com os professores e com o ambiente escolar. Focaliza o processo de criação das charges desde as intenções dos autores na concepção dos materiais a escolhas dos elementos verbais e não verbais que constituem as obras. A fim de examinar as charges, este estudo emprega uma perspectiva metodológica que envolveu as seguintes etapas semióticas: seleção das imagens, o seu inventário denotativo e os níveis de significação mais altos. Constata que a linguagem imagética, utilizada na confecção das charges de Tonucci, oferece potência comunicativa ao produzir efeitos para além do período de sua criação. As charges de Tonucci sinalizam a fragilidade de metodologias de ensino utilizadas na educação infantil que, ao não consultar as crianças sobre seus pontos de vista, negligenciam as suas produções culturais, autorias e subjetividades, reforçando a separação e os conflitos entre professores e crianças em suas interações na escola
DA INSERÇÃO À LEGITIMAÇÃO:: DILEMAS E PERSPECTIVAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM A EDUCAÇÃO INFANTIL
A Educação Infantil foi reconhecida como a primeira etapa da Educação Básica pela LDB, que tem como objetivo principal o desenvolvimento integral das crianças. Atualmente, a Educação Infantil vem passando por um processo de expansão e consolidação, no Brasil, que é decorrente, principalmente, da Emenda Constitucional nº 59∕2009, que tornou obrigatória a matrícula e a frequência de crianças de quatro e cincos anos de idade, em instituições formais de ensino, em todo o território nacional.
Esses processos de expansão e institucionalização, da primeira etapa da Educação Básica, vêm acompanhados de preocupações pedagógicas acerca da organização e operacionalização do trabalho educativo com as crianças. Por esse ângulo, as práticas pedagógicas precisam conciliar as dimensões do cuidar e do educar e promover uma dinâmica curricular resultante de experiências que não fragmentem o conhecimento, respeitando, sobretudo, a bagagem histórica e social que as crianças carregam consigo.
É nesse cenário que vimos percebendo a inserção de professores de Educação Física na Educação Infantil. Com a intenção de debater acerca das contribuições específicas que as práticas corporais assumem, na constituição curricular da Educação Infantil, por meio da mediação pedagógica exercida por profissionais com formação nessa área de conhecimento, propomos a organização deste Dossiê, entendendo ser uma forma de potencializar as discussões que focalizam essa relação da Educação Física com a Educação Infantil.
Este Dossiê é fruto de uma ação coletiva interinstitucional, construída por docentes vinculados à Universidade Federal do Rio Grande (FURG), à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), por meio dos grupos de pesquisa ECCOS (Educação, Corpo e Cultura do Movimento), ECOINFÂNCIAS (Infâncias, ambientes e ludicidade) e NAIF (Núcleo de Aprendizagens com as Infâncias e seus Fazeres). Celebramos essa experiência de fazer compartilhado, que expressa uma forma salutar de produzirmos conhecimento, pela via da constituição de redes dialógicas e colaborativas, potencializadas pelas novas tecnologias.
Afirmamos, com este trabalho de publicação do Dossiê, o papel central dos grupos de pesquisa e das universidades públicas brasileiras como instituições indispensáveis para o avanço do pensamento crítico, da cidadania e do desenvolvimento científico em nosso País, principalmente, em um cenário tão adverso que enfrentamos, seja pela dureza de vivenciarmos uma Pandemia que nos imputa perdas de pessoas queridas, seja pelos ataques sistemáticos à autonomia, à democracia e ao financiamento da educação pública nacional.
Mesmo com todas essas questões que nos afligem nos planos pessoal, profissional e acadêmico, estamos satisfeitos em poder contar com a confiança de colegas docentes que se dispuseram a socializar suas produções conosco e contar com a generosidade de outros tantos colegas que se somaram a nós na tarefa de analisar, criteriosamente, cada manuscrito submetido à Revista Didática Sistêmica. Esses movimentos de interlocução criam e reforçam laços pessoais/profissionais/acadêmicos que nos revigoram e nos mantêm firmes no propósito de defender a vida, a ciência e a educação.
Neste Dossiê, contamos com 16 artigos produzidos por professores-pesquisadores vinculados à educação básica e ao ensino superior, provenientes de todas as cinco regiões geográficas do Brasil. Essa abrangência nacional é relevante, pois nos apresenta pistas acerca dos distintos modos como a presença de professores com formação em Educação Física vem sendo pensada e materializada na Educação Infantil.
Marcado pela diversidade de aportes teóricos e metodológicos, o Dossiê é composto por ensaios, relatos de experiências e artigos originais construídos a partir das contribuições da Sociologia, da Filosofia, da Pedagogia e da História Cultural. A problematização da relação da Educação Física com a Educação Infantil se baseou em pesquisas, assumidas pelos seus autores, de caráter qualitativo, pedagógico, narrativo, descritivo-interpretativo, bibliográfico, documental e pesquisa-ação.
O conjunto de textos que forma o presente Dossiê aborda temáticas variadas que discutem regulamentações de cunho legal e pedagógico sobre a Educação Física e a Educação Infantil; pressupostos para a formação docente; a presença de professores especialistas na primeira etapa da Educação Básica em contexto específicos; a dinâmica curricular articulada por diferentes linguagens; o papel do brincar e do movimento nas práticas pedagógicas; o trato pedagógico de práticas corporais específicas (como é o caso da dança); o mapeamento da literatura científica pertinente ao tema e as perspectivas pedagógicas de Educação Física para a Educação Infantil.
O primeiro artigo, assinado por Leonardo de Carvalho Duarte e Marcos Garcia Neira, analisa as teses e dissertações defendidas sobre Educação Infantil defendidas em Programas de Pós-graduação em Educação Física, entre os anos de 2010 e 2020. Identificaram mudanças paradigmáticas nesses estudos no que concerne à aproximação da área com referenciais contemporâneos das Ciências Humanas e Sociais, preservando alguma incidência da Psicologia do Desenvolvimento, mas ampliando o diálogo com as teorias curriculares críticas e pós-críticas. Os trabalhos do referido período constatam que, embora haja uma ampliação significativa de estudos sociais sobre as infâncias, ainda persiste o desafio da escuta, da participação e da coautoria das crianças em pesquisas e em práticas pedagógicas da Educação Física na Educação Infantil.
Na sequência, as autoras Roseli Belmonte Machado, Isabela Dutra Correa da Silva e Marcela Dutra Correa da Silva analisam o capítulo da BNCC referente à Educação Infantil, destacando os discursos que legitimam a área da Educação Física. Em outra frente de análise, examinam o modo como acontece a prática pedagógica da Educação Física na Educação Infantil. A partir desse estudo, notaram que há orientações curriculares que indicam para uma formação integral, emancipada e livre do sujeito infantil. Todavia, nas práticas da Educação Física, há operações de governamento que conduzem para um disciplinamento do corpo. Em sentido oposto, defendem, a partir de suas convicções assumidas no texto, que liberdade e disciplina são conceitos afins na constituição dos sujeitos infantis contemporâneos.
O terceiro artigo analisa a “base de conhecimentos para o ensino de professores de Educação Física na pré-escola”, com foco na identificação e na compreensão do sujeito e do conteúdo. Para os autores Luana Zanotto, Fernando Donizete Alves e Carlos Januário, o conhecimento docente sobre a criança advém da relação cotidiana pedagógica estabelecida para com ela, e os conteúdos são eleitos em função dos interesses das crianças, sendo que os jogos e brincadeiras populares prevalecem na organização dos processos de ensino-aprendizagem. Concluem defendendo que a participação do professor de Educação Física, na Educação Infantil, seja estabelecida por meio de um trabalho docente articulado entre áreas do conhecimento.
O artigo de Juliano Silveira é o quarto trabalho deste Dossiê e traz reflexões sobre a importância das práticas pedagógicas desenvolvidas por professores de Educação Física no âmbito da Educação Infantil. Nessa perspectiva, consideram-se os sentidos e significados atribuídos ao movimento humano, o direito ao acesso à cultura corporal de movimento e os desafios do cotidiano pedagógico. As discussões evidenciadas, no texto, indicam a necessidade de diálogos em torno da construção de uma Educação Física da Educação Infantil, superando representações reducionistas sobre o seu papel, possibilitando uma docência compartilhada.
O quinto artigo oferece aos leitores uma reflexão teórica com foco em dois cenários: o “estático” e o “dinâmico”, conceituados pelos filósofos Parménides e Heráclito. O exercício crítico-reflexivo dos autores António Camilo Cunha e Zenaide Galvão analisa as dinâmicas formativas e curriculares no campo da “Educação (Física) Infantil”, contidas, especialmente, na Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Apontam, em suas considerações, que as práxis se apresentam tanto como “cenários estáticos” quanto como “cenários dinâmicos” na interlocução entre docentes e as crianças.
Uirá de Siqueira Farias e Graciele Massoli Rodrigues apresentam, no sexto artigo, reflexões tecidas “COM” vinte e seis crianças de cinco anos da Educação Infantil, duas pedagogas e um professor de educação física. Para eles, ser professor “COM” as crianças exige uma convocação para se construir uma educação emancipadora, necessária para todos/as que acreditam que a escola possa promover a dialogicidade e a curiosidade epistemológica.
O sétimo artigo deste Dossiê, que tem como signatários Julio Cesar de Lucca Junior e Glauco Nunes Souto Ramos, analisa as perspectivas de docentes de Educação Física sobre o ensino deste componente curricular na educação infantil, na rede municipal de São Carlos/SP. As conclusões evidenciam distintos modos de ensinar e, apesar de os professores assinalarem o preparo para a docência, os autores percebem, por parte de alguns deles, a falta de clareza ao distinguir e conceituar elementos essenciais para esse exercício.
No oitavo artigo, as autoras Bethânia Costa Alves Zandomínegue, Raquel Firmino Magalhães Barbosa e Vanessa Guimarães discutem uma proposta de currículo articulada para a Educação Infantil ou na Educação Infantil, a partir do diálogo com diferentes linguagens, áreas do conhecimento e sujeitos da comunidade escolar. As mediações com a cultura popular, o Projeto Institucional e o Plano de Ação da Educação Física se constituíram como engrenagens essenciais para a materialização de uma “engenharia do currículo”.
Na esteira das propostas de discussão curriculares na/para a Educação Infantil, Renata de Moraes Lino e Ingrid Dittrich Wiggers discorrem, no nono artigo, sobre um projeto pedagógico desenvolvido colaborativamente por professores de atividades e de educação física, em uma instituição pública do Distrito Federal. O projeto abordou a tríade "alimentação, higiene e valores", mediada pela literatura infantil, para nortear as atividades voltadas às crianças. Em paralelo, fomentaram a formação entre os professores participantes, como forma de subsidiar todo o desenvolvimento das etapas do projeto. Destacaram que o diálogo, o trabalho coletivo ao longo do processo e a interdisciplinaridade representam, em suas palavras, uma “perspectiva heurística” para a atuação docente na Educação Infantil.
O décimo artigo trouxe à tona uma análise dos usos e das apropriações que os dinamizadores de Artes e Educação Física fazem das danças populares na Educação Infantil de Vitória/ES. Erica Bolzan, Rodrigo Lema Del Rio Martins e André da Silva Mello apontam que esses docentes fazem diferentes usos dessas danças em seus cotidianos, em estreita articulação com os projetos institucionais das unidades escolares. Contudo, ressaltam que são poucas as mediações pedagógicas que valorizam as agências das crianças. Em que pesem as dificuldades relacionadas à questão da religiosidade para o trabalho com as danças populares, concluem que essas práticas corporais se apresentam como conhecimentos potentes para tematizações e reflexões sobre as questões étnico-raciais nas instituições infantis.
No décimo primeiro artigo, Adriana Martins Correia demonstra um trabalho pedagógico construído a partir da articulação entre a experiência da autora na docência e os debates com professores em formação inicial e continuada na Universidade, colocados em perspectiva com a literatura a respeito: das relações entre escola e poder; da educação das infâncias; e do ensino da dança na escola. Ao final, são apresentadas algumas propostas e experiências que buscam deslocar o cantar-dançar para além de uma lógica mecânica e prescritiva, vislumbrando a potência da criatividade das infâncias.
Kézia Rodrigues Nunes e Carlos Eduardo Ferraço, autores do décimo segundo artigo, contribui com este Dossiê ao focalizar as redes de sentidos de currículo com narrativas de experiências docentes de educação física na educação infantil. A pesquisa situa-se no bojo dos estudos curriculares pós-críticos da educação e realiza uma tessitura das práticas curriculares em Vitória/ES. Sem buscar realizar comparações entre o ensino remoto e o presencial, afirma, com os/as professores e suas práticas cotidianas, possibilidades gestadas na escola, indicando temáticas, saberesfazeres e questões potentes para serem ampliadas, especialmente, no contexto pandêmico atual.
Encontramos, no décimo terceiro artigo, uma discussão sobre o lugar da Educação Física na Educação Infantil, no município do Rio Grande-RS. As autoras Camila Borges Ribeiro, Josiane Vian Domingues e Ângela Adriane Schmidt Bersch constatam que a inserção do/a professor/a de Educação Física, nessa etapa de ensino no município, é recente e não atende a todas as escolas municipais, mas integra um movimento estimulado pelos projetos de lei que trataram dessa questão. Por esse ângulo, identificam potencialidades e fragilidades para pensar estratégias de qualificação da ação docente nesse contexto.
O décimo quarto artigo, de autoria de Heloisa Elesbão, Natália de Borba Nunes e Maria Cecília da Silva Camargo, reconhece o corpo e o movimento como potentes manifestações expressivas das crianças. Ao considerarem a relevância do binômio corpo/movimento e da centralidade do brincar na Educação Infantil, debatem o lugar destinado pelas professoras ao brincar e ao “se-movimentar” no cotidiano de turmas de Educação Infantil em duas escolas de Ensino Fundamental, em um município da região central do Rio Grande do Sul. As narrativas docentes evidenciaram que as professoras têm perspectivas distintas sobre a importância do brincar e do “se-movimentar” no cotidiano da EI, ora reconhecendo o corpo e o movimento como linguagem infantil, ora reduzindo o binômio como instrumento para o desenvolvimento de outras habilidades.
O décimo quinto artigo lança luz sobre as experiências de inserção da Educação Física na Educação Infantil de Brasília. Neste texto, Graciele Pereira Lemos e Jonatas Maia da Costa apresentam as bases normativas do programa “Educação com Movimento”. Explicitam que o objetivo é que o professor de educação física realize um trabalho integrado e interdisciplinar junto aos pedagogos na educação das crianças pequenas. O programa anseia por um desenvolvimento em compasso com as suas diretrizes que sugerem como “auspiciosas” as contribuições da educação física na educação da infância.
O último artigo do Dossiê, décimo sexto na sequência, é assinado por Bruna Drielly de Menezes Andrade e Victor José Machado de Oliveira. Eles investigaram como se dá a presença da Educação Física na Educação Infantil em Manaus/AM. Com efeito, discorrem sobre o projeto “Caravana da Educação Infantil”, em que os professores de Educação Física se inserem na primeira etapa da Educação Básica manauara, com a função de assessorar as professoras generalistas. Para eles, a “Caravana” possui potencialidades para crescer, porém alertam para o risco de adoção do modelo disciplinar escolarizante.
A síntese dos textos apresentados, nestas páginas, denota que as provocações que fizemos, na ementa do Dossiê, foram respondidas, qualitativamente, pela comunidade acadêmica da Educação Física, dedicada aos temas sensíveis à Educação Infantil. Portanto, em nossa compreensão, os artigos reforçam a percepção de que a relação dessa área de conhecimento com a primeira etapa da Educação Básica vem crescendo nas últimas décadas, impulsionada por questões legais, administrativas e, sobretudo, pedagógicas. A inserção da Educação Física tem ganhado espaço e se consolidado na dinâmica curricular da Educação Infantil, em especial, pela centralidade do corpo/movimento e dos jogos/brincadeiras nos processos pedagógicos desenvolvidos na primeira etapa da Educação Básica.
Em outra vertente, o material, aqui sistematizado, reafirma a Educação Infantil como uma etapa da Educação Básica que não se organiza de forma disciplinar, preconizando que o trabalho pedagógico não seja efetivado de maneira fragmentada, tampouco assume como foco a preparação cognitiva e motora das crianças para as etapas posteriores - ensino fundamental e médio. Nesse sentido, a dinâmica curricular da Educação Infantil exige a integração entre as diferentes áreas de conhecimento e profissionais que atuam com as crianças de zero a cinco anos de idade, por meio de processos de ensino-aprendizagem que promovam o desenvolvimento integral da criança, potencializando sua participação, expressão, criação e manifestação de interesses.
As reflexões tecidas, neste Dossiê, oferecem aos leitores da Revista Didática Sistêmica novas chaves de leitura sobre o assunto abordado, fazendo emergir compreensões que permitem avançar nas discussões em que as agências das crianças, com o seu protagonismo e com os sentidos que elas constroem nas relações com as atividades lúdicas, sejam valorizadas, reconhecendo-as como sujeitos ativos do seu próprio desenvolvimento e aprendizagem
Usos e apropriações da capoeira por praticantes poloneses
The work analyzes the uses and appropriations made of Capoeira by the Polish practitioners. It is a descriptive-interpretative research, which uses as sources the focus group, composed by 10 Polish Capoeira players (practitioners), and the participant observation in a Warsaw Capoeira group. It is ascertained the existence of an appropriation and redefinition process regarding such cultural manifestation in the country. At the same time Capoeira presents singular characteristics, deriving from local traditions and the particularities belonging to the ones who practice it, cultural aspects contained in its motor and symbolic baggage can also have an impact in the Polish people's way of thinking and acting, thus, configuring a cultural circularity movement. The Polish are proud of the Capoeira built in the last three decades in the country, which create identity representations among them, articulating local cultural aspects with the traditions present in this Afro-Brazilian manifestation.Analiza los usos y apropiaciones que los practicantes polacos hacen de la capoeira. Se trata de una investigación descriptiva-interpretativa, que utiliza como fuentes el grupo focal, realizado con 10 capoeiristas polacos, y la observación participante en un grupo de capoeira en Varsovia. Aseguarse de que en el país se encuentra en marcha un proceso de apropiación y redefinición de esta manifestación cultural. Al mismo tiempo la capoeira tiene características únicas, derivadas de las tradiciones locales y las particularidades de los sujetos que la consumen, los aspectos culturales contenidos en su bagaje motor y simbólico también impactan la forma de pensar y actuar de los polacos, configurando un movimiento de circularidad cultural. Los polacos están orgullosos de la capoeira construida en las últimas tres décadas en su país, que genera representaciones de identidad entre ellos, articulando aspectos de la cultura local con las tradiciones de esta manifestación afrobrasileña.Analisa os usos e as apropriações que os praticantes poloneses fazem da capoeira. Trata-se de uma pesquisa descritivo-interpretativa, que utiliza como fontes o grupo focal, realizado com dez capoeiristas poloneses, e a observação participante em um grupo de capoeira de Varsóvia. Verifica-se que está em curso um processo de apropriação e de ressignificação dessa manifestação cultural no país. Ao mesmo tempo em que a capoeira apresenta características singulares, provenientes das tradições locais e das particularidades dos sujeitos que as consomem, aspectos culturais contidos em sua bagagem motora e simbólica também impactam na forma de pensar e agir dos poloneses, configurando um movimento de circularidade cultural. Os poloneses se orgulham da capoeira construída nas últimas três décadas no país, que geram representações identitárias entre eles, articulando aspectos da cultura local com as tradições dessa manifestação afro-brasileira
Análise semiótica do vídeo “assim é ser criança”: o papel do jogo de faz-de-conta no protagonismo e autoria das crianças
O artigo focaliza o vídeo de animação “Assim é ser criança”, do Mundo Bita, cujas exibições acontecem na rede social Youtube. O objetivo do estudo é analisar, a partir dessa animação, o papel do jogo de faz-de-conta nas criações infantis. Criatividade, ludicidade e produção cultural são alguns traços exibidos pelos personagens infantis no vídeo em questão nesse artigo e servem como reflexão para que professores repensem suas práticas pedagógicas no intuito de valorizar o protagonismo das crianças em suas aulas. No processo de análise, utiliza-se o método semiótico proposto por Charles Sanders Peirce, em diálogo com a Sociologia da Infância e com os Estudos do Cotidiano, para interpretação dos signos e na desocultação dos sentidos propostos pelos criadores desse material audiovisual