69 research outputs found

    “A câmera é minha arma de caça” A poética dos filmes de Réal J. Leblanc, cineasta innu (Dossiê Olhares Cruzados)

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    Este ensaio explora o conjunto de filmes do jovem cineasta Innu, Real Junior Leblanc, ligados ao Projeto Wapikoni Mobile, que atua em comunidades indígenas do Quebec (Canadá), formando realizadores. Seu argumento é o de que estes filmes, tanto os mais experimentais como os mais documentais, privilegiam uma dimensão poética, que acenam a uma estética cosmopolítica, esta que insiste em não separar mundos humanos e além do humano e que se oferece como instrumento de luta e resistência política.This essay explores films directed by Réal Junior Leblanc, a young Innu filmmaker. Leblanc is connected to the Wapikoni Mobile Project, which trains new filmmakers in Indigenous communities in Québec (Canada). The present essay arguments that his films – both the experimental ones and the documentaries – foreground a poetic dimension, which points to a cosmopolitical aesthetics that insists on not separating human and “other than human” worlds, offering itself as an instrument of struggle and political resistance

    Imagens-cruzes: a propósito de dois documentários sobre os andes

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    Reclaiming witchcraft and other recipes of resistance – thinking with Isabelle Stengers

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    Este ensaio busca explorar os sentidos de reclaim – cuja tradução oscilará entre “reativação” e “retomada” – do modo como figura em textos de envergadura mais política da filósofa da ciência Isabelle Stengers. Num diálogo constante com a escritora e ativista neopagã Starhawk, Stengers discute as possibilidades de reativar ou retomar certas práticas marginalizadas e desqualificadas pelo mundo moderno-capitalista – como a magia e a feitiçaria – vendo aí modalidades de resistência política e possibilidades de recuperação de um “comum”. O foco será lançado em dois livros de Stengers – La sorcellerie capitaliste (com Philippe Pignarre) e Au temps des catastrophes – nos quais são tematizadas receitas de resistência, que exigem práticas de “desenfeitiçamento”, bem como um alinhamento com Gaia.This e ssay aims to explore the meanings of the concept of reclaim, as it appears in some political writings of Isabelle Stengers, philosopher of science. In her constant dialogue with Starhawk, neopagan activist and writer, Stengers discusses the possibilities of reclaiming certain practices – such as magic and witchcraft – which were marginalized and disqualified by the modern-capitalist world, recognizing among them modalities of political resistance and possibilities for the recovery of a “common wealth”. This essay will focus on two books of Stengers – La Sorcellerie capitaliste (with Philippe Pignarre) and Au Temps des catastrophes – which thematize recipes of resistence, recipes that provides ways to break the spells and to produce alignments with Gaia

    Perspectivism Against the State. A Politics of the Concept in Search of a New Concept of Politics

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    This essay proposes a discussion about the political consequences of the concept of Amerindian perspectivism in the thought of Eduardo Viveiros de Castro. It consists of two movements. The first seeks to discuss and unfold the Clastrian claim that perspectivism is “cosmology against the state”. The second aims to reflect on the possible connection between the problem of perspectivism and that of the “Anthropocene cosmopolitics”, which emerges from the debate on the effects of climate change and, more broadly, the crisis of modernity. These movements allow us to glimpse another concept of politics, more suited to the imagination and indigenous experience. They could even be taken as a lesson or inspiration for the non-indigenous world.Este ensaio propõe uma discussão sobre as consequências políticas do conceito de perspectivismo ameríndio no pensamento de Eduardo Viveiros de Castro. Ele é composto de dois movimentos. O primeiro busca discutir e desdobrar a afirmação, de teor clastriano, de que o perspectivismo é a “cosmologia contra o Estado”. O segundo pretende refletir sobre a conexão possível entre o problema do perspectivismo e o da “cosmopolítica do Antropoceno”, que advém do debate sobre os efeitos das mudanças climáticas e, de maneira mais ampla, da crise da modernidade. Desses movimentos emerge a possibilidade de pensar um outro conceito de política, mais afeito à imaginação e à experiência indígenas, podendo servir de lição ou inspiração para o mundo não-indígena

    Comunicações Alteradas – festa e xamanismo na Guiana

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    Este artigo propõe uma reflexão sobre os modos de comunicação ritual na Guiana indígena, partindo de exemplos colhidos entre os Wajãpi, grupo tupi-guarani que vive na fronteira do estado do Amapá com a Guiana Francesa. Esses modos podem ser encontrados nas chamadas festas de caxiri e nas sessões xamânicas. De um lado, a embriaguez propiciada pela bebida fermentada, de outro, uma espécie de viagem da alma (ou metamorfose do corpo) potencializada pela ingestão de tabaco. Nesse último caso, a conjunção entre agentes humanos e sobrenaturais pode ocasionar uma ruptura no tecido das relações humanas

    Introdução: Pensar com Pierre Clastres ou da atualidade do contra-Estado

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    It has been noticed in recent years a renewed interest in the thought of Pierre Clastres, thinking stopped early due to his death in 1977. Much debated in the years 1960 and 1970, due to the radical nature of his theses about "society against the state", the writings of Clastres were like that eclipsed the next two decades, either because they seemed too romantic to his critics - after all, the cogency State returned to the center of discussions about politics in the modern world and beyond - because they seemed to be projecting on the empirical (ethnographic, historical and archaeological same) an abstract and idealized image of "primitive society" one and indivisa.1 the intent this dossier is to fathom, in this eclipsamento counter to the current of thought and work of Pierre ClastresTem-se notado nos últimos anos um renovado interesse pelo pensamento de Pierre Clastres, pensamento precocemente interrompido devido à sua morte em 1977. Muito debatidos nos anos 1960 e 1970, por conta da radicalidade de suas teses sobre a “sociedade contra o Estado”, os escritos de Clastres foram como que eclipsados nas duas décadas seguintes, seja porque pareciam excessivamente românticos aos seus críticos – afinal, a irrefutabilidade do Estado voltava ao centro das discussões sobre a política no mundo moderno e além dele – seja porque pareciam projetar sobre o material empírico (etnográfico, histórico e mesmo arqueológico) uma imagem abstrata e idealizada da “sociedade primitiva” una e indivisa.1 O intento deste dossiê é atinar, na contracorrente desse eclipsamento, para a atualidade do pensamento e da obra de Pierre Clastre

    Strathernly Complexities

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    Cauim pepica – notas sobre os antigos festivais antropofágicos

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    Este artigo retoma a discussão sobre o lugar das festas de bebida fermentada – cauinagens – na socialidade dos povos de língua tupi-guarani que habitavam a costa brasílica nos séculos XVI e XVII. Presentes em todos os momentos de passagem, as cauinagens mais importantes eram aquelas realizadas por ocasião de ritos antropofágicos. Não é possível compreender a construção do parentesco, das alianças políticas e das diferentes subjetividades (dos matadores, dos xamãs, das mulheres etc.) entre os Tupi da costa sem a consideração desses ritos. Além disso, eles dão forma a uma crítica da condição humana e social, encontrando-se, assim, com os chamados movimentos proféticos, busca de um espaço-tempo no qual a festa é perpétua.This article regains the discussion about the role of the drinking parties in some tupi-guarani peoples’ (XVI and XVII centuries) sociality. Present in all moments of passage, the most important drinking parties one could find in Brazilian coast of such times were those which were performed in order to support anthropophagical rites. It is not possible to understand the construction of kinship, political alliances as well as different subjectivities among those peoples without the consideration of these rites. Besides, they give shape to a critic of the human and social condition, which is also the basis of the so called prophetic movements, a kind of search of a space-time in which feast is a permanent state

    Metamorfoses do Contra-Estado

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    Este ensaio tem como proposta apresentar o problema etnológico das políticas ameríndias por meio de um esforço de atualização das ideias de Pierre Clastres, notadamente, a ideia de “contra-Estado”. Para tanto, inicia com a exposição de casos contemporâneos, passando pelas principais teses do autor e as críticas que lhes foram dirigidas, para chegar a uma discussão sobre criação e oscilação das formas políticas ameríndias (no passado como no presente), tendo em vista sua relação com uma ontologia “perspectivista”.This essay focuses the ethnological problem of amerindian politics reconsidering Pierre Clastres’ idea of “society against the State”. It starts with an exposition of contemporary cases involving elections and sorcery. Then it discusses the main thesis of Clastres’ work, as well as the main critics it has received. Finally, it reaches a debate on the creation and oscilation of amerindian political forms (in the past and in the present), regarding their relationship with the so called “perspectivist” ontology

    Imagens perigosas: a possessão e a gênese do cinema de Jean Rouch

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    This article lies on the genesis of JeanRouch’s cinema (1917-2004). Its focus is on the film Les maîtres fous, which first appeared in 1954. With this film, Rouch abandons ethnographic film in its “classical” fashion towards a more sophisticated investigation on language. While filming a posses- sion ritual in the Golden Cost (nowadays, Ghana), Rouch finds a reflection on reality-imaginary rela- tionship, which seems to be able to tell too much about the relationship between cinematographic praxis and anthropological analysis.Este artigo trata da gênese do cinemade Jean Rouch (1917-2004), dando foco ao filme Les maîtres fous, de 1954. Com este, Rouch realiza a transição do filme etnográfico em seus moldes “clás- sicos” para um questionamento mais sofisticado so- bre a linguagem. Ao filmar um ritual de possessão na Costa do Ouro (hoje em dia, Gana), Rouch aca- ba por promover uma reflexão sobre a relação entre realidade e imaginário, que diz muito sobre outra relação, aquela que se dá entre a práxis cinemato- gráfica e a análise antropológica
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