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A experiência de si na afasia: o sujeito nos limites da linguagem
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Linguística.Este trabalho advém da problemática clínica enfrentada no tratamento com sujeitos afásicos, o qual, movido pelo compromisso com a fala e com o sujeito, identificava que algo ali excedia a constatação de um "mau" funcionamento da linguagem. A afasia problematiza a subjetividade, na medida em que o mal estar do sujeito em sua fala indicia necessariamente a relação subjetividade e linguagem. O objetivo deste trabalho, portanto, é compreender o processo de subjetivação na afasia, buscando analisar como as práticas discursivo-sociais que constituem historicamente a afasia atravessam a fala do indivíduo assujeitando-o em dada posição frente ao seu modo destoante de falar e como este sujeito estabelece a relação consigo a partir disto. Discutem-se as discursividades constitutivas das afasias, procurando na história dos estudos afasiológicos explicitar o quadro enunciativo que a constitui para compreender o que ela é na atualidade. Faz-se um percurso teórico a partir dos pressupostos de Michel Foucault quanto à produção da subjetividade, entendendo-a como uma construção que se dá por práticas discursivas e sociais e que coloca em movimento múltiplas formas de subjetivação, perpassando os processos de assujeitamento e subjetivação como articuladores da produção do si. A partir disto propõe-se questionar o estatuto patológico das afasias, postulando-o como algo que não deve ser definido a priori, já que há que compreendê-lo a partir da relação consigo e os modos de existência que o sujeito estabelece com a afasia. A análise detém-se em uma experiência de enunciação, atuada em condições muito particulares de relação com a linguagem, qual seja, a de interlocução entre sujeitos afásicos e não afásicos em um grupo terapêutico. As atividades do grupo foram filmadas durante um ano e posteriormente transcritas para o papel, sendo analisadas por meio da análise do discurso. Observou-se que acerca do afásico, há um regime discursivo que, ao mesmo tempo em que o assujeita, permite-lhe o trânsito na contramão desse assujeitamento e abre espaços discursivos distintos conspirando para um processo de subjetivação que confere a emergência de um si particular no sujeito afásico. Sob a cisão da perda da vigência no dizer, a análise permitiu vislumbrar que a partir de diferentes posições-sujeito novos eus são passíveis de existir com linguagens próprias e singulares, o que constitui a experiência de si na afasia, a despeito da escuta que a clínica faça (ou não) do sujeito
Analysis of the Level of Dysphagia, Anxiety, and Nutritional Status Before and After Speech Therapy in Patients with Stroke
Introduction:The rehabilitation in oropharyngeal dysphagia evidence-based implies the relationship between the interventions and their results. Objective:Analyze level of dysphagia, oral ingestion, anxiety levels and nutritional status of patients with stroke diagnosis, before and after speech therapy. Method:Clinical assessment of dysphagia partially using the Protocol of Risk Assessment for Dysphagia (PARD), applying the scale Functional Oral Intake Scale for Dysphagia in Stroke Patients (FOIS), Beck Anxiety Inventory (BAI) and the Mini Nutritional Assessment MNA®. The sample consisted of 12 patients, mean age of 64.6 years, with a medical diagnosis of hemorrhagic and ischemic stroke and without cognitive disorders. All tests were applied before and after speech therapy (15 sessions). Statistical analysis was performed using the chi-square test or Fisher's exact test, McNemar's test, Bowker's symmetry test and Wilcoxon's test. Results:During the pre-speech therapy assessments, 33.3% of patients had mild to moderate dysphagia, 88.2% did not receive food orally, 47.1% of the patients showed malnutrition and 35.3% of patients had mild anxiety level. After the therapy sessions, it was found that 33.3% of patients had mild dysphagia, 16.7% were malnourished and 50% of patients had minimal level of anxiety. Conclusion:There were statistically significant evolution of the level of dysphagia (p = 0.017) and oral intake (p = 0.003) post-speech therapy. Although not statistically significant, there was considerable progress in relation to the level of anxiety and nutritional status.Universidade Federal de Santa MariaUniversidade Federal de Santa CatarinaUniversidade Federal de São Paulo (UNIFESP)Universidade São FranciscoUNIFESPSciEL
EFEITOS DO TREINAMENTO MUSCULAR INSPIRATÓRIO NA BIOMECÂNICA DA DEGLUTIÇÃO DE PACIENTES COM BRONQUIECTASIA: SÉRIE DE CASOS
Objetivo: analisar os efeitos do Treinamento Muscular Inspiratório na deglutição de sujeitos com bronquiectasia. Método: ensaio clínico experimental randomizado não cegado. Os participantes realizaram avaliação clínica da deglutição, videofluoroscopia e manovacuometria. A amostra foi dividida em dois grupos, sendo que o grupo controle que realizou fisioterapia respiratória convencional e grupo estudo que associou essa ao treinamento muscular inspiratório com POWERbreathe. Resultados: avaliados 11 indivíduos com bronquiectasia, a maioria com deglutição normal (63,6%), adultos de meia idade (54,5%) do sexo feminino (72,7%). Houve boa concordância entre os juízes que analisaram a biomecânica da deglutição antes e após as intervenções. Em ambos os grupos a PImáx foi maior após intervenção (P=0,007). Entretanto, a PImáx foi superior no grupo estudo, em relação ao grupo controle (P=0,034). Houve melhora em ambos os grupos em algumas variáveis como atraso do início da fase faríngea e resíduos em valéculas, embora sem significância estatística. Conclusão: a realização do treinamento muscular inspiratório não gerou efeitos significativos sobre a biomecânica da deglutição
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TERAPIA MANUAL SOBRE A FUNÇÃO RESPIRATÓRIA E QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC)
Objetivo: investigar os efeitos da terapia manual (TM) sobre a função respiratória e qualidade de vida de indivíduos com DPOC. Métodos: foram avaliados 18 indivíduos com idade média 66,06±8,86 anos, 61,1% (11) homens e %VEF1 médio 40,28±16,73 após-programa de TM. As medidas de desfecho foram: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), saturação periférica de oxigênio (SpO2), pressão inspiratória (PIM) e expiratória (PEM) máximas, sensação de dispneia (MRC) e qualidade de vida (SGRQ). Resultados: houve diferença significativa para FC (p=0,04), FR (p=0,007), SpO2 (p<0,0001), PIM e %PIM (p<0,0001), PEM e %PEM (p=0,001). Na qualidade de vida os domínios sintomas (p=0,001), impacto (p=0,001) e pontuação total (p=0,001) diferiram antes e após o programa. Conclusão: o programa de TM melhorou os parâmetros vitais, aumentou a força muscular respiratória e interferiu positivamente na qualidade de vida
Associação entre o estresse oxidativo e estado inflamatório com variáveis extrapulmonares em tabagistas
Objective: To evaluate oxidative stress and inflammatory status of smokers and nonsmokers and analyze the association with extrapulmonary variables. Methods: Cross-sectional, descriptive study where the sample was composed of 10 smokers and 10 nonsmokers. After spirometry, they were subjected to analysis of blood count, C-reactive protein us and TBARS and evaluation of respiratory muscle strength, functional capacity and quality of life. The homogeneity of variances was tested by Levene test, the differences between the groups were analyzed by Student t test or Mann-Whitney U test. Associations between variables were assessed by Pearson or Spearman correlation test. Results: GT introduced tobacco intake of 29,49±33,66 years/pack and daily cigarette consumption of 13,5±8,5. Difference was found between FEV1 post in groups 2,30±0,59 and 2,86±0,50 (p=0,033), FEV1/FVC post 75,07±12,62 X 85,90±4,98 (p=0,027) and leukocytes 9750±2269 X 7320±1692 (p=0,028), respectively GT and GC. There was an association between PCR-us and smoking history (p=0,007; r=0,806) and between TBARS and PEmáx (p=0,006; r=0,818), both in GT. Conclusion: Only spirometry and leukocytosis levels were evident in the differences between groups. In the GT was no association between PCR-us and smoking history and between PEmáx and TBARS. There were no associations of other variables with the levels of TBARS and PCR-us.Objetivo: Avaliar o estresse oxidativo e estado inflamatório de tabagistas e não tabagistas e analisar a associação com variáveis extrapulmonares. Métodos: Estudo transversal e descritivo, onde a amostra foi composta por 10 tabagistas (GT) e 10 não tabagistas. Após a espirometria, foram submetidos à análise do Hemograma, da Proteína C-Reativa us e TBARS e avaliação da força muscular respiratória, capacidade funcional e da qualidade de vida. A homogeneidade das variáveis foi testada pelo teste Levene, as diferenças entre os grupos foram analisadas pelo teste t de Student ou teste U de Mann-Whitney. Associações entre as variáveis foram avaliadas pelo teste de correlação de Pearson ou Spearman. Resultados: GT apresentou carga tabágica de 29,49±33,66 anos/maço e consumo diário de cigarros de 13,5±8,5. Foi encontrada diferença entre os grupos no nível de leucócitos 9750±2269 X 7320±1692 (p=0,028) entre os grupos. Houve associação entre PCR-us e carga tabágica (r= 0,806; p=0,007) e entre TBARS e PEmáx (r= 0,818; p= 0,006). Conclusão: houve presença de leucocitose no GT, bem como associação entre PCR-us e carga tabágica e entre PEmáx e TBARS. Não foram encontradas associações das demais variáveis com os níveis de TBARS e PCR-us
RELAÇÃO ENTRE MOBILIDADE DIAFRAGMÁTICA COM VARIÁVEIS CLÍNICAS E FUNCIONAIS EM PACIENTES COM DPOC
Avaliar se há relação entre a mobilidade diafragmática com o tempo de trânsito oral e faríngeo, pontuação do índice preditor de mortalidade Body mass index, airflow Obstruction, Dyspnea and Exercise capacity (BODE), dispneia e o estado de saúde em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Estudo transversal com avaliação dos seguintes desfechos: mobilidade diafragmática (ultrassonografia), tempo de trânsito oral e faríngeo (videofluoroscopia), preditor de mortalidade (pontuação no índice BODE), dispneia (escala do Medical Research Council modificada - mMRC) e estado de saúde (COPD Assessment Test). Participaram do estudo 19 pacientes com diagnóstico clínico de DPOC estágios II e III da GOLD (65,95±7,9 anos; 11 homens; VEF1 47,76±21,91% predito). Houve correlação negativa e forte entre a mobilidade diafragmática e o índice BODE (r=-0,822; p<0,0001), correlação negativa e moderada com o tempo de trânsito faríngeo na consistência líquida (r=-0,508; p=0,02) e correlação negativa e moderada com a dispneia (r=-0,527; p=0,02). Na análise multivariada, a mobilidade diafragmática foi associada negativamente com o índice BODE (β=-5,21; p<0,001; IC 95% -7,28 a -3,15) e com o tempo de trânsito oral e faríngeo na consistência líquida (β=-13,65; p<0,08; IC 95% -29,16 a 1,86). Não houve correlação entre a mobilidade diafragmática com o tempo de trânsito oral (consistência líquida e pastosa), com o tempo de trânsito faríngeo (consistência pastosa) e com o escore do CAT. Sugere-se que em pacientes com DPOC a mobilidade diafragmática está associada com o índice BODE, tempo de trânsito faríngeo na consistência líquida e dispneia.
Relato de caso: a importância da atuação multiprofissional na laringectomia supracricóide
Esse estudo tem como tema a atuação multiprofissional na laringectomia supracricóide. A terapia fonoaudiológica no hospital foi realizada duas vezes por dia, após 14 sessões, a consistência pastosa foi liberada. O paciente retornou ao ambulatório de disfagia do hospital, uma vez por semana durante dois meses e atualmente retorna uma vez ao mês. A terapia nutricional por sonda nasoentérica (SNE) possibilitou a ingestão calórica necessária e hidratação e, com a liberação da consistência via oral pelo Fonoaudiólogo, o Nutricionista ampliou as opções de alimentos que o paciente poderia ingerir, favorecendo o ganho de peso e retirada da via alternativa de alimentação. A intervenção multiprofissional possibilitou que o grau de disfagia orofaríngea mecânica evoluísse de grave para disfagia orofaríngea leve apenas para líquidos, sendo a evolução da terapia constatada por meio da ingestão oral do paciente, a qual evoluiu da FOIS 1 para FOIS 3 e atualmente encontra-se na FOIS 6. A realização da terapia nutricional enteral possibilitou que o paciente recuperasse o seu peso usual, no período de três meses, haja vista que com a cirurgia, o mesmo perdeu 11 Kg. Verificou-se que por meio do acompanhamento multiprofissional, foi possível evoluir de uma nutrição enteral exclusiva para dieta por via oral, o que favoreceu a evolução do estado nutricional, com a recuperação do peso corpóreo, além de proporcionar melhora na qualidade de vida deste sujeito
O dizer nas afasias : o tratamento recriando sentidos
Este trabalho apresenta uma abordagem discursiva da afasia com o objetivo de refletir sobre o processo terapêutico fonoaudiológico à luz da Analise do Discurso, promovendo um redimensionamento dos lugares do terapeuta e do paciente, reorientando também as diretrizes do tratamento. Realizamos um gesto de leitura que discute a noção de língua e a noção de patológico, considerando o erro como um elemento que é próprio da língua. Assim, o erro afásico pode transcender o lugar da doença e ser incluído como uma possibilidade na linguagem, apesar da afasia. Nesses termos, propomos que seja incorporada aos estudos da fonoaudiologia a noção de real da afasia, concebendo-o como o limite do corpo que se impõe ao sujeito e com o qual há que se lidar, buscando re-significá-lo. Ao real da afasia, somam-se, como determinantes do dizer afásico, o real da língua (o equívoco) e o real do discurso (o silêncio). Trabalhar no âmbito do discurso supõe essas dimensões e desloca o terapeuta para a posição de analista, já que propomos que ele atravesse a opacidade da língua para buscar os sentidos da produção afásica. Fazemos uma reflexão sobre a questão da autoria na afasia, procurando legitimar o lugar de sujeito do discurso do sujeito afásico, garantindo-lhe a assunção da posição de autor no discurso. Finalmente, discutimos o estatuto da interpretação na terapia, propondo incorporá-la ao aparato teórico da fonoaudiologia, visto que, diante dos fatos de linguagem, somos irremediavelmente convocados a interpretá-los, dar-lhes sentidos. A interpretação emerge, então, como ferramenta de trabalho na fonoaudiologia, adquirindo uma nova especificidade: o que era descrição e decodificação, abre espaço para um gesto clínico que desloca sentidos e vai além da materialidade da língua