129 research outputs found

    Mosteiro de S. Bento de Cástris - que futuro para este património?

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    O Mosteiro de S. Bento de Cástris, objeto do presente trabalho encontra-se classificado como Monumento Nacional (M.N.) desde 1922, integrando desde 1962 a Zona Especial de Proteção (Z.E.P.). Por se tratar de um espaço muito antigo, de grandes dimensões e qualidade arquitetónica e com uma cerca quase intacta, poderá reunir as condições necessárias para ser um conjunto protegido e alvo de uma intervenção cuidada. Atualmente encontra- -se devoluto. A fundação do Mosteiro de S. Bento de Cástris remonta a data muito recuada e sobre a sua génese ocorrem algumas dúvidas. Aparece associada à existência de uma pequena ermida em 1169, mas pensa-se que terá surgido como a fundação feminina mais antiga que se situa a sul do Tejo, mandada erigir em 1274 por D. Urraca Ximenes

    S. Domingos e Santa Clara como conjuntos estruturantes para o desenvolvimento da malha urbana no quadrante noroeste da cidade de Évora (séculos XII / XV) – Portugal

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    Resumo: Évora foi dominada durante quase doze séculos por diferentes povos com culturas e origens muito díspares: romanos vindos do Mediterrâneo, godos do Norte da Europa e por último, no ano de 715, por muçulmanos oriundos do Norte de África. A religião cristã foi aqui introduzida, durante o período de ocupação romana, assumindo protagonismo e práticas diferenciadas de acordo com a crença religiosa dos diferentes ocupantes. No início do século a área urbana já se encontrava totalmente amuralhada e os antigos Arrabaldes integravam plenamente a nova malha urbana. Por razões de defesa permaneceram os espaços livres anexos à recém-construída muralha, que serviam também como locais de pastagem. As cercas das casas religiosas constituíram-se como reservas de terrenos livres de edificações. As áreas ocupadas pelos complexos religiosos cristãos (S. Francisco, S. Domingos e Stª. Mónica fundados durante os séculos XIII e XIV, Stª. Clara, Paraíso e S. João Evangelista, durante o século XV) foram sendo cada vez menores nas fundações mais recentes. O Convento de São Domingos de Évora foi fundado, segundo a crónica da respetiva Ordem, na sequência de outros cenóbios, em 1286. A fundação em Évora do antigo Mosteiro de Santa Clara data de 1452 foi de iniciativa do Bispo de Évora D. Vasco Perdigão. Neste sentido pareceu-nos revestir-se de importância para a preservação da memória das gerações que nos antecederam o conhecimento e valorização dos vestígios remanescentes das antigas ocupações de cariz religioso. Abstract: Évora was dominated for nearly twelve centuries by different people with very different backgrounds and cultures: Romans coming from the Mediterranean, Goths of northern Europe and finally, in 715, Muslims from North Africa. The Christian religion was introduced here during the Roman period, assuming differentiated leadership practices according to the religious beliefs of different occupants. At the beginning of the century the urban area was already fully walled and old “Arrabaldes” integrated the new urban foundation. For the sake of protection of the city, the free spaces remain attached to the newly built wall, which also served as places of pasture. The fences of the religious houses were built as land reserves free of buildings. The spaces occupied by Christian religious complexes (São Francisco, São Dominigos and St ª. Mónica founded during the thirteenth and fourteenth centuries, Santa Clara, Paraízo and São João Evangelista, during the fifteenth century) keep on being increasingly smaller in the recent foundations. The Convent of “São Domingos” of Évora was founded, according to the Chronicle of the respective Order, following other monasteries, in 1286. The foundation of the old Évora Monastery of “Santa Clara” in 1452 was the initiative of the Bishop of Évora D. Vasco Perdigao. In this sense it seemed to be of importance for the preservation of the memory of the generations that preceded us the knowledge and appreciation of the remaining traces of ancient occupation of a religious nature

    Formas Urbanas Planeadas no Centro Histórico de Évora: Génese e Evolução.

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    Resumo Évora é uma urbe que, remontando a data indeterminada, conserva ainda o seu centro histórico circunscrito por um conjunto notável de muralhas cuja construção data da Baixa Idade Média. A área amuralhada, maioritariamente urbana desde finais do século XV, integrou nos anos 40 do século XX o primeiro Plano de Urbanização desta cidade. Nele, assim como nos planos que se lhe seguiram, tem sido proposta constante a estruturação do referido espaço através de eixos urbanos: ou a reforçar através do seu alargamento e introdução de novas funções dinamizadoras, no caso dos eixos pré existentes, ou da criação de novos eixos, neste último caso através de drásticas demolições incidindo sobre o já consolidado, e muitas vezes, denso tecido urbano. A localização de novos núcleos de equipamentos públicos, posicionados junto às principais portas da muralha medieva, tem sido outra das propostas mais constantes ao longo dos sucessivos planos. Mercados, escolas, hospitais e mais recentemente unidades hoteleiras procuraram tais locais estratégicos devido não só aos mais fáceis acesos e capacidade da construção de bolsas de estacionamento exterior à muralha mas também devido à possibilidade de tais equipamentos serem usufruídos por um maior número de utentes vindos da área urbana periférica à urbe amuralhada medieval. Atualmente, e após a densificação progressiva de toda a malha urbana interior à cintura medieva de muralhas, as intervenções urbanísticas planeadas que se têm realizado têm incidido sobre os limitados e escassos espaços livres ainda existentes. Tais espaços encontram-se concentrados essencialmente em três tipologias de áreas distintas: - Nas antigas cercas monástico-conventuais. No presente caso, não raras vezes, as intervenções projetadas e posteriormente concretizadas abarcam não só a construção dos espaços livres mas também a reformulação maioritariamente drástica das antigas estruturas pertencentes ao complexo religioso já desativado. Para além da eliminação dos espaços verdes que compunham a antiga cerca, suprimindo espécies específicas a tais áreas, muito do historial do local desaparece também definitivamente. A reformulação volumétrica e reorganização interior das construções, adaptando-as às atuais e novas exigências funcionais, fazem com que as demolições sejam correntes em tais situações. Nessas demolições para além da organização espacial inerente à vida monástico-conventual a qual se perde definitivamente desaparecem também, por exemplo, a maioria dos elementos decorativos. Neste caso ou são levados, conjuntamente com o entulho das obras, para o vazadouro público, ou em casos mais raros introduzidos nas novas construções erigidas no local, descontextualizados contudo, ou mesmo até em construções distantes pertencentes á mesma firma de construção. São casos de estudo, por exemplo os Conventos de S. Francisco e de S. Domingos assim como do Mosteiro de Santa Mónica cujas fundações remontam ao século XII, do Mosteiro do Paraízo fundado no século XV e do Mosteiro de Santa Catarina, este último com origem já no século XVI. - Nas áreas livres sobrantes, situadas entre a muralha medieval e o tecido urbano interior já consolidado. Tais espaços constituindo anteriormente zonas de circulação indispensáveis à defesa da cidade eram utilizadas não só para a circulação de armamento e homens, em tempo de guerra, mas também, em tempo de paz, serviam como áreas de pastoreio para o gado que permanecia no interior da urbe. Grande parte de tais áreas, até devido ao seu estatuto comunitário, foram permanecendo ao longo dos séculos livre de edificações ou arvoredo elementos esses que poderiam de algum modo contribuir para uma pior situação de defesa, por parte da população, diminuindo também o perigo de incêndios provocados através do arremesso de objetos incendiários. Atualmente com a inexistência das suas principais funcionalidades e a escassez de terrenos livres de construção no interior do Centro Histórico essencialmente após 1986, ano da classificação pela UNESCO da cidade de Évora como Património da Humanidade, resultou uma sequente sobrevalorização desmedida do metro quadrado de terreno. Assim quase todos esses espaços sobrantes têm vindo progressivamente a ser construídos. São exemplos os casos de estudo referentes aos espaços compreendidos entre a Porta de Alconchel e a Porta do Raimundo, entre a Porta de Alconchel e da Lago e por último entre a Porta da Lagoa e a Porta de Avis. - Nos antigos quintalões de casas senhoriais seculares, que devido à sua amplitude de área livre de construção têm permitido, através da aplicação dos respetivos regulamentos dos Planos de Urbanização, a aprovação e sequente construção de novas áreas de construção quase sempre exageradas. A eliminação dos jardins de época, respetivas hortas assim como todas as construções de apoio a elas associadas foram seguramente aspetos negativos nas intervenções que deveriam ter sido mais cuidadosamente salvaguardados. O vetusto Palácio dos Sepúlvedas que remonta ao século XVI e o imponente Palácio Barahona já do século XIX são exemplos de antigas construções com amplos espaços livres privados hoje, contudo, já quase inexistentes. Os três referidos conjuntos tipológicos de espaços permitiram, devido à sua abundancia e distribuição na cidade de Évora, intervenções urbanísticas e arquitetónicas marcantes, realizadas essencialmente entre os séculos XIX e XXI. Tais intervenções embora anulando muita da história dos respetivos locais facultam-nos atualmente uma amostragem de intervenções diversificadas, de realce, embora por vezes de qualidade questionável. A diminuição substancial das manchas verdes que constituíam verdadeiros pulmões para a urbe servindo igualmente de abrigo a espécies animais, a diminuição de áreas de absorção de água para o subsolo foram contudo aspetos questionáveis resultantes de tais tipos de intervenções na cidade

    Cartografia e iconografia antigas no processo evolutivo das torres militares, civis e religiosas na cidade de Évora - Portugal

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    Resumo No início, as urbes foram construídas com recintos amuralhados para a defesa e, estes sistemas defensivos eram pontuados por torres, cujo objetivo era a observação da área envolvente. Évora é uma cidade de origem remota tendo sido habitada sucessivamente por vários povos, os romanos, os godos e os sarracenos, entre outros. Integra atualmente três circuitos de muralhas: a da Alta Idade Média no período romano-godo-árabe, a da Baixa Idade Média nos séculos XIII/XIV e o conjunto abaluartado construído no período das guerras da restauração, com o sistema Vauban. Nesta cidade existe uma grande diversidade de torres de naturezas diferenciadas que podem ser percetíveis através do diversificado espólio cartográfico e iconográfico representativo da evolução da mesma. O objetivo deste trabalho é analisar os vários tipos de cartografia disponível que foi sendo produzido ao longo dos tempos, de cariz militar, regional, urbana, projeto e iconografia urbana, para perceber a influência da presença das torres no desenvolvimento da cidade. Palavras-chave: torres, evolução urbana, iconografia, cartografia. Abstract In its genesis, the great cities were built with walled enclosures for its defence. These defensive systems were punctuated by towers whose goal would be the observation of the surrounding area. Évora is a city of ancient origin, and was inhabited successively by several people, the Romans, Goths and Saracens, among others. It integrates currently three sets of walls: the Roman-Gothic-Arab period, the Late Middle Ages in the XIII / XIV century, and the bastion built in the period of the wars of the Restoration, with the Vauban system. In this city there is a great diversity of different kinds of towers that can be noticeable for several mapping and pictorial assets representative of its evolution. The objective of this study is to analyse the various types of available mapping that was being produced throughout the ages, military-oriented, regional, urban, urban design and iconography, to realize the influence of the presence of the towers in the development of the city. Keywords: towers, urban development, iconography, cartography

    RECURSOS HÍDRICOS DA CIDADE DE ÉVORA: (RE)INTERPRETAÇÃO DE ALGUMA CARTOGRAFIA E ICONOGRAFIA HISTÓRICAS DA CIDADE

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    Resumo Évora contou desde os tempos mais remotos, com disponibilidade de água associada a um nível freático relativamente elevado, resultante de um conjunto de fatores constantes ao longo do tempo. Tendo como ponto de partida, diversa cartografia e iconografia histórica, quer da região quer da cidade de Évora, pretendeu-se identificar alguns desses recursos hídricos representados, as localizações, a importância para a cidade, assim como as respetivas utilizações. Com o diversificado e valioso espólio cartográfico e iconográfico selecionado, foi possível cruzar informações que, permitisse uma (re)interpretação da disponibilidade dos recursos hídricos da região, em particular da cidade. Palavras-chave: recursos hídricos, território, Évora, cartografia. Abstract Évora has been granted since ancient times with water availability associated with a relatively high groundwater level caused by a set of factors constant over time. Starting from cartography and historical iconography from the city and region of Évora, it was intended to identify some of the water resources represented, their location, importance to the city as well as respective uses. With the valuable cartographic and iconographic estate selected, it was possible to cross-reference information that would allow a reinterpretation of the availability of the water resources of the region, with special focus to the city. Keywords: water resources, territory, Évora, cartography

    A prevenção e minimização dos efeitos da síndrome alcoólica fetal - atuação da equipa local de intervenção de Tavira

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    Este trabalho é dedicado ao estudo da Síndrome Alcoolismo Fetal (SAF). O mesmo tem o propósito de percecionar de que forma atua o Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) perante a situação de crianças portadoras de SAF, no sentido de favorecer o seu desenvolvimento a nível académico, social e integração positiva dentro do seu contexto familiar. A intervenção do SNIPI representa o patamar de vanguarda de um longo processo, para a eficácia do mesmo é necessário numa primeira fase ter em conta a idade da criança, quanto mais cedo se intervir, terá todas as probabilidades de minimizar os danos causados pela SAF, passa também pelo envolvimento dos pais/família e por último a intensidade e/ou estruturação do modelo do programa de intervenção adotado. No desenrolar da pesquisa acerca desta problemática, não pude deixar de fazer uma análise sobre as Necessidades Educativas Especiais (NEE), as políticas educativas e a tipologia das NEE. Foram ainda abordados alguns aspetos concetuais sobre a SAF e as estratégias educativas a desenvolver pela equipa de intervenção/escola em colaboração com a família. A população alvo inclui elementos que constituem a Equipa Local de Intervenção (ELI), representada por três ministérios: o da solidariedade, emprego e segurança social, da saúde e da educação e ciência. O espaço será circunscrito à ELI de Tavira que abrange quatro concelhos (Tavira, Castro Marim, Alcoutim e Vila Real de Santo António). As respostas desta investigação conseguiram-se através da realização de um questionário a 23 profissionais da ELI anteriormente mencionada

    A intervenção de enfermagem comunitária num bairro de génese social em tempos de pandemia da COVID-19

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    O presente relatório é devido ao estágio final realizado numa Unidade de Saúde Pública da Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, no âmbito do Mestrado em Enfermagem na área de Saúde Comunitária e de Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Lisboa, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa. A pandemia da COVID-19 é uma emergência de saúde pública global, considerada a crise mais desafiadora que já se enfrentou (WHO, 2020a). A COVID-19 é uma doença infeciosa, potencialmente evitável e as precauções baseadas na transmissão do vírus são o ponto fulcral. Para conter a expansão da doença e na fase em que nos encontrávamos, as recomendações pontuam as medidas preventivas como cruciais no combate e as de maior efeito amortizador para conter as infeções e prevenir a transmissão (WHO, 2020b; 2020d). Desenvolveu-se um projeto de intervenção comunitária na sequência do diagnóstico de necessidades de saúde da comunidade residencial de um bairro de génese social da área de influência da USP, com ênfase na capacitação da comunidade, para a aquisição de conhecimentos que conduzam à adoção de medidas preventivas. A metodologia utilizada no desenvolvimento do projeto foi o processo de planeamento em saúde. O referencial teórico adotado foi o modelo de promoção de saúde de Nola Pender. Os diagnósticos de enfermagem identificados (diagnósticos CIPE) após priorização foram: conhecimento sobre distanciamento não demonstrado; conhecimento sobre utilização de equipamento de proteção (uso de máscara) não demonstrado e conhecimento sobre higiene pessoal (lavagem das mãos) não demonstrado. Optou-se por uma intervenção dirigida à comunidade, alicerçada na estratégia de educação para a saúde. Elegeu-se o envolvimento de atores da comunidade local e foi crucial a colaboração com o líder local religioso do bairro. O projeto contribuiu para uma intervenção estruturada, próxima, customizada e socioculturalmente competente e uma oportunidade de fortalecer a promoção da saúde agora e até para o futuro, contribuindo simultaneamente para o desenvolvimento de competências de enfermagem comunitária.This report concerns the final internship taken in a Public healthcare Unit at the Regional Health Administration of Lisbon and the Tagus Valley. The report relates to the Master’s Degree in Nursing in Public and Community Healthcare at Lisbon’s Nursing School of the Science Studies Institute, Universidade Católica Portuguesa. Covid-19 pandemic has been considered the most challenging public health emergency crisis ever faced (WHO, 2020a). “Covid-19 is a contagious, and potentially preventable disease, and precautions focused on the virus transmission are the key point. In order to contain the widespread of the disease, and bearing in mind its current stage, recommendations stress the importance of precautionary measures as crucial means to provide a shock-absorbing effect, restrain infections and prevent transmission (WHO, 2020b, 2020d). This project was developed following the awareness of healthcare needs in a social housing community within USP’s area of influence, which focused on the community’s ability to learn and follow precautionary measures. The chosen methodology for this project was set on a health planning process, and Nola Pender’s Health Promotion Model was the chosen theoretical frame of reference. After prioritization, the nursing diagnoses and records (CIPE diagnoses) were as followed: unproven knowledge about distancing; understanding on how to use protective gear (mask use), and knowledge about personal hygiene procedures (hand washing). A community-oriented approach was followed, and it was grounded on a health education strategy. Also, the local community representatives’ engagement and the local religious leader’s collaboration were of extreme importance. The project has contributed not only to a structured, close, personal and socio-culturally proficient intervention, but also to an opportunity to strengthen health promotion both currently and for the future. Furthermore, this project has contributed for the development of community nursing skills

    A PRAÇA DE GIRALDO E O SEU PAPEL NO DESENVOLVIMENTO URBANO DA CIDADE – ÉVORA, PORTUGAL

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    A cidade de Évora viu-se, durante períodos bem definidos, ocupada por diferentes povos, com origens geográficas distintas, logo costumes, religiões e características bastante diferentes. À linearidade da cidade planeada dos povos romanos, seguiram-se a rudeza da cultura goda e a doçura poética da muçulmana. Estes tão diferentes legados constituíram contudo o lastro sobre o qual a urbe medieva eborense se desenvolveu, após a reconquista cristã. Se até finais do século XII os centros dos poderes, civil, político, militar, económico e religioso da cidade se situavam anexos ao edifício da Sé, local privilegiado central à área urbana amuralhada, nos séculos seguintes (XIII a XV) tal centro decisório foi progressivamente sendo transferido para espaço mais amplo, fora de “muros”. As antigas “Praça”, “Praça Grande” e “Praça do Pão” ou a actual “Praça de Giraldo” foram alguns dos topónimos que tal espaço assumiu ao longo dos séculos. Ocupando o Rocio, da primitiva Porta de Alconchel, e constituindo um espaço de cruzamento de vias de acesso à cidade, a sua configuração acompanhou o desenvolvimento dos antigos fossos da urbe. A construção em finais do século XV do edifício da Câmara Municipal num dos topos do espaço, o posicionamento embora muito anterior da antiga ermida de Stª. António o eremita, situada no topo contrário do espaço, definiu um eixo longitudinal que se acentuou com a progressiva edificação de outros edifícios públicos. Foram exemplo dessa construção privilegiadamente localizadas os “Estaus” do rei, a casa do peso assim como diversas tendas pertença do município. Era este o espaço de venda dos mais diferenciados produtos produzidos nos arredores férteis da cidade ou vindos de paragens longínquas através dos inúmeros mercadores, habituais nestas paragens. A Judiaria da cidade desenvolvendo-se por sua vez em área próxima, interligava o poder económico de ambas as culturas. O pelourinho e fonte pública abastecida com água proveniente de poço do município, situado no interior da zona amuralhada primitiva, constituíam então equipamentos urbanos de marcante significado nesta praça Com o bulício crescente que este espaço foi adquirindo a casa real transferiu o seu paço para zona mais desafogada e calma, embora situada mais afastada do centro económico da cidade. Reforçou assim, involuntariamente, a importância da via que saindo da Praça dava acesso ao seu Paço, novo local decisório sempre que aí estivesse. Mais do que os traçados as Praças vivem, transformam-se e perduram através das funções e poderes nelas instituídas ao longo dos séculos. São estes que definem, reforçam ou mesmo anulam progressivamente a vivencia de tais espaços públicos

    Crono-desenvolvimento do quadrante noroeste da cidade de Évora (Portugal): a implantação de duas casas religiosas como fator potenciador de novo tecido urbano

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    Évora foi ocupada por diferentes povos com culturas e origens muito díspares: romanos vindos do Mediterrâneo, godos do Norte da Europa e por último, no ano de 715, muçulmanos oriundos do Norte de África. A religião cristã foi introduzida durante o período de ocupação romana, assumindo protagonismo e práticas diferenciadas, de acordo com as crenças religiosas próprias. No início do século XVI a área urbana encontrava-se totalmente amuralhada e os antigos Arrabaldes integravam a nova malha urbana. Por razões defensivas permaneceram livres os espaços anexos à recém-construída muralha, que serviam também como locais de pastagem. As cercas das casas religiosas constituíram-se como reservas de terrenos livres de edificações. As áreas ocupadas pelos complexos monástico-conventuais (de São Francisco, São Domingos e Santa Mónica, fundados durante os séculos XIII e XIV, no século XV os conventos de Santa Clara, Nossa Senhora do Paraíso e São João Evangelista, nos séculos seguintes, Santa Catarina de Sena, Nossa Senhora do Monte Calvário, Nossa Senhora da Graça, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora das Mercês e São José da Esperança) foram sendo cada vez menores nas fundações mais recentes, devido à densificação progressiva do espaço urbano. A nível urbanístico contribuíram para o desenvolvimento de aglomerados urbanos iniciais, que em circunstâncias específicas tiveram como referência os respetivos conventos mendicantes, caso dos Arrabaldes de S. Francisco e S. Domingos. O Convento de São Domingos de Évora foi fundado, na sequência de outros cenóbios, em 1286 sendo o segundo complexo religioso urbano fundado em Évora. Localizou-se descentrado relativamente à intensa vida económica da cidade, que se prolongaria posteriormente, e progressivamente, ao longo da área adjacente à muralha primitiva, em direção a sul e poente. A fundação em Évora do antigo Mosteiro de Santa Clara data de 1452. Este inseriu-se em espaço urbano já fortemente condicionado, contribuindo para a sua maior densificação. Esta ocupação de território teve grande influência no desenvolvimento do espaço envolvente, concorrendo para o crescimento coeso da cidade, e posteriormente para o urbanismo resultante da implantação destas casas religiosas. As duas construções deixaram marca na configuração urbana da cidade, que até hoje ainda se mantem, apesar de qualquer destes espaços ter sido utilizado, após a exclaustração das ordens religiosas, de forma muito diferenciada daquela para a qual tinham sido concebidos, o mesmo sucedendo com os espaços das cercas que foram utilizadas com finalidades distintas no século XX. Patrimonialmente perdura a malha urbana, que se foi consolidando ao longo de mais de oito séculos, vestígios pontuais da antiga edificação do convento de S. Domingos e o Mosteiro de Santa Clara que foi alvo de intervenções menos radicais. A análise carto-iconográfica permitirá acompanhar a evolução da cidade através de documentos coetâneos, bem como fundamentar a importância destas duas casas religiosas no desenvolvimento do quadrante noroeste da cidade. Este estudo pretende contribuir para a preservação da memória das gerações que nos antecederam o conhecimento e valorização dos vestígios remanescentes das antigas ocupações de cariz religioso, bem como da malha urbana onde se encontram inseridos
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