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    Me ensina a (sobre) viver com câncer? uma análise de livros de autoajuda

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    Os discursos da literatura de autoajuda são sucesso de público e vendas e encontram um terreno fértil de atuação na área da saúde, principalmente na área oncológica. Câncer é um termo genérico utilizado para designar doenças que avançam de modo diferente, mas que têm em comum certas características, tais como o crescimento de células anormais que se proliferam localmente, com potencial de invadir e atravessar barreiras, podendo levar a morte do sujeito se não forem erradicadas. Cada vez mais, o tratamento tem prolongado as vidas destas pessoas chamadas (sobre)viventes. Desta maneira, a tese tem as seguintes questões de pesquisa: como os discursos dos livros de autoajuda constroem sujeitos doentes de câncer, determinando e difundindo determinados modos de viver e desestimulando outros? Quais as condições de possibilidade desses discursos? Como tais discursos interpelam aqueles que os leem? As vertentes teóricas que norteiam este estudo utilizam a análise documental, voltada à análise de discurso com teorizações foucaultianas, para operar os enunciados de 13 livros de autoajuda escritos por (sobre)viventes de câncer. Aapropriei-me, principalmente, de conceitos encontrados nas obras A arqueologia do saber, As palavras e as coisas e A ordem do discurso. Esse estudo não teve como objetivo compreender qual seria a influência dos livros de autoajuda sobre os sujeitos ou desvelar segredos ocultos nos livros. Os discursos dos livros de autoajuda seguem uma narrativa que assemelha as encontradas no monomito, e desta maneita, governam e reforçam modos de viver que são pautados pela religiosidade cristã, felicidade e manutenção da produtividade econômica dos sujeitos. Tais discursos investem na subjetivação e docilização dos corpos, constituindo um currículo que ensina meios de viver com câncer na direção de construir uma nova vida. Além disso, buscam mudar os sentidos negativos atribuídos à doença, transformando-a em um evento que parece conferir características positivas aos (sobre)viventes.The discourses of the self-help literature are public success and sales and find a fertile field of action in the health area, especially in the oncology area. Cancer is a generic term used to denote diseases that progress differently, but which have certain characteristics in common, such as the growth of abnormal cells that proliferate locally, with the potential to invade and cross barriers, which can lead to the death of the subject if are not eradicated. Increasingly, the treatment has prolonged the lives of these people called (over) living. In this way, the thesis has the following research questions: how do self-help book discourses construct cancer patients, determining and diffusing certain ways of living and discouraging others? What are the conditions of possibility of these speeches? How do such discourses challenge those who read them? The theoretical aspects that guide this study use the documentary analysis, focused on discourse analysis with Foucaultian theorizations, to operate the statements of 13 self-help books written by (about) living with cancer. I especially like concepts found in the works The Archeology of Knowledge, Words and Things, and The Order of Speech. This study was not intended to understand the influence of self help books on subjects or to uncover secrets hidden in books. The discourses of the self-help books follow a narrative that resembles those found in the monomito, and from this maneita, govern and reinforce ways of living that are based on Christian religiosity, happiness and maintenance of the economic productivity of the subjects. Such discourses invest in subjectivation and docilization of bodies, constituting a curriculum that teaches ways of living with cancer in the direction of building a new life. In addition, they seek to change the negative meanings attributed to the disease, transforming it into an event that seems to confer positive (over) living characteristics

    Employment and income policies in pandemic Brazil: an uncertain future: Política de emprego e renda no Brasil pandêmico: o futuro incerto

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    This article is the result of a literature review and documentary research on employment and income policies created in Brazil in 2020/2021 to minimize the impacts of the COVID-19 pandemic. This is a descriptive study, with data obtained from official agencies, such as the IBGE, Ministry of Economy, World Bank (WB), International Monetary Fund (IMF), among others, nongovernmental websites, and journal articles. The results obtained suggest that the measures created during the Bolsonaro administration were insufficient to minimize the effects crises caused by the pandemic, aggravating informality and unemployment, aggravating the living and working conditions of the Brazilian working class, and maintaining the historical residual presence of the State in addressing social issues

    Perfil e impacto das experiências de quase morte no Brasil

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    Introduction: Near-death experiences (NDE) raise important questions about human consciousness, however, there are few studies in Brazil. Aims: to investigate the profile of NDEs in Brazil (phenomenology, predictors and impact), assessing the presence or absence of cultural specific characteristics. Methods: retrospective, observational, convenience sampling, quanti-qualitative study. Recruitment: Brazilian adults, who believed they had experienced an NDE, were invited through a broad national disclosure (television and radio programs, printed newspaper and social media). Through an online form, we collected sociodemographic data, and NDE characteristics (age and circumstance of occurrence, description and impact). We used NDE Scale (Greyson), SRQ-20 (Common Mental Disorders), Subjective Happiness Scale (Lyubomirsky) and Brief Multidimensional measure of religiosity and spirituality Scale (BMMRS). We performed descriptive statistics and a comparison between groups with scores equal to higher than or less than seven on the Greyson NDE scale, through SPSS® program version 13. We performed content analysis (Bardin) for qualitative data, through the Atlas TI 22 program. Results: 216 participant shad NDE, which on average occurred at the peak of productive adult life (31.7 years), most of them work and/or study have higher educational level (63.4%), most women (73.6%). Predominance of totally pleasant experience (77.3%), occurred by external causes (28.2%), surgical causes (20.4%) diseases (19.4%) and cardiac arrest (14.8%). The majority (83.8%) reported being very/extremely impacted and 99.5% considered the experience real and with positive changes in life, related to their religious and spiritual beliefs, as well as values, attitudes and lifestyle (80.1%). Approximately 95% of participants shared the experience with someone, but in less than half (45.7%) the reaction was entirely positive. Conclusion: A large national Brazilian sample of people who have experienced a NDE shows cross-cultural consistency of the main characteristics of NDEs. The impact on feelings and lifestyle was positive, there was an increase in spirituality, intuition, generosity and a decrease in fear of death and almost all reported that the experience was real. We highlight the importance of the approach and acceptance by health professionals and general social environment. we expect to encourage future studies on the topic through new data collections, considering the importance of NDE studies to the advancement of the understanding of mind, brain and consciousness relationship.Introdução: experiências de quase morte (EQM) suscitam questões importantes sobre a consciência humana, no entanto, ainda são pouco estudadas no Brasil. Objetivo: investigar o perfil das EQMs no Brasil (fenomenologia, preditores e impacto), avaliando a presença ou não de características culturais específicas. Métodos: estudo retrospectivo, observacional, de amostragem intencional, quantiqualitativo. Recrutamento: brasileiros adultos, que acreditavam ter vivenciado uma EQM, foram convidados por meio de ampla divulgação nacional (programa de televisão, rádio, jornal impresso e mídias sociais) a preencherem um formulário online. Foram coletados dados sociodemográficos, utilizando questionário sobre a EQM (idade e circunstância de ocorrência, descrição e impactos), Escalas de EQM (Greyson), transtornos mentais comuns (SRQ-20), Escala de Felicidade Subjetiva (Lyubomirsky) e Religiosidade/Espiritualidade (BMMRS). Foram apresentadas as estatísticas descritivas e as comparações entre os grupos com pontuações maior/igual ou menor que sete na escala de EQM de Greyson. Foram realizadas as estatísticas descritivas e bivariadas e comparações entre os grupos com pontuações maior/igual ou menor que sete na escala de EQM de Greyson, gerenciados pelo programa SPSS® versão 13. Realizou-se análise de Conteúdo (Bardin) para os dados qualitativos, gerenciados pelo programa Atlas TI 22. Resultados: 216 participantes apresentaram EQM, e a maioria dos casos ocorreu no ápice da vida adulta produtiva (31,7 anos), a maior parte trabalha e/ou estuda e possui ensino superior (63,4%), sendo a maioria mulheres (73,6%). Houve predomínio de experiência totalmente agradável (77,3%), ocorrida por causas externas (28,2%), causas cirúrgicas (20,4%), doenças (19,4%) e parada cardíaca (14,8%). A maioria (83,8%) dos participantes refere ter sido muito/extremamente impactada e 99,5% consideram a experiência como real e com mudanças positivas relacionadas às suas crenças religiosas e espirituais, além de valores, atitudes e estilo de vida (80,1%). Aproximadamente 95% dos participantes compartilharam a experiência com alguém, mas, em menos da metade (45,7%), a reação das pessoas ao relato foi integralmente positiva. Conclusão: ampla amostra brasileira de pessoas que vivenciaram uma EQM apresenta consistência transcultural das principais características das EQMs. Os impactos em sentimentos e estilo de vida foram positivos, houve aumento da espiritualidade, intuição, generosidade e diminuição do medo da morte, e a quase totalidade referiu que a experiência foi real. É importante considerar a abordagem e o acolhimento por profissionais de saúde e pelo ambiente social geral. Espera-se, portanto, incentivar estudos futuros acerca do tema a partir da multiplicação de novas coletas de dados, considerando a importância das contribuições dos estudos sobre EQM para o avanço da compreensão das relações mente, cérebro e consciência

    EDUCAÇÃO SEXUAL DE JOVENS NO CONTEXTO ESCOLAR

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    Introdução: A Sexualidade é um importante aspecto humano e representa a interação de diversos componentes, incluindo o erotismo, identidade, intimidade, orientação sexual, papéis de gênero, prazer, reprodução e sexo. As pessoas experienciam e manifestam a sexualidade por meio de atitudes, comportamentos, pensamentos e relacionamentos. Em decorrência dos diversos componentes e maneiras de expressá-la, a mesma torna-se um assunto complexo e, muitas vezes, alvo de discussão por envolver ações e condutas preconceituosas, no que diz respeito ao interesse sexual das pessoas (AGUIAR, 2020).  Os trabalhos relacionados à educação sexual, inicialmente, tinham apenas o objetivo de ensinar aspectos relacionados aos fatores biológicos, mas hoje em dia tem-se o entendimento de que para além do aspecto biológico é importante discutir aspectos emocionais, sócio culturais, histórico, entre outros, por se considerar que a educação sexual exerce um papel importante na construção da sexualidade do indivíduo (RIBEIRO; REIS, 2020). No entanto, é necessário considerar que no cotidiano das escolas, professores e profissionais de saúde têm dificuldade em abordar o conteúdo. Historicamente, foi a partir da necessidade de se discutir a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), que as portas foram entreabertas na sociedade, facultando o debate e a interlocução de questões importantes com diferentes públicos, dentre eles os estudantes, por meio da educação sexual. De início, as questões voltadas a educação sexual eram de cunho biologicista contudo, foi necessário superar os aspectos biológicos e ampliar o olhar sobre o ser humano que, deve ser visto em sua totalidade para a construção das sexualidades, assim, aspectos emocionais, históricos e socioculturais, entre outros, tornaram-se indispensáveis a partir dessa perspectiva (RIBEIRO; REIS, 2020). A educação sexual ainda é considerada um problema a ser trabalhado no campo da saúde pública devido a relação direta com o enfrentamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). As ações de prevenção às IST são eficazes e podem desencadear bem-estar, empoderamento e corresponsabilidade entre jovens, em especial, no público feminino que tem esse olhar mais sensível diante da saúde íntima. O perfil epidemiológico das IST no Brasil modificou-se gradativamente durante os últimos anos, com aumento expressivo do número de casos, tendo como consequência a dificuldade no enfrentamento em virtude de preconceitos e tabus ainda enraizados nas pessoas (MOURA et al., 2021). Evidências científicas comprovam o benefício do ensino da educação sexual nas escolas e universidades, ao verificar a necessidade de um maior esclarecimento acerca das IST/HIV/AIDS e maior compreensão no que concerne ao início das atividades sexuais e uso de métodos contraceptivos entre adolescentes e jovens. Mas, lamentavelmente, ainda existem lacunas a respeito dos conteúdos a serem desenvolvidos, pois a abordagem permanece restrita a grade curricular, coexistindo uma dispersão entre o propósito e o modo como realmente são executados (VIEIRA; MATSUKURA, 2017). Objetivo: Relatar as ações desenvolvidas por um projeto de extensão de uma universidade pública, durante e após a pandemia de Covid-19. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência que é uma narrativa moderna, cuja finalidade é descrever uma experiência que contribua de forma significativa para a sua área de formação (GROLLMUS; TARRÉS, 2015). O relato de experiência apresenta as atividades desenvolvidas por monitoras bolsista e voluntárias do projeto de extensão denominado “Sexualidade, Gênero e HIV: desafios da prevenção entre os jovens e uso do preservativo feminino”. O projeto de extensão é vinculado à Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no Campus VII através do Colegiado de Enfermagem. A proposta extensionista foi pensada para ser desenvolvida no formato presencial, especificamente junto às escolas de um município, todavia, em 2021 devido a pandemia de COVID-19 sofreu adaptações. Assim, a utilização das redes sociais foi uma das medidas adotadas no intuito de manter a característica de extensão universitária e garantir que a disseminação de informações produzidas chegaria ao público alvo. A escolha do Instagram como um ambiente virtual foi justificado por ser um dos aplicativos mais importantes, na atualidade no âmbito das redes sociais, e muito utilizada por adolescentes e jovens. Em 2022, com o retorno das atividades presenciais no âmbito da UNEB, o projeto iniciou suas atividades de forma presencial na escola, não excluindo as atividades que já estavam sendo desenvolvidas no Instagram. Diante da disponibilidade da escola e das monitoras foi escolhido o Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, que é uma das escolas estaduais do município de Senhor do Bonfim/BA, que oferta vagas apenas para o ensino médio. A abordagem presencial vem sendo desenvolvida em formato de oficina por compreendermos que as oficinas são espaços de construção coletiva de um saber, de análise da realidade, de confrontação e intercâmbio de experiências (CANDAU, 1999). Resultados: A página do projeto foi criada no Instagram com o perfil @projextsexualidade, no dia 04/05/2021 e teve como objetivo informar a seu público alvo (jovens) sobre temas inerentes à educação sexual e prevenção das IST. Dentre as publicações que obtiveram maior interação o reels “Curiosidades que você precisa saber sobre HIV/AIDS” obteve destaque e alcance de 1.129 pessoas, 06 compartilhamentos, 27 curtidas e 1.208 reproduções. Seu conteúdo aborda as principais dúvidas relacionadas ao HIV/AIDS. Em seguida, o reels “Você sabe a diferença entre sexualidade e identidade de gênero?” com alcance de 1.253 pessoas, 06 compartilhamentos, 25 curtidas, 1.291 reproduções que buscou explicar, em linguagem coloquial, a diferença entre sexualidade e identidade de gênero e chamou atenção dos seguidores. As postagens do perfil também foram repostadas em perfis individuais das/os monitores/as obtendo, assim, maiores repercussões e novos grupos foram alcançados. A utilização dessa estratégia pelo projeto propiciou trocas de opiniões e saberes além de estimular, entre indivíduos não seguidores do perfil, sua adesão ao projeto. Em 2022, no período de 11/05/2022 até 08/06/2022, com a inclusão de novas monitoras as atividades do projeto foram destinadas ao aprofundamento do conteúdo por meio da leitura e discussão de artigos científicos e vídeos explicativos recomendados pela orientadora. No período de 31/08/2022 até 12/09/2022 aconteceram encontros de planejamento das oficinas onde foi definido o público, foram elencados os conteúdos a serem abordados, delimitamos o tempo de apresentação e como cada momento da oficina seria desenvolvido. Após articulações com as escolas do município e disponibilidade dos professores, realizamos no dia 18/10/2022 as primeiras oficinas no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães. Foram realizadas três oficinas, com duração de 40 minutos cada. O público foi composto por estudantes do 3° ano do ensino médio, cerca de 70 alunos participaram das oficinas. No primeiro momento de cada oficina as monitoras explanam o conteúdo por meio de uma apresentação no aplicativo Canva, abordando sobre as infecções sexualmente transmissíveis HIV/AIDS, Sífilis, HPV, Hepatites e Herpes Simples, testes rápidos, vacinas disponíveis para prevenção de IST e o uso dos preservativos feminino e masculino. No segundo momento, as monitoras realizam a demonstração da utilização correta dos preservativos com o emprego de próteses anatômicas; durante esse momento, ao se aproximar mais dos estudantes e envolve-los na atividade é possível mostrar detalhadamente os preservativos e desconstruir ideias negativas sobre os mesmos, como tamanho, forma e capacidade de adequação aos órgãos genitais feminino e masculino. Durante a ação (oficinas) foi perceptível o interesse dos alunos com a temática pois surgiram perguntas sobre a possibilidade de se contrair uma IST através do beijo, os tamanhos dos preservativos masculinos, utilização do preservativo feminino e o que fazer caso ele ficasse preso dentro do canal vaginal. Na percepção das monitoras, foi possível observar que há um grande desconhecimento sobre o preservativo feminino e sua forma de utilização que se distanciam da proposta do mesmo que é empoderar as mulheres e propiciar uma alternativa de autonomia em suas práticas sexuais. Ao final da oficina são distribuídos preservativos masculinos com a frase “A proteção é a melhor medida de prevenção'', juntamente com um pirulito e orientado quanto a disponibilização de preservativos feminino em unidades de saúde do município. Conclusão: Embora, o público jovem seja um grupo sexualmente ativo, a temática ainda é pouco retratada no ambiente escolar, evidenciando a necessidade e importância da abordagem nos espaços escolares e por meio das mídias sociais. Assim, o desenvolvimento do projeto no Instagram e nas oficinas tem possibilitado a promoção da educação em saúde sexual de jovens escolares e a ampliação do olhar de discentes de enfermagem sobre a temática
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