98 research outputs found
Health systems and citizen participation: some critical reflections on the perspective of the sociology of health
Nos últimos dez a quinze anos temos assistido a um aumento do número de
iniciativas com a participação da sociedade civil, no sentido de exercer pressão para a reformulação dos direitos sociais. Estes já não são tão vistos como direitos para aceder aos serviços estruturados e administrados pelo Estado (de acordo com o conceito de cidadania de Marshall), mas como uma reivindicação dos cidadãos para terem um papel ativo na definição das políticas públicas e dos serviços. Este debate tem sido muito intenso entre os cientistas sociais desde a década de 1980 e está bastante presente no sistema de cuidados
de saúde. Vários estudos têm salientado a forte tensão entre o tecnicismo da medicina e
a organização burocrática do sistema de saúde, por um lado, e o modelo de comunicação
quotidiana, por outro lado. De facto, um dos temas centrais das reformas dos cuidados de
saúde nos últimos 20 anos centrou-se na valorização da experiência e da perspetiva dos cidadãos. O artigo começa com um breve esboço das novas abordagens sociológicas em
torno da relação entre os sistemas sociais e o mundo real – nas dimensões micro e macro;
estrutura e ação. Assim, apresenta-se o estado da arte atual sobre a participação nos sistemas de saúde ocidentais, resultante da revisão da literatura, destacando as novas estratégias de envolvimento dos doentes bem como as questões relativas às críticas e às limitações. Para terminar, procede-se a uma reflexão acerca da complexidade da relação entre o sistema de cuidados de saúde e as associações de doentes e utentes.ABSTRACT: The past ten to fifteen years have seen a rise in the number of initiatives of
civil society participation intended to exert pressure toward the reformulation of social rights. These are no longer viewed as the rights to access to services designed and administered by the State (according to Marshall’s concept of citizenship), but as citizens’ demand for an active role in defining public policy and services. This debate, which has been very intense among social scientists since the 1980s, is actively present within the healthcare
system. Several studies have been highlighting a strong tension between the technicism of medicine and bureaucratic organization of the health system, on one side, and the communication model of the life word, on the other side. In fact, one of the central issues of health care reforms of the last 20 years has focused on the valorization of the citizens’ experience and voice. The paper begin with brief sketches of new sociological approaches aimed at linking social systems with the real world – micro with macro dimensions; structure with action. Then, the actual state of art of citizens’ participation in western health
systems is presented, as result of a literature review, highlighting both new strategies of patient involvement and critical issues and constraints. In closing, some reflection on the complexity of the relation between the health care system and patient and user associations are presented for discussion
Crisis económica y desigualdades en los sistemas de salud en los países del sur de Europa
Artigo publicado em inglês e em portuguêsO presente artigo versa sobre a questão das desigualdades de saúde nos países do Sul da Europa, mais especificamente Espanha, Grécia, Itália e Portugal. O estudo resultou de uma revisão não sistemática da literatura, baseando-se na proposta da scoping review. Inicialmente, é apresentada uma breve contextualização dos estados de bem-estar social desses países do Sul da Europa, destacando as principais especificidades e diferenças em relação a outros regimes europeus de bem-estar social. Em seguida, são descritos os sistemas de saúde dos quatro países, ressaltando os respectivos processos de reforma e as principais desigualdades de saúde que os tem caracterizado, antes e durante a crise econômica. A crise e as políticas de austeridade aumentaram muito a insatisfação com a prestação de cuidados de saúde, nesses países, particularmente na Grécia e em Portugal. Nesse sentido, são discutidas, comparativamente, as desigualdades de saúde, evidenciando as tendências comuns, assim como as diversidades. Nos quatro países em análise, o gradiente social (em particular educação, rendimento e condição laboral) representa o principal fator determinante das desigualdades de saúde, sem subestimar, contudo, as desigualdades geográficas no acesso aos serviços de saúde, como resultado dos diferentes níveis de desenvolvimento econômico das diversas regiões. Finalmente, é discutido o recente debate, presente na literatura internacional, sobre a relação entre diferentes regimes de estado de bem-estar e desigualdades de saúde e, precisamente, sobre a crítica ao uso de tipologias de estado de bem-estar como determinante de saúde e de desigualdades de saúde.The current article addresses the issue of health system inequalities in the countries of Southern Europe, specifically Spain, Greece, Italy, and Portugal. The study resulted from a non-systematic literature review, based on the scoping review proposal. We begin by presenting a brief contextualization of the social welfare state systems in these European countries, highlighting the principal specificities and differences in relation to other European welfare state systems. Next, we describe the health systems in the four countries, emphasizing the respective reform processes and the main health inequalities that have characterized them before and during the economic crisis. The crisis and austerity policies have greatly increased the level of dissatisfaction with healthcare provision in these countries, particularly in Greece and Portugal. In this sense, we conduct a comparative discussion of the health inequalities, identifying both common trends and differences. In the four countries, the social gradient (particularly in education, income, and labor) represents the principal determinant of health inequalities, while not ruling out geographic inequalities in access to health services as the result of different levels of economic development in the various regions. Finally, we discuss the recent debate in the international literature on the relationship between different welfare state systems and health inequalities, and precisely the critique of the use of welfare state typologies as a determinant of health and health inequalities.El presente artículo aborda la cuestión de las desigualdades en los sistemas de salud en los países del sur de Europa, específicamente España, Grecia, Italia y Portugal. El estudio resultó de una revisión no sistemática de la literatura, basada en la propuesta de la scoping review. Comenzamos presentando una breve contextualización de los sistemas del estado de bienestar social en estos países europeos, destacando las principales especificidades y diferencias en relación con otros sistemas europeos del estado de bienestar. A continuación se describen los sistemas de salud en los cuatro países, destacando los respectivos procesos de reforma y las principales desigualdades de salud que los han caracterizado antes y durante la crisis económica. La crisis y las políticas de austeridad han aumentado considerablemente el grado de insatisfacción con la prestación de asistencia sanitaria en estos países, en particular en Grecia y Portugal. En este sentido, realizamos una discusión comparativa de las desigualdades en salud, identificando tendencias y diferencias comunes. En los cuatro países, el gradiente social (particularmente en educación, ingreso y trabajo) representa el principal determinante de las desigualdades en salud, sin descartar desigualdades geográficas en el acceso a los servicios de salud como resultado de diferentes niveles de desarrollo económico en las distintas regiones. Finalmente, se discute el reciente debate en la literatura internacional sobre la relación entre los distintos sistemas del estado de bienestar y las desigualdades en salud, y precisamente la crítica al uso de las tipologías del estado de bienestar como determinantes de la salud y las desigualdades en salud
Avaliação da qualidade em saúde. Reflexões teórico-metodológicas para uma abordagem multidimensional
Apesar do crescente interesse dos últimos anos, o conceito de qualidade representa um desafio para a maioria dos atores que operam na arena da saúde. Apoiando-se em uma revisão da literatura internacional, este trabalho propõe-se contribuir para o delineamento de uma proposta de avaliação da qualidade coerente com a complexidade conceitual e metodológica do tema. Com essa finalidade, após ter apresentado os primeiros estudos sociológicos sobre os utentes dos serviços públicos e após ter percorrido as três etapas do desenvolvimento da qualidade em saúde, o ensaio analisa algumas questões-chave que deveriam nortear as avaliações em saúde. A seguir será apresentada uma definição de qualidade ‘multidimensional’ que identifica os principais grupos de interesse que atuam no sistema de saúde e procura-se traçar algumas estratégias de aproximação entre a pluralidade dos olhares. Concluindo, o artigo aponta algumas linhas de trabalho para os próximos anos.Despite growing interest in recent years, the concept of quality represents a challenge for the majority of actors working in healthcare. Supported by a review of the international literature on the subject, this article proposes to contribute towards defining a proposal for quality assessment that is consistent with the conceptual and methodological complexity of the subject. To this end, after introducing the first sociological studies of users of public services and discussing the three stages in the development of quality in healthcare, it will analyse certain key questions that should guide healthcare assessment. Following this, a definition of ‘multidimensional’ quality is presented, which identifies the main interest groups acting within the healthcare system, and some strategies for drawing together the plurality of viewpoints are outlined. To conclude, the article suggests some directions for future work in this field.Malgré l’intérêt croissant manifesté ces dernières années, le concept de qualité représente un défi pour la plupart des acteurs qui opèrent dans le domaine de la santé. En partant d’une révision de la littérature internationale, ce travail se propose de contribuer au tracé d’une proposition d’évaluation de la qualité cohérente avec la complexité conceptuelle et méthodologique du thème. A cet effet, après avoir présenté les premières études sociologiques sur les usagers des services publics et après avoir parcouru les trois étapes du développement de la qualité en matière de santé, le travail analyse quelques questions clé qui devraient orienter les évaluations dans le domaine de la santé. Par la suite, une définition de qualité «multidimensionnelle» qui identifie les principaux groupes d’intérêt qui agissent sur le système de santé est présentée et l’on cherche à tracer quelques stratégies de rapprochement entre la pluralité des points de vue. En conclusion, l’article met en relief quelques lignes de travail pour les prochaines années
A participação pública no sistema de saúde português: a experiência dos Conselhos de comunidade
O tema da participação tem assumido grande relevância no âmbitodas democracias ocidentais. De facto, um dos temas centrais dos processos de reforma sanitária dos últimos vinte anos tem sido o reconhecimento da centralidade do utente e da importância da sua voz. Em Portugal, os últimos dois Plano Nacionais de Saúde (2004-2010 e 2012-2016) atribuíram muita importância à participação pública. O Decreto-Lei n.º 28/2008 instituiu os Conselhos de Comunidades nos Agrupamentos dos Centros de Saúde com o objetivo de aproximar os cuidados primários à comunidade e incentivar a participação de diferentes atores, tanto instituições como associações. Este artigo, após analisar as principais etapas do processo de reforma do sistema de saúde português, focaliza o tema da participação no sistema de saúde e faz o ponto da situação em relação à questão da participação em Portugal. Posteriormente, descreve-se a metodologia adotada no estudo dos Conselhos de Comunidade, assim como os resultados desta análise, realçando as características desse fórum de participação, as suas potencialidades e desafios, assim como os seus principais pontos críticos
Health systems and citizen participation: some critical reflections on the perspective of the sociology of health
The past ten to fifteen years have seen a rise in the number of initiatives of civil society participation intended to exert pressure toward the reformulation of social rights. These are no longer viewed as the rights to access to services designed and administered by the State (according to Marshall’s concept of citizenship), but as citizens’ demand for an active role in defining public policy and services. This debate, which has been very intense among social scientists since the 1980s, is actively present within the healthcare system. Several studies have been highlighting a strong tension between the technicism of medicine and bureaucratic organization of the health system, on one side, and the communication model of the life word, on the other side. In fact, one of the central issues of health care reforms of the last 20 years has focused on the valorization of the citizens’ experience and voice. The paper begin with brief sketches of new sociological approaches aimed at linking social systems with the real world – micro with macro dimensions; structure
with action. Then, the actual state of art of citizens’ participation in western health systems is presented, as result of a literature review, highlighting both new strategies of patient involvement and critical issues and constraints. In closing, some reflection on the complexity of the relation between the health care system and patient and user associations are presented for discussion
Participação pública nos sistemas de saúde. Uma introdução
As inovações democráticas que envolvem os/as cidadãos/ãs nos processos de decisão política têm assumido grande relevância a nível internacional, tendo-se multiplicadas, nos últimos anos, as iniciativas de participação promovidas tanto pelas instituições públicas como pela sociedade civil (Santos, 2003; Smith, 2010; Pateman, 2012). Este debate tem vindo a ser intensificado nas ciências sociais aplicadas à saúde. Vários estudos realçam a acentuada dificuldade de inter-relação entre, por um lado..
Looking at Covid-19 vaccine hesitancy through a macro perspective. A comparative study of Italy, Poland and Portugal
This article aims to overcome the most common interpretive paradigms on vaccine hesitancy and refusal when are limited to consider the individual or group level and provide a contextual reading. For the purpose of this study, cultural, economic and political conditions are considered constituent materials of "thinking" and "doing" in everyday life and of "problematizing" the issue of vaccines in the Covid-19 era. By adopting an analytical model derived from Sewell's pattern of contextualized structures (as a result of schemas and resources), the article compares three exemplary cases: Portugal, the country with the highest rate of Covid-19 vaccination; Italy, one of the most vaccine-hesitant western countries in Europe; and Poland, which with its vaccination rate well exemplifies vaccine-hesitant post-socialist CEE countries. By combining the schemas and resources, this study gives a social map with types of context-driven structures and offers an initial interpretative key useful to understanding the complexity of problem framing and structuring in the Covid-19 pandemic era in different sociocultural and political contexts
The Pandemic and Health Inequalities in Southern European Countries. An Overview
The present study aims to examine the impact of the COVID-19 pandemic on different population groups, focusing on how it disproportionately affected disadvantaged communities and created new inequalities among vulnerable groups who struggled to comply with containment measures. This research builds upon a previous study that investigated the effects of the 2008-2014 financial crisis on social inequalities in southern European countries, specifically Spain, Greece, Italy, and Portugal, with a..
Participation in health : amongst limits and challenges, paths and strategies
RESUMO - Este artigo analisa a questão da participação cidadã em saúde, avaliando os principais limites e os desafios identificados, assim como as estratégias apontadas. Este trabalho faz um enquadramento das origens da participação em saúde, o levantamento dos fatores que a incentivaram e identifica as recomendações que têm surgido no âmbito da promoção da saúde. Explora ainda alguns dos principais debates que atravessam esta problemática, designadamente ao nível dos processos que enquadram o envolvimento dos utentes, da questão da sua representatividade, da capacitação dos cidadãos proporcionada pela participação e dos debates sobre a efetividade que a participação em saúde tem suscitado.ABSTRACT - This article analyses the question of citizen participation in health, evaluating the major limits and the challenges already identified, as well as the strategies to be approached. This work outlines the origins of the participation in health, surveys the factors that stimulated it and identifies the recommendations that have been prepared in the scope of health promotion. It also explores some of the main debates related to this subject, namely those associated to the level of the processes that fit the involvement of the consumers, to the question of their representativeness, to the qualification of the citizens given by their participation and to the debates on the affectivity that the participation in health has awakened.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
- …