22 research outputs found

    A solidariedade durkheimiana e os feminismos contemporâneos: identidade, pertencimento e coesão social na modernidade reflexiva

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    Neste artigo, pretende-se lançar mão da ferramenta teórica da solidariedade, como construída por Émile Durkheim, a fim de refletir sobre um tipo de sistema social que fugiu à sua análise – aqui, entendido como modernidade reflexiva. Em tal cenário, no qual a atomização do agente é intensa e o individualismo se expressa ao extremo, sugere-se que a busca pela identidade coletiva surge como alternativa à demanda por pertencimento, que pode equilibrar a perda de sentido pessoal advinda do período contemporâneo. Diante disso, essa investigação é vinculada a um tipo de identidade em ascensão na sociedade em rede: a feminista, que é, no trabalho, analisada em sua manifestação virtual no Brasil. Para o desenvolvimento da presente reflexão, são trazidas duas táticas corriqueiras aos feminismos virtuais contemporâneos, a partir das quais procura-se indicar a construção de um eixo de similitudes que podem sustentar sua coesão via consciência coletiva, e enfatizar o tipo de repressão que a forma de solidariedade por eles articuladas suscita

    The creation of the travestis gallery in presídio central de Porto Alegre: an analysis through the tensionings between structure and action

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    This article object is the creation of the travestis gallery in Presídio Central de Porto Alegre, occurred in 2012. Its objective is to analyze the space known as “3a do H” from the theme of structure and action in contemporary social theory, emphasizing the contributions of two authors who sought to synthesize these social dimensions: Anthony Giddens and Pierre Bourdieu. The data used come from the participation in two surveys - the first one, involving the experiences of travestis with the public security system of the state of Rio Grande do Sul, and the second one dealing with the comprehension of power relations in PCPA. It is argued that the gallery resulted from the social practices of various actors - who, in different ways, produced the same result. In addition, although the gallery has soften the structural rules regarding transphobia in the prison space, this change coexisted with its reproduction in prison universe.O objeto deste artigo é a criação da galeria das travestis no Presídio Central de Porto Alegre, ocorrida no ano de 2012. Tem-se como objetivo analisar o espaço conhecido como “3a do H” a partir do tema da estrutura e da ação na teoria social contemporânea, conferindo-se ênfase às contribuições de dois autores que buscaram sintetizar essas dimensões do social: Anthony Giddens e Pierre Bourdieu. Os dados utilizados advêm da participação em duas pesquisas – a primeira, envolvendo as experiências de travestis com o sistema de segurança pública do estado do Rio Grande do Sul, e a segunda ocupada com a compreensão das relações de poder internas ao PCPA. Argumenta-se que a galeria resultou das práticas sociais de variados atores – que, de modos distintos, repercutiram em um mesmo resultado. Ademais, embora a galeria tenha flexibilizado as regras estruturais referentes à transfobia no espaço carcerário, tal mudança coexistiu com sua reprodução no univ erso prisional

    Segregação sócio-espacial e territorialidades do tráfico de drogas: as “facções criminais” diante do espaço urbano

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    Este artigo visa a analisar a interação entre o espaço social e a manifestação das “facções criminais”. Entende-se essa forma contemporânea de vivenciar a criminalidade como fenômeno multifatorial que, por isso, demanda análises que articulem diferentes escalas e dimensões da pesquisa sócio-espacial. No trabalho, explora-se uma dessas possibilidades de investigação, aqui chamada de “eixo territorial” – o que abarca considerar desde os processos de segregação e de fragmentação nos espaços urbanos, até a constituição, por grupos criminais, de territórios. Assim, são feitas algumas reflexões sobre os territórios, indicando-se sua articulação com os estudos de violência e criminalidade. Em seguida, analisa-se processos de segregação e fragmentação tendo como referência alguns estados brasileiros, a fim de se situar o substrato sobre o qual costumam ser constituídos territórios por “facções”. Por fim, são trazidos resultados de uma pesquisa feita sobre os grupos criminais de Porto Alegre, pelos quais se busca expor questões que perpassam as territorialidades de “facções” no município

    Crime and violence in Brazil: sociocultural representations in post-modernity

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    This article aims at approaching some of the possible intersections between sociocultural representations of crime and violence in contemporary Brasil. In this sense, it is presented reflections about the spreading of collective fear, highlighting its relationship with socio-spatial segregation. Then, it analyzes the constitution of different sociabilities in segregated spaces, as an element that influences the representations that are collectively produced. Finally, it investigates some of the social responses to the generalization of fear, which are related to the production of discourses that are reactive to violence but are also often violent themselves. Thus, it intends to address aspects where contemporary criminal phenomena are interwoven in sociocultural manifestations – what is articulated by pointing to broader tendencies of the historical moment – represented by postmodernity – from the way they are expressed in the Brazilian context

    Del conflicto a la “pacificación”

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    Entre as décadas de 80 e 90, a Cadeia Pública de Porto Alegre, principal prisão do estado do Rio Grande do Sul, foi palco de intensas turbulências: fugas, homicídios, motins e rebeliões. Em 1995, após uma rebelião, a gestão do presídio foi assumida pela polícia militar, que permanece até hoje. A partir dos anos 2000, as instabilidades começaram a arrefecer, tornando-se, atualmente, eventos pontuais e isolados, apesar da superlotação. Com base em entrevistas feitas com presos, policiais em ofício no presídio e atores do sistema de justiça ocupados com a execução penal, propõe-se analisar a passagem entre esses dois momentos, enfatizando-se a relação entre os coletivos de presos e a administração prisional. Argumenta-se que o equilíbrio precário alcançado nessa prisão decorre da acomodação dos antagonismos existentes entre presos e policiais que gerem o presídio, alcançado por meio de concessões mútuas e assegurando a concretização de pretensões de ambas as partes.  Between the 80's and 90's, the Public Jail of Porto Alegre, the main prison in the state of Rio Grande do Sul, was the scene of intense turmoil: jailbreaks, homicides, riots and rebellions. In 1995, after a rebellion, prison management was taken over by the military police, which remains until today. From the 2000s onwards, the instabilities began to drop and currently became isolated events, despite overcrowding. Based in interviews made with inmates, police officers and justice system workers, we propose to analyze the passage between these two moments, emphasizing the relationship between the prisoners’ groups and the prison administration. We argue that the precarious balance achieved in this prison stems from the accommodation of antagonisms between prisoners and police officers who manage the prison, which was achieved through mutual concessions that took into consideration the interests of both parties involved.Entre los años 80 y 90, la Cárcel Pública de Porto Alegre, la prisión principal en el estado de Rio Grande do Sul, fue escenario de intensas turbulencias: escapes, homicidios, disturbios y rebeliones. En 1995, después de una rebelión, la policía militar se hizo cargo de la administración penitenciaria, que permanece hasta hoy. A partir de la década de 2000, las inestabilidades comenzaron a enfriarse, convirtiéndose en eventos puntuales y aislados, a pesar del hacinamiento. Basado en entrevistas hechas con prisioneros, agentes de policía en prisión y actores del sistema de justicia involucrados en ejecuciones penales, se propone analizar la transición entre estos dos momentos, enfatizando la relación entre el colectivo de prisioneros y la administración de la cárcel. Se argumenta que el precario equilibrio logrado en esta penitenciaria se deriva de la acomodación de antagonismos entre prisioneros y policías que manejan la prisión, logrados mediante concesiones mutuas y asegurando el cumplimiento de los reclamos de ambos lados

    Variations in Homicide Rates in Brazil: An Explanation Centred on Criminal Group Conflicts

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    This paper proposes an explanation for the variations in homicide rates in Brazil in the past two decades. Based on the comparison of ethnographic experiences lived in the criminal universe of four capital cities (São Paulo, Porto Alegre, São Luís and Maceió), we propose two analytical strategies: 1) the breakdown of quantitative homicide rate data by victim profile, and 2) the construction of historical synopses of conflicts between factions at the local level. We demonstrate how homicide rates, in specific socio-demographic profiles, oscillate based on changes in conflicts between factions at the local level conflicts, and influence variations in the aggregate rates. The paper proposes an explanation for the variations in homicide rates in Brazil in the past two decades. Based on the comparison of ethnographic experiences lived in the criminal universe of four capital cities: São Paulo, Porto Alegre, São Luís and Maceió, we propose two analytical strategies: 1) the breakdown of quantitative homicide rate data by victim profile, and 2) the construction of historical synopses of conflicts between factions at the local level. We demonstrate how homicide rates, in specific socio-demographic profiles, oscillate based on changes in conflicts between factions at the local level conflicts, and influence variations in the aggregate rates

    Variações nas taxas de homicídios no Brasil: Uma explicação centrada nos conflitos faccionais

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    O artigo propõe uma explicação para as variações das taxas de homicídios no Brasil nas duas últimas décadas. A partir da comparação de experiências etnográficas vividas no universo faccional de quatro capitais (São Paulo, Porto Alegre, São Luís e Maceió), propomos duas estratégias analíticas: 1) a desagregação de séries quantitativas de taxas de homicídios por perfis de vítimas e 2) a construção de sinopses históricas dos conflitos faccionais locais. Demonstramos como as taxas de homicídio, em perfis sociodemográficos específicos, oscilam a partir das mudanças nos conflitos faccionais locais e puxam as variações das taxas agregadas

    Violência(s) contra a(s diferentes) mulhe(res): a proibição do aborto e a urgência de tornar visível o socialmente invisibilizado / Violence(s) against (different) woman(en): the prohibition of abortion and the urgency of turning visible the socially...

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    Este artigo problematiza, a partir de uma perspectiva de gênero, a proibição do aborto como espécie de violência(s) contra a(s diferentes) mulher(es), demonstrando de que forma os discursos acerca da vida, da moral e do corpo corroboram com as tradicionais concepção de tutela e subordinação femininas, construídas historicamente. A partir de tanto, efetua uma análise dos enunciados proferidos por intermédio do poder judiciário, a fim de apontar o papel desempenhado pelo Direito na reprodução das desigualdades de prerrogativas entre os sexos
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