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    Redes de associações de grupos camponeses na Amazônia Oriental (Brasil) : fontes de capital social?

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    Na Amazônia Oriental, tem crescido o número de associações de grupos camponeses, especialmente a partir dos anos noventa do século passado. Elas buscam meios alternativos para lidar com interesses comuns e organizar esforços individuais e coletivos e, desse modo, contribuir com a redução das desigualdades. Este estudo baseia-se em dados de entrevistas com líderes de trinta e seis associações rurais em três municípios do nordeste do Estado do Pará. Examina em que medida essas organizações representavam formas de capital social, isto é, redes capazes de produzir e prover acesso a recursos do ponto de vista dos grupos locais. O ambiente dessas redes é analisado, enfatizando-se os conjuntos de relações que mantinham com associações similares, ONGs, instituições governamentais, movimentos sociais, sindicatos e políticos. Se dispor de conexões sociais era fator crucial para as associações alcançarem os objetivos imediatos, constatou-se que elas não eram em geral suficientes para se sobreporem às restrições dos contextos. Barreiras concretas à comunicação reduziam a habilidade da rede em difundir os recursos imersos ou acessíveis.In the northeastern Amazon region of Brazil there has been a notable proliferation of peasants' associations, particularly from the 1990s. They aim to provide alternative means to deal with common interests and to organize individual and group efforts, thus contributing to reduced inequalities. This study draws on interviews with leaders of thirty-six rural associations in three municipalities in the State of Pará. The paper considers the extent to which these local organizations represented forms of social capital, that is, social networks able to produce and to provide access to valued resources. The network environment of the associations is examined, with particular reference to their external links with similar associations, NGOs, government institutions, social movements, unions and politicians. Social connections appeared significant for the goals of the associations. Nevertheless, concrete barriers to communication reduced the network ability to spread the resources embedded or accessible

    O Emprego Doméstico e as Relações de Gênero no Mundo do Trabalho

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    Com base nas análises sobre as atuais configurações da divisão sexual do trabalho, de Helena Hirata e Danièle Kergoat(2007), discutem-se os significados do emprego doméstico feminino na sociedade brasileira, enquanto, ao mesmo tempo, cresce o número de trabalhadores domésticos em países desenvolvidos. Argumenta-se que esse aumento deve-se à continuidade da ordem social de gênero, conforme conceitua Nancy Fraser. (1997). Trata-se das formas pelas quais, no capitalismo, cuidados e trabalhos são organizados - e separados - assim como se definem as categorias de pessoas que se ocupam de uns e outros e as políticas sociais

    Apresentação

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    Associações rurais e associativismo no nordeste amazônico: uma relação nem sempre correspondida

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    A partir da década de 1990, assiste-se na Amazônia à difusão acelerada de associações de grupos camponeses. Conquanto associações teoricamente representem novos meios de ação coletiva no meio rural e, portanto, uma inovação social, sua formação tem sido em grande parte induzida por políticas e programas de desenvolvimento, especialmente como meio de acesso ao crédito rural. O presente estudo foi feito em 2005, baseado em entrevistas com líderes de quarenta e três associações no nordeste do Estado do Pará. Constatou-se que essa forma jurídica de cooperação, oficialmente privilegiada, tem passado ao largo das formas de organização espontâneas consagradas pela tradição camponesa e baseadas em laços de confiança, fidelidade e co-responsabilidade. As associações estudadas, muitas vezes, resumiam-se a meros grupos formais e a elas cumpria estabelecer ou acompanhar contratos entre instituições financeiras, organizações públicas e privadas e os grupos camponeses. As associações que melhor alcançavam os resultados econômicos, políticos ou culturais almejados eram as que tinham vivenciado, anteriormente a sua constituição, algumas atividades coletivas ou comunitárias, isto é, quando já tinham praticado uma forma de associativismo envolvendo compromisso efetivo entre os membros. Essas contradições, vividas pelas comunidades tradicionais na ocasião de sua inserção no sistema institucional moderno, merecem atenção

    A dinâmica da pesca em território de uso comum: o problema do manejo nas reservas extrativistas marinhas

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    Este trabalho aborda a gestão de áreas de usocomum, no contexto da Reserva ExtrativistaCaeté-Taperaçu, Bragança-PA. A base empíricautilizada nesta análise assenta nas atas dereuniões regulares da Associação de Moradores eUsuários da Reserva, de 2011 a 201 2 e, também,em observações realizadas em reuniões locaispara elaboração do Plano de Manejo dessaunidade de conservação. A investigação mostraque, apesar da delimitação de fronteiras nainstitucionalização de uma unidade deconservação, o trabalho e os recursos são móveis,resultando na dinâmica do trabalho da pesca, quese estende a outras unidades similares nosmunicípios vizinhos e a outros estados. Osespaços de discussão instituídos pela Reservafomentam a consciência comum sobre oterritório, inclusive sobre os conflitos deapropriação dos recursos pesqueiros e, também,possibilitam conexões sociais novas para aspopulações

    Desafios da gestão participativa de recursos naturais em uma Reserva Extrativista Marinha no Pará

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    Por definição, uma Reserva Extrativista (Resex) é um território de conservação ambiental em regime de cogestão. Até que ponto a participação dos atores locais – moradores e usuários tradicionais dos recursos – está assegurada? Analisa-se aqui a atuação do Conselho Deliberativo da Resex Marinha Caeté-Taperaçu, no Estado do Pará, a partir do debate sobre a governança participativa e a gestão de recursos comuns. A pesquisa de base, de corte qualitativo, foi feita em diferentes períodos entre 2011 e 2017, envolvendo análise documental, observações e entrevistas com conselheiros e líderes comunitários. O desenho institucional promove a participação dos atores locais na definição das regras de uso e na gestão do território, ao lado de técnicos governamentais, pesquisadores e membros de entidades com assento no Conselho. Porém, há grandes desigualdades na mobilização de seus capitais culturais e sociais, que se evidenciam por ocasião de conflitos que necessariamente emergem nessa modalidade de gestão ambiental
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