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    Comparativas quantificacionais no português brasileiro: sintaxe e semântica

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2010Esta tese discute a intepretação e aspectos sintáticos das sentenças comparativas quantificacionais no Português Brasileiro (PB). Tais sentenças são estruturas onde o predicado que está sendo comparado é nominal e/ou verbal. Discutimos a interpretação que diferentes predicados verbais possuem nas sentenças comparativas. Alguns predicados de estado possuem uma interpretação gradual, e defenderemos que tais predicados possuem um argumento semântico de grau. Atividades apresentam um tipo de indeterminação. Propomos que a resolução da indeterminação é um problema de recuperar contextualmente o predicado que está sendo comparado. Baseado na análise de medição para outras construções de gradação nas línguas naturais (KRIFKA, 1989; 1990; 1998; NAKANISHI, 2004; 2007), aplicarei tais mecanismos para a medição do predicado verbal nas sentenças comparativas. Predicados de accomplishment apresentam uma ambigüidade quando o objeto é um DP definido. A comparação pode ser sobre a denotação do predicado verbal como um todo ou sobre a denotação do objeto, que nesse caso possui uma preposição partitiva não pronunciada. Os mecanismos são os mesmos utilizados para a medição de atividades na leitura de comparação de eventos. Para a leitura de comparação de objetos assumimos a hipótese de Hackl (2000), que defende a existência de um determinante gradual não pronunciado many nas construções comparativas do tipo mais de Numeral NP VP. A denotação de many é incrementada com a função de medida (NAKANISHI, 2004). Tal revisão permite capturar o fato de diferentes NPs serem medidos em escalas diferentes, de acordo com a denotação do nome. Discutiremos também alguns aspectos da sintaxe das construções comparativas no PB. Proponho que tais construções são orações adverbiais, contra Matos & Brito (2008; 2002) que argumentam a favor de coordenação. Revisamos a assunção de Marques (2003), para quem as comparativas canônicas em Português são sempre derivadas de uma base oracional. Tal assunção é correta, a menos que o constituinte adjacente ao marcador do padrão do que seja um DP que denote uma descrição definida de graus. Por fim, sobre a relação entre mais e as categorias que modifica propomos que ele possui três funções sintáticas: (i) é especificador de APs e AdvPs; (ii) argumento de funções de medida adverbiais do tipo vezes; (iii) argumento do determinante gradual many. Apesar dos papéis sintáticos diferentes, podemos manter a mesma denotação em todas as suas ocorrências nas construções comparativas canônicas

    On the semantics of pouco 'few/little' and um pouco 'a few/little'

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    Este trabalho discute a interpretação das expressões ‘pouco’ e ‘um pouco’ a partir de uma abordagem referencial do significado (CHIERCHIA, 2003; entre outros). Primeiramente, busca-se descrever o seu comportamento sintático-semântico. A partir disso, investiga-se a semântica apropriada a ser atribuída à ‘pouco’, que opera tanto sobre o domínio dos indivíduos quanto sobre o domínio gradual. Apesar dessa diferença, há uma operação mais geral que esse tipo de modificador exerce (GUIMARÃES, 2007). Propor-se-á uma semântica para ‘pouco’ que incorpore os dois aspectos já apontados na literatura: o julgamento de valor, e a intuição de que ele significa algo como ‘menos do que o padrão contextual’. Para ‘um pouco’ advoga-se uma abordagem composicional.This paper discusses the interpretation of expressions ‘pouco’ (‘few’) and ‘um pouco’ (‘a few/little’) from a referential approach of meaning (CHIERCHIA, 2003; among others). First, we aim to describe their syntactic and semantic behavior. After that, we search for the appropriate semantics to be attributed to ‘pouco’, which operates both on the domain of individuals and on the degree domain. In spite of this, there is a general operation that this modifier does (GUIMARÃES, 2007). We propose a semantics for ‘pouco’ which incorporates two aspects already seen in the literature: the value judgment, and the intuition that it means something like ‘less than a contextual standard’. To ‘um pouco’ we advocate a compositional approach

    Testando expressões com conteúdos mistos

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    O objetivo principal é discutir o estatuto semântico das expressões de modificação gradual encabeçadas pela preposição pra, como pra burro, pra cachorro, pra caralho, pra cacete etc. a partir de uma visão multidimensional do significado linguístico. Temos sugerido que elas são expressões mistas, no sentido de Gutzmann (2013) e McCready (2010), que carregam semanticamente conteúdo veri-condicional e uso condicional. Defendemos que pra X denota uma região na escala acima daquela recoberta por muito, e que no plano uso-condicional expressa “envolvimento emocional do falante”. Contudo, essa última caracterização ainda é um tanto intuitiva. Nossa meta específica é refletir com mais cuidado sobre os testes para identificação de conteúdos expressivos e avaliar suas possibilidades e limites no caso de expressões mistas

    A semântica da comparação: alguns problemas levantados pelas comparativas com predicados verbais

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    Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão. Programa de Pós-Graduação em Linguística.O estudo da semântica da comparação concentra-se, em sua generalidade, em estruturas de quantificação escalar, com predicados adjetivais. Assume-se, mesmo que não explicitamente que os subtipos de construção comparativa são passíveis de mesma análise. Essa crença será questionada nesta dissertação. No primeiro capítulo, são considerados alguns aspectos das sentenças comparativas, critérios nocionais, classificação dos subtipos e apresentada a nomenclatura pertinente. Apresenta-se, no segundo capítulo, dois modelos de análise: Stechow (1984), tendo em conta os principais problemas que envolvem sentenças comparativas, cria um operador de maximização, que, associado ao movimento de todo o sintagma comparativo, explica a comparação adjetival e supostamente se aplica para outras estruturas que não envolvem adjetivos. Marques (2003) analisa especificamente a semântica da comparação no Português Europeu. Propõe critérios de delimitação de tais sentenças e reconceitua o operador de maximização de Stechow, além de propor uma estrutura em que o sintagma comparativo fica in situ. Apresenta-se, no último capítulo, um conjunto de dados ainda pouco analisado na literatura, estruturas comparativas verbais. A discussão mostra que sentenças simples com predicados verbais são indeterminadas. Essa indeterminação deve-se ao fato de que a comparação incide diretamente sobre o verbo ou sobre os objetos ou algum outro elemento implícito quando não há complemento verbal. Além disso, há evidências de que comparativas com adjetivos e com verbos possuem estruturas semânticas distintas, contrariando a proposta de Marques. As principais são: a diferença de comportamento em relação às propriedades de monotonia e se considerado o operador comparativo como determinante, nas estruturas comparativas adjetivais, o operador comparativo de inferioridade não é conservativo

    Adjetivos graduais e a interpretação de maximizadores e minimizadores / Gradable Adjectives and the Interpretation of Maximizers and Minimizers

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    Resumo: O objetivo principal do artigo é mostrar que a distinção entre adjetivos graduais relativos e absolutos é relevante gramaticalmente em português, e o objetivo secundário é discutir a interpretação dos maximizadores como completamente e dos minimizadores como ligeiramente. Aplicamos os testes propostos por Kennedy (2007) e verificamos que os modificadores completamente e ligeiramente são sensíveis à estrutura da escala, como previsto. Contudo, diferentemente do inglês, os adjetivos relativos em português aceitam a modificação pelo minimizador ligeiramente na leitura gradual. Mostramos que isso é um efeito da sua semântica, que é sensível a padrões mínimos (sejam eles contextuais ou lexicais). Identificamos também que a classe dos adjetivos que geram escalas fechadas possui duas subclasses: pares como cheio/vazio possuem uma escala com lacuna extensional; enquanto um par como aberto/fechado possui transição natural entre os polos. Sobre a semântica dos modificadores, vemos que completamente possui duas leituras, uma mereológica e uma gradual, enquanto ligeiramente, além da leitura gradual, produz uma leitura pragmática de atenuação. Palavras-chave: semântica; adjetivos graduais; atenuadores; maximizadores. Abstract: The first aim of the paper is to show that the distinction between relative gradable adjectives and absolute gradable adjectives has grammatical import in Portuguese and the second aim is to discuss the interpretation of maximizers like completamente 'completely' and minimizers like ligeiramente ‘slightly’. We applied the tests suggested in Kennedy (2007) and we verified that the modifiers completamente and ligeiramente are sensitive to the adjectival scale structure, as predicted. However, unlike English, relative adjectives in Portuguese accept the modification by ligeiramente in the degree reading. We show that this is yield by its semantics, which is sensitive to minimum standards (being them contextual or lexical). We identified that the class of adjectives which have closed scales has two subclasses: pairs like cheio/vazio 'full/empty' have an extension gap; while pairs like aberto/fechado 'open/closed' have a natural transition between the sides of the scale. On the modifiers semantics, we saw that completely has two readings, one mereological and another gradable, whereas ligeiramente, besides the degree reading, yields a pragmatic attenuation reading. Keywords: semantics; gradable adjectives; attenuators; maximizers

    SOBRE A SEMÂNTICA DE 'POUCO' E 'UM POUCO'

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    this paper discusses the interpretation of expressions ‘pouco’ (‘few’) and ‘um pouco’ (‘a few/little’) from a referential approach of meaning (CHIERCHIA, 2003; among others). First, we aim to describe their syntactic and semantic behavior. After that, we search for the appropriate semantics to be attributed to ‘pouco’, which operates both on the domain of individuals and on the degree domain. In spite of this, there is a general operation that this modifier does (GUIMARÃES, 2007). We propose a semantics for ‘pouco’ which incorporates two aspects already seen in the literature: the value judgment, and the intuition that it means something like ‘less than a contextual standard’. To ‘um pouco’ we advocate a compositional approach.este trabalho discute a interpretação das expressões ‘pouco’ e ‘um pouco’ a partir de uma abordagem referencial do significado (CHIERCHIA, 2003; entre outros). Primeiramente, busca-se descrever o seu comportamento sintático-semântico. A partir disso, investiga-se a semântica apropriada a ser atribuída à ‘pouco’, que opera tanto sobre o domínio dos indivíduos quanto sobre o domínio gradual. Apesar dessa diferença, há uma operação mais geral que esse tipo de modificador exerce (GUIMARÃES, 2007). Propor-se-á uma semântica para ‘pouco’ que incorpore os dois aspectos já apontados na literatura: o julgamento de valor, e a intuição de que ele significa algo como ‘menos do que o padrão contextual’. Para ‘um pouco’ advoga-se uma abordagem composicional

    Advérbios em –mente modificando adjetivos em português brasileiro

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    O objetivo deste artigo é apresentar uma análise de advérbios em –mente na posição de modificação adjetival. Nosso recorte se restringe a duas classes: modificadores de graus – advérbios do tipo extremamente – e modificadores não-restritivos – advérbios do tipo indiscutivelmente. Buscamos justificar a existência dessas duas classes pelo comportamento sintático e semântico de seus membros.  Os integrantes da primeira modificam adjetivos graduais, apresentam um esvaziamento semântico do adjetivo base e só aparecem em posição contígua aos adjetivos. Os integrantes da segunda não atuam sobre grau, mantêm o significado do adjetivo base e, quando destacáveis do adjetivo, apresentam significado similar, que inclui a atitude do falante

    Puta: a sintaxe e a semântica de um controverso intensificador

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    O artigo discute aspectos sintáticos e semânticos da expressão intensificadora puta, a partir de uma abordagem formal do significado. Embora apareça precedendo um nome dentro do sintagma nominal, argumentamos que semanticamente o termo modifica a combinação do nome com um adjetivo, seja ele explícito ou não. Se o adjetivo estiver implícito, ele sempre faz avaliação positiva; ao passo que se estiver explícito, a avaliação positiva ou negativa depende da conotação do adjetivo adjunto do nome. Mostramos também que isso desencadeia uma ambiguidade estrutural, vista em sintagmas como uma puta festa legal, que pode designar “uma festa muito boa e legal” ou “uma festa muito legal”. Argumentamos também que puta contribui para as condições de verdade, sendo similar ao significado de muito, isto é, alça o padrão contextual da escala dada pelo adjetivo; enquanto no plano expressivo designa envolvimento subjetivo do falante, sendo, portanto, um item veri- e uso-condicional, um item misto

    Um rascunho para a semântica de muito : explorando a semântica de delineação

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    Este artigo inicia uma análise semântica para muito adverbial. Essa proposta estende a Semântica de Delineação (KLEIN, 1980; BURNETT, 2014; 2015) para o domínio dos eventos. A expressão muito P, em suas várias manifestações (modificando verbos, adjetivos ou nomes), é uma função que denota o conjunto contextualmente dado dos indivíduos ou eventos que estão na extensão positiva do predicado. A análise assume que há eventos na ontologia (PARSONS, 1990). A comparação com advérbios como a lot ‘muito’ (inglês) e beaucoup ‘muito’ (francês) mostra que esses modificadores compartilham leituras (frequência, duração e quantidade de objetos ou suas partições) e restrições. Com estados, esses advérbios produzem leitura de intensidade, porque estados são de-adjetivais e adjetivos ordenam os objetos em extensões positivas, negativas ou vagas. Explicamos as leituras e as restrições assumindo que muito pressupõe ‘mais de um’ (eventos, momentos no tempo, objetos ou porções de objetos), pois opera sobre um conjunto ordenado, dado contextualmente pela classe de comparação.Este artigo inicia uma análise semântica para muito adverbial. Essa proposta estende a Semântica de Delineação (KLEIN, 1980; BURNETT, 2014; 2015) para o domínio dos eventos. A expressão muito P, em suas várias manifestações (modificando verbos, adjetivos ou nomes), é uma função que denota o conjunto contextualmente dado dos indivíduos ou eventos que estão na extensão positiva do predicado. A análise assume que há eventos na ontologia (PARSONS, 1990). A comparação com advérbios como a lot ‘muito’ (inglês) e beaucoup ‘muito’ (francês) mostra que esses modificadores compartilham leituras (frequência, duração e quantidade de objetos ou suas partições) e restrições. Com estados, esses advérbios produzem leitura de intensidade, porque estados são de-adjetivais e adjetivos ordenam os objetos em extensões positivas, negativas ou vagas. Explicamos as leituras e as restrições assumindo que muito pressupõe ‘mais de um’ (eventos, momentos no tempo, objetos ou porções de objetos), pois opera sobre um conjunto ordenado, dado contextualmente pela classe de comparação

    A modificação gradual de predicados não-graduais

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    Neste texto, a partir da perspectiva referencial do estudo do significado linguístico, investigamos a combinação entre modificadores de graus (como muito) e alguns itens linguísticos não graduais, como adjetivos (grávida), nomes (golpe), pronomes e nomes próprios (eu, João). Nossa proposta é que as interpretações que temos dessa combinação são o resultado de uma mudança de tipo via coerção que transforma os itens não graduais em graduais. Com nossa proposta, é possível explicar as interpretações alcançadas – seja de “precisificação”, ênfase ou expressividade – através de um mecanismo linguístico, i.e., a mudança de tipos via coerção, independentemente motivado
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