Notas sobre Simulacro

O canal de televisão franceÌ‚s FR3 lançou em 1993 um programa criado e realizado por AgneÌ€s Varda intitulado Une minute pour image (Um minuto por imagem). Como anunciava o tiÌtulo, tratava-se de um minuto de transmissão de uma imagem com um comentaÌrio em off. Os autores dos comentaÌrios provinham dos mais diversos horizontes, desde fotoÌgrafos ateÌ escritores como EugeÌ€ne Ionesco ou Marguerite Duras, passando por personalidades poliÌticas como Daniel Cohn-Bendit ou criÌticos de arte como Pierre Schneider, e tambeÌm de pessoas que poderiÌamos chamar de “gente do povo”, padeiros, motoristas de taÌxi, empregados de pizzaria, homens de negoÌcios

A escultura no campo ampliado

Originalmente publicado no número 8 de October, na primavera de 1979 (31-44), o texto, cujo título original é Sculpture in the Expanded Field, também apareceu em The AntiAesthetic: Essays on PostModern Culture, Washington: Bay Press, 1984. Por ser artigo de referência, mas de difícil acesso aos novos pesquisadores no Brasil, reeditamos aqui a tradução publicada no número 1 de Gávea, revista do Curso de Especialização em História da Arte e Arquitetura no Brasil, da PUC-Rio, em 1984 (87-93)

La lógica cultural del museo tardo-capitalista

In the light of the socio-political changes that occurred in the 1980s, especially the increasing of financial processes, this text discusses the participation of museums and cultural complexes – their intimate relationship with the then recent status of postmodern architecture, their opening to worldwide markets and the increasing specialization of its functions – in a renewed dynamic of commercialization processes, reception of art works and, above all, in the reconfiguration of the reach of aesthetic experience. Focusing on European and North American examples, the author argues about the then imminent link between the institutional appropriation of Minimalism's operations and the revisions of the disciplinary field of Art History to support the new "logic" verified in art's remarkable spaces.A la luz de los cambios sociopolíticos de los años 1980, en particular la escalada de los procesos de financiarización, este texto discute la participación de museos y complejos culturales – su íntima relación con el entonces reciente estatuto de la arquitectura postmoderna, su apertura a mercados mundiales y la creciente especialización de sus funciones – en la renovada dinámica de procesos de comercialización y recepción del arte y, principalmente, en la reconfiguración del alcance de la experiencia estética. Con ejemplos europeos y estadounidenses, la autora analiza el nexo entonces inminente entre la apropiación institucional de las operaciones del minimalismo y las revisiones de la historia del arte para fundamentar la nueva “lógica” verificada en los espacios consagrados del arte.À luz das modificações sociopolíticas ocorridas na década de 1980, mormente a escalada dos processos de financeirização, este texto discute a participação dos museus e complexos culturais – sua íntima relação com o então recente estatuto da arquitetura pós-moderna, sua abertura aos mercados mundiais e a crescente especialização de suas funções – em uma renovada dinâmica dos processos de comercialização e recepção dos trabalhos de arte e, sobretudo, na reconfiguração do alcance da experiência estética. Detendo-se em exemplos europeus e norte-americanos, a autora analisa o nexo iminente, àquela altura, entre a apropriação institucional das operações do minimalismo e as revisões do campo disciplinar da história da arte para fundamentar a nova "lógica" verificada em consagrados espaços dedicados à arte

Tra il foglio vuoto e lo schermo. Type e token alla prova dell’arte post-mediale

What kind of entities are works of art from an ontological point of view? This question has become canonical in the framework of analytic philosophy. One way of answering the puzzle seemed to be conclusive. It is the hypothesis that all, or the majority of artworks can be identified with types embedded into tokens. To begin with, I will survey how the type-token distinction transitioned from semiotics to ontology. Secondly, I will consider how some contemporary art forms contributed to questioning this approach to the ontology of artworks. Lastly, I will suggest how the nature of types and tokens should be reassessed in order to properly describe artworks in their historical and socially construed nature

'It's a film' : medium specificity as textual gesture in Red road and The unloved

British cinema has long been intertwined with television. The buzzwords of the transition to digital media, 'convergence' and 'multi-platform delivery', have particular histories in the British context which can be grasped only through an understanding of the cultural, historical and institutional peculiarities of the British film and television industries. Central to this understanding must be two comparisons: first, the relative stability of television in the duopoly period (at its core, the licence-funded BBC) in contrast to the repeated boom and bust of the many different financial/industrial combinations which have comprised the film industry; and second, the cultural and historical connotations of 'film' and 'television'. All readers of this journal will be familiar – possibly over-familiar – with the notion that 'British cinema is alive and well and living on television'. At the end of the first decade of the twenty-first century, when 'the end of medium specificity' is much trumpeted, it might be useful to return to the historical imbrication of British film and television, to explore both the possibility that medium specificity may be more nationally specific than much contemporary theorisation suggests, and to consider some of the relationships between film and television manifest at a textual level in two recent films, Red Road (2006) and The Unloved (2009)

The flesh of painting: Caillebotte’s Modern Olympia

The language of putrefaction, often applied through a culinary analogy, appeared consistently in the critical reception of modern-life and Impressionist painting. For example, two critics used the term faisandé, referring to well-hung meat, to describe Manet’s nude figure of Olympia in 1865. The analogies that they posed between morgue bodies, female figures, meat, and fleshy paint material became central modes of denigrating Impressionist paintings of women in the ensuing decades. Gustave Caillebotte’s Veal in a Butcher’s Shop (c. 1882), depicting anthropomorphized, gendered, and sexualized animal flesh, can be considered in this context. In my reading, the painting enacts the critical responses to his colleagues’ figures, foregrounding the violent operations through which bodies might be reduced to meat, whether literal or metaphorical. In their comparisons to rotting flesh, nineteenth-century critics expressed a visceral reaction to works of art that Veal in a Butcher’s Shop demands

Da fotografia como arte à arte como fotografia: a experiência do Museu de Arte Contemporânea da USP na década de 1970

Este ensaio visa sistematizar os primeiros resultados de uma pesquisa, ainda em curso, sobre o processo de legitimação da fotografia pelo sistema de arte no Brasil, cujo foco principal é o museu. Os museus de arte da cidade de São Paulo foram escolhidos para dar início a essa investigação. Primeiramente, será abordada, em linhas gerais, a presença da fotografia no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Bienal de São Paulo, dada a vinculação de origem do Museu de Arte Contemporânea com essas duas instituições paulistanas. Na seqüência será analisada a formação do acervo fotográfico do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo durante a década de 1970. Por fim, esse percurso permitirá observar que a atuação de Walter Zanini, o primeiro diretor do Museu, e as particularidades da posição do MAC-USP no sistema de arte no Brasil naquele período resultaram no entendimento da fotografia prioritariamente no âmbito da arte contemporânea de caráter experimental e não como obra de arte autônoma, segundo os princípios da chamada fotografia artística.This article presents the first findings of a research still under development about the process of legitimation of photography as a kind of art by the artistic scene in Brazil. The art museums of the city of São Paulo were chosen for starting that research. Initially, we will be investigating the presence of photography at the Contemporary Art Museum of São Paulo and at the Biennial of São Paulo, as the origin of the Contemporary Art Museum is tided to those two institutions. Following, the arrangement of the photographic technical reserve of the Contemporary Art Museum in the 1970s will be analyzed. This study will be focusing on the work of Walter Zanini, as the first director of the museum, and on the particularities of MAC-USP position in the art system in Brazil which resulted in the understanding of photography as belonging to the sphere of contemporary art in an experimental way and not as an autonomous work of art, according to the principals of the so called artistic photography