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    O peixe e a saúde: das recomendações para o consumo às possibilidades ambientais de atendê-lo

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    As demandas pelos peixes sofreram alterações nos últimos anos, especialmente devido à associação entre a ingestão deste item aos benefícios à saúde. O objetivo desta reflexão é problematizar estas questões, a partir de um paralelo entre as recomendações nutricionais, a pressão pelo consumo e as possibilidades ambientais de atendê-lo. As instituições nacionais e internacionais recomendam a ingestão de porções que variam de 75-112 g de peixes, ao menos duas vezes por semana. Estudos epidemiológicos e sócio-antropológicos apontam que o consumo de peixe está inserido em um padrão moderno de consumo alimentar e associado a melhores condições socioeconômicas, e é considerado nos discursos como “comida de rico”, “comida grã-fina”, “...coisas importadas, o que é de melhor”. As estimativas apontam um consumo de pescados de 8,3 a 10,0 kg/pessoa/ano no Brasil, considerados abaixo do recomendado, 12,0 kg/pessoa/ano. A divulgação científica sobre os benefícios da ingestão dos ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, aliada à grande exploração da mídia, potencializam a busca por peixes, especialmente o salmão e o atum. Porém, na contramão destas pressões, estudos são produzidos para se discutir de forma mais aprofundada os impactos ambientais das demandas por estes alimentos, evidenciando as relações de interdependência entre padrões de consumo e as impossibilidades ambientais.

    Para além dos aspectos nutricionais: uma visão ambiental do sistema alimentar

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    Há ainda escassez de estudos que abordam o tema da alimentação de forma mais abrangente, para além dos aspectos nutricionais. O objetivo do presente estudo é trazer uma reflexão acerca dos impactos ambientais do sistema alimentar hegemônico. Considerando métodos utilizados na cadeia produtiva, desde o plantio até as escolhas alimentares, este sistema alimentar compreende uso exacerbado de combustíveis fósseis, agrotóxicos, água, terra para a produção de commodities, com comprometimento da biodiversidade, qualidade da água, solo e alta emissão de gases do efeito estufa. Sua organização se volta para atender as pressões de consumo e os padrões dietéticos insustentáveis, enquanto há persistência de insegurança alimentar e nutricional em várias camadas da população. Neste sentido, destaca-se a produção e consumo de carnes, especialmente a bovina, pelos seus altos custos ambientais. Aponta a necessidade de mudanças nos padrões de consumo, com ênfase nas práticas dietéticas mais adequadas ao ambiente, sem esquecer os simbolismos que permeiam o comer. Assim, a discussão dos impactos ambientais deste sistema alimentar pode fazer parte das agendas das associações e instituições da área de Nutrição, Saúde Coletiva e Ambiente, entre outros. Estudos e esforços subsequentes podem evidenciar esta inter-relação, tornando seu entendimento mais palpável, rumo a outros sistemas de produção de alimentos e outros padrões dietéticos

    EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NO RECANTO NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO EM LIMEIRA, SP

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    Estudos apontam que é possível alcançar, por meio da promoção da saúde e prevenção de doenças, um envelhecimento saudável, preservando a capacidade funcional do idoso pelo maior tempo possível. O objetivo deste trabalho foi promover hábitos alimentares saudáveis em um grupo de idosos institucionalizados da cidade de Limeira, São Paulo. Tratou-se de um estudo de intervenção, to tipo “antes e depois” com uma amostra de 23 idosos, 13 mulheres e 10 homens, com idade entre 69 e 80 anos, residentes no recanto Nossa Senhora do Rosário. Foram estabelecidas visitas semanais e as impressões sobre o processo educativo foram registradas em diário de campo. Nas duas primeiras semanas, observou-se o cardápio habitual do recanto desde o preparo até o momento em que a refeição foi servida. O valor energético total girou em torno de 1500 kcal a 1600 kcal, com distribuição adequada para macronutrientes, limítrofe ou inferior a recomendada para micronutrientes e fibras, e aumentada para gordura saturada. Dez idosos estavam aptos e se dispuseram a participar da antropometria, sendo cinco classificados com sobrepeso. Atividade com a pirâmide alimentar envolveu oito idosos. O tema hidratação e ingestão de líquidos era o mais aguardado pelo grupo devido à dificuldade em relação a ele. Dezoito idosos se interessaram em participar da atividade. A educação nutricional mostrou-se válida sendo possível perceber mudanças sutis, embora importantes, logo nas semanas seguintes às atividades aplicadas

    “É verdade que jamais comeu angu de fundo de panela?”: a comensalidade nas crônicas de Rubem Braga

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    Analisar e compreender os sentidos do comer e da comida nas crônicas de Rubem Braga, fazendo um paralelo entre comida e literatura, especialmente no que tange à comensalidade. Fez-se a leitura interpretativa, com reflexão crítica, de dezesseis livros de crônicas de Rubem Braga. Posteriormente, foram selecionadas cinco crônicas nas quais foram identificados trechos que evidenciaram a comensalidade. Assim, realizou-se uma análise reflexiva sobre cada uma das cinco crônicas, estabelecendo um paralelo com conceitos discutidos em textos que formaram o arcabouço teórico para tal análise. A comensalidade está presente nas crônicas de Rubem Braga quando o autor, a partir de fatos cotidianos, descreve e reflete sobre a presença da comida em contextos de partilha e de relações afetivas. O autor confere relevância ao ato de comer e à comida que podem tanto afastar, ao identificar a comida como marca de distinção social, ou aproximar, ao descrever as relações das pessoas em momentos de partilha, especialmente quando valoriza os sabores simples, caseiros e artesanais. Tendo em vista a análise e compreensão das crônicas de Rubem Braga, conclui-se que a literatura pode dar sentido ao processo de construir uma compreensão ampliada da comensalidade, ou seja, das inter-relações entre a sociabilidade, o comer e a comida

    Análise da implementação da Política Pública NutriSUS em Porto Ferreira, SP

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    Objective: To analyze the implementation of NutriSUS in the municipality of Porto Ferreira, SP, and understand the existing dissonances between its theoretical and practical presumptions. This is a qualitative and descriptive study. First, a documentary analysis of official texts structuring the policy was carried out. Subsequently, semi-structured interviews were performed with 12 NutriSUS managers and executors in the municipality. Based on our analysis of the interviews, we found three main categories: 1. NutriSUS management and execution attributes; 2. Factors impacting its implementation; and 3. Perception of the professionals interviewed about NutriSUS. We managed to list critical points for the implementation process, such as non-consolidated intersectoriality; lack of adequate staff training; inaccurate registry of coverage data; bureaucratic and administrative obstacles to input acquisition and distribution; lack of information to parents and/or guardians, among others. Conclusion: Finding critical points, which evince dissonances between their practical presumptions, can contribute to remodel the policy.Este artigo teve como objetivo analisar a implementação do NutriSUS no município de Porto Ferreira, SP, e compreender as dissonâncias existentes entre seus pressupostos teóricos e práticos. Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo. Primeiramente, realizou-se análise documental de textos oficiais que estruturam a política, e posteriormente foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 12 gestores e executores do NutriSUS do município. A partir da análise do conteúdo das entrevistas, foram determinadas três categorias principais: (1) atributos de gestão e execução do NutriSUS; (2) fatores adicionais que influenciam o processo de implementação; e (3) percepção das profissionais entrevistadas quanto à política pública. Foi possível elencar pontos críticos do processo de implementação, tais como intersetorialidade não consolidada; falta de treinamento adequado de equipe; registro impreciso dos dados de cobertura; entraves burocráticos e administrativos relacionados à aquisição dos insumos e distribuição; falta de informação direcionada aos pais e/ou responsáveis, entre outros. Portanto, a identificação desses pontos críticos, que evidenciam disparidades entre seus fundamentos e aplicação, podem contribuir para remodelações da política

    Análise da implementação da Política Pública NutriSUS em Porto Ferreira, SP

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    Resumo Este artigo teve como objetivo analisar a implementação do NutriSUS no município de Porto Ferreira, SP, e compreender as dissonâncias existentes entre seus pressupostos teóricos e práticos. Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo. Primeiramente, realizou-se análise documental de textos oficiais que estruturam a política, e posteriormente foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 12 gestores e executores do NutriSUS do município. A partir da análise do conteúdo das entrevistas, foram determinadas três categorias principais: (1) atributos de gestão e execução do NutriSUS; (2) fatores adicionais que influenciam o processo de implementação; e (3) percepção das profissionais entrevistadas quanto à política pública. Foi possível elencar pontos críticos do processo de implementação, tais como intersetorialidade não consolidada; falta de treinamento adequado de equipe; registro impreciso dos dados de cobertura; entraves burocráticos e administrativos relacionados à aquisição dos insumos e distribuição; falta de informação direcionada aos pais e/ou responsáveis, entre outros. Portanto, a identificação dess es pontos críticos, que evidenciam disparidades entre seus fundamentos e aplicação, podem contribuir para remodelações da política

    Intoxicação do(a) trabalhador(a) rural por agrotóxicos: (sub)notificação e (in)visibilidade nas políticas públicas de 2001 a 2015

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    O objetivo deste trabalho foi compreender como a questão das intoxicações por agrotóxicos em trabalhadores(as) rurais é reconhecida pelos diferentes atores governamentais, bem como pelos movimentos sociais e outras organizações não governamentais. Foi realizada uma análise documental de planos, políticas, programas e ações para o período de 2001 a 2015. Observou-se que as demandas por ações de proteção à saúde do(a) trabalhador(a) rural são recentes e que se prioriza ainda os direitos do consumidor e as necessidades de mercado. Existem conflitos de interesses que se expressaram nos próprios programas de governo e na atuação de diferentes ministérios. A visibilidade da questão da intoxicação do(a) trabalhador(a) rural por agrotóxicos nas políticas ocorre mais ao final do período estudado, por intensa influência de instituições de pesquisa e pesquisadores considerados ativistas

    Resíduos de agrotóxicos no leite humano e seus impactos na saúde materno-infantil: resultados de estudos brasileiros

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    Os resíduos de alguns agrotóxicos podem ser detectados muitos anos após a exposição devido a sua alta estabilidade e característica lipossolúvel. O leite humano é um bom indicador da exposição ambiental e materna em decorrência da sua representativa fração lipídica e consequente presença de diversos xenobióticos. O objetivo deste artigo foi sistematizar os estudos brasileiros que avaliaram os resíduos de agrotóxicos no leite humano, que estimaram a exposição de gestantes e lactantes aos agrotóxicos e sua relação com desenvolvimento de defeitos congênitos. Os estudos foram identificados utilizando-se as seguintes palavras-chave (e seus equivalentes em inglês): “agrotóxicos”, “pesticidas”, “leite materno”, “leite humano”, “gestante”, “recém nascido” e “Brasil”. Foram selecionados 21 estudos, e em todos foi detectada a presença de ao menos um resíduo de agrotóxico no leite humano. Mulheres que tiveram maior número de gestações e que amamentaram por período mais longo apresentaram menores quantidades de resíduos. Exposição ocupacional e dieta rica em alimentos de origem animal, assim como a menor renda e escolaridade dos pais, estão possivelmente associadas a maiores concentrações de resíduos. A exposição durante a gestação mostra-se mais nociva ao desenvolvimento fetal

    Relationship between birthweight and arterial elasticity in childhood

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    There is a considerable debate about the potential influence of fetal programming on cardiovascular diseases in adulthood. In the present prospective epidemiological cohort study, the relationship between birthweight and arterial elasticity in 472 children between 5 and 8 years of age was assessed. LAEI (large artery elasticity index), SAEI (small artery elasticity index) and BP (blood pressure) were assessed using the HDI/PulseWave CR-2000 CardioVascular Profiling System. Blood concentrations of glucose, total cholesterol and its fractions [LDL (low-density lipoprotein)-cholesterol and HDL (high-density lipoprotein)-cholesterol] and triacylglycerols (triglycerides) were determined by automated enzymatic methods. Insulin was assessed by a chemiluminescent method, insulin resistance by HOMA (homoeostasis model assessment) and CRP (C-reactive protein) by immunonephelometry. Two linear regression models were applied to investigate the relationship between the outcomes, LAEI and SAEI, and the following variables: birthweight, gestational age, glucose, LDL-cholesterol, HDL-cholesterol, triacylglycerols, insulin, CRP, HOMA, age, gender, waist circumference, per capita income, SBP (systolic BP) and DBP (diastolic BP). LAEI was positively associated with birthweight (P=0.036), waist circumference (P<0.001) and age (P<0.001), and negatively associated with CRP (P=0.024) and SBP (P<0.001). SAEI was positively associated with birthweight (P=0.04), waist circumference (P=0.001) and age (P<0.001), and negatively associated with DBP (P<0.001). Arterial elasticity was decreased in apparently healthy children who had lower birthweights, indicating an earlier atherogenetic susceptibility to cardiovascular diseases in adolescence and adult life. Possible explanations for the results include changes in angiogenesis during critical phases of intrauterine life caused by periods of fetal growth inhibition and local haemodynamic anomaliesFAPESP n. 04/04109-

    Scientific production on LGBTQIA+ health: a critical analysis of the literature

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    Esta pesquisa traz em seu escopo a análise do potencial estigmatizador do conteúdo de estudos direcionados à população LGBTQIA+ indexados na plataforma PubMed. Por meio de uma ampla e sistemática pesquisa bibliográfica foram identificados e incluídos, respectivamente, 821 e 334 (40,68%) artigos, dos quais foram extraídos 1838 descritores. Da análise dos dados coletados foram identificados as maiores prevalências dos descritores “men having sex with man” (192 repetições) e “HIV” (98 repetições). Sendo assim, o percurso analítico das informações levantadas refletiu que a população LGBTQIA+ é essencialmente designada como “homens que fazem sexo com outros homens e soropositivos”. Este estudo traz, portanto, a presença de características estigmatizantes nos estudos direcionados à população LGBTQIA+. Contudo, cabe destacar que o resultado encontrado é subsídio para o fortalecimento de uma perspectiva crítica de um fazer científico mais humanizado e direcionado às especificidades e necessidades da população LGBTQIA+.&nbsp;This paper analyzes the stigmatizing potential of studies conducted on the LGBTQIA+ population and indexed on the PubMED database. A broad and systematic bibliographic search identified 821 publications, of which it included 334 (40.68%), extracting 1838 descriptors. Data analysis showed the highest prevalence and potency for the descriptors “men who have sex with man” (192 repetitions) and “HIV” (98 repetitions). Thus, the analysis reveal that the LGBTQIA+ population is essentially described as “men who have sex with other men and are HIV positive.” This research unveils the presence of stigmatizing characteristics in the studies with the LGBTQIA+ population. However, such findings can help strengthen the critical perspective of a more humanized scientific practice actually concerned with the specificities and needs of the LGBTQIA+ population
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