37 research outputs found

    La Terra Santa de Alda Merini: do silêncio às palavras

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    TCC (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Comunicação e Expressão. ItalianoEste trabalho de conclusão de curso analisou a relação entre escrita e experiência manicomial nos versos de La Terra Santa (1984), de Alda Merini. A partir da concepção de Walter Benjamin de vivência e experiência, buscou-se evidenciar esses dois aspectos na poética meriniana. Além disso, foi ressaltada a relação entre escrita poética e auto-relato, segundo as reflexões de Judith Butler. O auto-relato de Alda Merini nos versos da obra de 1984, bem como em outras publicações, é algo que se dá depois do silêncio provocado pelos anos de internamento manicomial. A presente pesquisa voltou-se para La Terra Santa a partir do diálogo com as obras precedentes e algumas posteriores, contanto que dialogassem com a temática. A partir disso, ressaltou-se o aspecto órfico e místico da escrita meriniana, bem como o uso de metáforas com figuras da tradição judaico-cristã e greco-romana. A escrita de Alda Merini revelou-se um objeto de pesquisa profícuo, e este trabalho evidenciou um tema que dialoga com outros elementos de sua poética, bem como com a poética de alguns outros escritores.This final work for the undergraduation analyzed the relation between writing and asylum experience in the verses of La Terra Santa (1984), by Alda Merini. The present study sought to highlight Walter Benjamin’s concepts of ‘lived experience’ and ‘experience’ in Merini’s work. In addition to that, the current research sought to emphasize the relation between poetic writing and ‘giving an account of oneself’, according to Judith Butler’s reflections. Merini’s account in the verses of her work from 1984, as well as other works, is something that takes place after the asylum imposed silence. This research focused on La Terra Santa looking for a dialogue with other of Merini’s and other writer’s work, as long as they had something in common with the main theme of La Terra Santa. After that, the orfic and mystic aspects of Merini’s writing were highlighted, as well as her metaphors using figures from the Judeo-Christian and Greco-Roman tradition. Merini’s writing showed itself as a fruitful research object, and the present study underlined a theme which dialogues with other elements of her poetic works, as well as with some other authors

    A sedução da língua de Patrizia Valduga: desafios da tradução

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    A poética de Patrizia Valduga é caracterizada pelo jogo de tensão criado entre a forma rígida e o conteúdo devasso, obsceno e sedutor dos poemas. Trata-se de um erotismo valduguiano, em que há certa submissão e violência que age no ser, evidenciado pelo uso da forma e do trabalho linguístico. A tradução dessa poeta ainda inédita no Brasil encontrou nessa tensão tanto um terreno fértil para a criatividade quanto obstáculos que precisaram ser engenhosamente superados

    O corpo do poema, fendas na poesia de Alda Merini

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    A poética de Alda Merini (1931-2009) é marcada pela íntima relação que estabelece com o vivido, podendo ser encarada até mesmo como uma escrita autobiográfica, uma escrita de si (FOUCAULT, 2004). O poeta e crítico literário Giovanni Raboni sugere (2005) que a trajetória poética de Merini se divide em dois momentos, marcados por um evento biográfico: o internamento manicomial, que durou de 1965 a 1979. Nesse sentido, se delineia uma poética pré- e outra pós-manicomial. No presente artigo, a partir da leitura da fortuna crítica da autora e de seus poemas de antes e depois do manicômio, buscamos investigar essa divisão por meio da leitura de alguns poemas selecionados da primeira edição de La Terra Santa (1984), considerada a obra mais importante desse período (CORTI, 1998). A partir disso, propomos um percurso em que a análise de elementos estéticos e poéticos enfatiza e privilegia o deslocamento do verso na página.Alda Merini’s (1931-2009) poetic work is characterized by an intimate relationship with what was lived, and it can be seen as autobiographical writing, as      self-writing (FOUCAULT, 2004). Giovanni Raboni, Italian poet and literary critic, suggests (2005) that Merini’s poetic course is divided into two different moments, marked by a biographic event: the hospitalization in asylums, which went from 1965 until 1979. In this regard, there is a pre- and post-asylum poetic works. In the following paper, based on Merini’s critical fortune and poems from both moments, we try to investigate this separation, especially regarding poems from the first edition of La Terra Santa (1984), considered to be the most important one from that period (CORTI, 1998). From there, we intend to follow a path in which the analysis of aesthetic and poetic elements highlights and favors the displacement of the verse on the page.La poetica di Alda Merini (1931-2009) è segnata dall’intima relazione che stabilisce con il vissuto, e può essere anche intesa come una scrittura autobiografica, una scrittura di sé (FOUCAULT, 2004). Il poeta e critico letterario Giovanni Raboni suggerisce (2005) che la traiettoria poetica di Merini si divida in due momenti, segnati da un evento biografico: l’internamento manicomiale, che va dal 1965 al 1979. In tal senso, si fa vedere una poetica pre- e una post-manicomiale. Nel presente testo, a partire dalla lettura della fortuna critica della scrittrice e di poesie di prima e dopo il manicomio, si cerca di investigare questa divisione tramite la lettura di alcune poesie scelte dalla prima edizione de La Terra Santa (1984), considerata l’opera più importante di questo periodo (CORTI, 1998). Con questo, si intende un percorso nel quale l’analisi di elementi estetici e poetici enfatizzi e favorisca lo spostamento del verso sulla pagina

    Reflexões a respeito do ensino-aprendizagem de LE em uma turma da terceira idade: memória e migração na literatura afro-italiana e brasileira

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    Insegnare LS in Brasile oggi è una sfida, ma anche un’esperienza peculiare. Iniziativa come quella tenuta nel Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), dell’Università Federal de Santa Catarina (UFSC), legata allo stage supervisionato del corso di Lettere Italiano, aveva come obiettivo principale l’insegnamento dell’italiano attraverso temi sensibili e impegnati, mirando al benessere e alla partecipazione attiva degli anziani (BELLA, 2008). Pensare l’anziano come qualcuno che continua a svilupparsi e che è in grado di imparare ed espandere l’universo stesso dalla lettura come un piacere (BALBONI, 1994) è stato anche uno degli obiettivi e la motivazione dello stage. Abbiamo cercato di portare alla luce questioni socialmente rilevanti che avrebbero stimolato uno sguardo più sensibile e plurale sulla letteratura. In particolare, con La mia casa è Dove sono (2010), di Igiaba Scego, sono state proposte discussioni sul tema della memoria, dell’immigrazione e del riconoscimento delle tematiche interculturali (MENDES, 2015). Ciò ha permesso un dialogo in cui le tensioni della vita quotidiana brasiliana potevano essere affrontate a partire dal (con)testo italiano. In questo saggio, intendiamo riflettere sui temi che sono emersi e chesono stati promossi da questa esperienza di stage, su come i temi proposti sono stati ricevuti dal gruppo, e su come l’insegnamento della lingua ha presentato una certa emancipazione, rottura di stereotipi e pregiudizi rivisti.Ensinar LE no Brasil, hoje, é desafiador, mas também peculiar. Iniciativa como a realizada no Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), vinculada ao estágio supervisionado do curso de Letras Italiano, teve como objetivo o ensino do italiano com temáticas sensíveis e engajadas, visando ao bem-estar e à participação ativa da pessoa idosa (BELLA, 2008). Pensar a pessoa idosa como alguém que continua se desenvolvendo e que é capaz de aprender e expandir o próprio universo a partir da leitura como um prazer (BALBONI, 1994) foi também um dos objetivos e motivação do estágio. Procurou-se trazer para o debate questões socialmente relevantes que estimulassem um olhar sensibilizado e plural a partir da literatura. Em particular, com La mia casa è dove sono (2010), de Igiaba Scego, propuseram-se discussões que abordassem o tema da memória, da imigração e do reconhecimento de questões interculturais (MENDES, 2015). Isso permitiu um diálogo em que tensões do cotidiano brasileiro puderam ser encaradas a partir do (con)texto italiano. Neste artigo, pretende-se refletir sobre as questões que surgiram e que foram promovidas por essa experiência de estágio, sobre como as temáticas propostas foram recebidas pelo grupo, e sobre como o ensino de língua apresentou certa emancipatoriedade, quebra de estereótipos e revisão de (pre)conceitos.Teaching a FL in Brazil, nowadays, is a challenge, but it’s also very peculiar. Initiatives such as the one that took place in Núcleo de Estudos da Terceira Idade (NETI), in the University Federal de Santa Catarina (UFSC), linked to the supervised internship in Letras Italiano, aimed to teach Italian through sensitiveand socially committed subjects, aspiring to promote the elderly’s wellness and active participation (BELLA, 2008). Among the internship’s motivations andgoals was the consideration that these people continue to develop and are capable of learning and expanding their own worlds by reading for pleasure (BALBONI, 1994). We tried to bear out discussions from literary texts that brought to light socially relevant themes encouraging a sensible and plural view. Particularly, discussions were proposed based on La mia casa è dove sono (2010), by IgiabaScego, aiming to address themes such as memory, migration and acknowledgment of intercultural questions (MENDES, 2015). Thus, it became possible to create a dialogue in which from Brazilian daily tensions were seen from the point of view of the Italian (con)text. In this article, we intend to reflect on the issues that arose and that were promoted by this internship experience, on how the proposedthemes were received by the group, and on how language teaching presented a certain emancipation, breaking stereotypes and reviewing (pre)concepts

    Umberto Fiori: um primeiro olhar

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    Ex- participante da clássica banda de rock italiano Stormy Six, Umberto Fiori conta com cerca de dez livros publicados na Itália desde seu lançamento literário, em 1986, com a obra Case (San Marco dei Giustiani). A partir de então, o poeta tem sido publicado principalmente pela Marcos y Marcos e lançou as seguintes coletâneas de poesia: Esempi (1992, 2004), Chiarimenti (1995), Parlare al Muro (1996), Tutti (1998), La Bella Vista (2002), Voi (Mondadori, 2009). Além das obras poéticas, o milanês publicou ainda um breve romance, La Vera Storia de Boy Bantàm (Feltrinelli, 2007), e uma coleção de ensaios sobre poesia, La Poesia È un Fischio (Marcos y Marcos, 2007). Em 2014, a Mondadori publicou Poesie, título que reúne em 272 páginas toda a produção poética de Fiori até então

    Antonio Tabucchi: uma aventura portuguesa

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    Requiem, uma alucinação é um pequeno romance escrito em português pelo italiano Antonio Tabucchi (Vecchiano, 1943 - Lisboa, 2012). "Isso é uma aventura portuguesa" nos adverte o protagonista pouco depois de mencionar O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. Nas notas, Tabucchi nos explica sua questão linguística: no sonho que realmente tivera e lhe inspirara a escrever esse livro, o pai lhe pergunta em português "quantas letras tem o alfabeto latino?", ainda que, ao longo da conversa, ele tenha percebido, sentido, a música rústica do toscano, como nos explica também nas notas. A questão linguística, então, era esta: qual a língua natural para essa narrativa, o português ou o italiano? "Tinha à minha frente folhas cheias de riscos e de palavras: um texto penoso, de escrita desajeitada e artificial. Pareceu-me ter cometido, com as minhas boas intenções, um ato quase perverso: viera até mim uma voz numa dada língua e eu travestira-a" (p. 120). Assim nasceu esse livro em português: de uma tentativa de recriar um sonho, de extendê-lo e nele encontrar reflexões, e não necessariamente explicações

    Ler os relatos de Alda Merini em tempos de isolamento

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    Neste período de isolamento social que estamos vivendo em razão da pandemia global de CoVid-19, nos vemos numa situação de confronto: com os espaços que habitamos e aqueles que deixamos de frequentar, com nós mesmos, com o outro. Isto é, com aquilo que é interno, mas também com as relações com o fora. Ler Alda Merini (1931-2009), poeta italiana que marca toda uma geração, nesse cenário pode nos aproximar da experiência de solidão e deslocamento que a poeta relata em seus versos e em sua prosa. Talvez essa afirmação soe um tanto exagerada, visto que o evento crucial da vida de Merini foi a experiência-limite do internamento manicomial, que durou cerca de vinte anos, entre idas e vindas; enquanto nós temos experienciado o confinamento e suas consequências imediatas há alguns meses. Mas a aproximação a essa leitura pode se dar como um modo para refletirmos sobre algumas questões que podem ou não ter surgido com mais intensidade nesse período que, pelo menos para algumas pessoas, pode ter servido como propulsão para se olhar, se enxergar, enfim, repensar a vida que levamos, ou levávamos, com questionamentos como: Quem sou eu? Quem és tu? O que há entre nós, ao nosso redor? O que isso nos diz? Que relato podemos fazer disso, para quem e por quê

    Giorgio Caproni: duas publicações

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    Giorgio Caproni (Livorno, 1912 - Roma, 1990) apresenta uma poética de linguagem acessível, mas bastante trabalhada, o que resulta em uma musicalidade capaz de evocar sensações várias no leitor. Um aspecto presente já na sua primeira publicação (Come un'allegoria, Emiliano degli Orfini, 1936) está nos termos que solicitam os cinco sentidos do leitor, e é através deles que o "genovês de Livorno" trabalha temas como a guerra e a memória, principalmente nas publicações que precedem Il Muro della Terra (Garzanti, 1975), livro que marca a dita "terceira fase" da poética caproniana. O poeta aborda, de maneiras diversas, principalmente três cidades: Livorno (onde nasceu), Gênova (onde "se fez homem", como o próprio Caproni coloca) e Roma (onde passou a maior parte da vida adulta, depois da Segunda Guerra Mundial). A relação que ele traça com cada uma é feita de subjetividades que são mais facilmente entendidas quando se conhece a história de vida do autor, por exemplo, seu "livro vermelho" (Cronistoria, Vallechi, 1943) apresenta sua trajetória pela Itália enquanto serviu durante a Segunda Guerra, mencionando frequentemente as cidades por onde passou com o pelotão, já seus "versos livorneses" (Il Seme del Piangere, Garzanti, 1959) versam sobre sua infância em Livorno e criam uma personagem baseada na história da mãe do poeta, Anna Picchi. Profissionalmente, também contribuía para os principais jornais italianos, compunha escritos críticos, traduzia autores franceses (como Proust, Char, Apollinaire e Frenaud) e era professor de aritmética na escola básica

    Amizades Literárias: Giorgio Caproni e a poesia italiana contemporânea

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    Ao falarmos da poesia moderna italiana, é inevitável tangenciar a produção de Giuseppe Ungaretti (1888 - 1970) e Eugenio Montale (1896 - 1961), autores de estilos distintos e, talvez por isso mesmo, tão importantes para a formação das gerações da cena literária italiana que se seguiram. Entre os grandes nomes da poesia que leram e releram a força estilística ungarettiana e montaliana, está o de Giorgio Caproni, autor cuja poética é foco de minha pesquisa*

    Ecos do manicômio num poema de Alda Merini

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    Alda Merini (1931 - 2009) foi uma poeta italiana cuja história de vida é marcada por uma particularidade: o internamento manicomial. De família pobre e com educação formal restrita em razão da Segunda Guerra Mundial, a poeta desenvolveu sua relação com a escrita de maneira muito íntima e precoce. Assim, se insere na cena cultural milanesa já na adolescência e traça relações de amizade (e não só) com nomes importantes para a literatura italiana da segunda metade do século XX, como Giacinto Spagnoletti e Giorgio Manganelli
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