Giorgio Caproni (Livorno, 1912 - Roma, 1990) apresenta uma poética de linguagem acessível, mas bastante trabalhada, o que resulta em uma musicalidade capaz de evocar sensações várias no leitor. Um aspecto presente já na sua primeira publicação (Come un'allegoria, Emiliano degli Orfini, 1936) está nos termos que solicitam os cinco sentidos do leitor, e é através deles que o "genovês de Livorno" trabalha temas como a guerra e a memória, principalmente nas publicações que precedem Il Muro della Terra (Garzanti, 1975), livro que marca a dita "terceira fase" da poética caproniana. O poeta aborda, de maneiras diversas, principalmente três cidades: Livorno (onde nasceu), Gênova (onde "se fez homem", como o próprio Caproni coloca) e Roma (onde passou a maior parte da vida adulta, depois da Segunda Guerra Mundial). A relação que ele traça com cada uma é feita de subjetividades que são mais facilmente entendidas quando se conhece a história de vida do autor, por exemplo, seu "livro vermelho" (Cronistoria, Vallechi, 1943) apresenta sua trajetória pela Itália enquanto serviu durante a Segunda Guerra, mencionando frequentemente as cidades por onde passou com o pelotão, já seus "versos livorneses" (Il Seme del Piangere, Garzanti, 1959) versam sobre sua infância em Livorno e criam uma personagem baseada na história da mãe do poeta, Anna Picchi. Profissionalmente, também contribuía para os principais jornais italianos, compunha escritos críticos, traduzia autores franceses (como Proust, Char, Apollinaire e Frenaud) e era professor de aritmética na escola básica