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Entre 2006 e 2011 Francisco Providência teve presença diária na secção de opinião do Jornal de Notícias, ilustrando os textos dos seus convidados.
Essas ilustrações, realizadas no limite da escassez de meios a esferográfica sobre papel A4, eram produzidas sob a tensão da corrida contra o tempo, muitas vezes em breves minutos e posteriormente enviadas por fax, para a redação.
As ilustrações que se reproduzem, infelizmente desvinculadas dos textos que lhes deram origem, são resultado desse exercício limite que atacava o autor ao final de cada dia, qualquer que fosse o lugar em que se encontrava.publishe
Ergonomia social
A aplicação da ergonomia à escala da sociedade, confronta-nos necessariamente com uma dimensão económica, social e política de compreensão do artificial. No seu todo, a biotécnica das relações entre o homem e a
máquina, entre o homem, a produção e o consumo, visando a segurança,
a eficiência e, consequentemente, a perpetuação da vida humana, implicam o redesenho da sociedade.
A Ergonomia social, nas sociedades neoliberais e democráticas, vive
um paradoxo entre o desejo, a necessidade de consumo e a insustentabilidade do sistema vigente. Autores como Ezio Manzini, ou Alastair
Fuad-Luke têm vindo a investigar alternativas de organização social,
orientados para a mudança de uma mentalidade (mais solidária, coletiva
e responsável). O design, nestes casos, é usado para a representação de
procedimentos, serviços, ou para a motivação da coesão social.
Reconhecemos nestas iniciativas uma espécie de engenharia orientada para a inovação social (engenharia social) e o desejo político da sua
disseminação global. Na componente “nomia” a que se associou “ergo”,
identifica-se um traço normativo, de regra, a que o funcionalismo do design sempre aspirou. No frágil equilíbrio democrático, é a regra do grupo que se opõe à liberdade dos indivíduos. No entanto, a especificidade
exclusiva das comunidades sociais alternativas ao sistema (sementes de
uma nova ordem social), não constituem se não um ensaio de complementaridade, já que sobrevivem partilhando os benefícios do sistema
que contestam.
A compreensão do tema “ergonomia social” no contexto da situação
portuguesa contemporânea (e talvez de toda a Europa), não contestando
o princípio de consumir menos para viver melhor defendido por Manzini,
radica na concertação dos interesses produtivo, científico e social de uma
terceira revolução industrial, capaz de assegurar, pela exportação de bens
transacionáveis, as condições de sustentabilidade social e económica de
um país pequeno e externamente financiado para consumir mais do que
aquilo que produz.publishe
Poeta, ou aquele que faz: a poética como inovação em design
Doutoramento em DesignCom o objectivo de cumprir com as normas legais em vigor na
Universidade de Aveiro conducentes ao reconhecimento do grau
de Doutor em Design por avaliação da obra realizada, o presente
relatório descreve os objectivos e procedimentos metodológicos,
demonstrando o argumento da inovação no conjunto compilado
das 100 obras seleccionadas entre os projectos de design
realizados no período dos últimos dez anos de actividade
profissional do candidato.
Para além do enunciado em conformidade com os pressupostos
legais, e porque a obra desenvolvida decorre de um contínuo
processo de reflexão sobre a própria prática, entende o candidato
oportuna a apresentação de um conjunto de textos realizados
no mesmo período e que conformarão assim, uma cosmologia
teórica própria, sobre a história e teoria do design que contribuirá
para o melhor esclarecimento em contexto, das intenções éticas e
estéticas dessa obra.
O conjunto de contributos de reflexão teórica, que aqui se
encontram revelam uma continuidade (maculada pela experiência
existencial), que atribui à prática um desempenho quase sempre
contaminado pelo corpo de afectos do seu agente, que assim dá origem ao género criativo (poietico) autobiográfico, fundado na
metodologia fenomenológica (revelando a ciência do design nos
seus próprios procedimentos, “voltando às próprias coisas”).
Ao reflectir sobre a prática de projecto enquanto definição
disciplinar de Design, verificou-se urgente o esclarecimento
ontológico da disciplina, assim procurando perscrutar a definição
do que seja, para compreender melhor de que forma lhe pudesse
servir os seus interesses bioculturais, numa perspectiva
metaprojectual, social, política e estética.
O Design, enquanto disciplina da con-formação (da atribuição de
forma às coisas), é também o lugar da atribuição de sentido,
elevando-as à condição de seres idealizados _ formas são ideias,
ainda que imperfeitamente desenhadas (Platão).
Neste pressuposto parece inevitável a aproximação da prática
projectual do design ao exercício da filosofia, já que a filosofia
serve, sobretudo, para inventar conceitos operativos,
funcionalizando a mudança (Deleuze).
No entanto, o que se encontra neste registo não é uma produção
prática que ilustra a jusante uma intencionalidade teórica
motivadora mas, bem pelo contrário, uma teorização que anda
a zorro da prática da vida, procurando perceber o que parecia
inconscientemente suspeitar, confirmando-o.
O conjunto de temas teoricamente tratados, constituem
aproximações naturalistas por tentativa e erro, que se repetem
no tempo em torno de palavras chave como poética, criação,
criatividade, tecnologia, artesanato, ontologia, disciplina,
desenho, desejo-desenho-desígnio, engenharia-arte-gestão,
design, projecto, humano, humanização, diferença, dispositivo,
ética, estética, domínio, submissão, zen. Muitos destes temas
foram apropriados recorrendo a um conjunto muito diverso
e heterogéneo de autores. Aqui misturam-se os filósofos
universalmente consagrados, com outros pensadores do Design
(Adorno, Aristóteles, Badiou, Di Bártolo, Branco, Brusatin, Calvera,
Deleuze, Descartes, Doberti, Espinosa, Flusser, Heidegger, Leiro,
Maldonado, Munari, Platão, Pombo, Séneca, Simon, Zizek, e
Zumthor), aos quais se associa uma terceira vaga de colegas
menos conhecidos, estudantes e investigadores, respigados no
grande acaso da web.
Na sua assistemática forma de abordagem teórica (Flusser), a
teoria não é aqui convocada como janela modernista, abrindo-se sem limites sobre a paisagem organizada, mas como
múltiplas aberturas determinadas pela urgência da necessidade,
conformando uma arquitectura orgânica e espontânea, do
vernacular dirigido por pontos de vista pertinentes e dispersos,
produzindo uma visão caleidoscópica, múltipla, cubista, mas
sincronicamente orientada sobre o objecto que, tendo vida
própria, não pára para posar
Reinterpretar os valores da tradição do território do Minho: o artesanato como chave de leitura
To propose new experiences through design - as a communication interface between past and future - is to propose new products that are not only seen as experiences’ mediators, but are especially capable of promoting quality of life, fostering more intense experiences of places, acting as emotional relationships with the space through the indexing of the body, and anxious to resolve concerns of a symbolic nature. Minhoto’s craftsmanship positions itself as key for the interpretation of this vision; the material heritage that carries through its stories the immateriality, the relationship of civilization with the material world that naturally translates a collective value represented in memory and tradition. The closeness of these two variables - crafts and design - reflects a challenge to design’s disciplinary skills, a role recognized as crucial in the alter-globalization - “a globalization based on people” (Gebre, in Santos, 2003) - through its ability, demonstrated over time, to link citizens with the places we deem vital to the local cultural identities. Design as a discipline with an inclination for transdisciplinarity and for managing complexity, through its many possible languages, incorporating metaphors as representations for the experience, has the ambition of giving visibility to the values of the territory, through knowledge, which is synthesis of representations (Deleuze, 1994), reverting or adding to its value, that is, making it present by reinterpreting the craftsmanship. Key words: craftsmanship, design, experience, territory.Propor novas experiências pelo design – como interface comunicação entre o passado e o futuro – passa por propor novos produtos, que não são só entendidos como mediadores das experiências, mas que são sobretudo capazes de fomentar a qualidade de vida, potenciando vivências mais intensas dos lugares, actuando como relações afectivas com o espaço através da indexação do corpo, e ambicionando resolver inquietações de natureza simbólica. O artesanato minhoto, coloca-se como um elemento que posiciona uma chave de leitura a esta visão; património material que transporta através das suas histórias a imaterialidade, a relação da civilização com o mundo material que naturalmente traduz um valor colectivo traduzido em memória e tradição. O aproximar destas duas variáveis – artesanato e design - traduz um desafio às competências disciplinares do próprio design; um papel considerado fundamental numa reconhecida alter-globalização – “uma globalização baseada nas pessoas” (Gebre, in Santos, 2003) – através da sua capacidade, demonstrada ao longo dos tempos, de relacionar os cidadãos com os lugares, que julgamos fundamental às identidades culturais locais. O design como disciplina com apetência transdisciplinar e de gestor da complexidade, através das suas linguagens, incorporando metáforas como representações para a experiência, terá a ambição de dar visibilidade aos valores do território, a partir do conhecimento, que é síntese de representações (Deleuze, 1994), devolvendo-lhe ou acrescentando-lhe valor, isto é, tornando-o presente, pela reinterpretação do artesanato. Palavras-chave: artesanato, design, experiência, território
Inês Ferreira - Criatividade nos Museus: Espaços “Entre” e Elementos de Mediação
Vejo o museu como um lugar de reflexão e de encontro connosco próprios e com o mundo (p. 407) Da educação à criatividade A publicação Criatividade nos Museus, Espaços “Entre” e Elementos de Mediação (2016) resulta da investigação de doutoramento de Inês Ferreira (sob orientação de Alice Semedo e de Elisa Nascimento), que se caracteriza, antes de mais, por um generoso e exigente tratamento, sistematização e recolha de informação junto de um vasto conjunto de autores contemporâneos, desenvolven..
Dreamed gestures: a case of architectural design communication through drawing
Here, we aim to discuss that which generally refers to the contribution of drawing in the understanding of the design project, and particularly in relation to its communication in architecture. From a heuristic perspective, it is accepted that drawing recreates ‘ways of seeing’ which facilitate the project. Through its functions in supporting and stimulating the idea, throughout the project, drawing contributes to the idea’s development in accordance with the stratified process of design.
We present a case study of project communication by considering drawings by the architect Rui Pacheco (1929 - ) which were created in response to a commission from renowned Portuguese architects in the second half of the twentieth century, in order to provide a three-dimensional prediction and to commercially communicate architectural projects among promoters.
Anticipating three-dimensional modelling with digital technology, Rui Pacheco constructed images through a complex methodological process which departed from the two-dimensional representation of the project, in favour of a three-dimensional model which would serve as a blueprint for the new two-dimensional images – such as with European painting in the seventeenth century.
In this case, the representation exceeds the functional consideration of the project, in that the modes involved in the drawing participated in the idealization of the heterotopic representation, steering the perception constructed by the public, users or by the designers themselves.
Through this research, we aim to contribute to critical debate and to the multidisciplinary nature of drawing, design and architecture, intersecting the practice of drawing with the project, so as to encourage an understanding of the interdisciplinary potential in generating new ideas and solutions which the project seeks to address.Aquilo que nos propomos discutir refere genericamente a contribuição do desenho para a compreensão do projecto e, particularmente para a sua comunicação em arquitectura. Do ponto de vista heurístico é aceite que o desenho recria modos de ver que são dinamizadores do projecto. Funcionando como sustentação e impulsionador da ideia, o desenho vai, ao longo do projecto, contribuindo para o seu desenvolvimento e conformação no estratificado processo projectual.
Apresentamos um caso de estudo de comunicação do projecto através da consideração de desenhos do arq. Rui Pacheco (1929-), realizados, por encomenda de conceituados arquitectos portugueses, na segunda metade do séc. XX, com o objectivo de antever tridimensionalmente e comunicar comercialmente os projectos junto dos seus promotores. Antecipando a actual tecnologia digital de modelação tridimensional naturalista, as imagens de Rui Pacheco foram construídas por um processo metodológico complexo que parte da representação bidimensional do projecto, para a sua maqueta tridimensional, que servirá de modelo á produção bidimensional da novas imagens — á semelhança da pintura europeia no séc. XVII.
Neste caso, a representação extravasa a consideração funcional do projecto, na medida em que os modos do desenho intervém na idealização heterotrópica de representação, condicionando a percepção construída pelos públicos, usuários ou dos próprios projectistas.
Com esta proposta procuramos contribuir para o debate crítico e multidisciplinar das disciplinas de desenho, do design e da arquitectura, cruzando a sua prática com a do projecto, de modo a estimular a compreensão do potencial interdisciplinar na geração de novas ideias e soluções a que o projecto procura dar resposta
Being and Nature. The Aesthetic Ecocentrism
This article aims to understand how design aesthetics can actively contribute to a more sustainable and resilient society.
The methodology uses a tripartite analysis: literature review, case studies, and analysis of historical context.
The literature review was supported by an analysis of the philosophy of aesthetics and sustainability, case studies through examples of the ideals of ecocentric aesthetics and historical research as an ethnographic observation of the emergence of activism and its socio-artistic repercussions.
Ecocentric aesthetics is based on constructing an aesthetic language through sustainability, using “ugliness” to overcome social alienation by identifying beauty as the aesthetics of reception (mercantile pressure).
Propose through formal innovation, an activist role escaping the social functionalization of hyper-industrially, promoting a more conscious and accessible society, and a new language and knowledge that promotes resilience and preservation of life
Ethnographic Study: Finger Food Systems, Contribution to a Project Program in Food Design
This study consists of an ethnographic survey of 50 forms of finger food found by the author on the four continents of America, Europe, Africa and Asia, involving around 20 countries, presented under four morphological typologies wrapped, agglutinated, laminated and contained – and five construction systems – plate, oven, steam, water and bain-marie. The raw materials used in the collection are cereals (68%), pulses (16%), tubers (10%) and seaweed/leaves (6%). The literature review identifies exceptional qualities of combining whole grains with pulses as a dietary contribution to reducing obesity and improving public health. The results of this research will contribute to the author’s PhD thesis: design of plant-based mobile finger food, mitigating the hegemony of wheat
Design Ecosystem in Portugal. Education, Research and Entrepreneurship
The article aims to frame the Design Ecosystem in Portugal, presenting data on education, research and employability in design, and identify possible causes for the still fragile connection between design and the industry. In Portugal, the extinction of the Portuguese Design Center, in 2013, exacerbates this lack of representation of design among companies, the public administration, and the general public, an space that is urgent to occupy. Oriented to observe, discuss, and think about the schools and research in design in the context of the national ecosystem, the REDE — Meeting of Design Schools presents itself as a sharing space for designing the future of Design Schools. The REDE started as an initiative of the Design Observatory in Portugal project of the ID+ Research Institute for Design, Media and Culture that aims to collect and interpret data from the Portuguese Design ecosystem to promote knowledge and influence public policies
Drawing as metaphor for design: drawing as image – project as representation
Neste paper, a evocação do objecto e a sua experiência é considerada através da análise do desenho como função disciplinadora do projecto.
Partimos do argumento de que o desenho é a linguagem visual que imagina, analisa e torna visível a materialidade do projecto. O desenho enquanto função que materializa o projecto, na condição de existência para... é, neste caso, mediador da representação (expressão técnica), acto de classificação que discrimina e influencia o projecto (programa) e marca interpretativa da imaginação (autoria).
O tema que nos propomos desenvolver considera o desenho como um conjunto de imagens que enquanto linguagem configura a realidade projectual. Abordaremos a questão do conhecimento pelo desenho por via da sua prática no projecto.
Neste caso, o desenho é instrumento que veicula e interpreta uma determinada expressão cultural que transferida para o projecto faz com que este adquira um registo simbólico específico.
Partimos da hipótese de que a pratica do desenho no âmbito do projecto de design é diferenciadora do resultado projectual conferindo identidade própria ao objecto. Procuramos justificar a hipótese através da importância do desenho como linguagem visual que deriva, na contingência da sua interpretação ocidental, do campo artístico. Ou seja, atribuindo ao desenho a capacidade de ser interprete crítico do projecto. O nosso contexto de interpretação aborda a prática de designers portugueses com obra reconhecida institucionalmente nacional e internacionalmente. O material – desenhos – analisado decorre da investigação em curso, no âmbito de estudos de doutoramento, acerca da proximidade e influência do desenho na prática do projecto de Design.
Procurar-se-á verificar o modo de utilização do desenho através da sua autoria na tentativa de contribuir para o conhecimento do design através de três vectores: 1. no seu modo autoral e imagético, 2. no seu modo tecnológico e classificatório, 3. no seu modo programático e representativo.
Conclusivamente, propomos o desenho como uma linguagem de múltiplas percepções, possivelmente fragmentadas, fissuradas, desencontradas, possivelmente, trans-figuradas em metalinguagem do projecto.In this paper, the object’s evocation and experience is considered by examining drawing as project’s disciplinarian function.
We depart from the argument that drawing is the visual language that imagines, examines and makes the project’s materiality visible. Drawing as function to materialize the project, in the condition of existing towards... is, in this case, mediator for representation (technical expression), the act of classification that discriminates and influences the project (program) and interpretative mark of imagination (authorship).
The theme we intend to develop considers drawing as a set of images that as a language configures projectual reality. We will address the issue of knowledge through drawing by means of its practice in the project.
In this case, drawing is an instrument that carries and interprets a particular cultural expression, transferring it onto the project causing it to acquire a specific symbolic register.
We depart from the hypothesis that drawing practices in the scope of design project differentiate the projectual result, conferring the object its singular identity. We seek to justify the hypothesis through the importance of drawing as visual language deriving from the artistic field, within the contingent Western interpretation. That is, awarding drawing the ability to be the project’s critical interpreter. Our interpretation context addresses the practice of Portuguese designers whose work is institutionally recognized in Portugal and abroad. The analyzed material - drawings - results from the ongoing doctoral research on the proximity and influence of drawing on Design Project practice.
The purpose is to verify the terms of use of drawing through authorship, aiming at contributing towards design knowledge through three vectors: 1. the imagetic and authorship approach, 2. technology and classification approach, 3. representative and programmatic approach.
To conclude, we propose drawing as language for multiple perceptions, possibly fragmented, fissured, disjointed, and possibly trans-figured into project’s metalanguage
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