64 research outputs found

    A criança e a prosódia: uma retrospectiva e novos desenvolvimentos

    Get PDF
    This is a retrospective of my former work on the acquisition of prosody and specifically the role of the double face of prosody in acquisition is revisited. Also revisited are the notions of discontinuity and continuity by Jakobson and their insuing misinterpretations in the literature in further work on aphasia and phonology acquisition. Finally an approximation of the concepts of continuity/discontinuity and double face of prosody with “double vocation” by Didier-Weill is proposed

    Aquisição, afasia e a hierarquia prosódica

    Get PDF
    Studies on language acquisition have shown that the child exhibits a top-down trajectory in the acquisition of the prosodic hierarchy, starting with the organisation of the upper (intonational) prosodic levels. Rhythmic readjustments and postlexical secondary stress are later acquisitions. Prosodic disturbances of aphasia and dysarthria have been connected to the question of brain-damage lateralisation and linguistic processing. Subjects damaged in their right hemisphere are said to be dysprosodic; they produce few Fo variations, Fo flattenning, slow tempo. Prosody is said to be reasonably preserved in Broca´s subjects and well preserved in fluent (Wernicke) aphasia subjects. A comparative study was carried out with two subjects, one aphasic and one dysarthric. Some prosodic difficulties were observed in the speech of fluent aphasic subjects, related to the prosodic hierarchy, to the metrical grid and to syllable structure, respectively. On the other hand, the correct placement of pauses in the frontiers of upper domains of the dysarthric subject shows preservation of the prosodic hierarchy. Pitch-direction is also preserved, with short pitch-range. In both cases, the upper domains of the prosodic hierarchy are preserved

    Dificuldades prosódicas em sujeitos cérebro-lesados

    Get PDF
    Os distúrbios prosódicos da afasia e disartria, na literatura daárea, têm sido vinculados à questão da lateralização da lesão e, conseqüentemente,do processamento lingüístico: a prosódia "lingüística" seria processadano hemisfério esquerdo e a "afetiva" processar-se-ia no hemisfériodireito. Sujeitos lesados no hemisfério direito nâo produziriam satisfatoriamentea chamada de "prosódia afetiva": apresentam poucas variações de F0, achatamento na tessitura, fala lentificada. Já afásicos lesados no hemisférioesquerdo teriam dificuldade de processar a prosódia responsável pela estruturaçãointerna das sentenças. Porém, contra-evidências a hipóteses de lateralizaçãohemisférica, mostradas por estudos de distúrbios prosódicosdecorrentes de lesões cerebrais diversas, bem como a contribuição de teoriasprosódicas recentes têm mostrado que esta divisão estrita deve ser revista.Um estudo comparativo realizado com dois sujeitos, um afásico e um disártrico,mostra que o conceito de prosódia usado na literatura é inadequado.Mostra também que os domínios prosódicos superiores da hierarquia prosódicaencontram-se preservados, em graus variados, tanto em afásicos (lesãoesquerda) quanto em disártricos (lesão frontal ou direita)

    Singularidade nas manifestações de falas gagas

    Get PDF
    A heterogeneidade e imprevisibilidade dos sinais linguísticos presentes em uma fala gaga fazem, de cada manifestação de fala, um acontecimento singular, mas são frequentemente desconsideradas em nome da necessidade de um diagnóstico clínico. Da heterogeneidade, depreende-se a singularidade dos sinais linguísticos que caracterizam essa gagueira e, da imprevisibilidade, descarta-se qualquer possibilidade de controle. Cremos que essas premissas devem estar na base do trabalho de compreensão da gagueira e do início de um diagnóstico em clínica: analisando, interpretando e compreendendo o fenômeno linguístico que faz com que aquela fala seja estranha, incomode ao falante e ao interlocutor. Os dados de dois sujeitos gagos, numa situação de conversa espontânea, foram analisados com relação às manifestações linguísticas de repetições, bloqueios, sons como implosiva dental, clique bilabial, que afetam o contínuo/descontínuo e potencialmente abalam as estuturas métricas da língua. Concluímos que há semelhanças nas falas analisadas quanto à presença de sons estranhos ao sistema fonológico da língua, de unidades repetidas, prolongadas, pausas que se inserem em lugares inesperados, e, sobretudo, à coocorrência de episódios gaguejantes e não gaguejantes no mesmo acontecimento de fala, à heterogeneidade e imprevisibilidade dos sinais linguísticos, que dizem da relação não estável do sujeito com a própria língua. São dessemelhantes pelo fato de que, comparando-se os sujeitos, as marcas linguísticas efetivamente realizadas diferem entre os sujeitos

    A estrutura prosódica das disfluências em português brasileiro

    Get PDF
    Este artigo trata de buscar as tendências de ocorrência de disfluências (repetições hesitativas e alongamentos vocálicos não-enfáticos) no interior dos domínios prosódicos do enunciado. Usando modelos de Fonologias Prosódica e Entoacional, aplicado a um corpus de um trecho de fala espontânea, verifica-se: (i) que as repetições e alongamentos hesitativos se dão com maior frequência com clíticos prosódicos; (ii) que repetições hesitativas não envolve cabeça de frase fonológica de frase entoacional e, se a repetição hesitativa envolve a palavra fonológica, esta é sempre não cabeça de frase fonológica ou frase entoacional; (iii) que há abaixamento de tessitura do contorno entoacional dos trechos com repetições hesitativas, fenômeno já notado por Viscardi (2012); e (iv) que depois das repetições hesitativas, é grande a incidência de atribuição de configuração tonal de foco encontrada em português brasileiro (H*+L ou L*+H L-). Trechos hesitativos, considerados na literatura como marcas de “disfluência”, fazem parte da dinâmica da fala e da elaboração do texto oral. Se, por um lado, sua ocorrência é imprevisível no discurso (embora cíclica), quando ocorrem, não são aleatórios prosodicamente

    Habla disfluente y adquisición. Los datos de V.

    Get PDF
    Este artigo propõe analisar dados de difluência de um sujeito, V, entre 2 e 3 anos de idade, para verificar a hipótese de que trechos disfluentes do enunciado não são aleatórios do ponto de vista prosódico, nem avessos à dinâmica própria da fala espontânea. Dados de reanálise morfológica, de pequenas pausas em falsos começos e declinação de F0 também foram observados e comparados com os de amostras da fala adulta. Os resultados mostram  os trechos disfluentes tendem a ocorrer fora das sílabas portadoras de acento frasal. A fala da criança não exibe a mesma declinação de F0 em sucessivas repetições e no uso de sons e sílabas preenchedoras. A conclusão é que as disfluências infantis mostram a aquisição da estrutura prosódica do enunciado, numa fase de maior complexidade sintagmática e maior demanda enunciativa-discursiva na fala da criança. Recomendamos que o conceito de gagueira fisiológica seja melhor dimensionado.This article proposes to analyze some disfluence data of a subject, V, between 2 and 3 years of age, to verify the hypothesis that disfluent parts of the statement are not random from the prosodic point of view, nor are they opposed to the speech dynamics. Morphological reanalysis data, short pauses in falso starts and declination of F0 were also observed and compared with those of adult speech samples. The results show that the disfluent stretches of utterances tend to occur outside the syllables with phrasal accent. The child's speech does not exhibit F0 declination in successive repetitions and resorts to the use of filling sounds and syllables. The conclusion is that childhood disfluencies attest to the acquisition of the prosodic structure of the utterance, in a phase of greater syntagmatic complexity and greater enunciative-discursive demand in the child's speech. It is recommended that the concept of physiological stuttering be better understood.Este artículo propone analizar los datos de difluencia de un sujeto, V, entre 2 y 3 años de edad, para verificar la hipótesis de que las partes disfluentes del enunciado no son aleatorias desde el punto de vista prosódico, ni son adversas a la dinámica del habla. También se observaron datos de reanálisis morfológico, pausas breves en los inicios intermitentes y declinación de F0 y se compararon con los de muestras de habla de adultos. Los resultados muestran que las secuencias disfluentes tienden a ocurrir fuera de las sílabas con acento de frase. El habla del niño exhibe varias diferencias en la declinación de F0 en las repeticiones sucesivas y en el uso de los sonidos de relleno y las sílabas. La conclusión es que las disfluencias infantiles muestran la adquisición de la estructura prosódica del enunciado, en una fase de mayor complejidad sintagmática y mayor exigencia enunciativo-discursiva en el habla del niño. Se recomienda dimensionar mejor el concepto de tartamudeo fisiológico

    Expressões negativas na fala de uma criança brasileira e uma criança francesa: estudo de casos

    Get PDF
    This work is a longitudinal study of two children, one Brazilian and the other French. It focuses on the development of the expressions of negation in their early speech. It aims at showing that, in the beginning, gesture and vocalization are indissociable and they are provided with meaning through the other’s interpretation. We call those expressions “protonegation”. The functions of the first negative particles uttered by the children are based on the socio-pragmatic classification system of negation developed by Beaupoil-Hourdel (2013). The following categories are considered: rejection/ refusal; failed expectations; absence/ disappearance; prohibition/command; opposition/correction; negative pleading; epistemic negation; functional negation. The results show that rejection/ refusal was the first function to emerge in the speech of both children whereas absence/disappearance was rather late.. The progressive complexity of the negations may be dependent on, the introduction of personal pronouns in the child´s utterances, and on more syntactic and lexical complexity, independently of the target language. On the other hand, actions and vocalizations by the children contribute to the delimitation of a meaningful whole, even with a rather restricted lexicon.O trabalho é um estudo longitudinal de duas crianças, uma brasileira e uma francesa, e focaliza o desenvolvimento das expressões de negação na fala das duas. Objetiva mostrar que, no início, nas instâncias a que chamamos de “protonegações”, marcadas por gesto e vocalização, são indissociáveis e assumem sentido na interpretação do outro. As funções das primeiras partículas negativas produzidas pela criança foram construídas a partir do sistema de classificação sóciopragmática das negações desenvolvido por Beaupoil-Hourdel (2013). As seguintes categorias são consideradas: rejeição/recusa; expectativas insatisfeitas; ausência/desaparição; proibição/ comando; oposição/correção; rogativa negativa; negação epistêmica; negação funcional. Os resultados mostram que a rejeição/recusa é a primeira função a emergir na fala de ambas as crianças, ao passo que a ausência/desaparição é mais tardia. A complexificação progressiva das negações produzidas pelas duas crianças podem depender da inclusão de pronomes pessoais em seus enunciados, bem como da introdução de variações nas partículas negativas utilizadas. Por outro lado, ações e vocalizações infantis auxiliam na delimitação de um todo significativo, mesmo com um léxico bastante restrito

    Reflexões sobre características prosódicas do desenvolvimento da negação: estudo de casos de uma criança brasileira e uma criança francesa

    Get PDF
    O presente trabalho volta-se ao desenvolvimento da negação a partir do estudo de registros longitudinais da fala de uma criança brasileira em seu segundo ano de vida, em comparação a registros realizados com uma criança francesa durante o mesmo período. Para tanto, foram analisadas as produções infantis interpretadas pelos adultos como protestos, oposições e negações. Pesquisas sobre as produções infantis sublinham como bebês de apenas nove meses de idade são capazes de produzir características rítmicas e entonacionais de sua língua materna (KONOPCZYNSKI, 1990; 1991). No presente estudo, as características prosódicas das primeiras negações infantis são analisadas, com o objetivo de observar quais elementos prosódicos de sua língua estão presentes nestes primeiros enunciados. A partir desta linha de investigação, analisam-se registros videográficos realizados em contexto natural e cotidiano de interação entre a criança e seus pais . Os vídeos foram analisados a partir dos programas PHON e PRAAT. Observou-se o alinhamento entre os movimentos do contorno de Fº e a estrutura sintática das negações infantis, mais especificamente os marcadores de negação. Como conclusão, destaca-se o papel da prosódia no desenvolvimento da negação e na estruturação dos primeiros enunciados negativos

    Réflexions sur la multimodalité dans le développement de la négation : étude de cas d’un enfant brésilien et d’un enfant français

    Get PDF
    Cet article porte sur le développement de la négation à travers l’étude des données longitudinales d’un enfant brésilien et d’une enfant française, pendant leurs trente premiers mois. Les productions interprétées par les adultes comme des protestations, des oppositions, puis des négations ont été analysées avec les logiciels Phon, Praat et Elan. Au niveau gestuel, il est possible d’observer une spécialisation fonctionnelle, les enfants utilisant un geste avec la main bien à plat dans des contextes de rejet et un geste de pointage dans les situations d’interdiction. Au niveau prosodique, l’enfant brésilien commence à utiliser une courbe d’intonation spécifique qui spécifie la négation à partir de 14 mois. Les deux enfants utilisent donc des éléments prosodiques qui caractérisent la négation très tôt. La prosodie permettrait aux enfants d’exprimer leur opposition bien avant l’émergence des premiers marqueurs de négation et plus tard, d’intégrer ces marqueurs au sein d’unités linguistiques plus complexes. Nous concluons que l’utilisation d’un geste combiné aux éléments prosodiques fournit des ressources importantes aux enfants qui les utilisent dans la construction de la négation de manière multimodale.This article deals with the development of negation through the study of longitudinal data of one Brazilian and one French child during their first thirty months. Their productions interpreted as protests, oppositions and then, negations by the adults were analysed using the Phon, Praat and Elan software. Regarding the gestural productions, a functional specialization can be observed. Children use a flat-hand gesture in the contexts of rejection and a pointing gesture in situations of interdiction. Regarding the prosodic analysis, the Brazilian child starts to use a specific bell-shape intonation contour that conveys negation as of 14 months old. Both children seem to use prosodic elements that are characteristic of negation. Prosody allows children to express their opposition since well before the emergence of the first markers of negation and that, later on, it allows those markers to be integrated into more complex linguist units. We conclude that the use of gesture combined with prosodic elements provides the children with important resources that are used in the construction of negation in a multimodal manner

    Deslizamento funcional de marcadores discursivos e entoação em narrativas infantis

    Get PDF
    Este trabalho objetiva estudar a coesão entoacional e o deslocamento funcional do marcador discursivo “então” na fala da criança. Baseia-se em duas hipóteses conexas: (i) as primeiras manifestações de coesão textual nas protonarrativas infantis são de cunho prosódico, notadamente numa fase em que os sujeitos não produzem nem narrativas propriamente ditas, nem marcas formais consideradas na literatura como coesivas; e (ii) no processo de aquisição da linguagem, certos marcadores discursivos têm função diferente daquela usada pelo adulto e deslocam-se funcionalmente. Trata-se do estudo de caso da fala de uma criança, R., cujos dados recobrem a faixa etária de 1;64 a 2;6. Fora selecionados trechos da fala da criança em excertos interpretados como narrativa e a entoação foi analisada através do software PRAAT e com base nos pressupostos teóricos da Fonologia Entoacional (PIERREHUMBERT , 1980; BECKMAN; PIERREHUMBERT, 1986; LADD,1996). Os resultados indicam que marcas prosódicas imprimem coesão em sequências de fragmentos enunciativos, significáveis pelo adulto como marcas de narratividade. Tais marcas revelam a emergência de “paratons” (sequência de frases entoacionais coesivas, dando a impressão gestáltica de um todo coeso). Não há uma “gramática narrativa” propriamente, nem conteúdo lexical reconhecível como tal. As marcas prosódicas, que incidem sobre o marcador “então” e sobre uma sequência de fragmentos de enunciados constituídos por frouxos vínculos sintáticos em instâncias narrativas, imprimem efeito de inteireza textual aos fragmentos. Esses resultados condizem com a hipótese de que a prosódia tem um papel textual aquisicional, e que os marcadores  discursivos se deslocam funcionalmente nesse processo
    corecore