58 research outputs found

    Les bœufs de paix

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    RésuméCet article cherche à rétablir le statut guerrier des Nuer dans le débat anthropologique et historique, concernant la période coloniale, et remet en question les conclusions négatives de Douglas H. Johnson à propos de la dimension culturelle de la combativité. En 1839, lorsque les Nuer ont sacrifié un bœuf devant une flottille venue du Nord, les Égyptiens ont tiré sur eux, croyant à un geste d’agression. Mais cette méprise a-t-elle inauguré une succession de malentendus sur la disposition offensive de ce peuple ? Si c’est ce qu’affirme Johnson, un retour aux sources permet une interprétation alternative. L’article met en symétrie cet épisode et un autre, à quatre-vingt-dix ans de distance où intervient également un « bœuf de paix ». Les Britanniques ont tué cet animal en 1929, lors de la répression du mouvement prophétique nuer. Mais si Johnson cherche à contredire l’importance des prophètes en tant que meneurs de révolte, le présent article souligne que leur pacifisme était imbriqué dans l’idéologie guerrière.AbstractThis article seeks to restore the status of Nuer warrior in the anthropological and historical debate on the colonial period, and challenges the negative conclusions of Douglas H. Johnson about the cultural dimension of the fighting. In 1839, when Nuer sacrificed an ox to a fleet from the North, the Egyptians shot at them, thinking it as an act of aggression. But did the mistake inaugurated a series of misunderstandings on the offensive provision of this people? If that Johnson’s assertion, a return to the sources allows an alternative interpretation. The article puts in symmetry this episode and another, ninety years later which also involved an “ox peace”. The British have killed this animal in 1929 during the repression of the Nuer prophetic movement. But if Johnson seeks to contradict the importance of the prophets as leaders of revolt, this article points out that their pacifism was embedded in the ideology of war

    Filipe Verde, O Homem Livre: Mito, Moral e Carácter Numa Sociedade Ameríndia

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    É preciso audácia para dizer algo de novo, no século XXI, sobre a sociedade e a cosmologia tradicionais dos Bororo, um dos povos mais revisitados de sempre, tanto etnográfica como teoricamente. Filipe Verde vai mais longe, pois que se propõe através deles “aprender coisas significativas sobre nós” (p. 12), num implícito manifesto de devolução à antropologia da sua ambição de ser ciência do Homem. Numa linguagem desprovida de jargões, estamos perante um livro que põe em diálogo mundivisões dis..

    O fantasma de Evans-Pritchard: diálogos da antropologia com a sua história

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    Tomando como estudo de caso a monografia de Sharon Hutchinson sobre os nuer, o presente artigo explora os quiproquós do diálogo entre a antropologia contemporânea e os clássicos, procurando detetar certas genealogias invisíveis que remontam aos funcionalistas britânicos, e nomeadamente a Evans-Pritchard. Procede a um esbatimento de certas oposições explícitas entre o presente e o passado da antropologia, revelando que as noções clássicas perpassam de forma subterrânea o discurso daqueles que dizem rejeitá-las e que muitas das preocupações atuais já tinham expressão nas etnografias modernas. É demonstrado que as abordagens estáticas – como a de Evans-Pritchard – tinham uma componente histórica e que a antropologia social britânica teve as suas respostas teóricas e metodológicas para as transformações dos contextos africanos sob domínio colonial.Through the reading of Sharon Hutchinson’s monograph on the Nuer, this article explores the misunderstandings between contemporary anthropology and the modern classics. It tries to identify invisible genealogies that go back to the British functionalists, particularly to Evans-Pritchard, and minimizes the explicit oppositions between the present and the past of anthropology. It reveals that some classical notions are detectable in non-explicit ways among those who claim to reject them and, at the same time, that contemporary concerns have their roots in modern ethnographies. The author shows that static approaches – as the one by Evans-Pritchard on the Nuer – had a historical meaning and recalls that British social anthropology had its own theoretical and methodological answers to the transformations of African contexts under colonial rule

    Obituário de Georges Balandier 1920-2016

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    UID/ANT/04038/2013Georges Balandier partiu em comunhão com tendências expressivas da antropologia, disciplina que sempre considerou sua, chamando-lhe também etnologia. Pode ser considerado um visionário da viragem para a história e para as questões de poder na teoria social pós-colonial, tanto mais que uma parte fundamental, constitutiva, da sua obra, foi o resultado de experiências de terreno levadas a cabo na África ainda colonial, procurando uma experiência de rutura que o subtraísse a uma Europa em ruína, no imediato rescaldo da Segunda Guerra Mundial.publishersversionpublishe

    Do Pesadelo ao orgamo: o segredo na história da antropologia

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    Recensão crítica de GIOBELINNA BRUMANA, Fernando. O Sonho Dogon. Nas origens da Etnologia francesa. Prefácio de Fernanda Arêas Peixoto (São Paulo, Edusp, 2012, 367 pp.), in Revista de Antropologia, USP, 58 (2).O âmago do livro recenseado é por um lado a busca e o resgate da autenticidade africana, enquanto objetivos centrais da Missão Dacar-Djibuti, e, por outro lado, a sinceridade ou não do etnógrafo perante a experiência realmente vivida em campo

    Temor e orgias

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    O artigo caracteriza uma dimensão recorrente, antissincrética, no discurso de missionários católicos em Timor Leste no século XX e algumas das suas correspondentes ações evangelizadoras, sensivelmente até 1974, em torno da seguinte problemática: em que medida se dissociam ou se confundem, nas etnografias ou antropologias católicas, o momento colonial cristão e a realidade pré-colonial pagã? Procura-se demonstrar que os processos de indigenização de objetos ou representações de origem católica foram enjeitados pela Igreja, mesmo que fossem derivações históricas da ação missionária de outros séculos. A antropologia católica veiculava uma possível leitura intelectual de certos aspetos da complexa realidade timorense, em particular no que se refere às apropriações indígenas de traços materiais ou imateriais do catolicismo. O problema da interação multissecular entre a “religião timorense” e o cristianismo foi assim resolvido através da sua renegação

    Aux archives de l'animisme. Ethnographie et théorie de la "religion sauvage" chez Edward Tylor

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    En 1871, Edward Tylor rejeta fermement les récits de son temps qui niaient l'existence de croyances religieuses chez certains peuples alors considérés comme sauvages. C'était le cas, tout particulièrement, de l'explorateur victorien Samuel Baker, dont l'autorité ethnographique fut mise en cause à travers la citation de quelques voyageurs étrangers, dont deux français, qui avaient également observé les peuples nilotiques. Contrairement à d'autres sources de Primitive Culture, la qualité de ces ethnographies oubliées était, hélas, tout à fait médiocre ; mais elles permirent à Tylor de faire l'une des affirmations les plus décisives de son œuvre, celle de l'universalité de l'animisme. Ce passage capital - concernant des peuples qui deviendront célèbres dans l'histoire de l'anthropologie, à commencer par les Nuer - recèle par ailleurs une dimension additionnelle. Tylor voulait élargir à tout être spirituel les critères d'identification d'une religion, sauf que les ethnographes du Nil Blanc suggéraient que ces rudes populations croyaient bel et bien en un être suprême. Le dossier du monothéisme était comme anticipé par la force de ces données ; mais il ne faut pas y voir une contradiction de la part de Tylor. Au contraire, cette dialectique imprévue entre l'ethnographie et la théorie permet de mieux saisir la portée du concept d'animisme dont il fut le créateur

    dimensões antissincréticas no arquivo missionário novecentista (Timor Leste, c. 1910-1974)

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    UID/ANT/04038/2013O artigo caracteriza uma dimensão recorrente, antissincrética, no discurso de missionários católicos em Timor Leste no século XX e algumas das suas correspondentes ações evangelizadoras, sensivelmente até 1974, em torno da seguinte problemática : em que medida se dissociam ou se confundem, nas etnografias ou antropologias católicas, o momento colonial cristão e a realidade pré-colonial pagã ? Procura-se demonstrar que os processos de indigenização de objetos ou representações de origem católica foram enjeitados pela Igreja, mesmo que fossem derivações históricas da ação missionária de outros séculos. A antropologia católica veiculava uma possível leitura intelectual de certos aspetos da complexa realidade timorense, em particular no que se refere às apropriações indígenas de traços materiais ou imateriais do catolicismo. O problema da interação multissecular entre a “religião timorense” e o cristianismo foi assim resolvido através da sua renegação.publishersversionpublishe

    Do pesadelo ao orgasmo: o segredo na história da antropologia

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    Do pesadelo ao orgasmo: o segredo na história da antropologi

    Ricardo Roque, Headhunting and Colonialism: Anthropology and the Circulation of Human Skulls in the Portuguese Empire, 1870-1930

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    Publicado na prestigiada Cambridge Imperial and Post-Colonial Studies Series, o livro de Ricardo Roque catapulta para o debate contemporâneo da antropologia histórica a “colónia maldita” de Timor-Leste, assim apresentada recorrentemente no século XIX. E fá-lo através de uma inversão da lógica das conotações negativas, segundo a qual a presença portuguesa era residual e ineficaz, caracterizada por sobrevivências de tipo ancien régime. É-nos apresentada ao invés uma história de sucesso colonial..
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