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    Experiências com a doação de tecido cerebral humano para pesquisa e o impacto do luto nas famílias após o suicídio

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    O acesso ao cérebro humano para estudos em neuropatologia e genética tem se mostrado fundamental para avanços em diagnóstico, progressão e prevenção das doenças neuropsiquiátricas. Bancos de tecido cerebral humano evoluíram consideravelmente na última década com o esforço de diversas instituições de pesquisa dedicadas a reunir coleções de amostras de qualidade no mundo todo. A pesquisa apoiada nesses bancos de tecido cerebral depende de doações voluntárias, que se baseiam na confiança e na aceitação das comunidades. Doação de cérebro, especialmente o órgão inteiro, só pode ser efetivada após a morte do doador, o que traz desafios importantes para a prática. Devido ao momento de luto em que a abordagem para doação muitas vezes ocorre, priorizar o bem-estar dos doadores e seus familiares, diminuindo riscos e desconfortos são passos fundamentais para elaborar protocolos de pesquisa e doação adequados. Nos últimos anos, mesmo com amplo trabalho de divulgação, a taxa de doação encontra-se em queda, principalmente em países latinos e entre minorias. No Brasil, a doação de órgãos para pesquisa é desconhecida da maioria da população. Embora existam bons exemplos de estudos internacionais, sabe-se que características socioculturais têm relevância para o consentimento. Portanto é fundamental investigar atitudes e opiniões sobre a doação de órgãos para pesquisa para avançar essa prática no Brasil. O objetivo principal do presente trabalho é conhecer a experiência de pessoas que foram convidadas a participar de um estudo sobre suicídio envolvendo doação de cérebro, avaliando o impacto da abordagem para doação e examinando características da tomada de decisão. Trata-se de um estudo qualitativo com entrevistas em profundidade baseado na Teoria Fundamentada. Durante a execução deste trabalho, o contato com familiares de pessoas que faleceram por suicídio chamou a atenção do grupo de pesquisadores. Estudos de caso e pesquisa qualitativa têm o potencial de examinar em profundidade tanto o conteúdo quanto o processo específico de luto após um suicídio, oferecendo dados culturalmente relevantes sobre a complexa interação desses fatores com o ambiente e as comunidades, os quais permitem identificar gatilhos para o desenvolvimento de problemas de saúde mental. Apresentamos aqui um estudo de caso que ilustra como diversos fatores de risco podem agir para despertar um processo de adoecimento intrinsecamente conectado à natureza traumática do suicídio. Trabalhando em contato profundo com a riqueza de experiências dos participantes, esperamos propor protocolos de pesquisa e doação eticamente adequados, que possam ser utilizados para futuros estudos, considerando contextos de potencial vulnerabilidade, visando não apenas a aumentar o número de doações, mas promover literacia em saúde, melhorar a aderência, a representatividade e a satisfação das comunidades com a participação na pesquisa.The direct examination of human brain tissue can provide valuable help in refining the pathophysiology and genetics of neuropsychiatric disorders. Brain banking procedures have been steadily described and developed and, for more than three decades, extensive efforts have been directed to the collection of well-documented specimens of brain tissue all over the world. Brain banking relies deeply on community attitudes and trust. Brain tissue, especially the whole brain can only be obtained after the donor’s death. Obtaining consent for brain donation after death can be difficult, as families may be overwhelmed by grieving reactions, all of which impose the need for the developing of appropriate safeguard procedures. Recently, there has been a collective effort to raise awareness for the importance of human brain studies. However, brain donation rates are declining, especially between minorities and in Latin America. In Brazil, previous knowledge on brain donation for research is scarce. The major challenge is how to raise donation rates while limiting the possibility of harm and ensuring appropriate care for potential donors and their families. A comprehensive understanding of the process of brain donation is decisive for making this practice not only more effective in counteracting the decline in donation rates but to engage the broad community in the challenge by presenting an opportunity to contribute to the health outcomes of future generations. The main purpose of this study is to present a thorough examination of the complex process that ensues when families are presented with a request for brain tissue donation from a recently deceased close one. For this objective, we set up a qualitative study with in-depth interviews according to Grounded Theory. This study is part of project for a repository of brain tissue specimens collected from people who died by suicide. When working with survivors of suicide loss, we realized that suicide research is such a special case, in which participants are facing the shock and conflict brought on by the violent and unexpected nature of death and several studies point to an increased risk for the development of mental illness when compared to other kinds of mourning. Case reports and qualitative research have the benefit to provide culturally grounded meanings that helps to dig deeper in process and contents of the bereavement, providing ways to better understand complex interactions within environment/community in order to describe how this can trigger mental health difficulties. We present here a case report as an instance of how several established risk factors for the onset and persistence of mental health problems can converge in suicide survivors partly due to nature of the suicide as a traumatic event. Partnering with bereaved persons for the development of mental health research is the final purpose of the present work. We propose here a practical and ethically sounded research and donation framework grounded in our experience with families, with the objective of engaging the broad community in research participation, promoting health literacy, and most of all, a satisfactory experience with research participation

    Objetivos terapêuticos para psicanálise e psicoterapia psicanalítica : Freud, Klein, Bion, Winnicott, Kohut

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    A concepção ontológica da psicanálise envolve tanto uma forma de compreender os fenômenos humanos e sociais quanto uma abordagem terapêutica. Para aqueles clínicos que percebem a prática psicanalítica como um tratamento, parece importante revisar quais os objetivos terapêuticos do método psicanalítico e os fatores a serem considerados ao analisar a efetividade desse tipo de intervenção. Para tanto, os autores revisam as contribuições de cinco escolas do movimento psicanalítico, as de Freud, Klein, Bion, Winnicott e Kohut. Como a maior parte da literatura disponível refere-se à psicanálise, justifica-se a importação de alguns de seus postulados à psicoterapia psicanalítica e à discussão de especificidades da última. A noção de ética aplicada ao trabalho do psicoterapeuta/analista aparece como princípio norteador na prática psicoterapêutica e dá coesão às distintas abordagens teóricas.The ontological conception of psychoanalysis involves both a way of understanding human and social phenomena and a therapeutic approach. For those clinicians who perceive the psychoanalytic practice as a treatment, it seems important to review the therapeutic goals of the psychoanalytic method and what factors should be considered when analyzing the effectiveness of this type of intervention. For this purpose, the authors review the contributions of five schools of the psychoanalytic movement - Freud, Klein, Bion, Winnicott and Kohut. As most of the available literature refers to psychoanalysis, it is justified to import some of its postulates to psychoanalytic psychotherapy and to discuss specificities of the latter. The notion ethics applied to the work of psychotherapist / analyst appears as a guiding principle in psychotherapeutic practice and gives cohesion to the different theoretical approaches

    Barreiras e facilitadores percebidos por pessoas com transtorno bipolar para a prática de exercício físico : um estudo qualitativo

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    Introduction: Exercising regularly has benefits for people with bipolar disorder. Nevertheless, as a group, these patients tend to be less physically active than the general population and little is known from the viewpoint of the patients about the barriers and facilitators to such a practice. Objective: To know the barriers and facilitators perceived by people with bipolar disorder for the practice of exercise. Methods: This study had a descriptive, qualitative, exploratory nature. The investigation method used for data collection was a semi-structured in-depth interview, using grounded theory as theoretical framework. Results: The data analysis generated two main areas of interest: adherence to regular physical exercise (barriers and facilitators) and the participants’ exercise history and perception of disease management, as described below. The main findings were: most of our sample did not exercise regularly, nor knew how exercise can positively influence their disorder; with regard to adherence to physical exercise, the presence of symptoms and stigma were the most important barriers to the practice of physical exercise. Social support, especially from family and friends, could be a facilitator to the practice of exercise. Conclusions: Even considering the limitations for generalization of qualitative and exploratory studies, understanding perceived barriers and facilitators for the practice of exercise among people who suffer with bipolar disorder may contribute to the promotion of activities in which people with mental illness can participate.Introdução: A prática regular de exercício físico tem benefícios para pessoas com transtorno bipolar. No entanto, como grupo, esses pacientes tendem a ser mais sedentários do que a população geral, e pouco se sabe do ponto de vista dos pacientes sobre as barreiras e facilitadores para tal prática. Objetivo: Conhecer as barreiras e facilitadores percebidos por pessoas com transtorno bipolar para a prática de exercício. Métodos: Este foi um estudo descritivo, qualitativo e exploratório. O método de investigação utilizado na coleta de dados foi entrevista semiestruturada em profundidade, segundo a grounded theory. Resultados: A análise dos conteúdos que surgiram nas entrevistas gerou duas principais áreas de interesse: adesão ao exercício físico regular (barreiras e facilitadores) e a história de exercícios dos participantes e a percepção do manejo da doença. Os principais achados foram: a maioria da nossa amostra não se exercitava regularmente, nem mesmo sabia como a prática regular podia influenciar positivamente sua doença; em relação à adesão ao exercício físico, a presença dos sintomas e do estigma foram as barreiras mais importantes para praticar o exercício físico. O apoio social, especialmente da família e dos amigos, pode ser um facilitador da adesão ao exercício. Conclusões: Apesar das limitações de um estudo qualitativo e exploratório, conhecer as barreiras e os facilitadores percebidos para a prática de exercício entre pessoas que sofrem de transtorno bipolar pode facilitar a promoção de atividades onde essas pessoas possam participar e se beneficiar efetivamente

    Clinical studies in Psychodynamic Psychotherapy: A systematic review of follow-ups interventions

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    A efetividade de um tratamento costuma ser mensurada pela melhoraclínica do paciente. No entanto, um fator importante a ser considerado é a manutenção dos resultados após o término do tratamento. Para isso, o follow-up é uma ferramenta relevante. O objetivo deste estudo foi revisar eanalisar de forma sistemática os estudos de follow-up com intervenções clínicas em psicoterapia psicodinâmica de 2006 a 2016. As buscas foram feitas nas principais bases de dados com os seguintes descritores: psicoterapia psicodinâmica, resultado, follow-up e equivalentes. Vinte e sete artigos atenderamaos critérios de inclusão. Os estudos indicam que as psicoterapias são tratamentos efetivos não apenas durante o processo, mas que os resultados tendem a se manter após a alta do paciente. As conclusões indicam que, para avaliar a efetividade de tratamento, as medidas de follow-up devem ser consideradas. Nos estudos que comparavam a efetividade entre modelos de psicoterapia, foi visto que, na maioria dos casos, não existem diferenças significativas entre os grupos, ou seja, os pacientes apresentam melhora independentemente do tipo de psicoterapia. No entanto, evidenciou-se que os modelos de tratamento de longo prazo tendem a apresentar maiores taxas de manutenção da melhora no período após a alta. A manutenção dos resultados do tratamento em longo prazo parece ser um indicativo clínico relevante para ser considerado quando da indicação de tratamento.Palavras-chave: follow-up, psicoterapia psicodinâmica, efetividade.The effectiveness of a treatment is usually measured by the clinical improvement of the patient. However, an important factor to consider is the maintenance of the results after the end of the treatment. For this, the follow-up is a relevant tool. The objective of this study was to systematically review and analyze follow-up studies with clinical interventions in psychodynamic psychotherapy from 2006 to 2016. The searches were made in the main databases with the following descriptors: psychodynamic psychotherapy, outcome, follow-up and equivalents. Twenty-seven articles met the inclusion criteria. Studies indicate that psychotherapies are effective treatments not only during the process and results tend to remain after patient discharge. Conclusions indicate that follow-up measures should be considered to assess the long-term effectiveness of a treatment. In studies comparing models of psychotherapy effectiveness, it was seen that in most cases there were no significant differences between treatment groups, that is, patients presented improvement independently of the type of psychotherapy. However, long-term treatment models tend to have higher maintenance rates of improvement in the post-discharge period. The maintenance of long-term treatment results seems to be a relevant clinical indication to be considered when indicating treatment.Keywords: follow-up, psychodynamic psychotherapy, effectiveness

    Estruturas de interação na psicoterapia psicodinâmica de uma paciente com doenças crônicas e sintomas somáticos

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    Objective: This study aimed to identify and analyze the interaction structures (ISs) (patterns of reciprocal interaction between the patient-therapist dyad) that characterize the process of a successful long-term psychodynamic psychotherapy (28 months) of a patient with chronic diseases (lupus and fibromyalgia) and somatic symptoms. Methods: The 113 sessions were videotaped and analyzed alternately (n = 60) by independent judges using the Psychotherapy Process Q-Set. Inter-rater reliability ranged from 0.60 to 0.90, with a mean of r = 0.71 (Pearson’s correlation). Through a principal component exploratory factor analysis, four ISs were identified. Results: The patterns of interaction between patient and therapist showed clinical validity (i.e., they were easily interpretable in the context of the case under study). The ISs were non-linear and more or less prominent across different treatment sessions and stages. Some ISs were similar to those in other studies, and others were probably unique to the present process. In addition, some ISs were independent, whereas others were interrelated over time. Conclusion: Process studies, such as the present one, seek to address questions about the characteristics of the interaction between patient and therapist as well as to identify particular patterns of interaction that are most prominent with a specific patient at a specific condition or time. Therefore, these studies can provide some support in establishing knowledge for clinical practice, assisting in the training of therapists, as well as in the elaboration of general guidelines for the technical management of patients with specific characteristics.Objetivo: Este estudo objetivou identificar e analisar as estruturas de interação (interaction structures [ISs]) (padrões de interação recíproca entre a dupla paciente-terapeuta) que caracterizam o processo de uma psicoterapia psicodinâmica de longa duração (28 meses) de uma paciente com doenças crônicas (lúpus e fibromialgia) e sintomas somáticos. Métodos: As 113 sessões foram filmadas e analisadas alternadamente (n = 60) por juízes independentes usando o Psychotherapy Process Q-Set. A confiabilidade entre avaliadores variou de 0.60 a 0.90, com média de r = 0.71 (correlação de Pearson). Por meio de uma análise fatorial exploratória do componente principal, foram identificadas quatro ISs. Resultados: Os padrões de interação entre paciente e terapeuta mostraram validade clínica (ou seja, foram facilmente interpretáveis no contexto do caso em estudo). As ISs foram não lineares e mais ou menos proeminentes em diferentes sessões e etapas do tratamento. Algumas ISs foram semelhantes às de outros estudos, e outras provavelmente foram exclusivas do presente processo. Além disso, algumas ISs eram independentes, enquanto outras estavam inter-relacionadas ao longo do tempo. Conclusão: Estudos de processo como o presente procuram abordar questões sobre as características da interação entre paciente e terapeuta, bem como identificar padrões particulares de interação que são mais proeminentes com um determinado paciente em condições ou momentos específicos. Portanto, esses estudos podem fornecer suporte ao estabelecimento de conhecimentos para a prática clínica, auxiliando na formação de terapeutas, bem como na elaboração de diretrizes gerais para o manejo técnico de pacientes com características específicas

    A qualitative study exploring the process of postmortem brain tissue donation after suicide

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    Access to postmortem brain tissue can be valuable in refining knowledge on the pathophysiology and genetics of neuropsychiatric disorders. Obtaining postmortem consent for the donation after death by suicide can be difcult, as families may be overwhelmed by a violent and unexpected death. Examining the process of brain donation can inform on how the request can best be conducted. This is a qualitative study with in-depth interviews with forty-one people that were asked to consider brain donation—32 who had consented to donation and 9 who refused it. Data collection and analyses were carried out according to grounded theory. Five key themes emerged from data analysis: the context of the families, the invitation to talk to the research team, the experience with the request protocol, the participants’ assessment of the experience, and their participation in the study as an opportunity to heal. The participants indicated that a brain donation request that is respectful and tactful can be made without adding to the family distress brought on by suicide and pondering brain donation was seen as an opportunity to transform the meaning of the death and invest it with a modicum of solace for being able to contribute to research
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