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    Res Antiquitatis. Journal of Ancient History

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    As divisões da sociedade de Judá por ocasião da queda de Jerusalém

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    O estado de letargia que atravessaram Egipto e potências mesopotâmicas permitira a criação de um vácuo político na Siro-Palestina, dando lugar à formação do Estado de Israel. Não obstante, em dois momentos decisivos, no último quartel do séc. VIII a. C. e nos princípios do séc. VI a. C., esse projecto davídico e salomónico fracassou, tornando a encerrar-se o espaço político anteriormente deixado aberto.Situemo-nos, pois, nesse segundo momento, no decorrer do processo que conduz às invasões neo-babilónicas e tentemos ver como a sociedade de Judá e, particularmente, a de Jerusalém se encontravam divididas e, consequentemente, desmobilizadas

    O palácio e o templo: cenários fundamentais de produção ideológica na cidade e espaços de ritualização

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    Alguns dos salmos bíblicos reflectem uma ideologia real característica do período monárquico. Jemsalém, a capital do reino de Judá após a morte de Salomão, monopolizava a produção ideológica, sobretudo nos círculos próximos da corte. Os salmos reais, produzidos neste ambiente, traduzem, para além do seu incontestável interesse poético e literário, um corpo de idéias que vai de encontro à concepção oficial de realeza e de poder. O Palácio deve ter constituído um cenário privilegiado tanto para a criação literária e para o gênero poético em especial, como para a reflexão em torno dos ideais de ordem social e de organização política. Mesmo numa fase pré-exílica, os círculos de reflexão sapiencial, mais próximos da corte, terão sido muito activos no que concerne à formação de opinião sobre estes aspect

    A religião mesopotâmica: entre o relativo e o absoluto

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    A religião mesopotâmica é certamente uma designação demasiado genérica para traduzir o caracter heterogêneo das suas práticas, das crenças e das concepções teológicas que a definem. Não devemos desprezar a amplitude geográfica e cronológica que suporta a realidade cultural mesopotâmica. Mau grado as convergências e similitudes que podemos observar, as generalizações devem ser evitadas. Na verdade, a religião suméria tem características distintas da religião dos semitas; a evolução da religião mesopotâmica na diacronia deve ser considerada; a sensibilidade religiosa dos assírios é diferente da dos babilônios. É prudente, por conseguinte, evitar pensar a religião mesopotâmica como se constituísse uma realidade uniforme e inalterável ao longo de aproximadamente três milênios. A religião mesopotâmica reflecte, pois, a dinâmica das crenças e das práticas rituais, bem como as diferentes sensibilidades que a caracterizam. A religião mesopotâmica não tem cânone e não apresenta uma teologia sustentada por dogmas. Trata-se, pelo contrário, de uma teologia difusa, que se manifesta em expressões locais e que se traduz num sincretismo religioso que a toma uma religião inclusiva e não exclusiva. A ausência de um cânone dificulta a compreensão sistemática da sua teologia. Encontramo-la difusa na literatura, sobretudo de cariz religioso, como a hinologia. Os hinos e as orações, produzidos num ambiente literário, muitos deles encomendados ou dedicados ao rei, expressam essa teologia e a profunda religiosidade do homem mesopotâmico

    Símbolos e conceitos essenciais na ideologia real: o vocabulário nos salmos bíblicos e na literatura hínica assiro-babilónica

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    pp. 43-61A realeza israelita assenta num corpo de idéias que constitui a sua estiutura ideológica fundamental. 2Sam.7 define, no essencial, esta construção ideológica, sobre a qual vamos encontrar múltiplas referências nos salmos(^\ Uma destas ideias-chave é JT' ^ (casa) que encontiamos a fazer parte do vocabulário ideológico das monarquias semíticas. O termo significa casa num sentido mais literal, embora possa também traduzir a idéia de dinastia e é este o significado que nos interessa. No entanto, no V.2 é atribuído a II "J 3 o significado de casa-edifíci

    A metáfora e o símile na linguagem profética neo-assírica

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    O corpus oracular de profecias neo-assírias remonta aos reinados de Assaradão (680-669 a.C.) e de Assurbanípal (668-627 a.C). Estas profecias foram registadas em pequenos relatórios que contemplam, em geral, um oráculo ou, excepcionalmente, mais do que um, mas relativos ao mesmo profeta. Foram também sistematizadas em colecções em que o editor compila vários oráculos, eventualmente transmitidos por profetas diferentes. Estas envolvem um labor literário que reflecte a busca de um sentido comum e a construção de temáticas afins. Por exemplo, a primeira colecção, que consiste em dez textos oraculares, encontra-se estruturada em tomo de mensagens divinas de encorajamento a Assaradão durante o processo político e militar de ascensão ao trono. Já a segunda colecção pressupõe as dificuldades iniciais que se verificam na consolidação do poder, a subsequente procura da estabilidade política e os problemas que se registam então com a Babilônia. Por fim, a terceira colecção reflecte, essencialmente, o tema da aliança entre Assur e o seu protegido, que é uma temática central na ideologia real assíria

    O ritual de Ãkitu - O significado político e ideológico do Ano Novo na Mesopotâmia

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    O festival de ãkitu, que corresponde a zagmuk, «princípio do ano» em sumérioi, consiste num ritual de Ano Novo, tendo lugar no mês de nisannu. Março-Abril. A etimologia exacta de ãkitu não é conhecida. As mais antigas referências literárias reportam-se a meados do III milênio a.C. Podia ter lugar na Primavera e no Outono, correspondentes aos equinócios. Eram dois momentos importantes no calendário agrícola: nisannu correspondia à última irrigação e as colheitas começavam; o mês de tashritu, que correspondia a Setembro-Outubro, era o tempo em que se aravam os campos e em que se semeava. Em Ur e em Uruk, o festival era celebrado duas vezes, em nisannu e em tashritu. Os primeiros ecos da celebração deste festival têm a sua origem em Ur, principal centro religioso de Nanna / Sin, deus ligado à passagem do tempo e à fertilidade dos campos. Na Babilônia, o Ano Novo era celebrado no início da Primavera, no mês de nisannu (Março / Abril), na primeira lua nova

    O vaso de Uruk - Um ícone da civilização mesopotâmica

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    É claro que as imagens que as televisões mundiais transmitiram não correspondiam ao mesmo vaso, ao contrário do que terá afirmado Donald Rumsfeld, transportado pelo mesmo homem, vezes sem conta. Mas imaginemos,por um momento,que sim,que se tratava do mesmo vaso e que só esse havia sido pilhado. Esse vaso poderia ser o vaso de Uruk. Só essa perda seria já suficientemente grave

    Os calendários mesopotâmicos, o culto e as hemerologias

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    O calendário babilónico, que adopta o calendário standard de Nippur, é luni-solar e está profundamente ligado ao culto, estruturando a vida dos mesopotâmios. Procura-se compreender o modo como os mesopotâmios, e particularmente os babilónios, estruturavam a sua noção de tempo, articulando o mês lunar com um ano solar. Por outro lado, eram várias as formas de datar os acontecimentos e essas tradições coexistiram ao longo do tempo. O calendário era determinado com grande precisão, uma vez que era fundamental não apenas para orientar a vida económica e social dos mesopotâmios como o era também para enquadrar com precisão e rigor o culto.Babylonian calendar, which adopts the standard calendar of Nippur, is luni-solar and is deeply connected with religious cult, organising life of Mesopotamians. We'll try to understand the way Mesopotamians, and particularly Babylonians, have equated their notion of time, articulating the lunar month with the solar year. On the other hand, there were several ways of dating events and those traditions have coexisted throughout time. Calendar was determined with great precision and accuracy. Indeed it was essential not only to rule economic and social life of Mesopotamians as it was also to rule religious cult

    Os jardins reais na Assíria - uma reprodução idealizada da natureza

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    As fontes literárias da Mesopotâmia, no período neo-assírio, particularmente os anais e as inscrições reais a partir do séc. IX a.C, assim como os baixos-relevos gravados nas paredes dos palácios desta época, reflectem um acentuado interesse pela fauna e flora, bem como pela representação da natureza. A Assíria constrói uma hegemonia política e militar que abrange quase todo o Próximo Oriente antigo e que se mantém até finais do séc. VII a.C^ Os Assírios tomam contacto com uma geografia física diferente daquela que conheciam e a sua curiosidade repercute-se na arte e na literatura. As referências a paisagens diferentes, a espécies vegetais exóticas e a animais invulgares, a uma natureza que impõe dificuldades à progressão dos exércitos e, consequentemente, à expansão da ordem assíria, encontram eco numa literatura e numa arte que têm claramente uma função ideológica e política
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