15 research outputs found

    Dispositivos de segurança, psiquiatria e prevenção da criminalidade: o TOD e a noção de criança perigosa

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    O artigo analisa a tendência crescente da multiplicação de diagnósticos psiquiátricos na infância, que encontra legitimidade no argumento que indica que se as patologias psiquiátricas da infância não forem devidamente tratadas, será altamente provável que, na vida adulta, surjam graves problemas psiquiátricos irreversíveis, assim como problemas associados à criminalidade e à delinquência. Analisa-se o exemplo do transtorno de oposição e desafio, conhecido como TOD, na medida em que, de acordo com o DSM-5, essa patologia supõe um alto risco para o desenvolvimento do transtorno de personalidade antissocial, patologia que apresenta conotações claramente jurídicas e criminológicas. Esses diagnósticos são analisados em perspectiva crítica a partir do conceito foucaultiano de “dispositivo de segurança”.The article analyzes the growing tendency to multiply psychiatric diagnoses in childhood, which finds legitimacy in the argument that, if childhood psychiatric disorders are not properly treated, it will be highly probable that in adult life there will be serious irreversible psychiatric problems, problems associated with crime and delinquency. The example of oppositional and defiant disorder, known as TOD, is analyzed insofar as, according to DSM-5, this pathology supposes a high risk for the development of antisocial personality disorder, a condition that presents clearly juridical connotations and criminological. These diagnoses are analyzed in a critical perspective from the Foucauldian concept of “safety device”

    Olhares e práticas no âmbito do acolhimento institucional: algumas problematizações / Perspectives and practices in the institutional residential shelters: some problematizations

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    O presente ensaio objetivou dar visibilidade a alguns dos discursos e formas de ver e intervir no acolhimento institucional de crianças e adolescentes em um abrigo residencial em Porto Alegre. Utilizou-se o percurso cartográfico como método e a problematização como disparador reflexivo a partir da experiência como trabalhadora. Prevalecem a deslegitimação dos modos de cuidar das famílias que vivem em situação de risco social e mantêm-se naturalizadas algumas práticas institucionais permeadas pela coerção, além da fragmentação e fragilidade dos processos de trabalho. Faz-se necessária a construção de espaços reflexivos que possibilitem a composição de formas singulares e criativas de intervir.

    Risk as persistent danger and mental health care: normalizing sanctions on the movement in territory

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    Este artigo objetiva analisar as relações entre usuários e profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), focalizando a escuta, observação e percepção de como o cuidado é vivenciado entre esses atores sociais. Para tal, foi desenvolvido um estudo qualitativo mediante observação participante e entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais de um Caps na cidade de Pesqueira (PE). As entrevistas foram analisadas segundo a análise textual discursiva e operacionalizadas por meio do software ATLAS.ti. A partir disso, no campo das práticas de cuidado, observou-se que a persistência da noção de periculosidade atribuída à pessoa em sofrimento psíquico aponta um processo complexo de manutenção de concepções estigmatizantes sobre adoecimento mental. Na análise das relações de cuidado, pudemos constatar a centralidade do tratamento medicamentoso, bem como a existência de circuitos permitidos e não permitidos pela própria comunidade, que passa a regular a circulação no território. Evidencia-se, por fim, a vinculação das práticas de cuidado a práticas de medicalização do sofrimento psíquico e de medicamentalização.This research aims to analyze the relationship between users and professionals in a Centro de Atenção Psicossocial - Psychosocial Care Center (Caps), focusing on listening, observation and the perception of how care is experienced by them. For this purpose, a qualitative study was conducted by participant observation and semi-structured interviews with professionals of a Caps in the city of Pesqueira (PE, Brazil). The interviews were analyzed according to discursive textual analysis, which was carried out through the ATLAS.ti software. Onwards, in the field of care practices, we noticed that the persistence of the danger notion assigned to the psychic suffering person points to a complex process of maintenance of stigmatizing mental illness conceptions. In the analysis of care relationships, we have seen the centrality of drug treatment, as well as the existence of circuits that are allowed or not by the community, that regulates circulation in territory. The results point to the linkage of care practices to the medicalization of psychological distress and excessive consumption of medicines

    Dispositivos de segurança, psiquiatria e prevenção da criminalidade: o TOD e a noção de criança perigosa

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    Resumo O artigo analisa a tendência crescente da multiplicação de diagnósticos psiquiátricos na infância, que encontra legitimidade no argumento que indica que se as patologias psiquiátricas da infância não forem devidamente tratadas, será altamente provável que, na vida adulta, surjam graves problemas psiquiátricos irreversíveis, assim como problemas associados à criminalidade e à delinquência. Analisa-se o exemplo do transtorno de oposição e desafio, conhecido como TOD, na medida em que, de acordo com o DSM-5, essa patologia supõe um alto risco para o desenvolvimento do transtorno de personalidade antissocial, patologia que apresenta conotações claramente jurídicas e criminológicas. Esses diagnósticos são analisados em perspectiva crítica a partir do conceito foucaultiano de “dispositivo de segurança”

    Medicalização dos desvios de comportamento na infância: aspectos positivos e negativos Medicalización de los desvíos de comportamiento en la infancia: aspectos positivos y negativos Medicalization of deviant behavior in children: positive and negative features

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    A medicalização dos comportamentos desviantes na infância é apresentada como uma estratégia eficaz para lidar com crianças que apresentam algum tipo de dificuldade, sem que, no entanto, as dificuldades desse processo sejam claramente expostas. O processo de medicalização, porém, é complexo e apresenta muitos resultados negativos. Dentro desse contexto, nosso objetivo é refletir sobre essas dificuldades. Primeiramente, apresentamos como se dá a relação entre medicalização e infâcia. Em seguida, discutimos alguns aspectos considerados positivos e negativos da medicalização. Para finalizar, consideramos que enquadrar uma criança em um diagnóstico psiquiátrico apresenta sérias consequências indesejáveis, e acaba sendo mais útil para a sociedade e para o entorno da criança do que para a própria criança.La medicalización de los comportamientos desviantes en la infancia es presentada como una estrategia eficaz para manejar niños que presentan algún tipo de dificultad, sin que, sin embargo, las dificultades de ese proceso sean claramente expuestas. El proceso de medicalización, sin embargo, es complejo y presenta muchos resultados negativos. En ese contexto, nuestro objetivo es reflexionar sobre esas dificultades. Primero, presentamos como se da la relación entre medicalización e infancia. Enseguida, discutimos algunos aspectos considerados positivos y negativos de la medicalización. Para finalizar, consideramos que encuadrar un niño en un diagnóstico psiquiátrico presenta serias consecuencias indeseables, y acaba siendo más útil para la sociedad y para el entorno del niño de lo que para el propio niño.The medicalization of deviant behaviors during childhood is usually presented as an effective strategy to deal with troublesome children, but the problems associated with medicalization are not frequently exposed. Even so, the process of medicalization is complex and may present many negative results. In this context, our aim is to discuss these difficulties. First, we present an overview of the relationship between medication and childhood. After that, we discuss some positive and negative aspects of medicalization. Finally, we conclude that framing a child under a psychiatric diagnosis is often more beneficial for the society and the child's surroundings than it is for the child herself

    Medicalização dos desvios de comportamento na infância: aspectos positivos e negativos

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    A medicalização dos comportamentos desviantes na infância é apresentada como uma estratégia eficaz para lidar com crianças que apresentam algum tipo de dificuldade, sem que, no entanto, as dificuldades desse processo sejam claramente expostas. O processo de medicalização, porém, é complexo e apresenta muitos resultados negativos. Dentro desse contexto, nosso objetivo é refletir sobre essas dificuldades. Primeiramente, apresentamos como se dá a relação entre medicalização e infâcia. Em seguida, discutimos alguns aspectos considerados positivos e negativos da medicalização. Para finalizar, consideramos que enquadrar uma criança em um diagnóstico psiquiátrico apresenta sérias consequências indesejáveis, e acaba sendo mais útil para a sociedade e para o entorno da criança do que para a própria criança

    Diagnóstico como nome próprio Diagnostic as first name

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    Este artigo apresenta reflexões dentro do campo da saúde mental, considerada aqui enquanto produção histórica correlata ao surgimento da psiquiatria e do seu objeto, a doença mental. O intuito é o de problematizar, junto à emergência deste saber sobre o sujeito que dita modos de vida, a identificação com o nome de um diagnóstico e demais questões que perpassam a temática da medicalização, a fim de introduzir a discussão da saúde mental em uma perspectiva crítica. Pensar sobre as possibilidades de produção de outros nomes para o sujeito, de novas formas de subjetividade, requer a busca por pontos onde resistências se apresentem, onde novas práticas de si referentes ao corpo e à saúde possam conduzir a novos nomes para a saúde.<br>This article presents some reflections on mental health, considered in this context as historical production in correlation with the emergence of psychiatry and its object - mental disease. It intends to discuss, along with the emergence of this knowledge that creates forms of life to the subject, the process of identification with a diagnostic name and other questions that pass through the thematic of medicalization, introducing the mental health's discussion in a critical perspective. To think about the production of other names to the subject, new kinds of subjectivities, requires searching for points of resistance, where new practices of oneself in reference to the body and health can conduce to new names for health

    Risco como perigo persistente e cuidado em saúde mental: sanções normalizadoras à circulação no território

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    Resumo Este artigo objetiva analisar as relações entre usuários e profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), focalizando a escuta, observação e percepção de como o cuidado é vivenciado entre esses atores sociais. Para tal, foi desenvolvido um estudo qualitativo mediante observação participante e entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais de um Caps na cidade de Pesqueira (PE). As entrevistas foram analisadas segundo a análise textual discursiva e operacionalizadas por meio do software ATLAS.ti. A partir disso, no campo das práticas de cuidado, observou-se que a persistência da noção de periculosidade atribuída à pessoa em sofrimento psíquico aponta um processo complexo de manutenção de concepções estigmatizantes sobre adoecimento mental. Na análise das relações de cuidado, pudemos constatar a centralidade do tratamento medicamentoso, bem como a existência de circuitos permitidos e não permitidos pela própria comunidade, que passa a regular a circulação no território. Evidencia-se, por fim, a vinculação das práticas de cuidado a práticas de medicalização do sofrimento psíquico e de medicamentalização

    Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica

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    Trata-se de reflexão sobre a violência doméstica, com especial enfoque na violência psicológica. Esta se desenvolve como um processo silencioso, que progride sem ser identificado, deixando marcas em todos os envolvidos. Pela sua característica, a violência psicológica no interior da família, geralmente, evolui e eclode na forma da violência física. Com base neste entendimento destaca-se a importância de identificar as violências sutis que ainda se encontram em estágio embrionário. No entanto, aponta-se como um grande problema a dificuldade na identificação da violência psicológica doméstica, em razão de esta aparecer diluída em atitudes aparentemente não relacionadas ao conceito de violência
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