75 research outputs found

    Tecnologias de Gestão do Crime, Da Escola de Chicago à São Paulo do Século XXI

    Get PDF
    Um dos principais temas de pesquisa da Escola de Chicago era a questão do crime e da delinquência. Toda uma tecnologia social foi elaborada a partir dessas preocupações e permanece como base não só para estudos urbanos como também para boas práticas de gestão das cidades. Neste artigo, pontuarei alguns aspectos dessa tecnologia para mostrar como ela está alicerçada em práticas de conhecimento ocidentais modernos. Em seguida, mostrarei a herança dessas práticas na gestão do crime na São Paulo do século XXI, bem como algumas de suas consequências na vida das pessoas junto as quais realizei minha pesquisa de campo. Finalmente, argumentarei que uma etnografia que confira primazia à perspectiva dos atores envolvidos (mobilizando, portanto, outros saberes) é capaz de produzir resultados diversos daqueles elaborados tanto pela Escola de Chicago quanto pelos seus herdeiros preocupados com a boa gestão das cidades e com o controle do crime e da delinquência.One of the main research topics at the Chicago School was the issue of crime and delinquency. A social technology has been built on these concerns and remains the basis for urban studies and for a good management practices of cities. In this article, I will present some aspects of this technology to show how it is grounded in modern Western knowledge practices. Then, I will show the inheritance of these practices in crime management in 21st century São Paulo, as well as some of their consequences on the lives of the people with whom I conducted my fieldwork. Finally, I will argue that an ethnography that gives primacy to the perspective of the actors involved (thus mobilizing other knowledge) can produce results different from those elaborated by both the Chicago School and its heirs concerned with the good management of cities and the control of crime and delinquency

    Como descrever uma “onda”?

    Get PDF
    Em 2012, ocorreu no Estado de São Paulo uma “onda de violência”, atribuída a um confronto entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a polícia. Após anos de queda no número de homicídios, a capital paulista apresentou um aumento de 40% com relação ao ano anterior. A pesquisa que origina este artigo foi realizada justamente durante esse período e se viu diante das dificuldades de, por um lado, etnografar uma “onda” e, por outro, se inserir em um debate cujos termos já estavam definidos de antemão. Este artigo aborda as questões implicadas na tentativa de se etnografar um movimento e expõe uma abordagem teórico-metodológica formulada face a essa experiência, bem como seus desenvolvimentos. A partir da exposição de situações de pesquisa, das dificuldades que impõem e dos recursos teórico-metodológicos acionados, procura-se abordar também a relação entre os materiais etnográficos e o conhecimento acadêmico produzido sobre eles

    Como descrever uma “onda”? Uma abordagem metodológica para a etnografia de um movimento

    Get PDF
    In 2012, a “wave of violence” occurred in the State of São Paulo, attributed to a confrontation between the First Command of the Capital (PCC) and the police. After years of decline of the homicide numbers, this numbers increased a 40% over the previous year. This article is based on a research carried out precisely during this period. The challenges involved in this research were, on the one hand, make an ethnography of a wave and, on the other hand, enter in a debate whose bases were already defined. This article presents the challenges of an ethnography of a movement and exposes a theoretical-methodological approach formulated from this experience, as well as its developments. From the exposition of the research conditions, of the difficulties found and of the theoretical-methodological resources mobilized, this article also seeks to approach the relationship between ethnographical materials and academic knowledge produced on them.Em 2012, ocorreu no Estado de São Paulo uma “onda de violência”, atribuída a um confronto entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a polícia. Após anos de queda no número de homicídios, a capital paulista apresentou um aumento de 40% com relação ao ano anterior. A pesquisa que origina este artigo foi realizada justamente durante esse período e se viu diante das dificuldades de, por um lado, etnografar uma “onda” e, por outro, se inserir em um debate cujos termos já estavam definidos de antemão. Este artigo aborda as questões implicadas na tentativa de se etnografar um movimento e expõe uma abordagem teórico-metodológica formulada face a essa experiência, bem como seus desenvolvimentos. A partir da exposição de situações de pesquisa, das dificuldades que impõem e dos recursos teórico-metodológicos acionados, procura-se abordar também a relação entre os materiais etnográficos e o conhecimento acadêmico produzido sobre eles

    Políticas prisioneiras e gestão penitenciária: incitações, variações e efeitos

    Get PDF
    O Primeiro Comando da Capital (PCC), coletividade originada nas prisões no início da década de 1990, hoje está presente na maioria dos estabelecimentos penais e das áreas urbanas de São Paulo (Brasil). Em pesquisa anterior, o abordei como um “movimento” cujas principais características são: (1) não possui início ou fim definidos; (2) não obedece a restrições territoriais; (3) é composto por inúmeros movimentos; (4) não restringe o que pode com ele se movimentar. A partir dessa perspectiva, iniciei nova fase da pesquisa atenta para tudo o que pode compor o PCC. Isso permitiu enxergar como ele também deriva do exercício da Justiça, das operações da segurança pública, da legislação vigente, das políticas estatais. Essa abordagem possibilita descrever de que maneira os presos transformam as ações administrativas e políticas penitenciárias em movimento, bem como a forma como esses movimentos incitam a gestão das prisões. Com isso, os limites entre o dentro e o fora da prisão deixam de ser tão evidentes.A collective originated in prisons in Brazil in the early 1990s, Primeiro Comando da Capital (PCC), is currently present in most penitentiary institutions and urban areas in São Paulo, Brazil. In previous research it was examined as a “movement,” mainly characterized by: (1) undefined beginning or ending; (2) absence of territorial boundaries; (3) inclusion of many different movements; (4) openness as to what can move with it. From this perspective, a new research phase was intended to aprehend all that PCC can be composed of, and revealed it is also a result of Justice processes, public security operations, current law, and state policies. This approach is used to describe how prisoners convert administrative acts and prison policies into “movement,” and also how such movements become incitements to prison management. The boundaries separating the inside from the outside of the prison thus become blurred

    Research in/the crime: transforming pragmatic difficulties in analytical pleasure

    Get PDF
    Fazer pesquisa junto a pessoas que se dedicam a atividades criminosas tem certas particularidades e impõe algumas dificuldades. Neste artigo, abordarei duas delas a partir de situações vivenciadas em campo, a primeira relacionada com os riscos envolvidos na vida (e na pesquisa) do crime e a segunda, com minha condição de mulher pesquisando um universo povoado em grande parte por homens. No decorrer da exposição, apresentarei desafios, dilemas, reflexões, escolhas e tratamentos oferecidos em cada uma delas. Como espero deixar claro no decorrer do artigo, adversidades, situações de risco e percalços envolvendo relações de gênero podem, para além da produção de constatações ou de denúncias, dizer muito sobre as questões formuladas pelos interlocutores e os métodos que acionam para enfrentá-las, trazendo rendimentos analíticos importantes para a pesquisa.Doing research with people engaged in criminal activities has certain peculiarities and imposes some difficulties. In this article, I will approach two of them from situations experienced in my fieldwork research. The first is related to the risks involved in live (and research) in crime, and the second is related to my status as a woman researching a universe largely populated by men. Throughout the exhibition, I will present challenges, dilemmas, reflections, choices and treatments offered in each one of them. As I hope to make clear in the course of the article, adversities, situations of risk and mishaps involving gender relations can, in addition to the production of findings or denunciations, say a lot about the questions formulated by the interlocutors and the methods that trigger them to deal with them, bringing important analytical returns to the research

    RNA-seq analysis of salt-stressed versus non salt-stressed transcriptomes of chenopodium quinoa landrace R49

    Get PDF
    Quinoa (Chenopodium quinoa Willd.), a model halophytic crop species, was used to shed light on salt tolerance mechanisms at the transcriptomic level. An RNA-sequencing analysis of genotype R49 at an early vegetative stage was performed by Illumina paired-ends method comparing high salinity and control conditions in a time-course pot experiment. Genome-wide transcriptional salt-induced changes and expression profiling of relevant salt-responsive genes in plants treated or not with 300 mM NaCl were analyzed after 1 h and 5 days. We obtained up to 49 million pairs of short reads with an average length of 101 bp, identifying a total of 2416 differentially expressed genes (DEGs) based on the treatment and time of sampling. In salt-treated vs. control plants, the total number of up-regulated and down-regulated genes was 945 and 1471, respectively. The number of DEGs was higher at 5 days than at 1 h after salt treatment, as reflected in the number of transcription factors, which increased with time. We report a strong transcriptional reprogramming of genes involved in biological processes like oxidation-reduction, response to stress and response to abscisic acid (ABA), and cell wall organization. Transcript analyses by real-time RT-qPCR supported the RNA-seq results and shed light on the contribution of roots and shoots to the overall transcriptional response. In addition, it revealed a time-dependent response in the expression of the analyzed DEGs, including a quick (within 1 h) response for some genes, suggesting a \u201cstress-anticipatory preparedness\u201d in this highly salt-tolerant genotype

    Los delitos de la etnografía: Consideraciones sobre el método y la experiencia en la práctica de la investigación antropológica sobre la violencia y la criminalidad

    Get PDF
    Neste artigo propomos algumas reflexões sobre aspectos metodológicos da pesquisa antropológica, particularmente considerando os trabalhos que se inscrevem no campo temático da violência, da segurança e da criminalidade. A argumentação desenvolvida se distribui em torno das seguintes questões: (1) quais são os limites da pesquisa antropológica, particularmente considerando nossa área de estudos, diante das demandas pelo diálogo e participação dos trabalhos acadêmicos na formulação de políticas públicas?; (2) quais são as potencialidades relacionais trazidas pelo trabalho de campo e em que medida isso afeta nossas escolhas metodológicas? e (3) existem particularidades e diferenças metodológicas marcantes entre as pesquisas sobre criminalidade e violência e aquelas oriundas dos demais campos da pesquisa antropológica? O texto possui um formato híbrido, intercalando reflexões de caráter analítico com relatos sobre algumas de nossas experimentações e caminhadas no “campo”. Através das reflexões teóricas e relatos de experiências, pretendemos aprofundar essas linhas de problematização.En este artículo proponemos algunas reflexiones sobre aspectos metodológicos de la investigación antropológica particularmente considerando los trabajos que se inscriben en el campo temático de la violencia la seguridad y la criminalidad. La argumentación desarrollada se distribuye en torno a las siguientes cuestiones: 1) Cuáles son los límites de la investigación antropológica, particularmente considerando nuestra área de estudios frente a las demandas de diálogo y participación de los trabajos académicos en la formulación de políticas públicas? 2) Cuáles son las potencialidades relacionales traídas por el trabajo de campo y en qué medida esto afecta nuestras elecciones metodológicas? y 3) Existen particularidades y diferencias metodológicas marcantes entre las investigaciones sobre criminalidad y violencia y aquellas oriundas de los demás campos de la investigación antropológica? El texto posee un formato híbrido, intercalando reflexiones de carácter analítico con relatos sobre algunas de nuestras experimentaciones y caminatas en el "campo". A través de las reflexiones teóricas y relatos de experiencias pretendemos profundizar en estas líneas de problematización.Fil: Barbosa, Antonio Rafael. Universidade Federal Fluminense; BrasilFil: Biondi, Karina. Universidade Federal Do Maranhao.; BrasilFil: Renoldi, Brígida. Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas. Centro Científico Tecnológico Conicet - Nordeste. Instituto de Estudios Sociales y Humanos. Universidad Nacional de Misiones. Facultad de Humanidades y Ciencias Sociales. Instituto de Estudios Sociales y Humanos; Argentin
    corecore