43 research outputs found

    Diante do sofrimento do outro – narrativas de profissionais de saúde em reuniões de trabalho

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    In this paper I examine the construction of suffering by an interdisciplinary group of health care professionals who work with child and adolescent victims of violence. For that, I analyze the narratives these professionals produce during their regular planning and case presentation meetings. Based on the notion of small and big stories, I was able to identify two suffering construction practices: the telling of small narratives, or episodes of suffering, which occur mostly in planning meetings when participants present and discuss the suffering generated by the professional practice itself, or as evidence supporting hypotheses and opinions concerning the overall functioning of the group; and the telling of big narratives, or trajectories of suffering, which are co-constructed in stages during meetings dedicated to case presentations, in which events are reviewed and future action is suggested. The analysis also revealed that these narratives function to maintain group cohesion, since the meetings are an optimal setting for telling and listening to stories. In this context, a classical movement of identity construction takes place, supported by the distinction between us – group members who know about violence – and them – non-members, other professionals who still have to learn about violence. Finally, the analysis shows how, in this interdisciplinary group, different types of professionals co-construct narratives of suffering. The fact that this group includes physicians, who have traditionally had the power to make decisions on their own, independently of other team members, might be associated with a change in the usual medical identity within contemporary organizations. Key words: narrative, identity, interaction, health context, health care professional.Neste trabalho, analiso a construção do sofrimento de profissionais de saúde, tomando por base as narrativas produzidas em reuniões de trabalho de um grupo interdisciplinar cujo objetivo é oferecer apoio a profissionais que lidam com crianças e adolescentes vítimas de violência. A distinção entre narrativas breves e longas, que aqui denomino episódios e trajetórias de sofrimento, se mostrou bastante significativa para se compreender a natureza das diferentes ações desenvolvidas nas reuniões. Os episódios remetem, ritualmente, ao sofrimento gerado pelo trabalho, ou evidenciam teses e opiniões defendidas nas reuniões. As trajetórias têm suas etapas co-construídas em reuniões de apresentação de caso, nas quais se avalia o ocorrido e se oferecem orientações para futuros procedimentos. As narrativas atuam na manutenção e na coesão do grupo, sendo as reuniões, sobretudo, um espaço ideal para contar/ouvir histórias. Nesse espaço se instala um movimento identitário clássico, aqui caracterizado pela distinção entre um nós – os membros do grupo, que são sensibilizados para e informados sobre a questão da violência contra crianças e adolescentes – e um eles – os não membros, profissionais de saúde que ainda precisam se aproximar e conhecer a questão. Vê-se também como, em um grupo interdisciplinar, os diferentes profissionais coconstroem suas narrativas de sofrimento, inclusive os médicos, que tradicionalmente detêm o poder nas equipes de saúde. Tal fato parece estar associado a uma transformação na identidade tradicional do médico na organização hospitalar contemporânea. Palavras-chave: narrativa, identidade, interação, contexto da saúde, profissionais de saúde

    Diante do sofrimento do outro – narrativas de profissionais de saúde em reuniões de trabalho

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    Neste trabalho, analiso a construção do sofrimento de profissionais de saúde, tomando por base as narrativas produzidas em reuniões de trabalho de um grupo interdisciplinar cujo objetivo é oferecer apoio a profissionais que lidam com crianças e adolescentes vítimas de violência. A distinção entre narrativas breves e longas, que aqui denomino episódios e trajetórias de sofrimento, se mostrou bastante significativa para se compreender a natureza das diferentes ações desenvolvidas nas reuniões. Os episódios remetem, ritualmente, ao sofrimento gerado pelo trabalho, ou evidenciam teses e opiniões defendidas nas reuniões. As trajetórias têm suas etapas co-construídas em reuniões de apresentação de caso, nas quais se avalia o ocorrido e se oferecem orientações para futuros procedimentos. As narrativas atuam na manutenção e na coesão do grupo, sendo as reuniões, sobretudo, um espaço ideal para contar/ouvir histórias. Nesse espaço se instala um movimento identitário clássico, aqui caracterizado pela distinção entre um nós – os membros do grupo, que são sensibilizados para e informados sobre a questão da violência contra crianças e adolescentes – e um eles – os não membros, profissionais de saúde que ainda precisam se aproximar e conhecer a questão. Vê-se também como, em um grupo interdisciplinar, os diferentes profissionais coconstroem suas narrativas de sofrimento, inclusive os médicos, que tradicionalmente detêm o poder nas equipes de saúde. Tal fato parece estar associado a uma transformação na identidade tradicional do médico na organização hospitalar contemporânea. Palavras-chave: narrativa, identidade, interação, contexto da saúde, profissionais de saúde

    Interaction, multiple semioses and embodiment: An interlocution with Charles Goodwin

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    This paper discusses issues raised by Charles Goodwin’s research, as proposed by the organization of the II International Conference Language and Interaction. Following a brief contextualization of Goodwin’s research, specific aspects of the paper he presented at the conference are addressed, such as his criticism to logocentrism and to Bakhtin’s and Gofman’s interactional models, his vision of embodiment as a social phenomenon, his vision of an aphasic person as a competent interactant, and his view of professional learning as a collaborative embodied achievement. Some points of discussion between Goodwin’s research approach (Conversation Analysis and Ethnometodology) and the author’s approach (Interactional Sociolinguistics and Narrative Analysis) are identified. Among others, the following questions are addressed: the nature of the proposed multissemiotic system, the possibility of dialogue between different social visions of embodiment and emotion, and the integration of history, power and morality in the micro-modality analysis.Key words: minteraction, multimodality, embodiment, collaborative interaction, emotion.</p

    Goffman e a ritualização do infinitamente pequeno: observando o sutil na sustentação do discurso hegemônico em interações de um curso de marcenaria para mulheres

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    O presente trabalho almeja evidenciar as manifestações sutis do discurso dominante em um curso de marcenaria para mulheres, no qual um professor interage com dez alunas mulheres. Com base em reflexões de Goffman sobre situação social, relato de histórias e interação e gênero (Goffman, 2002, 1974/2012, 1976), examinaremos as relações entre participantes do curso quando do relato do professor sobre sua experiência de vida em um ano em uma aldeia indígena. Tal análise parte de uma perspectiva da Linguística Aplicada Crítica (Moita Lopes, 2016), em articulação com a análise de narrativas (Bastos e Biar, 2015; Biar, 2017; Linde, 1993) e com considerações etnográficas (Garcez e Loder, 2014; Coelho, 2016,). Observaremos a construção do senso de alteridade e de autoridade etnográfica do professor, considerando a sua performance entrelaçada a relações de poder e gênero

    Entre a Análise Crítica do Discurso e a Análise da Narrativa: gênero e desigualdades sociais

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    This article presents an analysis and description of issues related to the construction of social identities and their intersections with power relations and hegemony in interviews with poor, black, low-educated women living in peripheral areas. For the operationalization of the analysis, we propose to establish theoretical-methodological contact points between Critical Discourse Analysis and Narrative Analysis. The results both emphasized that the "evaluation" may constitute the main bias to align both theoretical aspects and pointed to a deep intertwining between the gender and social class intersections, confirming the need pointed out by the intersectional theories of genderEste artículo presenta un análisis y descripción de temas relacionados con la construcción de identidades sociales y sus intersecciones con las relaciones de poder y la hegemonía en entrevistas con mujeres pobres, negras y con bajo nivel educativo que viven en áreas periféricas. Para la operacionalización del análisis, proponemos establecer puntos de contacto teórico-metodológicos entre el análisis crítico del discurso y el análisis narrativo. Los resultados enfatizaron que la "evaluación" puede constituir el sesgo principal para alinear ambos aspectos teóricos y apuntó a una profunda interrelación entre las intersecciones de género y clase social, ratificando la posición tomada por las teorías de género interseccionales.Este artigo apresenta uma análise e descrição de questões atinentes à construção das identidades sociais e suas intersecções com relações de poder e hegemonia em entrevistas colhidas com mulheres pobres, negras, com baixa escolaridade e residentes em áreas periféricas. Para a operacionalização da análise, propomos estabelecer pontos de contato teórico-metodológicos entre a Análise Crítica do Discurso e a Análise da Narrativa. Os resultados tanto ressaltaram que a “avaliação” pode se constituir no principal viés a alinhavar ambas as vertentes teóricas quanto apontaram para um profundo imbricamento entre os atravessamentos gênero e classe social, ratificando a posição adotada pelas teorias interseccionais de gênero

    Quando o outro narra pelo afásico: observando as categorias interacionais de avaliação e de entextualização

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    Considering the diversity of configurations of oral narratives as short or long stories of the past, present, or future, of personal or vicarious experience, we assume that, in the process of narrating, actions such as evaluations and entextualizations are coproductions of the interactants. As such, we set out to investigate these two categories in oral narratives about neurological disorders told by aphasics’ companions. In our analyzes, we use theoretical-methodological instruments of narrative analysis (an affluent of discourse analysis) as well as theoretical tools from sociological and anthropological studies that greatly contribute to this aspect of discourse analysis. As a result of our investigations, we observed that the construction of meanings was achieved interactionally by evaluations and entextualizations; resources that also contributed in the configuration of the narratives as dramas and as a reportable story. We can, therefore, argue that tellability of the narratives was interactionally constructed using performative resources by the aphasic’s relatives.Considerando a diversidade de configurações das narrativas orais enquanto histórias do passado, do presente ou do futuro, breves ou longas, de experiência pessoal ou vicárias, assumimos que, no processo de narrar, ações como avaliações e entextualizações são coproduções dos interactantes, e partimos para a investigação dessas duas categorias em narrativas orais sobre acometimentos neurológicos contadas por acompanhantes de afásicos. Em nossas análises, valemo-nos dos instrumentais teórico-metodológico da Análise de Narrativa (um afluente da Análise do Discurso) bem como de instrumentais teóricos advindos de estudos sociológicos e antropológicos que contribuem sobremaneira para a essa vertente da Análise do Discurso. Como fruto das nossas investigações, observamos que construções de sentidos foram alcançadas interacionalmente via avaliações e entextualizações; recursos estes que também atuaram na configuração das narrativas como um drama e como um relato reportável. Podemos, então, advogar que a historiabilidade das narrativas foi construída interacionalmente com o uso de recursos performáticos pelos familiares dos afásicos

    Aspectos da dinâmica interacional da narração de histórias por pessoas com afasia

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    This article examines aspects of interactional storytelling by persons with aphasia in a face-to-face interaction, focusing on how they construct themselves as narrators. The analysis brings structural and interactional perspectives of narrative analysis together with a sociointeractional approach to frames and footings. The narratives under analysis were produced during a focus group discussion, in which two women with aphasia and one of the researchers participated. The transcription was done using a simplified version of CA conventions. Through the analysis of frame shifting and footings, we observed how participants with aphasia project themselves as narrators. We observed that they introduce stories marking topic coherence between conversation and narrative, as well as through glosses, repetitions of previous talk, and agreements with prior evaluations. The closing of the stories and the shift back to a conversational frame were made through evaluative codas and resuming previous topics. The researcher’s speech was marked by the presence of positive evaluations, demands for clarifi cation, and verifi cation of interpretations. In presenting these procedures, we intend to show how narrators with aphasia display the relevance of their stories to the local context and how, in doing so, they construct themselves as narrators. Key words: narrative, face-to-face interaction, aphasia.Este artigo investiga aspectos da dinâmica interacional da narração de histórias por pessoas com afasia em uma interação face a face, com o objetivo de compreender como tais pessoas se instauram como narradores. A análise conjuga perspectivas estruturais e interacionais do estudo da narrativa a uma abordagem sociointeracional da dinâmica dos enquadres e footings. As narrativas em análise ocorreram em uma interação gerada por meio do método de grupo focal, do qual participaram duas mulheres com afasia e uma das pesquisadoras. A transcrição foi feita de acordo com convenções adaptadas e simplifi cadas da Análise da Conversa. Por meio da análise de mudanças contínuas de enquadres e da negociação de footings, pôde-se observar como as participantes com afasia se inserem nessa dinâmica e de que recursos lançam mão para se posicionarem como narradoras. Observamos que elas marcam coerência tópica entre a fala em curso e a história através de glosas e retomadas de falas anteriores, assim como de concordâncias com avaliações anteriormente emitidas. As fi nalizações das narrativas são feitas através de codas avaliativas e retomadas do tópico em curso na interação. As falas da pesquisadora se caracterizam pela enunciação de avaliações positivas, pedidos de esclarecimentos e checagem de interpretações de falas anteriores. Com a apresentação desses procedimentos, pretendemos mostrar como as narradoras com afasia expõem a relevância de suas histórias e como, no curso dessas ações, se instauram como narradoras. Palavras-chave: narrativa, interação face a face, afasia

    Aspects of the interactional dynamics of storytelling by persons with aphasia

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    This article examines aspects of interactional storytelling by persons with aphasia in a face-to-face interaction, focusing on how they construct themselves as narrators. The analysis brings structural and interactional perspectives of narrative analysis together with a sociointeractional approach to frames and footings. The narratives under analysis were produced during a focus group discussion, in which two women with aphasia and one of the researchers participated. The transcription was done using a simplified version of CA conventions. Through the analysis of frame shifting and footings, we observed how participants with aphasia project themselves as narrators. We observed that they introduce stories marking topic coherence between conversation and narrative, as well as through glosses, repetitions of previous talk, and agreements with prior evaluations. The closing of the stories and the shift back to a conversational frame were made through evaluative codas and resuming previous topics. The researcher’s speech was marked by the presence of positive evaluations, demands for clarifi cation, and verifi cation of interpretations. In presenting these procedures, we intend to show how narrators with aphasia display the relevance of their stories to the local context and how, in doing so, they construct themselves as narrators. Key words: narrative, face-to-face interaction, aphasia.</p
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