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RETOMANDO O DEBATE SOBRE O TRABALHO VOLANTE NA AGRICULTURA PAULISTA DOS ANOS 1980
In the early 1980s Brazilian society became aware of the existence of thousands of rural temporary workers, employed in precarious conditions in sugarcane plantations in São Paulo state, the richest of Brazil. What drew attention were the large strikes and riots occurred in 1984, apparently without defined organization and leadership, assuming character of social explosion. Studies and academic activities had been working on the issue of temporary work in Brazilian agriculture since the 1960s, more strongly between 1973 and 1983. Currently, this issue receives little attention among researchers. The paper aims to regain academic debate occurred between 1970 and 1980 in Brazil, discussing especially the causes of the rise of the temporary workers and some of its characteristics, in particular those relating to the incidental or seasonal nature of their occupation.No início dos anos 1980 a sociedade se deu conta da existência de milhares de trabalhadores rurais volantes ou boias-frias, empregados em condições precárias nos canaviais do Estado de São Paulo, o mais rico do Brasil. Chamaram a atenção as amplas greves e revoltas ocorridas em 1984, aparentemente sem organização prévia e lideranças definidas, assumindo caráter de explosão social. Estudos e atividades acadêmicas vinham tratando do tema trabalho temporário na agricultura brasileira desde os anos 1960, mais fortemente entre 1973 e 1983. Atualmente, esse tema recebe pouco destaque entre pesquisadores. O objetivo do artigo é recuperar o debate acadêmico ocorrido entre 1970 e 1980 no Brasil, discutindo especialmente as causas do surgimento dos volantes e algumas de suas características, em particular as relativas à eventualidade ou sazonalidade de sua ocupação
MUDANÇAS TECNOLÓGICAS RECENTES E OCUPAÇÃO CANAVIEIRA NO CENTRO SUL DO BRASIL
Objetivou-se verificar os efeitos da evolução produtiva e, em especial, das mudanças tecnológicas na lavoura canavieira sobre a ocupação sucroalcooleira no Centro Sul do Brasil, entre 2007 e 2012. Deu-se especial atenção ao avanço da colheita mecânica em substituição à manual de cana queimada. Usaram-se dados do Ministério de Trabalho e Emprego, agrupando as famílias ocupacionais de empresas sucroalcooleiras em trabalhadores canavieiros e demais ocupações sucroalcooleiras. Este agrupamento registrou crescimento, enquanto o número de trabalhadores canavieiros reduzia-se em 34% de 2007 e 2012
Expansão e mudanças tecnológicas no agronegócio canavieiro
A partir de 1975, ocorre uma grande expansão da lavoura canavieira no estado de São Paulo e, no final da década de 1990, o início da mecanização das etapas de plantio e colheita da cultura. Com a expansão produtiva, elevou-se a concentração da posse da terra no estado, com mais de 64% de canaviais plantados em estabelecimentos agropecuários maiores que mil hectares. Nas empresas sucroalcooleiras paulista, o número de pessoas ocupadas nas atividades industriais cresceu proporcionalmente à produção setorial, mas foi reduzido para menos da metade o número dos trabalhadores empregados no corte de cana ou em outras atividades com menor exigência de qualificação profissional. Esses dados indicam que as transformações tecnológicas fizeram a atividade canavieira contribuir de modo negativo para a ocupação agropecuária paulista. Este livro procura estudar os efeitos dessa expansão na estrutura fundiária, apontar as causas da aceleração recente da mecanização das atividades de lavoura e, ao mesmo tempo, analisar seus efeitos sobre a ocupação canavieira e agropecuária no estado de São Paulo
EFEITOS AMBIENTAIS, SOCIAIS E ECONÔMICOS DE MUDANÇAS TECNOLÓGICAS RECENTES NA CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
De 2007 a 2017, vigorou o Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético, acordo entre empresários sucroalcooleiros e Governo do Estado de São Paulo, propondo a eliminação da queimada da cana como método facilitador de sua colheita, ao mesmo tempo, que se substituía a colheita manual pela mecânica. Apontam-se motivações da mecanização canavieira e repercussões na concentração fundiária e concorrência entre agroindústrias e fornecedores de cana. Estimam-se os efeitos na ocupação formal, com queda acentuada no número de cortadores de cana e aumento de pessoas na mecanização agrícola, em transporte e manutenção de máquinas e serviços administrativos, com saldo negativo. Entende-se que a ação pública no Protocolo foi parcial, com priorização da questão ambiental e pouca preocupação quanto à ocupação e concentração econômica
UM QUESTIONAMENTO SOBRE A CAPACIDADE EXPLICATIVA DO CONCEITO DE PLURIATIVIDADE. EM UMA REGIÃO DE PEQUENA AGRICULTURA DIVERSIFICADA
O presente texto realiza, a partir de uma reflexão sobre a adequação do conceito de pluriatividade para a compreensão dos processos de diversificação das ocupações e rendas agrícolas no Brasil, uma análise das atividades rurais agrícolas e não-agrícolas realizadas no município de Monte Alto-SP. Destacando que em regiões caracterizadas pela agricultura familiar diversificada as ocupações, rendas e salários agrícolas apresentam índices mais significativos em relação às atividades não-agrícolas, bem como uma reduzida população que se ocupa destas atividades que denota uma situação de precarização do trabalho diante do perfil de não especialização e baixa remuneração das atividades não-agrícolas em relação aos padrões regionais. Estas considerações apontam para um questionamento sobre capacidade explicativa do conceito de pluriatividade para o campo brasileiro.
Palavras-chave: Pluriatividade. Agricultura familiar. Trabalho rural
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AGRICULTURA FAMILIAR: O ACESSO AOS MERCADOS INSTITUCIONAIS NO ASSENTAMENTO DOM JOSÉ MAURO EM UBERLÂNDIA (MG)
O município de Uberlândia (MG) possui significativa relevância para o agronegócio nacional, mas, mesmo possuindo grande destaque neste segmento, são registrados números elevados de ocupação e manifestações de luta pela terra. É um dos municípios com o maior número de assentamentos rurais do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, totalizando 15 assentamentos. As famílias assentadas representam grande importância na produção de alimentos no município por fornecerem os alimentos via Programa Nacional de Alimentação Escolar e Programa de Aquisição de Alimentos. O objetivo desta pesquisa é analisar a efetividade das políticas públicas no assentamento Dom José Mauro, com o intuito de verificar se as famílias conseguem permanecer em suas terras e continuarem produzindo em seus lotes. Esta pesquisa justifica-se por tratar-se de uma temática inserida em um contexto não apenas local ou regional, mas nacional, que é a (re) produção da agricultura familiar
Vem cada vez mais de longe o leite nosso de cada dia: alterações recentes na cadeia dos lácteos no Estado de São Paulo
Nas últimas décadas uma série de transformações ampliou o alcance do mercado dos lácteos, sendo possível a captação de leite in natura em estabelecimentos distantes dos laticínios e a comercialização dos produtos processados em locais mais longínquos. O artigo se propõe a analisar mudanças que ocorreram na produção primária, na industrialização e no consumo do leite de vaca e seus derivados no Estado de São Paulo, entre 1990 e 2010. A pecuária leiteira paulista apresentou baixo dinamismo, fazendo com que São Paulo passasse de segundo para sexto maior Estado brasileiro produtor de leite cru ou resfriado no período. Sob o avanço da lavoura canavieira, a área de pastagem no Estado diminuiu e houve crescimento relativo da pecuária bovina de corte. Os ganhos de produtividade da pecuária leiteira paulista ocorreram em ritmo menor do que no Brasil e não foram suficientes para que se garantisse o aumento ou pelo menos a manutenção de sua produção de leite in natura. Os laticínios em São Paulo apresentaram dinamismo menor que no Brasil, embora sua produção tenha crescido além da produção primária de leite do Estado. O tamanho médio dos laticínios ficou maior e cresceu consideravelmente a produção paulista de leite longa vida, enquanto diminuía a produção do leite comercializado em embalagens de polietileno, de queijos e leite em pó. O consumo total de laticínios pelas famílias paulistas na década de 2000 aumentou, mas diminuiu o consumo per capita. A produção total de laticínios no Estado de São Paulo atende atualmente menos que 60% do seu consumo estadual total
DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E ALIMENTAÇÃO ESCOLAR: O CONSUMO NO VALE DO RIBEIRA E NO PONTAL DO PARANAPANEMA-SP
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem como diretriz o desenvolvimento sustentável, busca articular a Segurança Alimentar e Nutricional com promoção de ocupação e renda no campo e a reaproximação entre produção e consumo. O objetivo deste artigo é apontar indícios dessa promoção por meio do PNAE aos Territórios da Cidadania Vale do Ribeira e Pontal do Paranapanema, Estado de São Paulo, considerando o período 2013-2015. Para isso, busca verificar o atendimento à garantia de 30% dos recursos repassados à agricultura familiar preconizados pelo Artigo 14 da Lei nº 11.947 e identificar as formas de consumo promovidas na aquisição dos alimentos. A origem dos alimentos, o local produzido e o perfil dos fornecedores, pôde ser verificado por meio das prestações de contas disponibilizadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. A alocação interna dos recursos é superior aos que se deslocam para fora dos territórios, mas ainda é significativo o valor deste segundo montante e majoritária a participação de demais fornecedores
Inflação de alimentos no Brasil em período da pandemia da Covid 19, continuidade e mudanças
Desde 2007, os preços dos alimentos sobem mais intensamente do que o conjunto dos preços ao consumidor no Brasil. O objetivo do trabalho é comparar a inflação de alimentos no primeiro semestre de 2020 com a de 2007 e 2019, verificando se houve mudanças em suas características e razões. Usam-se informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que permitem analisar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e seus componentes. Entre 2007 e 2019, preços da alimentação fora do domicílio expandiram-se mais que da alimentação no domicílio. Entre os componentes desta, os preços dos menos processados aumentaram mais do que os dos mais processados, indicando que a origem da inflação de alimentos foi agropecuária, com as carnes tendo grande contribuição para o fato. Por sua vez, no primeiro semestre de 2020, produtos sem comércio exterior significativo, feijão, arroz, frutas, legumes e verduras, pressionaram mais a inflação. Em todo o período, as condições de comércio exterior, preço internacional e taxa de câmbio, tiveram forte influência na inflação de alimentos. No primeiro semestre de 2020, entre as causas, ganhou relevância o aumento da demanda de alimentos nos supermercados, aparentemente não acompanhado pela expansão da oferta
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