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    Leitura e Discussão de Obras Indígenas e Indigenistas em Espanhol: Um relato de experiência em ação extensionista

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    Em tempos agressivos, oriundos de pensamentos positivistas, coloniais e excludentes, diversos saberes e culturas têm sido propositalmente colocados à margem da sociedade civil e, por conseguinte, do ambiente escolar. Nessa esteira, embora haja legislação específica que exige a valorização das culturas indígenas e afro-brasileiras (BRASIL, 2008), a formação docente ainda deixa a desejar no que concerne ao favorecimento do conhecimento das diversas culturas e diferentes cosmovisões, como a dos povos indígenas (SILVA; COSTA, 2018). Visando contribuir para a ampliação da discussão e quiçá para a formação de professoras/es, em 2020, ofertamos a oficina Leitura e discussão de obras indígenas e indigenistas em espanhol. Neste relato, objetivamos trazer um panorama e reflexões sobre tal ação extensionista. Desde nossas impressões e dados gerados na oficina, a proposta é discutir como as etno-histórias podem potencializar que aspectos socioculturais e identitários indígenas sejam o centro do processo de ensino-aprendizagem em uma perspectiva intercultural (WALSH, 2009). Após uma série de encontros focados em leituras literárias de autoria indígena, avaliamos que o ensino de línguas, embebido por aspectos culturais pode constituir-se como uma forma de aproximação, valorização da diversidade e ressignificação da luta e do imaginário dos diferentes povos indígenas por meio de suas produções literárias

    Entre dilemas e possibilidades: A BNCC e os povos indígenas

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    Neste texto, objetivamos problematizar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) a partir do seguinte questionamento: o que a BNCC representa para os povos indígenas e para a sua educação escolar? Para esboçar uma possível resposta, iniciamos tencionando o cenário e as ideologias (VOLÓCHINOV, 2017 [1929] que possibilitam a promulgação de um documento de caráter nacional e obrigatório. A partir disso, descrevemos algumas das características da Educação Escolar Indígena e os avanços emergidos a partir da promulgação da Constituição Federal aos povos originários, como o direito a uma educação escolar específica e diferenciada. Logo após, desde a visão de pesquisadores indígenas como Baniwa (2019), elencamos os avanços e a contribuição indígena na versão final da BNCC. Para esse exercício, trouxemos excertos da Base – Ensino Fundamental – que ilustram possibilidades de trabalho com a temática indígena em sala de aula. Ademais, trazemos fragmentos de três Projetos Políticos Pedagógicos distintos para ilustrar a transposição da BNCC em outros documentos educacionais. Em nossa percepção, apontamos que algumas políticas (educacionais) trouxeram mudanças importantes, já a BNCC, embora seja um direito dos indígenas, pode contribuir para modificações necessárias ou para retrocessos, o que vai depender significativamente de outras políticas linguísticas, de cada instituição e do corpo docente

    O exercício de “proximidade crítica” na formação de professores de línguas como um aceno aos inéditos viáveis

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    Moita Lopes and Fabrício (2019) argue that an attentive look at micromovements and their potential transgressors makes it possible to imagine the impossible, which is a distinctive feature on the production of “critical proximity chronicles”. Similarly, Paulo Freire (2021 [1992]) urges us to look for viable novelties, that is, to build something new based on our perception of its viability. In line with these constructs, we aim to build a Freirean “critical proximity chronicle” about our pedagogical practices, drawn from what we understand as critical teaching, in two distinct experiences that we shared as educators of language teachers. We focus on an undergraduate Letras discipline and on an extension course for teachers from the basic education network. The discussions we led throughout the remote meetings aimed at the critical practice of problematizing and reflecting on possible pedagogical undertakings in which hegemonic epistemologies and ontologies were placed under scrutiny. This attitude enabled the creation of a democratic space for the circulation of multiple narratives. Writing this chronicle constituted a dialogical space for the construction of new meanings from our pedagogical practices, as we sought to resignify them, while focusing on our perceptions of the narrative devices administered by these groups.Moita Lopes e Fabrício (2019) argumentam que um olhar atento a micromovimentos e seus potenciais transgressores possibilitam imaginar o impossível, traços distintivos da produção de “crônicas de proximidade crítica” em Linguística Aplicada. De modo similar, Paulo Freire (2021 [1992]) nos incita a buscar inéditos viáveis, ou seja, construir algo novo, aparentemente utópico, com base em nossa percepção de sua viabilidade. Alinhados a esses construtos, nesse relato autoetnográfico, construímos uma “crônica de proximidade crítica” freireana sobre nossas práticas pedagógicas, com base no que entendemos como ensino crítico, em duas experiências distintas que compartilhamos como formadores de professores de línguas. Focalizamos dois percursos pedagógicos: uma disciplina de graduação para calouros, “Introdução à Linguística Aplicada”, e um curso de extensão para professores da rede básica de educação, “Mobilizando saberes docentes”. As discussões nos encontros remotos, informadas por textos e materiais didáticos, buscavam problematizar práticas e refletir sobre caminhos possíveis, nos quais epistemologias e ontologias hegemônicas seriam colocadas em escrutínio, abrindo espaço para a circulação de narrativas múltiplas. O processo de escrita dessa crônica constitui-se como um espaço de construção de sentidos de nossas práticas pedagógicas, buscando (res)significá-las ao nos debruçarmos sobre nossas percepções acerca dos dispositivos narrativos produzidos pelos grupos nos percursos analisados

    Editorial

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    Editorial da edição atemática de fluxo contínuo do primeiro semestre de 2021

    Proposta de avaliação de sequências didáticas com foco na escrita

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    Text/discursive genres, literacy and didactic sequences have been so widely employed by teachers/professors and researchers that seem to have become ‘magic keys’, as Bunzen (2004) mentions while talking about genres. Certainly, when using such concepts, we assume a quest for a more meaningful teaching and learning process, which enables students to act in more conscious and critical ways. That is, we seek to contribute to the students’ literacy in several social practices. Nonetheless, the broad use of such terms brings the concern to the risk of a reduction of such notions and even some camouflage, i.e., a new grammar in the text level (Signorini, 2001). Aware of the possible distance between what we want and what we actually do, as professors and researchers coming from a sociodiscursive perspective, we developed an instrument to evaluate didactic sequences focused on writing, which was employed in the evaluation of the material used during the data collection for the doctorate research study of one of us. This tool allows us to critically evaluate our own material and analyze if it can (or can not) collaborate effectively to the students’ development of language capacities (Schneuwly and Dolz, 2004) that are needed to act in specific social contexts. In this text, we recover some concepts of the theory that lay the foundation of our work and present our proposal. Key words: text genres, evaluation of didactic sequence, writing.Gêneros textuais/discursivos, letramento e sequências didáticas têm sido tão amplamente empregados por professores e pesquisadores que parecem ter se tornado ‘chaves mágicas’, como menciona Bunzen (2004) ao tratar de gêneros textuais/discursivos. Certamente, ao fazer uso de tais conceitos, assumimos a busca por um ensino mais significativo, que possibilite que o aluno aja em sociedade de maneira mais consciente e crítica. Ou seja, ensejamos contribuir para o letramento dos educandos para práticas sociais diversas. Contudo, a larga utilização de tais termos nos traz a preocupação da possível redução de suas noções e até mesmo uma camuflagem, isto é, uma nova gramática no nível do texto (Signorini, 2001). Conscientes da provável distância existente entre o que queremos e o que de fato realizamos, como professoras-pesquisadoras alinhadas ao Interacionismo Sociodiscursivo (ISD), desenvolvemos um instrumento de análise de sequências didáticas com foco na escrita, que foi empregada para a análise do material utilizado ao longo da coleta de dados da pesquisa de doutoramento de uma de nós. A intenção é utilizá-lo para avaliar criticamente nosso próprio material e perceber se pode (ou não) colaborar efetivamente para que o aluno desenvolva capacidades de linguagem (Schneuwly; Dolz, 2004) necessárias para agir em contextos sociais específicos. Neste texto, objetivamos retomar alguns conceitos do ISD que embasam nosso trabalho, expor nossa proposta de análise e discuti-la

    RESSIGNIFICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUAS EM PRÁTICAS FORMATIVAS COM BASE EM GÊNEROS TEXTUAIS

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    Este artigo propõe uma discussão a partir de duas experiências realizadas em contextos de formação inicial e continuada de professores de línguas no sentido de refletirmos sobre nossas práticas formativas. Para tanto, pautamos nossos trabalhos nos aportes teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 1999/2007), no ensino de línguas com base em gêneros textuais (BAKHTIN, 1979/1992/2003; DOLZ; PASQUIER; SCHNEUWLY, 1993; SCHNEUWLY; DOLZ, 2004), tomando por base a linguagem como prática social, as capacidades de linguagem (MACHADO; CRISTOVÃO, 2006; CRISTOVÃO, 2013; CRISTOVÃO et al, 2010; CRISTOVÃO; STUTZ, 2011), da Psicologia Histórico-Cultural (VYGOTSKI, 1988). Os resultados apontam para possíveis reconfigurações em diferentes contextos de formação e desenvolvimento como possíveis ressignificações relacionadas à situação de trabalho do professor de línguas

    Políticas linguísticas oficiais e oficiosas: da BNCC ao Escola sem Partido

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    Pensar, analisar e debater políticas linguísticas e educacionais, oficiais e oficiosas, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Movimento Escola sem Partido (MESP) nos levam a entender que nosso desafio nesta tarefa não está naquilo que é aparentemente visível em cada uma dessas propostas. Nesse sentido, buscamos destrinchar e problematizar as intenções e os efeitos no mundo das políticas mencionadas, uma vez que elas não são fatos, mas processos em construção social. É na multiplicidade de contextos, práticas, discursos e análises que se encontram as duas entrevistas e os quinze artigos que compõem este dossiê. Cada autor e autora deste volume contribui para este exercício de reflexão no qual o dissenso e o caos não deixam de existir e exigem de nós engajamento, criticidade, ação. Nessa multiplicidade, as/os participantes deste dossiê nos ajudam a ampliar os espectros de discussão e de análise sobre a questão das políticas linguísticas - oficiais ou oficiosas, como macro ou micropolíticas, no texto da legislação ou no chão da escola. As autoras e autores nos presenteiam aqui com suas pesquisas em diferentes cenários, espaços espectros. Temos artigos que se voltam a discussões sobre a questão das línguas (Portuguesa, Inglesa, Espanhola, Francesa, Libras) na BNCC; outros tratam do estatuto das línguas (se estrangeira, adicional, materna, não materna, franca, de fronteira, etc.); e, outros ainda, analisam silenciamentos, resistências, omissões, ausências e/ou apagamentos de línguas, saberes e subjetividades nas políticas que analisam. Há artigos também que buscam pensar a BNCC nos diferentes segmentos educacionais, como a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, o Ensino Médio, o Ensino Médio Integrado, bem como a Educação Profissional e Tecnológica de Nível Médio. Há ainda artigos que discutem a relação entre a BNCC e o MESP e/ou analisam as próprias ações promovidas pelo MESP, nos oportunizando diferentes reflexões sobre os impactos de ambas as políticas na atualidade. Outras temáticas atravessadas pela pesquisa no campo das políticas linguísticas pautam-se em conceitos mais amplos, como ideologia, globalização, neoliberalismo, direitos humanos, etc., e/ou conceitos voltados à educação linguística, como os gêneros discursivos, os letramentos, as práticas de escrita e oralidade na escola. Além disso, o dossiê nos traz a oportunidade de reflexão sobre a importância da formação de professores na área de estudos da linguagem. Esperamos que a leitura dos artigos contribua para a reflexão sobre a relevância da pesquisa e da discussão no campo das políticas linguísticas, que afetam nosso cotidiano, nossas escolas, nossa profissão como professoras/es, nossa vida e existência

    Gêneros textuais e temas necessários para agir em contextos profissionais e acadêmicos na área de Biotecnologia

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    Para contribuir com o preenchimento da lacuna existente no contexto brasileiro de pesquisas na área de planejamento de cursos de línguas para fins específicos baseados em gêneros textuais (RAMOS, 2004), apresentamos um mapeamento de gêneros textuais e dos temas necessários para agir em contextos profissionais e acadêmicos da área de Biotecnologia. Tal estudo foi realizado com a aplicação de um questionário aos alunos, professores e técnicos do curso, em uma instituição federal. A análise dos resultados foi embasada nos pressupostos teórico-metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) cujos precursores são Bronckart, Schneuwly e Dolz (MACHADO, 2005)

    DESAFIOS NO ENSINO DE LÍNGUAS NA CONTEMPORANEIDADE: DA BNCC AO ESCOLA SEM PARTIDO

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    Em sentido aristotélico, somos todas/os seres políticos, porque nossas ações são sempre fruto de escolhas. Definições relativas a línguas, portanto, sejam elas oficiais ou não, constituem políticas linguísticas (RAJAGOPALAN, 2013) e a comunidade acadêmica constitui-se como um importante agente no processo de realização de políticas enquanto textos e práticas (GIMENEZ, 2013). Considerando tal responsabilidade, e entendendo que a crescente polarização política e a intensificação de políticas neoliberais que temos vivenciado no Brasil nos últimos anos produziram condições favoráveis para a publicação de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o fortalecimento do Movimento Escola sem Partido (MESP), em 2019, propusemos um curso de extensão na área de formação de professoras/es de línguas, intitulado: Desafios no ensino de línguas na contemporaneidade: da BNCC ao Escola sem Partido. O objetivo de nosso curso foi aproximar nossas discussões na universidade das discussões nas escolas de Educação Básica, para debater e criar inteligibilidades, à luz da Linguística Aplicada, sobre nossas práticas atravessadas por políticas educacionais e/ou linguísticas - especialmente em relação à BNCC e ao MESP. Neste texto, fruto de nossos diálogos e reflexões antes, durante e após nosso curso de extensão, trazemos, primeiramente, algumas considerações sobre como temos lido questões sociais e políticas que, no nosso entender, servem como contexto para documentos como a BNCC e propostas como o MESP. Em seguida, buscamos apontar similaridades entre essas políticas, relacionando-as com nosso momento presente, na sociedade brasileira e no contexto neoliberal que atravessamos nesta fase da globalização. A nosso ver, a formação de professoras/es precisa atuar mais ativamente no questionamento e na desnaturalização da ordem social que, em nome da neutralidade, reproduz desigualdades e violências de diferentes ordens. Para isso, entretanto, é preciso considerar criticamente e reflexivamente nossa atualidade, o que exige maior proximidade com outras esferas sociais. Desse modo, ao compartilhar reflexões informadas pela Linguística Aplicada e atravessadas por vozes de outras/os professoras/es, esperamos contribuir com esta reflexão, questionamento e problematização necessários para enfrentarmos os desafios que nossa contemporaneidade nos clama a enxergar e atuar

    FAZ SENTIDO UMA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR?

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    Entrevista realizada com a Professora Dr.ª Mônica Ribeiro da Silva.Mônica Ribeiro da Silva realizou pós-doutorado na Faculdade de Educação da UNICAMP, doutorado em Educação: História, Política e Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mestrado em Educação: Fundamentos da Educação pela Universidade Federal de São Carlos e graduação em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Atualmente é professora na Universidade Federal do Paraná e atua nos cursos de formação de professores e no Programa de Pós-Graduação em Educação - Mestrado e Doutorado. Mônica tem interesse no campo de pesquisa em Políticas Educacionais com ênfase para o Ensino Médio e na avaliação de políticas públicas, coordena o Grupo de Pesquisa Observatório do Ensino Médio e atua como vice-líder do Grupo de Pesquisa EMPesquisa - Pesquisas sobre Ensino Médio com sede na Unicamp. Além disso, é integrante do Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.  
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