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    DO MANUSCRITO AO FOLHETO DE CORDEL: UMA LITERATURA ESCRITA PARA SER ORALIZADA

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    Considerações sobre a Literatura de Folhetos / Literatura de Cordel como uma literatura em processo, viva, que tem passado por várias mudanças, desde seu período de formação e produção de folhetos em vários estados do Nordeste. São destacados diferentes exemplos, dentre eles, os épicos manuscritos, colhidos por Euclides da Cunha durante a Guerra de Canudos, escritos para serem oralizados. O estudo centra-se na característica específica de ser uma literatura feita, mais para “os ouvidos” que para os olhos, desde o início, o que seria difícil de provar sem os estudos de vários pesquisadores e da leitura de folhetos existentes na coleção “Cordéis de Mário de Andrade”. Esta coleção integra publicações de outros estados e de alguns países, em que se faz uso da mesma “fórmula editorial”, identificada pelo tipo de edição em brochura, com capa de papel na cor branca ou colorido e miolo em papel jornal, mas contendo uma produção bem diferente do que se conhece como literatura de cordel. A coleção de Mário de Andrade também foi uma fonte fundamental para estudar a variação de denominações utilizadas pelos poetas populares nordestinos e, ainda, por fornecer o material que foi ponto de partida para dois ensaios de Mário de Andrade. Outra questão aqui desenvolvida diz respeito ao público tradicional constituído por leitores/ouvintes ou ouvintes/leitores, encontrados em pesquisas de campo, que trazem em sua memória uma ou mais histórias, publicadas em folhetos, decoradas, quando ainda eram crianças, mas que afloram sempre que surge uma oportunidade para “dizer” os versos ou cantá-los

    AS PRÁTICAS ORAIS DAS REZADEIRAS: UM PATRIMÔNIO IMATERIAL PRESENTE NA VIDA DOS ITABAIANENSES

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    As rezadeiras, também conhecidas como benzedeiras, possuem uma importante função na parcela da sociedade que mantém usos e costumes tradicionais: estabelecer relações com o sagrado. Essa tradição tem a oralidade como carro chefe. Detentoras de um grande saber religioso são capazes de, por meio das rezas e dos rituais, curar males e devolver o equilíbrio emocional e físico àqueles que as procuram. O ofício que exercem é transmitido de geração a geração, de maneira que a pessoa que aprendeu ou foi escolhida para exercer tal ofício também repassará, algum dia, seus saberes a seu sucessor ou sucessora. A continuidade dessa cultura contribui para a preservação do patrimônio cultural, configurado em suas dimensões intangíveis. No que se refere ao patrimônio imaterial, eixo norteador do trabalho, diz respeito às praticas e domínios de saberes, ofícios, valores e a diferentes formas de expressão que compõem a vida social de base comunitária. Este artigo está centrado no oficio de duas rezadeiras populares da região itabaianense, etapa inicial de um trabalho de pesquisa de campo, mais amplo, que está se desenvolvendo em Itabaiana - PB: por um lado, resultará em tese de doutorado e outros estudos acadêmicos; por outro, buscará sensibilizar instituições locais para que o ofício de rezadeira seja reconhecido como patrimônio imaterial. As práticas orais das rezadeiras serão apresentadas a partir dos relatos, memórias e performances. Para esta pesquisa está se utilizando gravação de som e imagem, de modo a dar ênfase às vozes das rezadeiras que, durante o processo dialógico estabelecido com a interlocutora que as procurou (neste caso, Danielle Gomes do Nascimento) presentificam lembranças e práticas religiosas. As duas rezadeiras contaram um pouco da vida religiosa, da pratica com as rezas e outros afazeres. A pesquisa parte do conhecimento empírico das rezadeiras a fim de apreender os significados do fenômeno social praticado por elas – da cura por meio das rezas. O trabalho está embasado nos princípios definidos pelo IPHAN (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para identificação do Patrimônio Imaterial Brasileiro e autores que reconhecem a importância da memória na coletividade – Bergson (2011), Halbwachs (2006), Bosi (2004), autores que fornecem subsídios para os estudos da oralidade e estudos linguísticos – Ong (1998), Zumthor (2007) e Bakhtin (2010), entre outros. Portanto, as rezadeiras ou benzedeiras estão presentes nos costumes tradicionais da religiosidade brasileira e têm sido identificadas como detentoras de saberes e por seu oficio apreendidos e aprendidos por meio de transmissão oral

    Riqueza de pobre

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    The concept of hybridisation or mixture is developed on the basics of a set of three examples taken from the oral and written traditions of folk literature of the Northeast of Brazil. the first one is concerned with the adaptation of traditional stories to the medium of the folheto. The second one, also taken from a folheto relates to the theme of "utopia". Finally, the third example analyses a canonical procedure in the genre of cantoria de viola, namely that of the structuring of the baião de aniversário. Hybridisation makes it possible to consider Brazilian folk culture as a contemporary activity.O conceito de hibridização ou mistura é desenvolvido através de três exemplos da literatura popular nordestina escrita e oral. O primeiro diz respeito à adaptação de histórias tradicionais no folheto: o segundo, também extraído de um folheto, ao tema da utopia. Por último, torna-se um procedimento canônico encontrado na cantoria de viola - a estruturação do baião de aniversário. A hibridização permite considerar a cultura popular no Brasil como atividade contemporânea

    Os cocos: uma manifestação cultural em três momentos do século XX

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    NESTE ARTIGO é analisada uma manifestação popular desenvolvida em diferentes locais do estado da Paraíba, principalmente por negros e seus descendentes. Nela se entrelaçam literatura oral, música, canto e dança. Os cocos foram registrados com rigor científico nas décadas de 20 e 30 devido à iniciativa de Mário de Andrade, de que resultou uma ampla documentação. A preocupação em organizar um rico acervo sobre os cocos, fundamentado em observação direta e registros por meios mecânicos e eletrônicos em campo, com procedimentos técnicos e metodológicos que permitam análises criteriosas dessa manifestação de cultura popular nordestina, buscando ressaltar suas especificidades, motivou a pesquisa que vem sendo desenvolvida desde 1992 na Paraíba. Neste artigo reconhece-se a importância dos acervos constituídos por Mário de Andrade e pelos integrantes da Missão de Pesquisas Folclóricas da Discoteca Municipal de São Paulo, sintetiza-se questões relacionadas à manifestação de poesia, canto e dança no presente, considerando-se o contexto em que vivem os dançadores e cantadores, o significado que a brincadeira do coco tem para eles, a ponto de se configurar até como afirmação de identidade. Analisa-se, ainda, a situação da cultura popular numa sociedade em que a escrita é hegemônica, explicitando a perspectiva militante adotada nesta pesquisa.<br>THIS ARTICLE FOCUSES on a popular manifestation which grew in several parts of Paraíba State, mainly among blacks and their descendants. Oral literature, songs and dances are interwoven in that manifestation known as "coco". "Cocos" were first recorded, using scientific methods, in the 20's and 30's thanks to Mário de Andrade's initiative, which produced a large documentation. The wish to organize a precious heap of information on "cocos", based on direct observation and field recording with mechanical and electronic instruments, using techniques and methods which may allow judicious analyses of that Northeastern cultural manifestation, in an attempt to point out its characteristics, has been the motivation of our research going on in Paraíba since 1992. In this article the importance of the documentation amassed by Mário de Andrade and the members of the Missão de Pesquisas Folclóricas of São Paulo's Municipal Phonograph Record Collection is acknowledged; questions related to current poetry, song and dance manifestations are summed up, taking into account the dancers' and singers' life contextualization, the special meaning which the "coco" play has for them nearly becoming an identity affirmation. Furthermore, the popular cultural condition is analyzed within its social setting in which writing is hegemonic, making thus explicit the militant point of view adopted in this research
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