19 research outputs found

    Família, rapto e transgressão no Setecentos em Pernambuco

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    Esse artigo examina a condição social da mulher colonial em situações que envolvem rapto e casamento contra a vontade da família. Apresentamos dois casos ocorridos em Pernambuco no século XVIII. O primeiro trata de uma moça raptada por um jovem de condição inferior à sua; o pai esboça profunda indignação pelo ocorrido, mas a jovem acaba contraindo matrimônio com o raptor. O segundo caso também aborda o problema de casamento entrepretendentes de condição social diferente, sendo o homem socialmente inferior. O casamento acontece, mas é anulado e a moça enclausurada no Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição de Olinda. Os dois processos indicam que algumas mulheres coloniais transgrediam as normas sociais que lhes eram impostas, mesmo que isto significasse arriscar o futuro e um confortável lugar social

    Os filhos da roda: instituição e escravidão de crianças expostas na Casa da Roda do Recife, 1770-1829

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    O presente artigo sintetiza o funcionamento e ações da Roda dos expostos do Recife no final do século XVIII. Discute as dinâmicas que envolveram o acolhimento e escravização/reescravização de crianças expostas na referida Roda. Uma análise precisa da instituição em destaque, nos deixa indícios que muitas das crianças abandonadas passaram pelo trágico risco de serem escravizadas ou até mesmo “reescravizadas” na própria instituição. No entanto, tal fato contrariava a lei de1775, aqual garantia o direito de liberdade aos ingênuos, ou seja, crianças foram escravizadas na instituição que deveria libertá-las

    Recantos femininos do Império: Recolhimentos e clausura no Norte do Brasil colonial

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    A instituição Recolhimento Feminino surgiu em todo o Império Português e foram de suma importância para a solução de múltiplas problemáticas que envolveram as mulheres. Questões que vão desde os desejos de devoção ao salvador, passando pela educação pura e simples até os enclausuramentos forçados. Seus perfis foram diferenciados. O mais famoso que abrigou as filhas dos funcionários reais que feneceram nas conquistas, o do Castelo de Lisboa, até os mais simples, como o da Paraíba. Houve aqueles que buscaram recuperar as prostitutas e mulheres perdidas, chamados de Recolhimento das Convertidas e aqueles que se esmeraram em promover uma educação para o casamento. Não importa qual a configuração que cada casa dessas alcançou ao longo do tempo, todas sem exceção estiveram voltadas a proteger a honra feminina e consequentemente a da família no Antigo Regime

    AS MARIAS MADALENAS DE PERNAMBUCO.

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    Esse trabalho trata do processo de ereção e implantação de um recolhimento de mulheres, que surgiu na vila de Igarassu na primeira metade do século XVIII. As pregações de frades piedosos provocaram uma onda de fé, que levou a população a abraçar a causa dessas mulheres. O surgimento de uma nova casa religiosa fez emergir uma grande insatisfação por parte dos frades franciscanos, que moveram os poderes reais, através do Conselho Ultramarino, para impedir a continuidade do projeto dessas mulheres

    A clausura feminina no mundo ibero atlântico: Pernambuco e Portugal nos séculos XVI ao XVIII

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    Garantir a proteção da prole feminina sempre foi uma preocupação das famílias no mundo ibero-atlântico do Antigo Regime. Quando não era possível casar as moças com pessoas de qualidade, buscar o abrigo das casas de clausura para dar-lhes um estado foi uma opção e, em muitos casos, uma demonstração de afeto dos genitores. Os espaços de clausura assumiram múltiplas funções, pois tanto permitiam a almejada proteção e honra como possibilitavam uma vida devota para aquelas que tinham vocação. Mas, contraditoriamente, se constituíram em espaços de prisão para aquelas que de alguma forma romperam as fronteiras dentro das quais era permitido às mulheres se movimentarem. Assim, neste artigo tentamos demonstrar como as instituições de clausura fizeram parte do cotidiano das mulheres e das famílias fidalgas da sociedade do Antigo Regime

    O sexo devoto : normatização e resistência feminina no Império Português -XVI-XVIII

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    O fio condutor que subjaz a esta tese é a demonstração de que as mudanças na ordem social, no que respeita às mulheres luso pernambucanas, são perceptíveis nas ações e práticas destas mesmas mulheres no século XVIII e não apenas no século XIX, como é comum se ver expresso na historiografia mais clássica sobre o tema. Para alcançar tal objetivo, buscamos analisar os requerimentos feitos por mulheres e dirigidos ao Conselho Ultramarino e que se relacionavam às necessidades e estratégias de sobrevivência das famílias desamparadas pelos representantes masculinos. Além do que apresentamos instituições chamadas de recolhimento com espaços onde se forma uma nova mulher, através de uma educação direcionada para a formação do cidadão. É uma mulher apresentada como a primeira educadora, portanto responsável pelos destinos da sociedade dos tempos iluminados. Nossa argumentação baseou-se nas teorias da História Cultural, seguindo uma metodologia interpretativa das fontes que foram selecionadas. As novas necessidades vivenciadas na sociedade pernambucana do Setecentos apontam para a formação de uma nova mulher, que vai lentamente ampliando seu espaço de ação, conquistando, assim, um novo lugar. É um movimento que se realiza na lentidão das décadas e que só pode ser percebido na longa duração. Esse processo desenvolvido no longo tempo foi apoiado numa perspectiva de perceberem-se as trocas culturais realizadas entre metrópole e colônia, configurando-se numa verdadeira circularidade à medida que ambas as partes influenciam e são influenciadas. A documentação examinada e analisada permitiu-nos acompanhar, no tempo longo, as mudanças ocorridas, atrelando práticas femininas às instituições sociais que se destinavam às mulheres coloniai
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