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A dimensão moral e religiosa da política internacional : pensamento e contribuição de Rui Barbosa
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Relações Internacionais, Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais, 2018.Nos últimos anos, pesquisadores têm buscado a existência de um pensamento nacional
sobre política internacional partindo da premissa de que não existe uma grande
diplomacia sem um pensamento nacional de política exterior consistente. Assim, seria
preciso empreender uma busca de ideias, conceitos e reflexões que teriam ajudado a
construir a política exterior do País, considerada por muitos como bem sucedida em
diversos aspectos. Nesse quadro, esta tese procura identificar possíveis fundamentos
conceituais na visão de Rui Barbosa sobre política exterior e relações internacionais, na
qual se destaca uma forte base moral e religiosa assentada sobre concepções teóricas de
seu tempo a respeito da busca da paz internacional.The purpose of this thesis is to introduce the thought of Brazilian statesman Rui
Barbosa (1849–1923) on foreign policy and international relations from the vantage
point of doctrinal reflection. In recent years, scholars have thoroughly sought to find the
existence of a distinct Brazilian national thinking, building on the premise that there is
no great diplomacy without a consistent foreign policy perspective. Thus, it would be
mandatory to search for ideas and reflections that had assisted the foreign policy
construction of the country, considered by many as well succeeded in most respects. In
this context, the paper seeks to identify the possible foundations of Rui Barbosa’s vision
on foreign policy and international relations, which is highlighted by a strong moral and
religious foundation and settled on his contemporary conceptions on the pursuit of
international peace
Tolerância e conflitos internacionais
The objective of this article is to analyze the role played by tolerance in international relations from 1648 onwards. Tolerance is a value that, to a large extent, guided the construction of the new order that emerged from the collapse of the medieval order. The rationality of the concept of tolerance proved to be coherent with the forces of the Enlightenment and in the same way that it served as a basis for the pacification of religious conflicts, it also served to guide the understanding of principles that could base a true Society of States. This article intends to provoke a reflection, albeit indirectly, on the possibilities and limits of the value of tolerance for our world. Could international practices still be fixed to this value in the face of the deterioration of International Law, the decline of institutions, the emergence of new global dynamics and the intensification of violent conflicts such as Israel versus Hamas or Russia's war to incorporate Ukrainian territories?O objetivo central deste artigo é analisar o papel desempenhado pela tolerância na constituição das instituições e práticas desenvolvidas no sistema de relações entre Estados a partir de 1648. A tolerância é um valor que, em grande medida, orientou a construção da nova ordem surgida do colapso da ordem medieval. A racionalidade do conceito de tolerância revelara-se coerente com as forças do iluminismo e, do mesmo modo que serviu de base para a pacificação dos conflitos religiosos serviu também para orientar o entendimento de princípios que poderiam fundamentar uma verdadeira sociedade de Estados. O artigo intenciona suscitar uma reflexão, ainda que indiretamente, sobre possibilidades e limites do valor da tolerância para o nosso mundo: será que neste valor ainda poderiam ser fixadas as práticas internacionais ante a deterioração do Direito Internacional, o declínio das instituições, o surgimento de novas dinâmicas globais e o acirramento de conflitos violentos como de Israel versus Hamas ou a guerra da Rússia para incorporar os territórios da Ucrânia
A defesa da paz na dramaturgia cômica: a perspectiva da política em Lisístrata, de Aristófanes
Durante as Lenéias de 411 a.C. foi encenada em Atenas a peça Lisístrata, de Aristófanes. Do gênero das comédias, Lisístrata é uma defesa da paz. Este período, porém, registra o vigésimo ano da Guerra do Peloponeso, um período conturbado da vida social e política ateniense. Na mesma ocasião, Atenas enfrenta um golpe oligárquico e a sublevação de algumas colônias associadas ao Império Ateniense. Neste contexto a peça é simbólica. Lisístrata – aquela que “dissolve as tropas” – toma posse da Acrópole para denunciar a imprudência e a desrazão masculina, causa de angústia e falência moral. Vigilante, Lisístrata convence as mulheres de se abster de sexo em prol da tranquilidade e da vida espiritual da polis. O que Lisístrata tem em comum com as abordagens teóricas de Relações Internacionais? Esse artigo procura estabelecer uma primeira aproximação entre Aristófanes e as Relações Internacionais com o objetivo de captar um olhar da política
La voix de la raison e de la tolérance: O problema histórico da pena de morte e sua suspensão universal anunciada pela Assembléia Geral das Nações Unidas
O tema do presente artigo é a pena de morte, uma questão polêmica que possui diversas faces. Desse modo buscar-se-á analisar essa questão sob diversos prismas, interrelacionando-os.O tema do presente artigo é a pena de morte, uma questão polêmica que possui diversas faces. Desse modo buscar-se-á analisar essa questão sob diversos prismas, interrelacionando-os
A RELEVÂNCIA DE ZOROASTRO PARA AS CONCEITUAÇÕES PÓSHEGEMÔNICAS DA ORDEM MUNDIAL
A presente pesquisa objetiva resgatar o pensamento e a doutrina de Zoroastro,sábio, legislador e poeta da Pérsia antiga. Esse movimento de resgate faz parte de umatendência, em Relações Internacionais, de retornar ao passado em busca de alternativas,novas maneiras de ver e interpretar o mundo social e político. Diante dos dilemas éticose morais vivenciados pela presente geração, os apelos em torno da renovação da ordemsocial e política exigem uma investigação da própria sociedade, em busca dacompreensão de possibilidades emancipatórias contidas nela mesma, apesar de suasconstruções patológicas, muitas delas elaboradas em formas de dominação. A crença éde que em meio às ideias vitoriosas no tempo houveram doutrinas silenciadas: elasjazem parcialmente ocultas sob as edificações teórico-filosóficas vigentes. Assim, devesebuscar, numa revisão da edificação civilizacional, possíveis etapas que ofereciamoutras saídas e alternativas para a humanidade; mas, vencidas, ficaram depositadas nascamadas do tempo. O desafio, portanto, é empreender uma “arqueologia do saber” parareencontrar, nos fundamentos da civilização vigente, tendências culturais, intelectuais,religiosas, sociais, políticas e econômicas, capazes de eliminar um ou outro abuso.Dentre as várias contribuições e tradições espalhadas pelo mundo, é possível imaginarantigas civilizações, tais como a Pérsia, como um repositório de importantes reflexõessobre moralidade, sociedade, política e economia. Nela, encontra-se o Zoroastrismo,uma doutrina que desempenhou um importante papel no desenvolvimento de regiõesconsideradas como o berço de nossa civilização atual. O Zoroastrismo busca, por meiode uma metafísica, observar a natureza, os indivíduos e suas relações para sugerir umguia de ação cujo propósito é preveni-los dos males existenciais. Nesse espírito, essapesquisa pretende conhecer os fundamentos ontológicos da doutrina de Zoroastro, nosseus próprios termos culturais e históricos, com a finalidade de repensar, mais tarde, ecriticamente, os nossos pressupostos, assumidos, muitas vezes, como “verdades” emteorias vigentes da sociedade e das Relações Internacionais. Do ponto de vista dasRelações Internacionais, a pesquisa se insere num movimento metodológico maisabrangente de releitura de obras clássicas que tem por objetivo recuperar valores éticose religiosos em tempos de crise e perturbação mora
A noção de igualdade jurídica das nações: recepção e redefinição conceitual no pensamento jusinternacionalista de Rui Barbosa
O projeto teve por objetivo auxiliar um esforço de pesquisa que procura recriar o pensamento jusinternacionalista de Rui Barbosa em contexto. A pesquisa buscou suprir uma carência de compreensão sistematizada das ideias e ações de Rui na área do Direito Internacional em interface com a Política Internacional; ao mesmo tempo em que busca cobrir suas diversas percepções sobre o tema ao longo de acontecimentos de extrema importância para o Brasil e o mundo na virada do século XIX. São do conjunto dessas percepções, por exemplo, uma concepção sobre o Estado como sujeito de Direito Internacional, uma noção de soberania, a tese de igualdade jurídica entre os Estados, uma leitura sobre o Direito Internacional frente à primeira guerra mundial, a defesa do primado do Direito sobre a força e a ideia de um judiciário internacional (MACEDO, 2016; ARAÚJO, 2018). Em essência, buscou-se investigar se Rui Barbosa reformulou (ou não) a ideia de igualdade jurídica das nações a partir de sua atuação na Segunda Conferência de Paz da Haia (1907). Assim, é notável perceber como o princípio da igualdade jurídica das nações viria a se consolidar, durante o século XX, como um dos pilares essenciais de sustentação da sociedade internacional e de esforços pela democratização do processo de tomada de decisão nas relações internacionais (MUÑOZ, 2014: 64). De um ponto de vista abrangente, a performance do Brasil em Haia representou a estreia do Brasil em um foro internacional relevante e ajudou o país a construir ou reforçar uma auto-imagem de potência média pacifista e juridicista, que de um modo ou outro já vinha sendo elaborada no parlamento desde o Primeiro Império; mas com Rui, tendo atrás o Barão do Rio Branco, se consolidaria definitivamente (CERVO, 2002: 177)
Entre a crítica do nacionalismo e a ética da compaixão: o pensamento de Rabindranath Tagore sobre política internacional e relações internacionais
Nos últimos anos, pesquisadores e estudiosos da área de Relações Internacionais têm identificado que suas teorias e técnicas comumente negligenciam ensinamentos e experiências advindos de fora do Ocidente. Essa carência no campo das teorias compromete por completo o entendimento da dinâmica de política internacional do mundo contemporâneo, visto que, os atores internacionais não-ocidentais ocupam cada vez mais lugar de destaque na política e na economia mundial. Por essa razão, a busca por uma proposta de agenda normativa proveniente do Oriente torna-se cada vez mais frequente entre pesquisadores da disciplina. Nessa perspectiva, esse projeto de pesquisa busca analisar o pensamento de Rabindranath Tagore, poeta indiano, a respeito da política internacional buscando compreender sua crítica ao conceito de nacionalismo, e a alternativa ética proposta pelo autor, que se baseia em princípios e valores orientais. No prelúdio da pesquisa torna-se imprescindível a compreensão do cenário e momento políticos em que autor se encontrava, e exploração do conteúdo ministrado em duas notórias palestras proferidas em solo japonê