25 research outputs found

    Sociodemographic, sexual, reproductive and relationship characteristics of adolescents having an abortion in Portugal: a homogeneous or a heterogeneous group?

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    Objectives: The aims of the study were to describe the sociodemographic, sexual, reproductive and relational characteristics of adolescents having an abortion in Portugal and to explore the differences between three adolescent age groups. Methods: We recruited a nationally representative sample of 224 adolescents (<16 years, n = 18; 16-17 years, n = 103; 18-19 years, n = 103) who had an abortion. Data were collected from 16 health care services that provide abortion. Results: The adolescents were predominantly single, were from non-nuclear families, had low-socioeconomic status and were students. Mean age at first sexual intercourse was 15 years and mean gynaecological age was 5 years. Most had had multiple sexual partners, and for most it was their first pregnancy. At conception, the majority were involved in a long-term romantic relationship, were using contraception but did not identify the contraceptive failure that led to the pregnancy. Significant age group differences were found. Compared with the younger age groups, the 18-19 years age group was more frequently married or living with a partner, had finished school, had attained a higher educational level (as had their partner), intended to go to university, and had a greater number of sexual partners. Compared with the other groups, those under 16 years of age reported earlier age at menarche and at first sexual intercourse, and had a lower gynaecological age. Conclusions: Our study characterises the life contexts of Portuguese adolescents who had an abortion. It highlights the need to recognise the heterogeneity of this group according to age. The findings have important implications for the development of age-appropriate guidelines to prevent unplanned pregnancy

    Contributo de fatores individuais, sociais e ambientais para a decisão de prosseguir uma gravidez não planeada na adolescência: Um estudo caracterizador da realidade portuguesa

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    Foi nosso objetivo explorar o contributo simultâneo de fatores individuais, sociais e ambientais e das possíveis interações entre eles para a decisão de prosseguir uma gravidez adolescente à luz do atual quadro legislativo que despenaliza a interrupção da gravidez por opção da mulher, em Portugal. A amostra foi constituída por 276 adolescentes que engravidaram de forma não planeada e contactaram com os serviços de saúde dentro do prazo legal que lhes permitiria optar pela interrupção: 133 adolescentes que prosseguiram a gravidez e 143 que a interromperam. Os dados foram recolhidos entre 2008 e 2013 em 53 serviços de saúde de todas as regiões. Não ter ponderado as duas alternativas possíveis (prosseguimento/interrupção), pertencer a famílias de baixo nível socioeconómico e com história de maternidade adolescente, ter abandonado a escola e residir em áreas com maior densidade populacional e onde a população feminina é menos escolarizada foram fatores explicativos do prosseguimento da gravidez. A menor idade da adolescente associou-se com o prosseguimento apenas quando não foram ponderadas ambas as alternativas. O efeito da religiosidade local variou de acordo com o envolvimento religioso da adolescente. Estes resultados têm importantes implicações para a prática clínica e investigação na área da decisão reprodutiva na adolescência. The aim of the current study was to explore the simultaneous contribution of individual, social, and environmental factors, as well as the possible interactions between them to the decision to continue an adolescent pregnancy after the abortion on women´s demand has been legalized in Portugal. The sample consisted of 276 adolescents who became unintentionally pregnant and contacted with healthcare services within the legal period for induced abortion: 133 adolescents who chose to continue the pregnancy and 143 who chose to terminate the pregnancy. Data were collected between 2008 and 2013, in 53 healthcare centers of all country areas. Not having thought about both available options (i.e., continuing vs. terminating the pregnancy), belonging to families of low socioeconomic status and with adolescent pregnancy history, having dropped out of school and having lived in areas with higher population density and less educated females predicted the decision to continue the pregnancy. The lower the adolescents’ age, the more frequent was the decision to continue the pregnancy, but only when adolescents’ had not thought about both options. The effect of local religiosity differed according to the adolescents’ religious involvement. These findings have important implications for clinical practice and research on adolescents’ reproductive decisions

    Trajetórias reprodutivas na origem da gravidez na adolescência: Um estudo representativo da realidade nacional e regional portuguesa

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    O presente estudo pretendeu caracterizar a história de saúde sexual e reprodutiva de uma amostra de grávidas adolescentes, analisar as trajetórias reprodutivas que conduziram à gravidez e explorar a existência de especificidades regionais neste processo. A amostra foi constituída por um grupo nacional e regionalmente representativo (NUTSII, 2002) de grávidas adolescentes (N = 475) e foi recolhida entre Maio de 2008 e Março de 2013 em 42 serviços de saúde. Os resultados revelaram diferentes sequências de acontecimentos e decisões na origem da gravidez, que se traduziram numa diversidade de trajetórias; estas são detalhadamente descritas. Verificaram-se ainda diferenças regionais ao nível de algumas das variáveis em estudo. Estes resultados são reveladores da diversidade de trajetórias que podem conduzir à gravidez adolescente e da heterogeneidade regional que as caracteriza, podendo contribuir para a especialização da educação sexual e do planeamento familiar no âmbito da sua prevenção

    Trajetórias Relacionais e Reprodutivas Conducentes à Gravidez na Adolescência: a Realidade Nacional e Regional Portuguesa

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    Introdução: Este estudo pretendeu caracterizar as trajetórias relacionais e reprodutivas conducentes à gravidez na adolescência em Portugal, explorando a existência de especificidades regionais. Material e Métodos: O estudo decorreu entre 2008 e 2013 em 42 serviços de saúde públicos. A amostra, nacionalmente representativa, incluiu 459 grávidas com idades entre os 12 e os 19 anos. Os dados foram obtidos por autorrelato, através de uma ficha de caracterização construída para o efeito. Resultados: Independentemente de terem tido um (59,91%) ou múltiplos parceiros sexuais (40,09%), as adolescentes engravidaram de forma mais frequente numa relação de namoro, utilizando contraceção à data da conceção e tendo identificado a falha contracetiva que esteve na origem da gravidez (39,22%). A nível regional, outras trajetórias surgiram com elevada prevalência, refletindo opções como a decisão de engravidar (Alentejo/Açores), a não utilização de contraceção (Centro/Madeira) ou a sua utilização ineficaz sem que a falha contracetiva fosse identificada (Madeira). As relações de namoro revelaram-se maioritariamente duradouras (> 19 meses), com homens mais velhos (> 4 anos) e fora do sistema de ensino (75,16%); estes resultados foram particularmente expressivos quando a gravidez foi planeada. Discussão: O conhecimento gerado por este estudo reflete a necessidade de investir em abordagens preventivas que atendam às necessidades específicas das jovens de cada região e integrem a população masculina de maior risco. Conclusão: Os nossos resultados podem contribuir para o delineamento de políticas de saúde mais eficazes e para uma atuação multidisciplinar mais informada ao nível da educação sexual e do planeamento familiar nas diferentes regiões do país.Introduction: The current study aimed to describe the relational and reproductive trajectories leading to adolescent pregnancy in Portugal, and to explore whether there were differences in this process according to adolescents’ place of residence. Material and Methods: Data were collected between 2008 and 2013 in 42 public health services using a self-report questionnaire developed by the researchers. The sample consisted of a nationally representative group of pregnant adolescents (n = 459). Results: Regardless of having had one (59.91%) or multiple sexual partners (40.09%), the majority of adolescents became pregnant in a romantic relationship, using contraception at the time of the conception and knowing the contraceptive failure which led to pregnancy (39.22%). In some regions other trajectories were highly prevalent, reflecting options such as planning the pregnancy (Alentejo Region/ Azores Islands), not using contraception (Centro Region/Madeira Islands) or using it incorrectly, without identifying the contraceptive failure (Madeira Islands). On average, romantic relationships were longer than 19 months and adolescents’ partners were older than themselves (> 4 years) and no longer in school (75.16%); these results were particularly significant when the pregnancy was planned. Discussion: The knowledge gained in this study shows that prevention efforts must be targeted according to the adolescents’ needs in each region and should include high-risk male groups. Conclusion: Our results may enable more efficient health policies to prevent adolescent pregnancy in different country regions and support educators and health care providers on sexual education and family planning efforts

    Trajetórias reprodutivas na origem da gravidez na adolescência: Um estudo representativo da realidade nacional e regional portuguesa

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    O presente estudo pretendeu caracterizar a história de saúde sexual e reprodutiva de uma amostra de grávidas adolescentes, analisar as trajetórias reprodutivas que conduziram à gravidez e explorar a existência de especificidades regionais neste processo. A amostra foi constituída por um grupo nacional e regionalmente representativo (NUTSII, 2002) de grávidas adolescentes (N = 475) e foi recolhida entre Maio de 2008 e Março de 2013 em 42 serviços de saúde. Os resultados revelaram diferentes sequências de acontecimentos e decisões na origem da gravidez, que se traduziram numa diversidade de trajetórias; estas são detalhadamente descritas. Verificaram-se ainda diferenças regionais ao nível de algumas das variáveis em estudo. Estes resultados são reveladores da diversidade de trajetórias que podem conduzir à gravidez adolescente e da heterogeneidade regional que as caracteriza, podendo contribuir para a especialização da educação sexual e do planeamento familiar no âmbito da sua prevenção

    Trajetórias relacionais e reprodutivas conducentes à gravidez na adolescência: A realidade nacional e regional portuguesa.

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    RESUMO Introdução: Este estudo pretendeu caracterizar as trajetórias relacionais e reprodutivas conducentes à gravidez na adolescência em Portugal, explorando a existência de especificidades regionais. Material e Métodos: O estudo decorreu entre 2008 e 2013 em 42 serviços de saúde públicos. A amostra, nacionalmente representativa, incluiu 459 grávidas com idades entre os 12 e os 19 anos. Os dados foram obtidos por autorrelato, através de uma ficha de caracterização construída para o efeito. Resultados: Independentemente de terem tido um (59,91%) ou múltiplos parceiros sexuais (40,09%), as adolescentes engravidaram de forma mais frequente numa relação de namoro, utilizando contraceção à data da conceção e tendo identificado a falha contracetiva que esteve na origem da gravidez (39,22%). A nível regional, outras trajetórias surgiram com elevada prevalência, refletindo opções como a decisão de engravidar (Alentejo/Açores), a não utilização de contraceção (Centro/Madeira) ou a sua utilização ineficaz sem que a falha contracetiva fosse identificada (Madeira). As relações de namoro revelaram-se maioritariamente duradouras (> 19 meses), com homens mais velhos (> 4 anos) e fora do sistema de ensino (75,16%); estes resultados foram particularmente expressivos quando a gravidez foi planeada. Discussão: O conhecimento gerado por este estudo reflete a necessidade de investir em abordagens preventivas que atendam às necessidades específicas das jovens de cada região e integrem a população masculina de maior risco. Conclusão: Os nossos resultados podem contribuir para o delineamento de políticas de saúde mais eficazes e para uma atuação multidisciplinar mais informada ao nível da educação sexual e do planeamento familiar nas diferentes regiões do país. Palavras-chave: Adolescente; Contraceção; Educação Sexual; Gravidez na Adolescência; Planeamento Familiar. ABSTRACT Introduction: The current study aimed to describe the relational and reproductive trajectories leading to adolescent pregnancy in Portugal, and to explore whether there were differences in this process according to adolescents’ place of residence. Material and Methods: Data were collected between 2008 and 2013 in 42 public health services using a self-report questionnaire developed by the researchers. The sample consisted of a nationally representative group of pregnant adolescents (n = 459). Results: Regardless of having had one (59.91%) or multiple sexual partners (40.09%), the majority of adolescents became pregnant in a romantic relationship, using contraception at the time of the conception and knowing the contraceptive failure which led to pregnancy (39.22%). In some regions other trajectories were highly prevalent, reflecting options such as planning the pregnancy (Alentejo Region/ Azores Islands), not using contraception (Centro Region/Madeira Islands) or using it incorrectly, without identifying the contraceptive failure (Madeira Islands). On average, romantic relationships were longer than 19 months and adolescents’ partners were older than themselves (> 4 years) and no longer in school (75.16%); these results were particularly significant when the pregnancy was planned. Discussion: The knowledge gained in this study shows that prevention efforts must be targeted according to the adolescents’ needs in each region and should include high-risk male groups. Conclusion: Our results may enable more efficient health policies to prevent adolescent pregnancy in different country regions and support educators and health care providers on sexual education and family planning efforts. Keywords: Adolescent; Contraception; Sex Education; Pregnancy in Adolescence; Portugal

    Contributo de fatores individuais, sociais e ambientais para a decisão de prosseguir uma gravidez não planeada na adolescência: Um estudo caracterizador da realidade portuguesa

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    Resumo Foi nosso objetivo explorar o contributo simultâneo de fatores individuais, sociais e ambientais e das possíveis interações entre eles para a decisão de prosseguir uma gravidez adolescente à luz do atual quadro legislativo que despenaliza a interrupção da gravidez por opção da mulher, em Portugal. A amostra foi constituída por 276 adolescentes que engravidaram de forma não planeada e contactaram com os serviços de saúde dentro do prazo legal que lhes permitiria optar pela interrupção: 133 adolescentes que prosseguiram a gravidez e 143 que a interromperam. Os dados foram recolhidos entre 2008 e 2013 em 53 serviços de saúde de todas as regiões. Não ter ponderado as duas alternativas possíveis (prosseguimento/interrupção), pertencer a famílias de baixo nível socioeconómico e com história de maternidade adolescente, ter abandonado a escola e residir em áreas com maior densidade populacional e onde a população feminina é menos escolarizada foram fatores explicativos do prosseguimento da gravidez. A menor idade da adolescente associou-se com o prosseguimento apenas quando não foram ponderadas ambas as alternativas. O efeito da religiosidade local variou de acordo com o envolvimento religioso da adolescente. Estes resultados têm importantes implicações para a prática clínica e investigação na área da decisão reprodutiva na adolescência.Abstract The aim of the current study was to explore the simultaneous contribution of individual, social, and environmental factors, as well as the possible interactions between them to the decision to continue an adolescent pregnancy after the abortion on women´s demand has been legalized in Portugal. The sample consisted of 276 adolescents who became unintentionally pregnant and contacted with healthcare services within the legal period for induced abortion: 133 adolescents who chose to continue the pregnancy and 143 who chose to terminate the pregnancy. Data were collected between 2008 and 2013, in 53 healthcare centers of all country areas. Not having thought about both available options (i.e., continuing vs. terminating the pregnancy), belonging to families of low socioeconomic status and with adolescent pregnancy history, having dropped out of school and having lived in areas with higher population density and less educated females predicted the decision to continue the pregnancy. The lower the adolescents’ age, the more frequent was the decision to continue the pregnancy, but only when adolescents’ had not thought about both options. The effect of local religiosity differed according to the adolescents’ religious involvement. These findings have important implications for clinical practice and research on adolescents’ reproductive decisions

    Relational and Reproductive Trajectories Leading to Adolescent Pregnancy in Portugal: a National and Regional Characterization

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    Introduction: The current study aimed to describe the relational and reproductive trajectories leading to adolescent pregnancy in Portugal, and to explore whether there were differences in this process according to adolescents’ place of residence. Material and Methods: Data were collected between 2008 and 2013 in 42 public health services using a self-report questionnaire developed by the researchers. The sample consisted of a nationally representative group of pregnant adolescents (n = 459). Results: Regardless of having had one (59.91%) or multiple sexual partners (40.09%), the majority of adolescents became pregnant in a romantic relationship, using contraception at the time of the conception and knowing the contraceptive failure which led to pregnancy (39.22%). In some regions other trajectories were highly prevalent, reflecting options such as planning the pregnancy (Alentejo Region/Azores Islands), not using contraception (Centro Region/Madeira Islands) or using it incorrectly, without identifying the contraceptive failure (Madeira Islands). On average, romantic relationships were longer than 19 months and adolescents’ partners were older than themselves (> 4 years) and no longer in school (75.16%); these results were particularly significant when the pregnancy was planned. Discussion: The knowledge gained in this study shows that prevention efforts must be targeted according to the adolescents’ needs in each region and should include high-risk male groups. Conclusion: Our results may enable more efficient health policies to prevent adolescent pregnancy in different country regions and support educators and health care providers on sexual education and family planning efforts.Subsídios e bolsas que contribuíram para a realização do trabalho: estudo integrado no projeto de investigação Gravidez na adolescência em Portugal: Etiologia, decisão reprodutiva e adaptação, da responsabilidade da Linha de Investigação Relações, Desenvolvimento & Saúde do Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvolvimento Vocacional e Social da Universidade de Coimbra (Unidade I&D, PEst-OE/PSI/UI0192/2011). Durante a sua execução, os três primeiros autores foram financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através de Bolsas Individuais de Doutoramento (SFRH/BD/63949/2009, SFRH/BD/89435/2012 e SFRH/BD/3168/2000, respetivamente)

    Gravidez e Transição para a Maternidade na Adolescência Determinantes individuais e psicossociais da ocorrência de gravidez e da adaptação. Estudo com adolescentes da Região Autónoma dos Açores.

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    Enquadramento. A importância das características individuais, mas também dos contextos históricos, culturais e sociais nos quais aquelas se desenvolvem e expressam, bem como a diversidade possível de percursos desenvolvimentais com que o indivíduo se depara, emerge com grande evidência quando nos debruçamos sobre o estudo da gravidez e maternidade na adolescência; alvo de grande atenção científica e política nas últimas décadas, surge-nos como uma intrincada tapeçaria onde se entrelaçam dimensões pessoais, interpessoais, socioeconómicas, éticas e mesmo religiosas. Embora as concepções deterministas sobre a fatalidade da maternidade na adolescência para o desenvolvimento posterior das mães e das crianças venham sendo postas em causa pelos resultados dos estudos enquadrados nas perspectivas ecológicas, e nomeadamente no macroparadigma da Psicopatologia do Desenvolvimento, é ainda irrefutável que a sua ocorrência pode ampliar vulnerabilidades prévias e dificultar a prossecução de trajectórias favoráveis de adaptação, para as jovens que engravidam e para os seus filhos. Apesar dos dados disponíveis apontarem para um decréscimo significativo das taxas de nascimentos de mães adolescentes no nosso país, Portugal continuar a evidenciar uma posição susceptível de melhoramento no quando da União Europeia, particularmente se considerarmos os quinze países mais desenvolvidos. A Região Autónoma dos Açores é a zona onde a gravidez durante a adolescência tem tido maior incidência, apresentando taxas que são o dobro das verificadas no continente; as potenciais consequências destes processos tornam premente o conhecimento aprofundado dos níveis e variáveis interactuantes, possibilitando uma intervenção preventiva que aja nos diferentes contextos de vulnerabilidade para o risco que se pretende atenuar. Metodologia. O estudo é de natureza transversal. Foram recolhidos dados de 176 grávidas e mães adolescentes, e de igual número de adolescentes sem história de gravidez. Foram caracterizados os contextos individuais e relacionais das adolescentes (nomeadamente o contexto familiar na infância e no momento actual) e avaliados indicadores da adaptação pessoal (sintomatologia depressiva - medida através da EPDS: Edinburgh Postnatal Depression Scale - e qualidade de vida – medida através da escala WHOQOL-Bref) e relacional (qualidade da 32 relação com figuras significativas, satisfação com o apoio social por elas proporcionado, satisfação com a relação com o bebé e percepção de competência e realização maternas). Em todo o processo de recolha e tratamento de dados foram tomadas medidas para cumprimento dos imperativos éticos subjacentes aos procedimentos de investigação. Resultados. Dos resultados do estudo empírico destacam-se os seguintes: as adolescentes com história de gravidez (GADOL) distribuem-se pelas ilhas seguindo o número de habitantes, e diferem significativamente do grupo de controlo em diversas variáveis individuais e familiares, particularmente nas que dizem respeito ao estado civil, habilitações e abandono escolar (cuja taxa atinge os 78.4% no primeiro grupo), composição do agregado familiar e benefício por parte deste de benefícios sociais; relativamente à história de saúde reprodutiva, as GADOL iniciam mais cedo a vida sexual, tendem a utilizar menos métodos contraceptivos e a prevenir menos as doenças sexualmente transmissíveis; a história familiar de gravidez na adolescência é mais frequente no GADOL, e este grupo percepciona de forma mais positiva o impacto da ocorrência de uma gestação nesta fase do ciclo de vida – apesar disso, 68.2% das adolescentes deste grupo afirmam que a sua gravidez não foi desejada; a reacção da adolescente e das figuras significativas perante a ocorrência da gravidez foi no geral muito positiva; os valores obtidos pelo GADOL são globalmente indicativos de boa adaptação individual e relacional, embora sejam consistentemente estas adolescentes que percepcionam menor qualidade nas relações com as figuras significativas da sua rede social, nomeadamente com a mãe – apesar disso, manifestam satisfação com o apoio social disponibilizado pela rede familiar e institucional; nos modelos preditivos da ocorrência de gravidez e maternidade adolescente, bem como nos que procuram explicar a adaptação face a esses eventos, predominam as variáveis dos contextos familiares e relacionais. Conclusões. Globalmente, os resultados do estudo apontam para a existência de um contexto sociocultural que leva a que o papel materno, e a conjugalidade e maternidade enquanto meios de valorização e afirmação femininas, sejam prevalecentes nestas jovens; os modelos familiares, as condições socioeconómicas adversas, e o elevado abandono escolar são outros factores que concorrerão para maximizar as possibilidades de ocorrência de gravidez precoce em situações de risco, nesta população. Apesar de no geral os indicadores de adaptação serem favoráveis, no momento da avaliação, existem indícios que apontam para a deterioração gradual desses indicadores, após a transição para a maternidade. A intervenção preventiva nestes processos deve contemplar não apenas o contexto individual, mas igualmente os contextos relacionais e sociais.Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/3168/2000
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