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O Desenho na Formação do Arquitecto
Mestrado em Prática e Teoria do DesenhoPretendemos com este trabalho fazer uma análise das diversas interpretações do ensino do Desenho nas Faculdades de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e da Universidade do Porto, bem como das práticas utilizadas para o leccionar.
A investigação que levámos a cabo, com propósito de obter elementos sobre os quais ela recaiu, teve como amplitude temporal a data da criação e anexação das sobreditas faculdades nas respectivas universidades (1979) e aquela em que o presente estudo foi iniciado (2005).
O facto de a nossa actividade profissional se prender com a docencia do Desenho numa instituição ligada a formação de arquitectos e a expectativa de que os conhecimentos obtidos por um trabalho desta natureza pudessem contribuir para a melhoria da qualidade do ensino a que estamos ligados, foram razões impulsionadoras e determinantes para a sua escolha.
A investigação desenvolveu-se em tres fases, coincidentes com os tres capítulos de que a tese se compõe: o primeiro, que respeita a formação do arquitecto na Europa Ocidental; o segundo, que se centra no percurso histórico que levou a criação das duas Faculdades de Arquitectura eleitas para este estudo; e o terceiro e último que, coligindo elementos procedentes dos anteriores, contém uma sinopse da actividade pedagógica exercida por docentes de Desenho daquelas instituições.
O trabalho termina com as Conclusões, que entendemos organizar em dois grupos: um, onde se faz uma súmula dos momentos que reputamos mais significativos na história da educação do arquitecto; e outro, que se refere ao ensino do Desenho nas duas Faculdades em estudo, em que se verifica que ambas tiveram um passado comum e onde se nota que existem afinidades mas também divergencias, já que se vincularam a ideias diferentes de metodologias e concepções de ensino
O desenho de contorno no processo de aprendizagem do desenho de observação
Tese de doutoramento em Arquitetura, na especialidade de Expressão Plástica e Arquitetura, apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de CoimbraA concepção metodológica designada por Modos do Desenho estabelece que, na execução de um desenho de observação, a atitude assumida pelo desenhador condiciona o acto gráfico. Os modos são quatro: esquisso, esboço, contorno e detalhe.
A presente investigação incide sobre o desenho de contorno, processo que implica um comportamento perceptivo claramente diferenciado do envolvido nos restantes modos, em que está subjacente uma atitude de contenção e controlo. A representação recai sobre aspectos particulares da imagem percepcionada, é executada exclusivamente por linha que não pode ser corrigida nem apagada e constrói-se de particular em particular progredindo gradualmente para áreas adjacentes.
Tendo em conta as características que apresenta, e dado tratar-se de um processo de desenho que requer elevado nível de concentração e segurança no traço impedido de correcções, questiona-se a utilidade deste tipo de exercícios no processo de formação de alunos de Arquitectura.
Na expectativa de compreender a sua importância definiu-se como objectivo principal da investigação caracterizar o desenho de contorno, identificando as reacções típicas de alunos em fase inicial de aprendizagem no tocante aos aspectos formais, processuais e plásticos.
Para alcançar tais objectivos analisaram-se desenhos de contorno realizados por alunos do primeiro ano em várias aulas, tendo-se criado para o efeito dois tipos de instrumento de análise - as “fichas aula” e as “fichas parâmetro”. Estas fichas permitiram a análise dos desenhos sob vários aspectos, coincidindo na maior parte com objectivos e critérios de avaliação estabelecidos aquando da sua realização. Recorrendo-se à comparação entre esboços e desenhos de contorno, os dados recolhidos e analisados nas “fichas aula” possibilitaram fazer uma leitura vertical das competências adquiridas pelos alunos em cada aula, enquanto que os respeitantes às “fichas parâmetro” ofereceram uma leitura transversal da aprendizagem, elucidando sobre a evolução dos alunos em cada um dos aspectos considerados.
As conclusões do estudo revelam que a maior parte dos alunos demora muito tempo a aplicar o processo com naturalidade. O mesmo se passa com o esboço, o Modo do Desenho que apresenta características processuais opostas e que, por isso, funcionou como “contraponto” na análise aos desenhos. Dos dois modos, o contorno é aquele que, inicialmente, levanta mais obstáculos aos alunos; mas é também aquele cujas características eles interiorizam mais cedo e também o que possibilita evolução mais acentuada, atingindo em muitos casos níveis qualitativos equivalentes aos do esboço. Sendo um processo moroso e pouco intuitivo, o desenho de contorno funciona frequentemente como “motor de aprendizagem”, proporcionando aos alunos, mesmo aos que revelam mais dificuldades, a aquisição de competências gráficas e o desenvolvimento de capacidades perceptivas.
Ao desenhar do natural, é expectável que controlem um conjunto de aspectos imprescindíveis para que o façam com intencionalidade e responsabilidade. Esboços e desenhos de contorno opõem-se em termos processuais; daí que algumas dessas competências sejam mais simples de dominar num esboço e outras num desenho de contorno.
A facilidade com que num modo é controlado determinado aspecto depende da natureza das características do tema tratado. Os dados recolhidos mostram que são poucos os aspectos em que o modo mais bem sucedido é o mesmo em qualquer tema. Tal acontece apenas com a capacidade de síntese, em que a vantagem é sempre do desenho de contorno, e com o domínio da perspectiva, em que é do esboço.
Comparando a quantidade de aspectos mais fáceis de controlar no modo esboço e no contorno, verifica-se que é próxima no tema dos objectos e figura humana, significando que esboços e desenhos de contorno estão vocacionados para o desenvolvimento de competências dissemelhantes, sendo ambos essenciais em fase inicial da aprendizagem, complementando-se mutuamente.
O mesmo não se passa com o tema do espaço. Aqui, as competências são na sua maioria mais facilmente adquiridas no modo esboço. Apenas uma apresenta vantagem no desenho de contorno e as restantes mostram ser tão problemáticas para um modo como para o outro. Daqui se infere que, neste tema, as capacidades que se pretende que os alunos desenvolvam são mais potenciadas pelos exercícios de esboço do que pelos do modo oposto. No entanto, a análise aos desenhos mostrou que os desenhos de contorno dedicados ao tema espacial, desde que desenvolvidos mediante certas condicionantes, revelam características que, além de serem dificilmente exploradas nos exercícios de esboço, são de extrema importância para o desenvolvimento de competências específicas directamente relacionadas com o controlo da percepção da forma e do espaço, fundamentais à actividade do arquitecto.The methodological conception called Drawing Modes establishes that in the course of an observation drawing, the attitude assumed by the draftsman determines the graphic act. The modes are four: sketch, modelled drawing, contour drawing and detail drawing.
This research focuses on contour drawing, process implying a clearly differentiated perceptual behavior involved in the other modes, in that underlies containment and attitude control. The representation falls on particular aspects of the perceived image is performed exclusively by line that cannot be corrected or deleted, and is constructed gradually and progresses to adjacent areas.
Taking into account the characteristics it presents, and since this is a drawing process that requires high level of concentration and assurance in that the line cannot be deleted, one questions the usefulness of such exercises in the process of formation of architecture students.
In order to understand its importance, it was defined as the main aim of this research the characterization of the contour drawing, identifying the typical reactions of students in an initial learning phase with respect to formal aspects and procedural ones.
To achieve these goals contour drawings were analyzed made by first year students in various classes, having been created for these purposes two types of analysis instruments - the "lesson sheet" and the "parameter sheet". These sheets allowed the analysis of the drawings regarding several items, coinciding mostly with objectives and evaluation criteria established at the time of its undertaking. Comparing modelled drawings and the contour ones, the data collected and analyzed in "lesson sheet" allowed to make a vertical reading of the skills acquired by students in each class, while those on "parameter sheets" offered a cross reading of the learning process, elucidating on the progress of students in each one of the analyzed aspects.
The study's findings reveal that most of the students take a long time to apply the process with ease. The same applies to the modelled drawing process that presents opposing procedural characteristics and therefore functioned as "counterpoint" in the analysis of the drawings. Considering the two modes, the contour drawing is the one that initially raises more obstacles to students; but it is also the one whose characteristics they internalize earlier and also allows greater evolution, reaching in many cases qualitative levels equivalent to the modelled drawing. Being a slow and unintuitive process, the contour drawing often works as a "learning engine", providing students, even those who reveal more difficulties, the acquisition of graphic skills and the development of perceptual abilities.
In the observational drawing it is expected to control a set of essential aspects to do so with intent and responsibility. Modelled drawings and contour drawings are opposed procedurally; therefore some of these skills are simple to master in a modelled drawing and others are easier to apply in a contour drawing.
The ease in which a certain aspect is controlled in the drawing process depends on the nature of the characteristics of the subject. The collected data show that there are few areas in which the "most successful" mode is the same in any subject. This happens only with the ability to synthesize, in which the contour drawing is always more advantageous. In the modelled drawing the perspective control is the most relevant aspect.
Comparing the amount of easier ways to control the modelled drawing and the contour one, it is similar the way that students approach this when objects and human figure are concerned. This means that modelled drawings and contour ones are aimed to develop dissimilar competences, both being essential in early learning, by complementing each other.
The same is not true with the space theme. Here, the skills are mostly more easily acquired in the modelled drawing mode. Only one has the advantage on the contour drawing mode and the others turn out to be problematic on both modes. In this regard, the capabilities that are intended to develop students are more empowered by modelled drawing exercises than by the opposite way. However, the analysis showed that the contour drawings dedicated to the space theme, since developed under certain conditions, show characteristics in which, besides being hardly exploitable for the modelled drawing exercises, are of the utmost importance for the development of specific skills directly related to the control of the perception of form and space, fundamental to the architect's activity.Fundação para a Ciência e Tecnologi
revista de ciências da arte
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