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“Convento de Nossa Senhora dos Remédios – Reutilização Museológica de um Património Conventual”.
Resumo: Pretende-se fazer a abordagem de um conjunto conventual que passou por vicissitudes várias desde a sua desocupação pelos frades carmelitas, exigida pela extinção das ordens religiosas e a sua reutilização atual que contribui para que este património continue vivo e em condições de ser transmitido às gerações vindouras, nas melhores condições.
O Convento de Nossa Senhora dos Remédios, foi casa religiosa fundada por iniciativa do bispo de Évora D. Teotónio de Bragança datando a sagração da igreja conventual do ano de 1614.
Integrando a reformada Ordem dos Carmelitas possuía regra austera que obrigava a pobreza e despojamento rigorosos. O carisma contemplativo e apostólico das comunidades dos Carmelitas Descalços inspiravam-se na acção de Jesus “ora orando isolado no deserto, ora em piedosa intervenção quando no meio da multidão”.
Situando-se o convento no exterior da muralha medieva, em área anexa às Portas de Alconchel, à época principal ligação da cidade com o exterior, era local privilegiado de circulação de pessoas e bens.
Possui a igreja orientação sudeste/noroeste desenvolvendo-se o claustro para sudoeste, rodeando-se este com os compartimentos necessários à vida da comunidade religiosa: a sudeste, a ala onde se situava a sala do Capítulo, refeitório e escada “regular” de acesso ao dormitório do piso superior, subdividido em celas; a sudoeste dependências de serviço, nomeadamente o refeitório e cozinha; a noroeste, localiza-se a igreja assim como o pequeno compartimento para os livros de orações e a noroeste, na ala dos “mossos”, localiza-se ainda hoje a primitiva portaria. Possivelmente existiriam aí outros compartimentos como sala de aula, hospedaria, enfermaria, refeitório para os “noviços”, dependências para armazenamento de víveres e um acesso entre os dois pisos a ligar ao dormitório. No tardoz do altar-mor da igreja, no prolongamento da ala claustral, existe ainda hoje a sacristia assim como capela mortuária de um dos benfeitores da casa.
A cerca conventual envolvia o conjunto edificado pelos lados sudoeste e sueste situando-se as ligações com o espaço público a noroeste.
Passados cerca de 200 anos sobre a sua saída dos frades carmelitas, a igreja é utilizada atualmente para a realização de recitais e aulas de música clássica e canto, a capela funerária é ocupada por gabinete, a sacristia é local de aulas de música, a sala do capítulo foi transformada em espaço para crianças mantendo o “refeitório dos frades” a anterior função. As alas sudoeste e dos “mossos” estão totalmente reestruturadas sendo hoje ampla galeria de exposições. O andar superior ocupado pelas celas foi totalmente remodelado aí existindo amplos espaços destinados a exposições e actividades complementares.
A cerca, cedida pela Fazenda Pública à Câmara Municipal de Évora em 1839, foi no ano seguinte reutilizada como cemitério. Os serviços necessários à sua manutenção encontram-se igualmente instalados no atual conjunto edificado
O MOSTEIRO DE SANTA CLARA E O SEU CONTRIBUTO PARA O DESENVOLVIMENTO URBANO DE ÉVORA – PORTUGAL
O mosteiro de Santa Clara, fundado no século XV, localizou-se numa área da cidade já fortemente condicionada urbanisticamente. Com a sua construção o espaço em redor, sofreu não só um desenvolvimento, mas principalmente uma consolidação urbana. Foram determinantes para o número de religiosas que professaram nesta casa, assim como seu nível social, a situação de proximidade de algumas casas senhoriais importantes.
The Santa Clara monastery, founded in the 15th century, was located in an extremely conditioned area of the city, in terms of urbanism. With its construction, the surrounding space underwent not only a big development, but mainly urban consolidation. The proximity to some important stately houses was determinant to the number, and the social level, of the nuns that professed in this house
S. Domingos e Santa Clara como conjuntos estruturantes para o desenvolvimento da malha urbana no quadrante noroeste da cidade de Évora (séculos XII / XV) – Portugal
Resumo:
Évora foi dominada durante quase doze séculos por diferentes povos com culturas e origens muito díspares: romanos vindos do Mediterrâneo, godos do Norte da Europa e por último, no ano de 715, por muçulmanos oriundos do Norte de África.
A religião cristã foi aqui introduzida, durante o período de ocupação romana, assumindo protagonismo e práticas diferenciadas de acordo com a crença religiosa dos diferentes ocupantes.
No início do século a área urbana já se encontrava totalmente amuralhada e os antigos Arrabaldes integravam plenamente a nova malha urbana.
Por razões de defesa permaneceram os espaços livres anexos à recém-construída muralha, que serviam também como locais de pastagem.
As cercas das casas religiosas constituíram-se como reservas de terrenos livres de edificações.
As áreas ocupadas pelos complexos religiosos cristãos (S. Francisco, S. Domingos e Stª. Mónica fundados durante os séculos XIII e XIV, Stª. Clara, Paraíso e S. João Evangelista, durante o século XV) foram sendo cada vez menores nas fundações mais recentes.
O Convento de São Domingos de Évora foi fundado, segundo a crónica da respetiva Ordem, na sequência de outros cenóbios, em 1286.
A fundação em Évora do antigo Mosteiro de Santa Clara data de 1452 foi de iniciativa do Bispo de Évora D. Vasco Perdigão.
Neste sentido pareceu-nos revestir-se de importância para a preservação da memória das gerações que nos antecederam o conhecimento e valorização dos vestígios remanescentes das antigas ocupações de cariz religioso.
Abstract:
Évora was dominated for nearly twelve centuries by different people with very different backgrounds and cultures: Romans coming from the Mediterranean, Goths of northern Europe and finally, in 715, Muslims from North Africa.
The Christian religion was introduced here during the Roman period, assuming differentiated leadership practices according to the religious beliefs of different occupants.
At the beginning of the century the urban area was already fully walled and old “Arrabaldes” integrated the new urban foundation.
For the sake of protection of the city, the free spaces remain attached to the newly built wall, which also served as places of pasture. The fences of the religious houses were built as land reserves free of buildings.
The spaces occupied by Christian religious complexes (São Francisco, São Dominigos and St ª. Mónica founded during the thirteenth and fourteenth centuries, Santa Clara, Paraízo and São João Evangelista, during the fifteenth century) keep on being increasingly smaller in the recent foundations.
The Convent of “São Domingos” of Évora was founded, according to the Chronicle of the respective Order, following other monasteries, in 1286.
The foundation of the old Évora Monastery of “Santa Clara” in 1452 was the initiative of the Bishop of Évora D. Vasco Perdigao.
In this sense it seemed to be of importance for the preservation of the memory of the generations that preceded us the knowledge and appreciation of the remaining traces of ancient occupation of a religious nature
Mosteiro de S. Bento de Cástris - que futuro para este património?
O Mosteiro de S. Bento de Cástris, objeto do presente trabalho encontra-se classificado
como Monumento Nacional (M.N.) desde 1922, integrando desde 1962 a Zona
Especial de Proteção (Z.E.P.).
Por se tratar de um espaço muito antigo, de grandes dimensões e qualidade arquitetónica
e com uma cerca quase intacta, poderá reunir as condições necessárias para
ser um conjunto protegido e alvo de uma intervenção cuidada. Atualmente encontra-
-se devoluto.
A fundação do Mosteiro de S. Bento de Cástris remonta a data muito recuada e sobre
a sua génese ocorrem algumas dúvidas. Aparece associada à existência de uma pequena
ermida em 1169, mas pensa-se que terá surgido como a fundação feminina mais
antiga que se situa a sul do Tejo, mandada erigir em 1274 por D. Urraca Ximenes
Formas Urbanas Planeadas no Centro Histórico de Évora: Génese e Evolução.
Resumo
Évora é uma urbe que, remontando a data indeterminada, conserva ainda o seu centro histórico circunscrito por um conjunto notável de muralhas cuja construção data da Baixa Idade Média.
A área amuralhada, maioritariamente urbana desde finais do século XV, integrou nos anos 40 do século XX o primeiro Plano de Urbanização desta cidade. Nele, assim como nos planos que se lhe seguiram, tem sido proposta constante a estruturação do referido espaço através de eixos urbanos: ou a reforçar através do seu alargamento e introdução de novas funções dinamizadoras, no caso dos eixos pré existentes, ou da criação de novos eixos, neste último caso através de drásticas demolições incidindo sobre o já consolidado, e muitas vezes, denso tecido urbano.
A localização de novos núcleos de equipamentos públicos, posicionados junto às principais portas da muralha medieva, tem sido outra das propostas mais constantes ao longo dos sucessivos planos. Mercados, escolas, hospitais e mais recentemente unidades hoteleiras procuraram tais locais estratégicos devido não só aos mais fáceis acesos e capacidade da construção de bolsas de estacionamento exterior à muralha mas também devido à possibilidade de tais equipamentos serem usufruídos por um maior número de utentes vindos da área urbana periférica à urbe amuralhada medieval.
Atualmente, e após a densificação progressiva de toda a malha urbana interior à cintura medieva de muralhas, as intervenções urbanísticas planeadas que se têm realizado têm incidido sobre os limitados e escassos espaços livres ainda existentes.
Tais espaços encontram-se concentrados essencialmente em três tipologias de áreas distintas:
- Nas antigas cercas monástico-conventuais. No presente caso, não raras vezes, as intervenções projetadas e posteriormente concretizadas abarcam não só a construção dos espaços livres mas também a reformulação maioritariamente drástica das antigas estruturas pertencentes ao complexo religioso já desativado. Para além da eliminação dos espaços verdes que compunham a antiga cerca, suprimindo espécies específicas a tais áreas, muito do historial do local desaparece também definitivamente. A reformulação volumétrica e reorganização interior das construções, adaptando-as às atuais e novas exigências funcionais, fazem com que as demolições sejam correntes em tais situações. Nessas demolições para além da organização espacial inerente à vida monástico-conventual a qual se perde definitivamente desaparecem também, por exemplo, a maioria dos elementos decorativos. Neste caso ou são levados, conjuntamente com o entulho das obras, para o vazadouro público, ou em casos mais raros introduzidos nas novas construções erigidas no local, descontextualizados contudo, ou mesmo até em construções distantes pertencentes á mesma firma de construção.
São casos de estudo, por exemplo os Conventos de S. Francisco e de S. Domingos assim como do Mosteiro de Santa Mónica cujas fundações remontam ao século XII, do Mosteiro do Paraízo fundado no século XV e do Mosteiro de Santa Catarina, este último com origem já no século XVI.
- Nas áreas livres sobrantes, situadas entre a muralha medieval e o tecido urbano interior já consolidado. Tais espaços constituindo anteriormente zonas de circulação indispensáveis à defesa da cidade eram utilizadas não só para a circulação de armamento e homens, em tempo de guerra, mas também, em tempo de paz, serviam como áreas de pastoreio para o gado que permanecia no interior da urbe. Grande parte de tais áreas, até devido ao seu estatuto comunitário, foram permanecendo ao longo dos séculos livre de edificações ou arvoredo elementos esses que poderiam de algum modo contribuir para uma pior situação de defesa, por parte da população, diminuindo também o perigo de incêndios provocados através do arremesso de objetos incendiários. Atualmente com a inexistência das suas principais funcionalidades e a escassez de terrenos livres de construção no interior do Centro Histórico essencialmente após 1986, ano da classificação pela UNESCO da cidade de Évora como Património da Humanidade, resultou uma sequente sobrevalorização desmedida do metro quadrado de terreno. Assim quase todos esses espaços sobrantes têm vindo progressivamente a ser construídos. São exemplos os casos de estudo referentes aos espaços compreendidos entre a Porta de Alconchel e a Porta do Raimundo, entre a Porta de Alconchel e da Lago e por último entre a Porta da Lagoa e a Porta de Avis.
- Nos antigos quintalões de casas senhoriais seculares, que devido à sua amplitude de área livre de construção têm permitido, através da aplicação dos respetivos regulamentos dos Planos de Urbanização, a aprovação e sequente construção de novas áreas de construção quase sempre exageradas. A eliminação dos jardins de época, respetivas hortas assim como todas as construções de apoio a elas associadas foram seguramente aspetos negativos nas intervenções que deveriam ter sido mais cuidadosamente salvaguardados. O vetusto Palácio dos Sepúlvedas que remonta ao século XVI e o imponente Palácio Barahona já do século XIX são exemplos de antigas construções com amplos espaços livres privados hoje, contudo, já quase inexistentes.
Os três referidos conjuntos tipológicos de espaços permitiram, devido à sua abundancia e distribuição na cidade de Évora, intervenções urbanísticas e arquitetónicas marcantes, realizadas essencialmente entre os séculos XIX e XXI.
Tais intervenções embora anulando muita da história dos respetivos locais facultam-nos atualmente uma amostragem de intervenções diversificadas, de realce, embora por vezes de qualidade questionável.
A diminuição substancial das manchas verdes que constituíam verdadeiros pulmões para a urbe servindo igualmente de abrigo a espécies animais, a diminuição de áreas de absorção de água para o subsolo foram contudo aspetos questionáveis resultantes de tais tipos de intervenções na cidade
Cartografia e iconografia antigas no processo evolutivo das torres militares, civis e religiosas na cidade de Évora - Portugal
Resumo
No início, as urbes foram construídas com recintos amuralhados para a defesa e, estes sistemas defensivos eram pontuados por torres, cujo objetivo era a observação da área envolvente. Évora é uma cidade de origem remota tendo sido habitada sucessivamente por vários povos, os romanos, os godos e os sarracenos, entre outros. Integra atualmente três circuitos de muralhas: a da Alta Idade Média no período romano-godo-árabe, a da Baixa Idade Média nos séculos XIII/XIV e o conjunto abaluartado construído no período das guerras da restauração, com o sistema Vauban. Nesta cidade existe uma grande diversidade de torres de naturezas diferenciadas que podem ser percetíveis através do diversificado espólio cartográfico e iconográfico representativo da evolução da mesma. O objetivo deste trabalho é analisar os vários tipos de cartografia disponível que foi sendo produzido ao longo dos tempos, de cariz militar, regional, urbana, projeto e iconografia urbana, para perceber a influência da presença das torres no desenvolvimento da cidade.
Palavras-chave: torres, evolução urbana, iconografia, cartografia.
Abstract
In its genesis, the great cities were built with walled enclosures for its defence. These defensive systems were punctuated by towers whose goal would be the observation of the surrounding area. Évora is a city of ancient origin, and was inhabited successively by several people, the Romans, Goths and Saracens, among others. It integrates currently three sets of walls: the Roman-Gothic-Arab period, the Late Middle Ages in the XIII / XIV century, and the bastion built in the period of the wars of the Restoration, with the Vauban system. In this city there is a great diversity of different kinds of towers that can be noticeable for several mapping and pictorial assets representative of its evolution. The objective of this study is to analyse the various types of available mapping that was being produced throughout the ages, military-oriented, regional, urban, urban design and iconography, to realize the influence of the presence of the towers in the development of the city.
Keywords: towers, urban development, iconography, cartography
RECURSOS HÍDRICOS DA CIDADE DE ÉVORA: (RE)INTERPRETAÇÃO DE ALGUMA CARTOGRAFIA E ICONOGRAFIA HISTÓRICAS DA CIDADE
Resumo
Évora contou desde os tempos mais remotos, com disponibilidade de água associada a um nível freático relativamente elevado, resultante de um conjunto de fatores constantes ao longo do tempo. Tendo como ponto de partida, diversa cartografia e iconografia histórica, quer da região quer da cidade de Évora, pretendeu-se identificar alguns desses recursos hídricos representados, as localizações, a importância para a cidade, assim como as respetivas utilizações. Com o diversificado e valioso espólio cartográfico e iconográfico selecionado, foi possível cruzar informações que, permitisse uma (re)interpretação da disponibilidade dos recursos hídricos da região, em particular da cidade.
Palavras-chave: recursos hídricos, território, Évora, cartografia.
Abstract
Évora has been granted since ancient times with water availability associated with a relatively high groundwater level caused by a set of factors constant over time. Starting from cartography and historical iconography from the city and region of Évora, it was intended to identify some of the water resources represented, their location, importance to the city as well as respective uses. With the valuable cartographic and iconographic estate selected, it was possible to cross-reference information that would allow a reinterpretation of the availability of the water resources of the region, with special focus to the city.
Keywords: water resources, territory, Évora, cartography
EVOLUÇÃO DIACRÓNICO-FUNCIONAL NUM ANTIGO ESPAÇO RELIGIOSO DO SÉCULO XVII EM ÉVORA – PORTUGAL
O propósito deste trabalho, consiste na realização do estudo diacrónico de um conjunto conventual masculino, que passou por alterações diversas desde a sua desocupação pelos religiosos carmelitas, exigida pela extinção das ordens religiosas, à sua refuncionalização atual. Esta tem contribuído para que este património continue vivo e em condições de ser transmitido às gerações vindouras, nas melhores condições. Abstract: The aim of this work consists of performing the diachronic study of a male monastic set that has undergone several changes since its eviction by the religious Carmelite, required by the extinction of the religious orders and their current refunctionalisation. This has contributed to keep this heritage alive and able to be transmitted to future generations in the best conditions
TRAJETÓRIAS PROFISSIONAIS: ESTUDO DE CASO DE UM GRUPO DE PROFESSORAS QUE ATUA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Este artigo apresenta a compreensão da construção das trajetórias profissionais, tomando como referência o estudo de caso de um grupo de professoras do ensino fundamental. Os depoimentos que aparecem no decorrer do texto se constituem como parte das unidades narrativas de quatro professoras do sistema municipal de educação de Cuiabá-M T. As análises revelam concepções e práticas pedagógicas que evidenciam busca constante de re-elaboração de um repertório de conhecimentos constitutivos da profissionalidade docente. Igualmente, sinaliza para a relação que há entre as aprendizagens construídas no decorrer da trajetória profissional e como as professoras as incorporam em sua ação de ensinar, influenciadas pelo contexto organizacional e curricular. Nesse sentido, vislumbra-se aprofundamento nas discussões sobre mudança, inovação e construção de autonomia desses profissionais
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