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A Central Role for the One Health Workforce
Funding Information: GHTM (UID/Multi/04413/2019) is Funded by the Portuguese Science Foundation (FCT).publishersversionpublishe
Saúde dos enfermeiros: contributos para a sua compreensão
INTRODUÇÃO
Os profissionais dos cuidados de saúde são essenciais ao desempenho de excelência dos sistemas
de saúde pelo que devem ser capazes de funcionar em plenitude. A saúde é um activo para esse pleno
funcionamento.
Os enfermeiros representam o grupo profissional mais numeroso dos profissionais dos cuidados de
saúde. Como tal, têm um importante papel a desempenhar no sistema de saúde e na determinação da
saúde da população.
O desempenho dos enfermeiros, mas também as condições em que trabalham e o impacto destas na
sua saúde, devem, assim, ser estudados.
Tem sido sugerido que os enfermeiros têm um perfil de saúde diferente do da restante população,
com problemas de saúde especÃficos.
São vários os factores que influenciam a saúde: caracterÃsticas e comportamentos dos indivÃduos,
ambiente económico e social e ambiente fÃsico.
A saúde é entedida como um activo para a vida social e laboral plena e eficiente. Compreende-se
que mais do que o somatório das diferentes dimensões, a saúde é a interacção e simbiose entre saúde
fÃsica e mental, auto-percepção do estado de saúde e qualidade de vida e bem estar.
A saúde dos enfermeiros é determinada pelo sistema de saúde onde trabalham e, em última análise,
pelos problemas e desafios que este enfrenta. O impacto destes desafios pode resultar no aumento do
trabalho em tempo parcial, para além do tempo integral, do duplo emprego e insegurança laboral.
Concomitantemente, os enfermeiros estão expostos a uma variedade de riscos ocupacionais que
podem resultar numa série de problemas de saúde agudos e crónicos. Trabalhar em ambientes
particularmente stressantes, em equipas com manifestas insuficiências, com pouco controlo e muita
responsabilidade, muitas horas seguidas, com conflitos entre os diferentes papéis sociais, parece
contribuir para o aumento da morbilidade dos enfermeiros. A relação com o outro, e o servir-se dessa
relação para ajudar, coloca uma forte pressão emocional nos enfermeiros.
A presente investigação tem como objectivo contribuir para a compreensão do perfil de saúde dos
enfermeiros e do papel que o trabalho de enfermagem, e no sector de saúde, têm no perfil de saúde.
A inteligibilidade desse contributo faz-se por analogia com os outros profissionais dos cuidados de
saúde e com os outros profissionais e/ou população em geral.
Inclui uma revisão sistemática da literatura onde se revêem as evidências existentes sobre a saúde
dos enfermeiros, o estudo dos Inquéritos Nacionais de Saúde de 1998/1999 e 2005/2006 e um estudo
de mortalidade proporcional. Nestes dois últimos estudos faz-se a comparação entre enfermeiros,
outros profissionais dos cuidados de saúde e outros profissionais, utilizando a Classificação Nacional
das Profissões na sua versão de 1994.
HIPÓTESES E OBJECTIVOS GERAIS
Foram enunciadas 7 hipóteses de estudo que versaram sobre o conhecimento cientÃfico sobre o
perfil de saúde dos enfermeiros, o estudo do perfil de saúde (percepção do estado de saúde,
morbilidade, consumo de medicamentos, utilização dos serviços de saúde e despesas com a saúde e
comportamentos ligados à saúde) e as causas de morte dos enfermeiros portugueses:
H1: As evidências cientÃficas, baseadas em estudos experimentais e observacionais, demonstram
que os enfermeiros possuem um perfil de saúde diferente do da restante população e dos
restantes profissionais cuidados de saúde.
H2: Os enfermeiros, os outros profissionais dos cuidados de saúde e os outros profissionais
percepcionam o seu estado de saúde de forma diferente;
H3: Os enfermeiros, os outros profissionais dos cuidados de saúde e os outros profissionais têm
perfis de morbilidade diferentes;
H4: Os enfermeiros, os outros profissionais dos cuidados de saúde e os outros profissionais utilizam
os serviços de saúde de formas diferentes e têm diferentes despesas com a saúde;
H5: Os comportamentos relacionados com a saúde dos enfermeiros, outros profissionais dos
cuidados de saúde e outros profissionais são diferentes.
H6: A exposição ao trabalho no sector da saúde causa determinadas doenças que levam a que,
proporcionalmente, existam mais mortes por essas doenças nos outros PCS do que nos outros
profissionais;
H7: A exposição ao trabalho de enfermagem causa determinadas doenças que levam a que,
proporcionalmente, existam mais mortes por essas doenças nos enfermeiros do que nos outros
PCS e do que nos outros profissionais.
Definiram-se os seguintes objectivos gerais:
1. Rever a evidência existente, publicada e não publicada, sobre a saúde dos enfermeiros (nas
vertentes de saúde fÃsica, mental, auto-percepção do estado de saúde, estilos de vida e
comportamentos ligados à saúde) e sua comparação com a dos outros profissionais dos
cuidados de saúde e a da restante população.
2. Compreender se existem diferenças entre enfermeiros, outros profissionais dos cuidados de
saúde e outros profissionais relativamente à auto-percepção do estado de saúde, morbilidade,
utilização dos serviços de saúde e despesas com a saúde e comportamentos relacionados com
a saúde;
3. Compreender se existe excesso de mortes por causas especÃficas nos enfermeiros falecidos
entre Junho e Setembro de 2003, em Portugal, quando comparados com os outros PCS e os
outros profissionais.
MATERIAL, POPULAÇÃO E MÉTODOS
Revisão sistemática da literatura
Estudo observacional, retrospectivo e descritivo.
Identificaram-se as bases de dados a pesquisar tendo em conta o assunto em estudo, o tipo de
documentos pretendidos e o intervalo de tempo da RSL. Convencionou-se que, em todas, deveria ser
possÃvel fazer a pesquisa on-line. Ao todo, foram pesquisadas 43 bases de dados, utilizando palavraschave
em português e inglês (incluindo termos DeCS). A pesquisa limitou-se a documentos em inglês,
francês, português, espanhol e italiano. Não foi estabelecido limite temporal e não foi feita pesquisa
manual de bibliografia ou de referências.
Identificaram-se 2 692 documentos a cujos resumos se aplicaram três critérios de elegibilidade
(teste de relevância).
Dos 2 692 documentos, 204 (7,6%) foram excluÃdos por não terem resumo e 1 428 (57,4%) por não
cumprirem pelo menos um dos critérios de elegibilidade para esta fase.
Passaram à fase de avaliação do texto integral um total de 1 060 documentos. Destes 76 eram
duplicados pelo que foram excluÃdos. A fiabilidade da aplicação do teste de relevância foi avaliada por
um segundo revisor que aplicou os 3 critérios de elegibilidade a uma amostra aleatória simples dos
documentos seleccionados a partir das bases de dados (coeficiente de Kappa=0,9; erro padrão=0,05;
p<0,01).
Aplicou-se um formulário de colheita de dados aos documentos seleccionados para avaliação do
texto integral que continha uma série de critérios de elegibilidade baseados no STROBE e CONSORT
statement e numa extensa revisão de literatura. Dos 984 documentos vários foram sendo excluÃdos por
não se cumprirem critérios de elegibilidade do teste de relevância e metodológicos, acabando-se com
187 estudos sobre os quais foram colhidos dados sobre o local, contexto, participantes, resultados,
intervenção, exposição, efeito e condição de interesse. Os estudos foram avaliados quanto à validade
interna e externa.
Na análise dos dados utilizou-se a sÃntese narrativa. Não foi feita meta-análise dada a
heterogeneidade encontrada. Como sistema de classificação das evidências utilizou-se o Scotish
Intercollegiate Guidelines Network.
Estudo dos Inquéritos Nacionais de Saúde de 1998/1999 e 2005/2006: Auto-percepção do estado
de saúde, morbilidade, utilização dos serviços de saúde e despesas com a saúde e
comportamentos relacionados com a saúde dos enfermeiros.
Estudo observacional, transversal e analÃtico
Utilizaram-se como fontes de dados o 3º e o 4º Inquérito Nacional de Saúde. Definiram-se
variáveis dependentes, independentes e de potencial confundimento.
Os dados do 4º INS foram analisados pelo Instituto Nacional de EstatÃstica, após redacção das
sintaxes pela autora. Neste caso realizou-se, apenas, análise estatÃstica descritiva dado não ter sido
possÃvel aceder à s variáveis de clustering e de estratificação. Recorreu-se à s frequências relativas
ponderadas (estimativas) para descrever as variáveis de escala nominal e ordinal e à média, mediana,
amplitude do intervalo de variação e amplitude interquartÃlica para descrever as variáveis numéricas.
Os dados do 3º INS foram analisados tendo em conta o efeito de clustering e a estratificação, para
controlar o efeito do desenho do estudo e para evitar erros tipo II, respectivamente. Utilizaram-se
contagens não ponderadas, estimativas das proporções e médias populacionais. Apresentaram-se,
conjuntamente, os intervalos de confiança a 95%. Na análise inferencial considerou-se o nÃvel de
significância a 95%. Consideraram-se, no processo de decisão estatÃstica, os intervalos de confiança a
95% para a diferença entre as estimativas de cada uma das sub-amostras. O teste Qui-quadrado de
Pearson com correcção de segunda ordem de Rao-Scott foi utilizado para testar diferenças entre
variáveis de escala nominal ou ordinal em cada uma das sub-amostras. Utilizou-se o odds ratio e
respectivo intervalo de confiança para a tomada de decisão sobre eventuais relações de dependência e
para avaliar a força e direcção da associação. O teste F corrigido para o efeito do desenho pela
estatÃstica de Wald foi utilizado na análise da diferença da distribuição de uma variável de escala
numérica e uma de escala nominal ou ordinal.
Utilizou-se a análise de regressão linear e logÃstica binária, multinominal e ordinal para avaliar a
existência de associação entre as variáveis dependentes e independentes controlando para o efeito das
variáveis de potencial confundimento.
Na análise, os dados com omissão foram considerados eventos aleatórios.
Mortalidade nos enfermeiros e outros PCS entre Junho e Setembro de 2003
Estudo observacional, transversal e analÃtico.
A população em estudo correspondeu à população residente em Portugal Continental e Ilhas dos
Açores e da Madeira que faleceu entre 1 de Junho e 30 de Setembro de 2003 não tendo sido feita
qualquer amostra.
Utilizou-se a base de dados dos certificados de óbitos ocorridos em território nacional entre 30 de
Maio e 30 de Setembro de 2003, fornecida pela Direcção Geral da Saúde.
O estudo dos dados omissos revelou que estes eram eventos aleatórios pelo que era possÃvel
realizar a análise recorrendo a técnicas de dados completos.
Na análise das variáveis qualitativas nominais foram usadas frequências absolutas e relativas e
moda. A variável quantitativa numérica idade foi analisada recorrendo à média e mediana, primeiro e
terceiro quartil, amplitude interquartÃlica e total e desvio padrão, coeficiente de assimetria e curtose.
Realizou-se análise de correspondência múltipla de modo a definir perfis de mortalidade para os
indivÃduos falecidos no perÃodo em estudo que não tinham dados com omissão para a profissão.
Calcularam-se as proporções de mortalidade e a razão de mortalidade proporcional de modo a
comparar as proporções de mortalidade observadas e esperadas por causa e grupo profissional.
RESULTADOS
Revisão sistemática da literatura
Existe evidência de nÃvel 2+ de que as enfermeiras
• estão em maior risco de desenvolver cancro da mama quando comparadas com outras
profissionais dos cuidados de saúde;
• não têm maior risco de desenvolver doença de Hodgkin;
• não têm um excesso de risco de cancro (independentemente da localização), cancro do
estômago, cólon, recto, pâncreas, ovário, rim, bexiga, cérebro, tiróide ou linfossarcoma.
Existe evidência de nÃvel 2- de que os enfermeiros:
• Os enfermeiros estão entre os grupos profissionais mais afectados por problemas músculoesqueléticos;
• Os enfermeiros estão mais expostos a agentes patogénicos sanguÃneos do que a restante
população;
• Os enfermeiros estão em maior risco de adquirir Tuberculose (TB) quando comparados
com a população em geral;
• Os enfermeiros, quando trabalham em enfermarias com doentes infectados com TB, têm
maior risco de desenvolver TB comparativamente com os que não trabalham nestas
enfermarias;
• As enfermeiras têm um excesso de mortalidade por cancro no geral, leucemia e cancro do
pâncreas quando comparadas com as outras mulheres trabalhadoras;
• Existe um excesso de mortalidade por suicÃdio nas enfermeiras e os enfermeiros sofrem
mais acidentes de origem ocupacional que não com corto-perfurantes do que os restantes
PCS (excepto internos) e outros grupos profissionais.
Existe evidência de nÃvel 3 de que os enfermeiros;
• Estão mais expostos ao vÃrus da hepatite B do que os médicos, estudantes de enfermagem e
administrativos;
• Não têm nÃveis de burnout diferentes dos restantes PCS.
Não se encontraram evidências sobre:
• Ocorrência de infecção por CMV, hepatite A ou C;
• Risco de cancro da mama nas enfermeiras comparativamente com as outras mulheres não
enfermeiras;
• Risco de melanoma cutâneo, risco de cancro do fÃgado, pulmão, colo do útero, útero ou
leucemia, ocorrência de HTA nos enfermeiros;
• Excesso de mortalidade por hepatite viral, cancro do cólon, cérebro, sistema nervoso,
quedas acidentais ou morte relacionada com drogas nas enfermeiras em comparação com
as mulheres trabalhadoras;
• Diferenças nas taxas de mortalidade por diabetes mellitus das enfermeiras e das mulheres
trabalhadoras de colarinho branco;
• Ocorrência de alergias de origem ocupacional, obesidade, asma de origem ocupacional,
problemas de sono e hábitos de sono, problemas cardiovasculares, saúde mental dos
enfermeiros;
• Ocorrência de ansiedade, stress ou depressão nos enfermeiros;
• Ocorrência de acidentes com corto-perfurantes nos enfermeiros, absentismo nos
enfermeiros, abuso de substâncias e ingestão de bebidas alcoólicas pelos enfermeiros;
• Prática de vacinação ou de exercÃcio fÃsico, auto-exame da mama, rastreio do cancro do
colo do útero, hábitos tabágicos, consumo de medicamentos, hábitos alimentares, autopercepção
do estado de saúde ou qualidade de vida e bem-estar dos enfermeiros.
Estudo dos Inquéritos Nacionais de Saúde de 1998/1999 e 2005/2006: auto-percepção do estado
de saúde, morbilidade, utilização dos serviços de saúde e despesas com a saúde e
comportamentos relacionados com a saúde dos enfermeiros.
Os resultados obtidos em 1998/1999 e em 2005/2006 são bastante semelhantes. Em 1998/1999, não
existia diferença na prevalência de doença aguda, doença crónica, incapacidade de longa duração ou
IMC entre os enfermeiros, os outros PCS e os outros profissionais, nada levando a supor que em
2005/2006 os resultados seriam diferentes.
Há, nos enfermeiros e nos outros PCS, um claro predomÃnio dos indivÃduos que percepcionam a
saúde como muito boa ou boa. Os dados de 1998/1999, demonstram que os outros profissionais,
quando comparados com os PCS, têm 52% maior possibilidade de percepcionar o seu estado de saúde
como razoável relativamente a percepcioná-lo como muito bom ou bom.
Embora a pontuação média e a mediana da pontuação do Mental Health Index não sugira
sofrimento psicológico provável, os enfermeiros são o grupo profissional com menor pontuação e,
como tal, com saúde mental mais pobre. Tal é, de alguma forma, confirmado por uma maior
prevalência de doença mental nos enfermeiros, comparativamente com os restantes grupos
profissionais.
A realização de consulta de saúde oral nos 12 meses que antecederam o inquérito é diferente entre
enfermeiros e outros profissionais. Os enfermeiros têm menor possibilidade de ter feito uma consulta
de saúde oral nos 12 meses anteriores ao inquérito comparativamente com os não profissionais dos
cuidados de saúde. Esta diferença encontrada em 1998/1999 provavelmente já não se verifica em
2005/2006 já que, neste perÃodo, a prevalência de consulta de saúde oral aumentou consideravelmente
nos enfermeiros, passando a ser superior à verificada nos outros PCS.
Os enfermeiros têm menor possibilidade de terem consultado um médico nos 3 meses anteriores ao
inquérito quando comparados com os outros profissionais. Os outros PCS têm, também, menor
possibilidade de terem consultado um médico nos 3 meses que antecederam o inquérito quando
comparados com os outros profissionais.
Os enfermeiros, outros PCS e outros profissionais não são diferentes no que concerne aos gastos
com consultas de urgência ou outras, gastos com medicamentos ou outros gastos com a saúde nas duas
semanas anteriores ao inquérito.
Conclui-se, também, que os enfermeiros, os outros PCS e os outros profissionais não diferem no
consumo de medicamentos para dormir, no número de dias de toma destes medicamentos ou nos anos
de toma.
Ser enfermeiro comparativamente com ter outra profissão que não dos cuidados de saúde diminui
as chances de ser ex-fumador relativamente a nunca ter fumado em 42%.
Ser outro PCS que não enfermeiro, e comparativamente com os outros profissionais, aumenta as
chances de ter consumido bebidas alcoólicas na semana anterior ao inquérito. Quer os enfermeiros
quer os outros PCS tendem a não beber sozinhos, sendo mais frequente beberem em estabelecimentos
comerciais. A percentagem de enfermeiros e outros PCS que ingeria bebidas alcoólicas antes de
conduzir era menos de metade da dos outros profissionais.
Os enfermeiros, outros PCS e outros profissionais não diferiam relativamente à realização de
actividade fÃsica pelo menos uma vez por semana.
A grande maioria dos enfermeiros estava a fazer algum método contraceptivo. A menor
percentagem de indivÃduos a fazer contracepção verificava-se nos outros PCS. A vacinação contra a
gripe era mais frequente nos enfermeiros. Por seu lado, a realização de pelo menos uma citologia era
mais frequente nos outros PCS e bastante superior nos enfermeiros e outros PCS do que nos outros
profissionais. O mesmo acontecia relativamente à avaliação da tensão arterial.
Mortalidade nos enfermeiros e outros PCS entre Junho e Setembro de 2003
Entre Junho e Setembro de 2003 tinham ocorrido mais óbitos em mulheres enfermeiras do que nos
homens com a mesma profissão. Já nos PCS como um todo, ou naqueles que não eram enfermeiros,
existia maior proporção de mortes de indivÃduos do sexo masculino.
Os PCS, considerados como um todo ou separadamente em enfermeiros e outros PCS, faleciam
mais tarde do que os restantes profissionais. No entanto, para todos os grupos profissionais estudados
a maior proporção de óbitos ocorria depois dos 74 anos de idade.
O mais frequente, em todos os grupos profissionais, era os óbitos de causa natural, no domicÃlio.
As duas principais causas de morte não diferiam entre PCS (todos, enfermeiros ou outros PCS) e
outros profissionais, embora se verificassem alterações na posição (primeira ou segunda) de acordo
com o grupo profissional. Já a terceira principal causa de morte variava entre os grupos estudados: nos
PCS (e nos outros PCS) era as doenças do aparelho respiratório, nos enfermeiros as doenças do
sistema nervoso e nos outros profissionais as doenças do aparelho circulatório, tumores, sintomas,
sinais e resultados anormais de exames clÃnicos e de laboratório, não classificados em outra parte.
A análise de correspondências múltiplas veio, em parte, confirmar esta similitude. Permitiu
identificar quatro perfis de mortalidade: dois determinados pelo tipo de óbito, o grupo etário e a causa
de morte e dois definidos também pelo grupo etário, causa de morte, estado civil e profissão (sem que,
contudo, existisse um poder discriminatório das profissões dos cuidados de saúde).
Os PCS, comparativamente com os outros profissionais, apresentavam um excesso de mortalidade
por doenças do sistema nervoso e um défice de mortalidade por doenças do aparelho geniturinário.
Os enfermeiros, por seu lado, quando comparados com os outros profissionais, tinham um excesso
de mortalidade por doenças do sistema nervoso e um défice de mortalidade por doenças do aparelho
respiratório e por sintomas, sinais e resultados anormais de exames clÃnicos e de laboratório, não
especificados em outra parte.
Ao comparar a proporção de mortalidade por causa especÃfica dos enfermeiros com a dos outros
PCS verificou-se existir um excesso de mortalidade por algumas doenças infecciosas e parasitárias,
doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, doenças do sistema nervoso e causas externas de
morbilidade e de mortalidade. Verificou-se, também, um défice de mortalidade por doenças do
aparelho respiratório.
Os outros PCS, quando comparados com os outros profissionais, apresentavam um excesso de
mortalidade por doenças do sistema nervoso e por doenças do aparelho respiratório e um défice de
mortalidade por causas externas de morbilidade e de mortalidade.
DISCUSSÃO E RECOMENDAÇÕES
Das opções metodológicas
A revisão sistemática da literatura revelou-se um importante instrumento metodológico, útil e
adequado no desiderato de responder à questão de investigação.
Tornou-se óbvio que a avaliação da qualidade do estudo é essencial para que, no final, se possa
discernir sobre as evidências encontradas. A inexistência de gold standards para os estudos
observacionais levou a que se tivessem de estabelecer padrões especÃficos para esta revisão que se
revelaram adequados ao problema em estudo e que permitiram, no final, estabelecer o nÃvel das
evidências encontradas. A opção pelo sistema SIGN de classificação das evidências mostrou-se
adequada aos objectivos da revisão.
A análise dos 3º e 4º INS colocou vários desafios que resultaram do facto de ambos utilizarem um
desenho amostral multietápico com probabilidades diferenciais das unidades amostrais que englobou
estratificação, clustering e ponderação. Este tipo de amostragem imp
political arguments from the left and right
Funding Information: The authors with to thank FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) for funds to GHTM – UID/. Publisher Copyright: © 2020 Elsevier B.V.The Portuguese National Health Service (NHS) was established in 1979. Since its inception, the relationship of the NHS with private-for-profit and private-non-profit organisations has been controversially discussed between left and right-wing political parties, and this has also led also to academic debate. In 1990, a Health Basic Law was approved by right-wing parties, which allowed public-private partnerships (PPPs) in the health system and led to an increased role of the private sector in health care provision. During the 2015 general elections, the role of PPPs in the health system was an important topic of discussion, with all left-wing parties calling for an end of PPPs in the NHS. In 2019, after two years of intense political controversies, left-wing parties supporting the minority socialist government approved a new Health Basic Law. This paper analyses the process of policy formulation, tracing the process of adoption and the views of the main political parties involved. Although some parties wished to eliminate PPPs and to mandate that services in the NHS should be provided exclusively by public providers, this was not included in the final version of the law. Nevertheless, the new Health Basic Law re-enhances the central role of the NHS in the health system, clarifying that the private and non-profit sectors should only play a complementary role.publishersversionpublishe
The role of the state, the private sector and the social sector in the different health political cycles in portugal
Publisher Copyright: © 2021, Associacao Brasileira de Pos - Graduacao em Saude Coletiva. All rights reserved.The Portuguese health system comprises three critical sectors: The State, which intervenes as a regulator of the entire system, and as a planner, provider, and financer of the National Health Service (NHS); the social sector, with a relevant intervention, mainly in continued care; and the private sector, with an essential role in the provision of some types of care. During the last forty years, the State, social, and private sectors’ roles have changed either in its definition or terms of the relationship between them. In general, it is possible to identify, and we shall present them in this opinion article, eight political cycles that reflect the political contexts in Portugal, and, consequently, the ideological framework of each cycle.publishersversionpublishe
data from Guiné-Bissau
Background: In this article, we analyze data collected in the context of health workforce planning (HWFP) for Guiné-Bissau as part of the development of the third National Health Strategy, to study the relationship between educational achievement of parents and medical student characteristics and professional expectations. Methods: Cross-sectional analytical study of all first-year medical students in Guiné-Bissau during December 2016. Results: Our results confirm that the isolated effect of each parent is different as it is the combined education of both parents. Parental influence also seems to vary according to the sex of the offspring. The higher the education of the father, the stronger the urban background of the offspring. Level of education of parents is also important in relation to the decision to study medicine and the age of starting those studies. It is also an important influence as to expectation regarding place of future practice: the highest the educational level, particularly of the father, the highest the expectation for a future urban practice. Conclusions: Our main interest in medical education is to study it as a health system intervention in order to contribute to health system’s strengthening in fragile states. This is discussed in the context of two frameworks: the labor market framework and WHO’s health system strengthening framework. Our data and that of others, recognize that household characteristics are important regarding future training and a future career in the health sector. This recognition should be integrated into HWFP frameworks.publishersversionpublishe
remembering the future?
Funding Information: Fundação para a Ciência e Tecnologia for funds to GHTM UID/04413/2020.publishersversionpublishe
Medical faculty profile is an important determinant of student profile and future practice expectations of medical students in Angola
Funding Information: Rosa Ferrinho for assistance with data processing and literature search. COSEP for data collection. Funda??o para a Ci?ncia e Tecnologia for funds to GHTM UID/04413/2020. This study was part of a broader consultation for the Government of Angola. Authorization for publishing this study was obtained from the Ministry of Health of Angola. Funding Information: The study was sponsored by the Government of Angola. Publisher Copyright: © 2021, The Author(s).Background: Angola is among one of the most deprived countries in the world in terms of medical professionals. In the past decade, the Angolan Government has invested in the expansion of faculties of medicine in the country. We analysed the profiles of medical students in Angola according to four clusters of medical schools: older faculty in the country, private faculties, Cuban sponsored faculties and military faculty; under the assumption that the organizational culture of the different faculties might influence the expectations and decisions towards future professional life of medical students regarding where they want to work (community versus hospital) and in which sector (exclusively public versus not exclusively public). Methods: Observational cross-sectional study. Piloted, standardized questionnaire to final year medical students or higher year of training in the first four-month of 2014 (N = 402). Data were entered into a SPSS v.20 database and descriptive statistics computed. Statistical significance for categorical variables was tested by Pearson chi-square, Fisher exact or likelihood ratio tests as appropriate. Comparison of means was tested with Anova. Backward elimination binary logistic regression was used to test the hypothesis that type of faculty of medicine is an important determinant of future professional practice, i.e., level (hospital vs. community) or sector of practice (exclusive public sector vs. private or private and public), while controlling for confounders. Results: After controlling for age, sex, marital status, place of birth and place of primary and secondary education, type of family and family influence, students were more likely to choose community over hospital practice and to prefer exclusive public practice if attending a Cuba supported faculty of medicine. Conclusions: Medical education cannot be isolated from planning of the medical workforce. Some important and impactful careers choices, like choosing rural over urban practice, public over private sector practice, have deep influences in the medical professionals’ labour market. Some of these decisions are shaped even before the end of the medical training. As such, the monitoring of future professional intentions in medical schools should be done regularly to accommodate both the health system needs and the hopes and dreams of medical trainees.publishersversionpublishe
Comprehensive knowledge of HIV and AIDS and related factors in Angolans aged between 15 and 49 years
Funding Information: This research was financed by the Multiannual Financial Framework, Global Health and Tropical Medicine (GHTM), Institute of Hygiene and Tropical Medicine (IHMT), NOVA University of Lisbon, Lisbon, Portugal, reference: GHTM–UID/04413/2020. Publisher Copyright: © 2023 by the authors.A comprehensive knowledge of HIV and AIDS among men and women in Africa is reportedly low. To the best of our knowledge, no studies using any definition of comprehensive knowledge of HIV and AIDS have been conducted in Angola. To address this gap, we aimed to describe the comprehensive knowledge held by individuals aged between 15 and 49 years regarding HIV and AIDS and some associated factors, using the most recent Angolan demographic and health survey (DHS). Using an observational, cross-sectional design, we analyzed data collected from 19,785 individuals aged between 15 and 49 years for the 2016 DHS in Angola. We conducted a logistic regression analysis of descriptive and complex samples to examine the data and to unravel possible factors associated with having a comprehensive knowledge of HIV and AIDS. Almost half of the respondents (47.7%) had a general comprehensive knowledge of HIV and AIDS. Individuals who watched television (adjusted odds ratio [aOR]: 2.40; 95% CI: 2.11, 2.72) or read newspapers and magazines (aOR: 1.99; 95% CI: 1.72, 2.30) more than once a week had higher odds of having a comprehensive knowledge of HIV and AIDS compared to those who did not. Similarly, having completed primary education and above (aOR: 1.83; 95% CI: 1.67, 2.00) or living in urban areas (aOR: 1.51; 95% CI: 1.34, 1.71) increased the likelihood of individuals having a comprehensive knowledge of HIV and AIDS compared to their counterparts. These results reflect inequalities that require further attention at either a research or a political level. Nevertheless, we consider that these results can assist decision-makers in advocating for continuous investment in HIV health literacy and in adapting global solutions to local Angolan contexts.publishersversionpublishe
Nursing in Portugal in the national health service at 40
Retratamos a evolução da enfermagem em Portugal desde a criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 1979, focando sobre os efetivos, a formação, as condições de trabalho, a carreira, e a organização profissional. Utilizamos a literatura sobre a evolução do sector da saúde em Portugal, e fontes de dados estatÃsticos da Ordem dos Enfermeiros e do SNS. Nos últimos 40 anos, o número de enfermeiros aumentou de 233%, mas o rácio enfermeiro/médico só passou de 1.15 para 1.4. A maioria exerce funções nos hospitais, apesar dos repetidos compromissos polÃticos a favor da expansão dos cuidados de saúde primários. No SNS, 55% são funcionários públicos com contrato por tempo indeterminado; os outros detêm um contrato individual de trabalho de direito privado. O curso de licenciatura em enfermagem é oferecido em 20 escolas do sector público e 16 do sector privado. Em 2019, a carreira de enfermagem foi revista em 3 categorias: enfermeiro, enfermeiro especialista e enfermeiro gestor. Apesar de queixas em relação as condições de trabalho, a remuneração e ao progresso na carreira, os enfermeiros continuam moderadamente satisfeitos. O papel do enfermeiro, mudou pouco ao longo dos anos e há resistência por parte da Ordem dos Médicos à sua expansão. We describe the development of nursing in Portugal since the creation of the National Health Service (SNS) in 1979, focusing on staff numbers, education, work conditions, career, and professional organization. We used the literature on the evolution of the Portuguese health sector and statistical data from the Nursing Council and the SNS. The number of nurses grew by 233% in the last 40 years, but the nurse/physician ratio only increased from 1.15 to 1.4. Most work in hospitals, despite repeated political commitments to expand primary health care. In the SNS, 55% are public servants, and the others are employed through private law contracts. The basic nursing course is currently offered in 20 public and 16 private institutions. In 2019, the career structure was revised and now comprises three categories: nurse, specialist nurse, nurse manager. Nurses remain moderately satisfied despite complaints about working conditions, remuneration, and lack of career progress. Nurses’ role barely changed over the years, and the Medical Association is resisting to its expansion.publishersversionpublishe
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