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    Fatores contribuintes para o sofrimento psíquico em âmbito psiquiátrico para a equipe de enfermagem

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    INTRODUÇÃO As relações entre saúde mental e trabalho despontaram a partir da década de 1970 como marco fundamental da nova abordagem da Saúde do Trabalhador.1 O trabalho de enfermagem tem se apresentado como forma de prazer, mas, também de sofrimento. Apresenta-se como fonte de prazer quando traz satisfação pessoal, quando o profissional desenvolve suas potencialidades humanas através de seu ofício e sente-se útil a sociedade. No entanto, quando existe submissão repressão, o trabalho passa a ser uma mercadoria ou mero serviço prestado, podendo haver repressão das potencialidades humanas, gerando insatisfação, angústia e sofrimento psíquico. OBJETIVO Descrever os fatores contributivos para o sofrimento psíquico da equipe de enfermagem em âmbito psiquiátrico.   MÉTODO Pesquisa de cunho descritiva, com abordagem qualitativa realizada por meio de pesquisa de campo, localizada no município do Estado do Rio de Janeiro, especializada em transtornos mentais, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Clínica da Gávea sob CAAE nº 02/2009. Foram selecionados 41 profissionais de quadro de enfermagem de todas as categorias, sem critério de exclusão. O instrumento utilizado foi o formulário estruturado com questões abertas e fechadas. Na categorização dos dados empíricos, foram utilizados os passos de Minayo: 2 ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação ao perfil dos sujeitos, dos 41 participantes, 52% são solteiros e 48% são casados. No que se refere à pater-maternidade, 51,0% dos entrevistados não possuem filhos. No que concerne ao grau de instrução, dividem-se em dois grupos, no qual a prevalência é o nível técnico com 95,0% e o grupo de nível superior que totalizam 5,0%. Foram geradas duas categorias que serão expostas a seguir. Fatores ocupacionais e interpessoais contributivos para o estresse e o sofrimento psíquico O sofrimento mental pode ser concebido como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem estar) psíquico.23 Da mesma forma, os danos acarretados ao ser humano e seu comportamento são devidos às tensões no ambiente de trabalho, levando ao estresse profissional, consequente da insatisfação profissional. 3 É instigante, porém preocupante, o relato dos profissionais no que se refere à falta de motivação dos profissionais, devido à desunião da equipe no qual o denominador comum aponta para 85,0% de desunião.  A falta de profissionalismo culminou, em meio a relatos de descontentamento com a profissão, e falta de incentivos por parte da administração como plano de saúde e apoio psicológico. Os resultados mostraram que os atrasos, por parte dos colegas, era fator primordial para que os conflitos iniciassem.  Os relatos apontaram a falta de companheirismo e bom senso no que concerne a responsabilidade para com o labor. Não obstante as dificuldades relatadas pelos profissionais, no que tange a satisfação pessoal em relação ao trabalho verificaram-se que os mesmos encontram-se satisfeitos, totalizando 85,0% .  Os referidos valores da satisfação embasados nas justificativas como a do paciente, a realização na efetivação do labor e o altruísmo mostram que a plenitude profissional nos remete aos primórdios da profissão. No que concerne à relação interpessoal com os pacientes, 73,0% apontaram o paciente psiquiátrico como o mais fácil em lidar, enquanto 17,0% optaram pelos dependentes químicos enquanto 10,0% não souberam responder. A expressiva evidência na relação com o paciente psiquiátrica é fundamentada na “manipulação verbal” por parte dos dependentes químicos. Os entrevistados também apontaram que a inexistência de incentivos, como os planos de saúde e odontológico somavam-se aos fatores contributivos de estresse e a desmotivação. Os sujeitos alegam não terem um retorno da administração, e assim, trabalham sem previsão de melhoras ou meios que os faça sentirem motivados. A educação em saúde como processo amenizador dos contribuintes ao estresse e sofrimento psíquico no âmbito de trabalho Nos resultados referentes à Educação Permanente, 46,3 % dos entrevistados participam de programas e cursos em favor da renovação do conhecimento enquanto 53,6% não participam de nenhum meio em prol da atualização a nível educacional. A educação permanente também foi abordada e 53,0% dos entrevistados afirmaram não participarem de nenhuma outra forma de acesso à atualização educacional, enquanto que os 46,0% disseram estar sempre à procura de instrução, porém dentro da instituição afirmaram não ocorrer. Mediante as queixas referentes à inexistência de Educação Continuada e/ou Permanente, é necessária a aprendizagem significativa, ou seja, baseada na experiência do profissional na realidade vivenciada e na participação do mesmo sendo assim benéfica para o cuidado, assim como, para a relação interpessoal dos profissionais. A Educação Permanente em Saúde foi elaborada para aprimorar o método educacional em saúde, tendo o processo de trabalho como seu objeto de transformação, com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços, visando alcançar equidade no cuidado, tornando os trabalhadores mais qualificados para o atendimento das necessidades da população. 4 A educação permanente não se preocupa somente com a transmissão de conhecimentos técnicos, mas se preocupa principalmente com a experiência real que o trabalhador vivencia e com as relações interpessoais no ambiente de trabalho, pois estas influenciam diretamente no cuidado de enfermagem. 5 A desunião na equipe de enfermagem foi apontada como problema. Os profissionais chegam a este denominador comum por não abrirem mão de seus interesses pessoais para facilitar o trabalho do colega, no que se refere à carga horária de trabalho e à tarefa do cuidar. 6 Uma estratégia a ser pensada com o intuito de amenizar os devidos fatores desencadeantes do sofrimento psíquico do profissional é a inclusão da reunião sistematizada da equipe de enfermagem, visto que a mesma não ocorre no âmbito de trabalho o que favorece ao não diálogo entre as partes. Justificam-se as ressalvas dos entrevistados no fim do questionário, apontando os inúmeros conflitos e desgostos ocorridos no cotidiano como a escassez de profissionalismo por parte do colega que o rende no plantão posterior, atrasos injustificáveis bem como a desorganização dos setores. CONCLUSÃO Nota-se que o estresse e o sofrimento psíquico são evidentes no âmbito psiquiátricos, uma vez forjados através dos conflitos interpessoais bem como na insatisfação com a administração da instituição. A educação em saúde, tanto questionada pelos entrevistados assume caráter essencial para a aproximação dos envolvidos, bem como na instrução dos mesmos, uma vez que o cuidado não ficará limitado ao cliente, e sim a todos que participam do processo do cuidado, minimizando o estresse e o sofrimento psíquico dos trabalhadores, ao pensar em estratégias de melhorias nas condições de trabalho gerada, principalmente, pela dificuldade de relacionamento entre os profissionais. REFERÊNCIAS 1. Camarotti H, Teixeira HA. Saúde mental e trabalho: estudo da Regional Norte de Saúde do DF. Rev. de Saúde do Distrito Federal 1996; 7(1): 29-40. 2. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. 9ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2006. 3.  Cecagno D . Qualidade de vida e o trabalho sob a ótica do enfermeiro. Cogitare Enferm. 2002; 7(2):54-59. 4. Ceccim RB. Educação permanente: desafio ambicioso e necessário. Interface Comun Saúde Educ. 2005; 9 (18):161-177. 5.Paula GS, Reis JF, Dias LC, Dutra VFD, Braga ALS, Cortez EA. O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar. Aquichan. 2010; 10(1): 267-279. 6. Araujo MD, Busnardo EA, Marchiori FM. Formas de produzir saúde no trabalho hospitalar: uma intervenção em psicologia. Cad Psicol Soc Trab. 2002; 5(7): 37-49.

    Fatores contribuintes para o sofrimento psíquico em âmbito psiquiátrico para a equipe de enfermagem

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    INTRODUÇÃO As relações entre saúde mental e trabalho despontaram a partir da década de 1970 como marco fundamental da nova abordagem da Saúde do Trabalhador.1 O trabalho de enfermagem tem se apresentado como forma de prazer, mas, também de sofrimento. Apresenta-se como fonte de prazer quando traz satisfação pessoal, quando o profissional desenvolve suas potencialidades humanas através de seu ofício e sente-se útil a sociedade. No entanto, quando existe submissão repressão, o trabalho passa a ser uma mercadoria ou mero serviço prestado, podendo haver repressão das potencialidades humanas, gerando insatisfação, angústia e sofrimento psíquico. OBJETIVO Descrever os fatores contributivos para o sofrimento psíquico da equipe de enfermagem em âmbito psiquiátrico.   MÉTODO Pesquisa de cunho descritiva, com abordagem qualitativa realizada por meio de pesquisa de campo, localizada no município do Estado do Rio de Janeiro, especializada em transtornos mentais, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Clínica da Gávea sob CAAE nº 02/2009. Foram selecionados 41 profissionais de quadro de enfermagem de todas as categorias, sem critério de exclusão. O instrumento utilizado foi o formulário estruturado com questões abertas e fechadas. Na categorização dos dados empíricos, foram utilizados os passos de Minayo: 2 ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação ao perfil dos sujeitos, dos 41 participantes, 52% são solteiros e 48% são casados. No que se refere à pater-maternidade, 51,0% dos entrevistados não possuem filhos. No que concerne ao grau de instrução, dividem-se em dois grupos, no qual a prevalência é o nível técnico com 95,0% e o grupo de nível superior que totalizam 5,0%. Foram geradas duas categorias que serão expostas a seguir. Fatores ocupacionais e interpessoais contributivos para o estresse e o sofrimento psíquico O sofrimento mental pode ser concebido como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem estar) psíquico.23 Da mesma forma, os danos acarretados ao ser humano e seu comportamento são devidos às tensões no ambiente de trabalho, levando ao estresse profissional, consequente da insatisfação profissional. 3 É instigante, porém preocupante, o relato dos profissionais no que se refere à falta de motivação dos profissionais, devido à desunião da equipe no qual o denominador comum aponta para 85,0% de desunião.  A falta de profissionalismo culminou, em meio a relatos de descontentamento com a profissão, e falta de incentivos por parte da administração como plano de saúde e apoio psicológico. Os resultados mostraram que os atrasos, por parte dos colegas, era fator primordial para que os conflitos iniciassem.  Os relatos apontaram a falta de companheirismo e bom senso no que concerne a responsabilidade para com o labor. Não obstante as dificuldades relatadas pelos profissionais, no que tange a satisfação pessoal em relação ao trabalho verificaram-se que os mesmos encontram-se satisfeitos, totalizando 85,0% .  Os referidos valores da satisfação embasados nas justificativas como a do paciente, a realização na efetivação do labor e o altruísmo mostram que a plenitude profissional nos remete aos primórdios da profissão. No que concerne à relação interpessoal com os pacientes, 73,0% apontaram o paciente psiquiátrico como o mais fácil em lidar, enquanto 17,0% optaram pelos dependentes químicos enquanto 10,0% não souberam responder. A expressiva evidência na relação com o paciente psiquiátrica é fundamentada na “manipulação verbal” por parte dos dependentes químicos. Os entrevistados também apontaram que a inexistência de incentivos, como os planos de saúde e odontológico somavam-se aos fatores contributivos de estresse e a desmotivação. Os sujeitos alegam não terem um retorno da administração, e assim, trabalham sem previsão de melhoras ou meios que os faça sentirem motivados. A educação em saúde como processo amenizador dos contribuintes ao estresse e sofrimento psíquico no âmbito de trabalho Nos resultados referentes à Educação Permanente, 46,3 % dos entrevistados participam de programas e cursos em favor da renovação do conhecimento enquanto 53,6% não participam de nenhum meio em prol da atualização a nível educacional. A educação permanente também foi abordada e 53,0% dos entrevistados afirmaram não participarem de nenhuma outra forma de acesso à atualização educacional, enquanto que os 46,0% disseram estar sempre à procura de instrução, porém dentro da instituição afirmaram não ocorrer. Mediante as queixas referentes à inexistência de Educação Continuada e/ou Permanente, é necessária a aprendizagem significativa, ou seja, baseada na experiência do profissional na realidade vivenciada e na participação do mesmo sendo assim benéfica para o cuidado, assim como, para a relação interpessoal dos profissionais. A Educação Permanente em Saúde foi elaborada para aprimorar o método educacional em saúde, tendo o processo de trabalho como seu objeto de transformação, com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços, visando alcançar equidade no cuidado, tornando os trabalhadores mais qualificados para o atendimento das necessidades da população. 4 A educação permanente não se preocupa somente com a transmissão de conhecimentos técnicos, mas se preocupa principalmente com a experiência real que o trabalhador vivencia e com as relações interpessoais no ambiente de trabalho, pois estas influenciam diretamente no cuidado de enfermagem. 5 A desunião na equipe de enfermagem foi apontada como problema. Os profissionais chegam a este denominador comum por não abrirem mão de seus interesses pessoais para facilitar o trabalho do colega, no que se refere à carga horária de trabalho e à tarefa do cuidar. 6 Uma estratégia a ser pensada com o intuito de amenizar os devidos fatores desencadeantes do sofrimento psíquico do profissional é a inclusão da reunião sistematizada da equipe de enfermagem, visto que a mesma não ocorre no âmbito de trabalho o que favorece ao não diálogo entre as partes. Justificam-se as ressalvas dos entrevistados no fim do questionário, apontando os inúmeros conflitos e desgostos ocorridos no cotidiano como a escassez de profissionalismo por parte do colega que o rende no plantão posterior, atrasos injustificáveis bem como a desorganização dos setores. CONCLUSÃO Nota-se que o estresse e o sofrimento psíquico são evidentes no âmbito psiquiátricos, uma vez forjados através dos conflitos interpessoais bem como na insatisfação com a administração da instituição. A educação em saúde, tanto questionada pelos entrevistados assume caráter essencial para a aproximação dos envolvidos, bem como na instrução dos mesmos, uma vez que o cuidado não ficará limitado ao cliente, e sim a todos que participam do processo do cuidado, minimizando o estresse e o sofrimento psíquico dos trabalhadores, ao pensar em estratégias de melhorias nas condições de trabalho gerada, principalmente, pela dificuldade de relacionamento entre os profissionais. REFERÊNCIAS 1. Camarotti H, Teixeira HA. Saúde mental e trabalho: estudo da Regional Norte de Saúde do DF. Rev. de Saúde do Distrito Federal 1996; 7(1): 29-40. 2. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. 9ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2006. 3.  Cecagno D . Qualidade de vida e o trabalho sob a ótica do enfermeiro. Cogitare Enferm. 2002; 7(2):54-59. 4. Ceccim RB. Educação permanente: desafio ambicioso e necessário. Interface Comun Saúde Educ. 2005; 9 (18):161-177. 5.Paula GS, Reis JF, Dias LC, Dutra VFD, Braga ALS, Cortez EA. O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar. Aquichan. 2010; 10(1): 267-279. 6. Araujo MD, Busnardo EA, Marchiori FM. Formas de produzir saúde no trabalho hospitalar: uma intervenção em psicologia. Cad Psicol Soc Trab. 2002; 5(7): 37-49.

    “ELE É O REMÉDIO QUE EU PRECISO”: RELATO DE CASO DE ANNE EM SUA PRIMEIRA INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA POR ALCOOLISMO

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    INTRODUÇÃO O alcoolismo figura entre os dez principais problemas de saúde pública no mundo, sendo a quarta doença mais incapacitante, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS,1993).             O álcool em comparação com as outras substâncias psicoativas, apresenta algumas particularidades que contribuem para o desenvolvimento da dependência, como o fato de culturalmente ser aceita, que desencadeia uma excessiva tolerância com o uso do álcool, inversamente à intolerância observada com qualquer outro uso de drogas (CARLINE et al, 2006).             Justificamos nosso interesse na temática em questão no II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, que envolveu em 2005 as 108 maiores cidades do país, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), com indivíduos entre 12 e 65 anos, constando que 12,3% da população brasileira é dependente do álcool (BUNNING; GORGULHO, 2004). O álcool é uma substância cujo uso crônico, além de alterações de comportamento, geralmente traz diversos comprometimentos clínicos (CARLINE et al, 2006).             O profissional de saúde deve estar apto, não apenas a diagnosticar a “Síndrome de dependência”, mas também diferenciar os diferentes padrões de uso (uso, abuso ou dependência) e a existência de problemas associados a estes. Por exemplo, é de conhecimento geral a freqüente associação entre o uso de álcool e acidentes de trânsito. No entanto, os dados estatísticos demonstram que, na maioria dos casos, tal problema se relaciona com pessoas que fazem uso abusivo de álcool, como ingerir várias doses de cerveja num curto período de tempo, e não com dependentes (MINAYO, 2004).             Segundo o II Levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, 74,6% das pessoas fazem uso de álcool na vida O mais instigante é que cerca de 74% dos adolescentes já haviam feito uso de álcool na vida , sendo destes, 14% usuários freqüentes(BUNNING; GORGULHO, 2004).             Conforme se pode perceber, a identificação dos problemas relacionados ao uso do álcool foi gradativamente ganhando importância na área médica e, aos poucos conquistando seu espaço como entidade nosológica e critérios que facilitassem a sua definição. Atualmente, a décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) define os seguintes critérios para dependência de álcool (OMS,1993): Um forte desejo ou compulsão para consumir a substancia; dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância; persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara das conseqüências nocivas(CARLINE et al, 2006).             O enfoque de risco assume que, quanto maior conhecimento sobre os eventos negativos, maior possibilidade de agir sobre eles com antecipação para evitá-los, mudando as condições que facilitem que um indivíduo ou grupo adquira uma doença ou um dano (JURGERMAN; LARANJEIRA, 1999).             A partir, das primeiras leituras que fizemos, consideramos que entender a temática é crucial para o agir devido, pois a dependência, sobretudo precocemente, nos conduz a prejuízos de ordem mental, física e social. OBJETIVOS Identificar e descrever os fatores que levaram o paciente à dependência etílica. METODOLOGIA Relato de Caso, descritivo, explicativo e exploratório, com uma abordagem qualitativa realizada através de pesquisa de campo, na Clínica da Gávea, instituição psiquiátrica privada onde entrevistamos um paciente em sua primeira internação psiquiátrica. A entrevista foi gravada em aparelho próprio (mp4) a fim de lograr os fatores que levaram à primeira internação, decorrente do abuso de álcool, do paciente em questão. Para analisar os dados obtidos, adotamos os seguintes procedimentos: após as entrevistas, transcrevemos o áudio e realizamos uma primeira leitura do material, organizando os relatos, revendo os objetivos e questões teóricas discutidas no estudo. Terminada esta etapa, mapeamos os discursos, segundo os temas emergentes (sempre guiados pelo objetivo da pesquisa). Esses agrupamentos nos permitiram a apreensão dos significados, a associação de idéias, e a captação da variedade de pensamentos. Na análise final, utilizamos os passos de Minayo (2004): ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS A superproteção caracterizada na infância, intercalando com a ausência paterna e materna até a adolescência facilitaram a não construção da subjetividade do paciente. Este em busca de uma sociabilidade, vez não efetivada, desenvolveu o diagnóstico de fobia social. Nada obstante, a busca pela inserção na sociedade e a cobrança pelos amigos o fez buscar no álcool o meio que o possibilitasse a interagir socialmente. Sendo assim, a procura tornou-se constante fazendo do uso do álcool, antes corriqueiro, permanente para sua interação na sociedade. A dependência instalou-se e com isso as conseqüências físicas, mentais e os demais conflitos familiares tomaram proporções expressivas. CONCLUSÕES Evidenciamos quanto o meio, aqui personificado nos amigos e família, cobra comportamentos do ser humano, e este uma vez não adepto a critica adere às pressões, neste caso desenvolvendo o vício alcoólico, consequentemente a dependência.             O presente relato deixa claro que a construção da subjetividade de Anne, uma vez não fundamentada na crítica rumou ao não desenvolvimento, da sociabilidade e posteriormente à dependência etílica.             Sendo assim, nosso desafio como educadores na saúde reside em desenvolver atividades educativas, instruindo a todos ao convívio familiar de forma saudável, principalmente no que refere-se a fase conturbada da adolescência.

    “ELE É O REMÉDIO QUE EU PRECISO”: RELATO DE CASO DE ANNE EM SUA PRIMEIRA INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA POR ALCOOLISMO

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    INTRODUÇÃO O alcoolismo figura entre os dez principais problemas de saúde pública no mundo, sendo a quarta doença mais incapacitante, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS,1993).             O álcool em comparação com as outras substâncias psicoativas, apresenta algumas particularidades que contribuem para o desenvolvimento da dependência, como o fato de culturalmente ser aceita, que desencadeia uma excessiva tolerância com o uso do álcool, inversamente à intolerância observada com qualquer outro uso de drogas (CARLINE et al, 2006).             Justificamos nosso interesse na temática em questão no II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, que envolveu em 2005 as 108 maiores cidades do país, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), com indivíduos entre 12 e 65 anos, constando que 12,3% da população brasileira é dependente do álcool (BUNNING; GORGULHO, 2004). O álcool é uma substância cujo uso crônico, além de alterações de comportamento, geralmente traz diversos comprometimentos clínicos (CARLINE et al, 2006).             O profissional de saúde deve estar apto, não apenas a diagnosticar a “Síndrome de dependência”, mas também diferenciar os diferentes padrões de uso (uso, abuso ou dependência) e a existência de problemas associados a estes. Por exemplo, é de conhecimento geral a freqüente associação entre o uso de álcool e acidentes de trânsito. No entanto, os dados estatísticos demonstram que, na maioria dos casos, tal problema se relaciona com pessoas que fazem uso abusivo de álcool, como ingerir várias doses de cerveja num curto período de tempo, e não com dependentes (MINAYO, 2004).             Segundo o II Levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, 74,6% das pessoas fazem uso de álcool na vida O mais instigante é que cerca de 74% dos adolescentes já haviam feito uso de álcool na vida , sendo destes, 14% usuários freqüentes(BUNNING; GORGULHO, 2004).             Conforme se pode perceber, a identificação dos problemas relacionados ao uso do álcool foi gradativamente ganhando importância na área médica e, aos poucos conquistando seu espaço como entidade nosológica e critérios que facilitassem a sua definição. Atualmente, a décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) define os seguintes critérios para dependência de álcool (OMS,1993): Um forte desejo ou compulsão para consumir a substancia; dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância; persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara das conseqüências nocivas(CARLINE et al, 2006).             O enfoque de risco assume que, quanto maior conhecimento sobre os eventos negativos, maior possibilidade de agir sobre eles com antecipação para evitá-los, mudando as condições que facilitem que um indivíduo ou grupo adquira uma doença ou um dano (JURGERMAN; LARANJEIRA, 1999).             A partir, das primeiras leituras que fizemos, consideramos que entender a temática é crucial para o agir devido, pois a dependência, sobretudo precocemente, nos conduz a prejuízos de ordem mental, física e social. OBJETIVOS Identificar e descrever os fatores que levaram o paciente à dependência etílica. METODOLOGIA Relato de Caso, descritivo, explicativo e exploratório, com uma abordagem qualitativa realizada através de pesquisa de campo, na Clínica da Gávea, instituição psiquiátrica privada onde entrevistamos um paciente em sua primeira internação psiquiátrica. A entrevista foi gravada em aparelho próprio (mp4) a fim de lograr os fatores que levaram à primeira internação, decorrente do abuso de álcool, do paciente em questão. Para analisar os dados obtidos, adotamos os seguintes procedimentos: após as entrevistas, transcrevemos o áudio e realizamos uma primeira leitura do material, organizando os relatos, revendo os objetivos e questões teóricas discutidas no estudo. Terminada esta etapa, mapeamos os discursos, segundo os temas emergentes (sempre guiados pelo objetivo da pesquisa). Esses agrupamentos nos permitiram a apreensão dos significados, a associação de idéias, e a captação da variedade de pensamentos. Na análise final, utilizamos os passos de Minayo (2004): ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS A superproteção caracterizada na infância, intercalando com a ausência paterna e materna até a adolescência facilitaram a não construção da subjetividade do paciente. Este em busca de uma sociabilidade, vez não efetivada, desenvolveu o diagnóstico de fobia social. Nada obstante, a busca pela inserção na sociedade e a cobrança pelos amigos o fez buscar no álcool o meio que o possibilitasse a interagir socialmente. Sendo assim, a procura tornou-se constante fazendo do uso do álcool, antes corriqueiro, permanente para sua interação na sociedade. A dependência instalou-se e com isso as conseqüências físicas, mentais e os demais conflitos familiares tomaram proporções expressivas. CONCLUSÕES Evidenciamos quanto o meio, aqui personificado nos amigos e família, cobra comportamentos do ser humano, e este uma vez não adepto a critica adere às pressões, neste caso desenvolvendo o vício alcoólico, consequentemente a dependência.             O presente relato deixa claro que a construção da subjetividade de Anne, uma vez não fundamentada na crítica rumou ao não desenvolvimento, da sociabilidade e posteriormente à dependência etílica.             Sendo assim, nosso desafio como educadores na saúde reside em desenvolver atividades educativas, instruindo a todos ao convívio familiar de forma saudável, principalmente no que refere-se a fase conturbada da adolescência.

    Impressões da equipe de enfermagem acerca da pandemia da COVID-19

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    The aim was to identify the impressions of nursing professionals about work in the pandemic of the new coronavirus and describe these impressions. Descriptive cross-sectional study developed from the qualitative approach. The Free and Informed Consent Term was prepared in clear, easy to understand language, providing information to the research participants, as well as guaranteeing anonymity and the refusal to participate in the study and the withdrawal from the study at any time, without any burden. for the study participant. Nurses are on the front lines and are the basis of any response activity. There is a fine line between dying and living, there is a set of factors in addition to the severity of living with the virus, prejudice, stigma, breaking social and emotional relationships are factors that make the subjects feel helpless and depressed. , leading to a negative perspective of this new context experienced. For the study subjects, training and PPE bring protection and safety, but they need to be accompanied by technical training and knowledge, as well as safety, respect and appreciation of nursing professionals.Objetivou-se identificar as impressões dos profissionais de enfermagem a cerca do trabalho na pandemia do novo coronavírus e descrever essas impressões. Estudo tipo transversal descritivo desenvolvido a partir da abordagem qualitativa. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi elaborado em linguagem clara, de fácil compreensão, fornecendo informações aos participantes da pesquisa, bem como a garantia do anonimato e a recusa de participação no estudo e o desligamento do estudo a qualquer momento, sem que haja ônus para o participante do estudo. Os enfermeiros estão na linha de frente e são a base de qualquer atividade de resposta. Há uma linha tênue entre morrer e viver, existe um conjunto de fatores para além da gravidade do convívio com o vírus, o preconceito, o estigma, a quebra das relações sociais e afetivas são fatores que fazem com que os sujeitos se sintam desamparados e deprimidos, levando a uma perspectiva negativa deste novo contexto vivenciado. Para os sujeitos do estudo, o treinamento e EPIs trazem proteção e segurança, mas precisam estar acompanhados de formação técnica e conhecimento, bem como segurança, respeito e valorização dos profissionais de enfermagem

    Violência relacionada ao trabalho na psiquiatria: percepção dos trabalhadores de enfermagem

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    Este estudio tuvo como objetivo analizar los tipos de violencia relacionada con el trabajo en una unidad de internación psiquiátrica en la percepción del personal de enfermería y discutir las implicaciones para la salud del grupo. Investigación cualitativa, descriptiva, cumplida en una unidad de internación psiquiátrica de un hospital universitario. Se ha utilizado la técnica de entrevista semiestructurada con dieciséis trabajadores de enfermería. Aplicada el análisis de contenido a los testimonios, se identificó que la violencia psicológica y institucional resultante de las condiciones de trabajo inadecuadas causan daño a los trabajadores y la práctica de enfermería. La conclusión es la importancia de la institución invertir en acciones preventivas con el fin de promover la salud del grupo y la calidad del servicio.Objetivou-se, neste estudo, analisar os tipos de violência relacionados ao trabalho em unidade de internação psiquiátrica, de acordo com a percepção dos trabalhadores de enfermagem, e discutir as repercussões para a saúde dos integrantes do grupo. Pesquisa qualitativa, descritiva, realizada em unidade de internação psiquiátrica de hospital universitário. Utilizouse a técnica de entrevista semiestruturada, com 16 trabalhadores de enfermagem. Aplicada a análise de conteúdo aos depoimentos, identificou-se que tanto a violência psicológica quanto a institucional, decorrentes das condições inadequadas de trabalho, prejudicam os trabalhadores e a prática de enfermagem. Conclui-se, então, a importância de a instituição investir em ações preventivas no intuito de promover a saúde do grupo, bem como a qualidade do serviço ofertada.The objective in this study was to analyze the types of violence related to the work at a psychiatric inpatient service as perceived by the nursing professionals and to discuss the repercussions for the group members’ health. Qualitative and descriptive research, undertaken at a psychiatric inpatient service of a teaching hospital. The semistructured interview technique was used with 16 nursing workers. Content analysis was applied to the testimonies. It was identified that both psychological and institutional violence, deriving from the inappropriate work conditions, negatively affect the professionals and nursing practice. In conclusion, it is important for the institution to invest in preventive actions in order to promote the group’s health and the quality of the service offered

    Morte e despedida: Análise processual de morte e morrer para grupos religiosos e ateus

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    Este artigo objetiva analisar comparativamente as representações sociais da morte e do morrer para grupos religiosos diversos e pessoas ateias. Para este estudo qualitativo, do tipo descritivo e exploratório, colaboraram 27 participantes, dentre os quais integrantes dos seguintes templos religiosos: espírita, católico, protestante, umbandista, candomblecista; e ateus de uma universidade pública. A coleta de dados ocorreu nestes cenários, utilizando um roteiro de entrevista semiestruturado, seguido por formulário de caracterização sociodemográfica. Os dados deste estudo foram analisados à luz da abordagem processual da teoria das representações sociais, com o auxílio do software Iramuteq. Os resultados apontam dois eixos sobre o processo de morte e morrer. O primeiro aborda aspectos conceituais e afetivos, e o segundo, mecanismos de enfrentamento individual. Concluímos ser necessário um cuidado integral e respeitoso às crenças de morte e morrer destes indivíduos, embora esta etapa da vida represente o ceifamento biológico, o preparo do corpo para além de um procedimento assistencial, deve prezar pela crença religiosa ou filosofia irreligiosa do paciente, pois honra sua memória social, ao considerar a dimensão ir/religiosa do mesmo

    O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem

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    INTRODUÇÃO Os profissionais mais suscetíveis aos problemas da saúde mental são aqueles que interagem, a maior parte do tempo, com indivíduos que necessitam de sua ajuda, como as enfermeiras, os professores, as assistentes sociais, entre outras profissões 1. Alguns fatores interferem nas condições de trabalho, na área da saúde como o desenvolvimento rápido e contínuo da tecnologia na área da saúde; a grande variedade de procedimentos realizados; o aumento constante do conhecimento teórico e prático exigido nessa área; a especialidade do trabalho; a hierarquização, dificuldade de circulação de informação; o clima de trabalho negativo; papéis ambíguos e falta de clareza das tarefas executadas; o ritmo de trabalho, ambiente físico, estresse do contato com o paciente e familiar; a dor e a morte como elementos que potencializam a carga de trabalho ocasionando riscos à saúde física e mental dos trabalhadores do hospital 2,3. Atualmente temos dados de pesquisa suficientes para afirmar que o cotidiano hospitalar é gerador de sofrimento psíquico para os trabalhadores da área da saúde. Pitta identifica o trabalho no hospital como penoso e insalubre para toda a equipe envolvida 4. OBJETIVO Identificar o perfil dos trabalhadores de enfermagem e caracterizar as condições de trabalho que levam o profissional de enfermagem da unidade hospitalar ao sofrimento psíquico MÉTODO Pesquisa descritiva e exploratória, com abordagem qualitativa realizada no Hospital e Maternidade – Luiz Palmier (HMLP) em São Gonçalo/RJ com profissionais de enfermagem. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da EEAN/HESFA - UFRJ, conforme Resolução nº. 196/96 (CNS), sob protocolo nº 070/2009. Foram entrevistados 40 sujeitos o que representou uma amostra de 42% dos profissionais, do total da população, técnicos e enfermeiros, do hospital em estudo, no horário diurno. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário com 23 questões. Na categorização dos dados empíricos, utilizamos os passos de Minayo5: ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. Ressalta-se que, o referencial que orientou para a análise dos dados foi Dejours. RESULTADO A equipe de Enfermagem do HMLP é representada por 77,5% de profissionais do sexo feminino , na amostra pesquisada, o que representa uma proporção de 3 mulheres para cada homem. Da amostra, 54% são da Clínica Médica, 10% do Centro Cirúrgico, 8% da Coronária, 8% do Centro de Tratamento Intensivo e 20% são de outros setores. Quanto ao grau de instrução, a equipe divide-se em dois grupos, no qual a prevalência é o nível técnico com 82% e o grupo de nível superior que totalizam 18%. Ressaltamos 90% dos sujeitos apresentaram relutância em contribuir com a pesquisa, sugerindo o vínculo, com a instituição em questão, que é de caráter contratual.          Indagados quanto ao anseio que levavam à escolha profissional, 59% dos entrevistados tiveram como fator motivacional a aptidão seguidos de 18% que referiram-se a “outros motivos”, tais como a demanda profissional no mercado de trabalho, dentre outros, enquanto 13% chegaram ao denominador comum que a curiosidade foi fator preponderante na escolha e 10% pelas situações de doenças em familiares.             No que concerne à relação interpessoal, o interagir com a chefia foi questionado e os resultados mostram que 55% dos entrevistados mantêm uma boa relação.             Não obstante as dificuldades relatadas pelos profissionais, no que tange a satisfação pessoal em relação ao trabalho, observamos que os mesmos encontram-se satisfeitos, totalizando 80%. No cenário de realização profissional notamos que os realizados somam 65%. Discussão Dejours6 define o sofrimento como o espaço de luta que cobre o campo situado entre o bem-estar e a doença mental. O sofrimento mental pode ser concebido como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem estar) psíquico7 No que concerne ao posicionamento dos sujeitos do estudo, para tentar “contorcer” ou camuflar o sofrimento, os trabalhadores usam ideologias defensivas, como deixar de tomar iniciativas e assumir responsabilidades, se fechar, não se comunicam com os outros e passam a se preocupar somente consigo, desconfiando dos colegas de trabalho que poderiam tentar prejudicá-los de alguma maneira. Assim, o relacionamento é rompido para evitar conflitos 8. Observa-se que a visão do Enfermeiro Chefe, pelos seus subordinados, é de que o mesmo se distancia do papel de gerente que o enfermeiro tem e se limita a administrar a unidade que é responsável. Neste ínterim, vale lembrar que a Enfermagem galga o rol do caráter participativo e não supostamente o designativo. Entretanto, para os entrevistados a Chefia tem sido um fator desmotivador, dificultador e que afasta dos princípios humanísticos proposto pelo cuidado, pois a chefia não tem a visão de gestão e sim de administração, ou seja, preocupa-se apenas com o foco operacional e não com o processo e o produto final, que no caso da enfermagem, é o processo de trabalho de enfermagem e o cuidado de enfermagem respectivamente.          A distância entre o nível técnico e superior na Enfermagem, torna-se evidente, a hierarquia com seus paradigmas trazem à luz conflitos entre as subdivisões profissionais, na execução das responsabilidades cotidianas, além de conflitos nas relações interpessoais. Quando abordados quanto a motivação profissional, a prevalência rumou para a essência da profissão: o cuidar. Ou seja, a maior motivação é o próprio cuidar do outro. Cuidar que abrange a prestação atenciosa e continuada de forma holística a uma pessoa enferma, realçando desta maneira o direito à dignidade da pessoa cuidada.9 A prevalência da essência da Enfermagem, alerta para a satisfação do profissional. O mesmo culmina na plenitude da realização profissional, em fazer o que gosta, não obstante os dissabores e conflitos no meio. CONCLUSÃO Dentro da pesquisa que nos propusemos a fazer atingimos o nosso objetivo, onde nossos dados confirmam que o maior sofrimento psíquico está diretamente ligado a organização do trabalho e não com a profissão. É notório que o orgulho de ser enfermeiro se conflita com uma condição de trabalho insatisfatória gerada também pela dificuldade de relacionamento interpessoal. Os resultados nos levam a essência da profissão, que se fundamenta no cuidar com amor ao próximo, com doação e humildade, pois a grande maioria dos entrevistados se consideram plenos, realizados e felizes em sua profissão. Assim, retomamos aos primórdios da profissão, cujas bases foram erigidas por Florence Nightingale galgadas pelo rol do altruísmo. REFERÊNCIAS 1.     Baba V, Galaperin BL, Lituchy TR. Occupational mental health: a study of work-related depression among nurses in the Caribbean. International Journal of Nursing Studies. 1999; 36(1): 163-9. 2.     Santos MS, Trevizan MA. Sofrimento psíquico no trabalho do enfermeiro. Nursing Rev Téc Enf. 2002; 52(1): 23-28. 3.     Moos RH, Cronkite RC, Finney, JW. Health and Daily Living Form Manual. 2ª ed. California: Mind Garden; 1990. 4.     Pitta AM. Hospital: dor e morte como ofício. São Paulo: Hucitec; 1990. 5.      Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. São Paulo: Hucitec; 2004. 6.     Dejours, C. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações In: Chanlat, JF. O indivíduo na Organização. 3ª ed. São Paulo: Atlas; 1996. 7.     Dejours, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. 5ª ed. São Paulo: Cortez; 1992. 8.     Milanesi K, Collet N, Viera CS, Oliveira BRG. Sofrimento Psíquico em Dejours. Seminário Nacional: Estado e Políticas Sociais no Brasil. Cascavel: Edunioeste. 2008. 9.     Pacheco S. Cuidar da pessoa em fase terminal: perspectiva ética. Loures (Portugal): Editora Lusociência; 2002

    Fatores contribuintes para o sofrimento psíquico em âmbito psiquiátrico para a equipe de enfermagem

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    INTRODUÇÃO As relações entre saúde mental e trabalho despontaram a partir da década de 1970 como marco fundamental da nova abordagem da Saúde do Trabalhador.1 O trabalho de enfermagem tem se apresentado como forma de prazer, mas, também de sofrimento. Apresenta-se como fonte de prazer quando traz satisfação pessoal, quando o profissional desenvolve suas potencialidades humanas através de seu ofício e sente-se útil a sociedade. No entanto, quando existe submissão repressão, o trabalho passa a ser uma mercadoria ou mero serviço prestado, podendo haver repressão das potencialidades humanas, gerando insatisfação, angústia e sofrimento psíquico. OBJETIVO Descrever os fatores contributivos para o sofrimento psíquico da equipe de enfermagem em âmbito psiquiátrico.   MÉTODO Pesquisa de cunho descritiva, com abordagem qualitativa realizada por meio de pesquisa de campo, localizada no município do Estado do Rio de Janeiro, especializada em transtornos mentais, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Clínica da Gávea sob CAAE nº 02/2009. Foram selecionados 41 profissionais de quadro de enfermagem de todas as categorias, sem critério de exclusão. O instrumento utilizado foi o formulário estruturado com questões abertas e fechadas. Na categorização dos dados empíricos, foram utilizados os passos de Minayo: 2 ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação ao perfil dos sujeitos, dos 41 participantes, 52% são solteiros e 48% são casados. No que se refere à pater-maternidade, 51,0% dos entrevistados não possuem filhos. No que concerne ao grau de instrução, dividem-se em dois grupos, no qual a prevalência é o nível técnico com 95,0% e o grupo de nível superior que totalizam 5,0%. Foram geradas duas categorias que serão expostas a seguir. Fatores ocupacionais e interpessoais contributivos para o estresse e o sofrimento psíquico O sofrimento mental pode ser concebido como a experiência subjetiva intermediária entre doença mental descompensada e o conforto (ou bem estar) psíquico.23 Da mesma forma, os danos acarretados ao ser humano e seu comportamento são devidos às tensões no ambiente de trabalho, levando ao estresse profissional, consequente da insatisfação profissional. 3 É instigante, porém preocupante, o relato dos profissionais no que se refere à falta de motivação dos profissionais, devido à desunião da equipe no qual o denominador comum aponta para 85,0% de desunião.  A falta de profissionalismo culminou, em meio a relatos de descontentamento com a profissão, e falta de incentivos por parte da administração como plano de saúde e apoio psicológico. Os resultados mostraram que os atrasos, por parte dos colegas, era fator primordial para que os conflitos iniciassem.  Os relatos apontaram a falta de companheirismo e bom senso no que concerne a responsabilidade para com o labor. Não obstante as dificuldades relatadas pelos profissionais, no que tange a satisfação pessoal em relação ao trabalho verificaram-se que os mesmos encontram-se satisfeitos, totalizando 85,0% .  Os referidos valores da satisfação embasados nas justificativas como a do paciente, a realização na efetivação do labor e o altruísmo mostram que a plenitude profissional nos remete aos primórdios da profissão. No que concerne à relação interpessoal com os pacientes, 73,0% apontaram o paciente psiquiátrico como o mais fácil em lidar, enquanto 17,0% optaram pelos dependentes químicos enquanto 10,0% não souberam responder. A expressiva evidência na relação com o paciente psiquiátrica é fundamentada na “manipulação verbal” por parte dos dependentes químicos. Os entrevistados também apontaram que a inexistência de incentivos, como os planos de saúde e odontológico somavam-se aos fatores contributivos de estresse e a desmotivação. Os sujeitos alegam não terem um retorno da administração, e assim, trabalham sem previsão de melhoras ou meios que os faça sentirem motivados. A educação em saúde como processo amenizador dos contribuintes ao estresse e sofrimento psíquico no âmbito de trabalho Nos resultados referentes à Educação Permanente, 46,3 % dos entrevistados participam de programas e cursos em favor da renovação do conhecimento enquanto 53,6% não participam de nenhum meio em prol da atualização a nível educacional. A educação permanente também foi abordada e 53,0% dos entrevistados afirmaram não participarem de nenhuma outra forma de acesso à atualização educacional, enquanto que os 46,0% disseram estar sempre à procura de instrução, porém dentro da instituição afirmaram não ocorrer. Mediante as queixas referentes à inexistência de Educação Continuada e/ou Permanente, é necessária a aprendizagem significativa, ou seja, baseada na experiência do profissional na realidade vivenciada e na participação do mesmo sendo assim benéfica para o cuidado, assim como, para a relação interpessoal dos profissionais. A Educação Permanente em Saúde foi elaborada para aprimorar o método educacional em saúde, tendo o processo de trabalho como seu objeto de transformação, com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços, visando alcançar equidade no cuidado, tornando os trabalhadores mais qualificados para o atendimento das necessidades da população. 4 A educação permanente não se preocupa somente com a transmissão de conhecimentos técnicos, mas se preocupa principalmente com a experiência real que o trabalhador vivencia e com as relações interpessoais no ambiente de trabalho, pois estas influenciam diretamente no cuidado de enfermagem. 5 A desunião na equipe de enfermagem foi apontada como problema. Os profissionais chegam a este denominador comum por não abrirem mão de seus interesses pessoais para facilitar o trabalho do colega, no que se refere à carga horária de trabalho e à tarefa do cuidar. 6 Uma estratégia a ser pensada com o intuito de amenizar os devidos fatores desencadeantes do sofrimento psíquico do profissional é a inclusão da reunião sistematizada da equipe de enfermagem, visto que a mesma não ocorre no âmbito de trabalho o que favorece ao não diálogo entre as partes. Justificam-se as ressalvas dos entrevistados no fim do questionário, apontando os inúmeros conflitos e desgostos ocorridos no cotidiano como a escassez de profissionalismo por parte do colega que o rende no plantão posterior, atrasos injustificáveis bem como a desorganização dos setores. CONCLUSÃO Nota-se que o estresse e o sofrimento psíquico são evidentes no âmbito psiquiátricos, uma vez forjados através dos conflitos interpessoais bem como na insatisfação com a administração da instituição. A educação em saúde, tanto questionada pelos entrevistados assume caráter essencial para a aproximação dos envolvidos, bem como na instrução dos mesmos, uma vez que o cuidado não ficará limitado ao cliente, e sim a todos que participam do processo do cuidado, minimizando o estresse e o sofrimento psíquico dos trabalhadores, ao pensar em estratégias de melhorias nas condições de trabalho gerada, principalmente, pela dificuldade de relacionamento entre os profissionais. REFERÊNCIAS 1. Camarotti H, Teixeira HA. Saúde mental e trabalho: estudo da Regional Norte de Saúde do DF. Rev. de Saúde do Distrito Federal 1996; 7(1): 29-40. 2. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em Saúde. 9ª Ed. São Paulo: Hucitec, 2006. 3.  Cecagno D . Qualidade de vida e o trabalho sob a ótica do enfermeiro. Cogitare Enferm. 2002; 7(2):54-59. 4. Ceccim RB. Educação permanente: desafio ambicioso e necessário. Interface Comun Saúde Educ. 2005; 9 (18):161-177. 5.Paula GS, Reis JF, Dias LC, Dutra VFD, Braga ALS, Cortez EA. O sofrimento psíquico do profissional de enfermagem da unidade hospitalar. Aquichan. 2010; 10(1): 267-279. 6. Araujo MD, Busnardo EA, Marchiori FM. Formas de produzir saúde no trabalho hospitalar: uma intervenção em psicologia. Cad Psicol Soc Trab. 2002; 5(7): 37-49.

    “ele é o remédio que eu preciso”: Relato de caso de anne em sua primeira internação psiquiátrica por alcoolismo

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    INTRODUÇÃO O alcoolismo figura entre os dez principais problemas de saúde pública no mundo, sendo a quarta doença mais incapacitante, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS,1993).             O álcool em comparação com as outras substâncias psicoativas, apresenta algumas particularidades que contribuem para o desenvolvimento da dependência, como o fato de culturalmente ser aceita, que desencadeia uma excessiva tolerância com o uso do álcool, inversamente à intolerância observada com qualquer outro uso de drogas (CARLINE et al, 2006).             Justificamos nosso interesse na temática em questão no II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, que envolveu em 2005 as 108 maiores cidades do país, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), com indivíduos entre 12 e 65 anos, constando que 12,3% da população brasileira é dependente do álcool (BUNNING; GORGULHO, 2004). O álcool é uma substância cujo uso crônico, além de alterações de comportamento, geralmente traz diversos comprometimentos clínicos (CARLINE et al, 2006).             O profissional de saúde deve estar apto, não apenas a diagnosticar a “Síndrome de dependência”, mas também diferenciar os diferentes padrões de uso (uso, abuso ou dependência) e a existência de problemas associados a estes. Por exemplo, é de conhecimento geral a freqüente associação entre o uso de álcool e acidentes de trânsito. No entanto, os dados estatísticos demonstram que, na maioria dos casos, tal problema se relaciona com pessoas que fazem uso abusivo de álcool, como ingerir várias doses de cerveja num curto período de tempo, e não com dependentes (MINAYO, 2004).             Segundo o II Levantamento Domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil, 74,6% das pessoas fazem uso de álcool na vida O mais instigante é que cerca de 74% dos adolescentes já haviam feito uso de álcool na vida , sendo destes, 14% usuários freqüentes(BUNNING; GORGULHO, 2004).             Conforme se pode perceber, a identificação dos problemas relacionados ao uso do álcool foi gradativamente ganhando importância na área médica e, aos poucos conquistando seu espaço como entidade nosológica e critérios que facilitassem a sua definição. Atualmente, a décima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID – 10) define os seguintes critérios para dependência de álcool (OMS,1993): Um forte desejo ou compulsão para consumir a substancia; dificuldade em controlar o comportamento de consumir a substância; persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara das conseqüências nocivas(CARLINE et al, 2006).             O enfoque de risco assume que, quanto maior conhecimento sobre os eventos negativos, maior possibilidade de agir sobre eles com antecipação para evitá-los, mudando as condições que facilitem que um indivíduo ou grupo adquira uma doença ou um dano (JURGERMAN; LARANJEIRA, 1999).             A partir, das primeiras leituras que fizemos, consideramos que entender a temática é crucial para o agir devido, pois a dependência, sobretudo precocemente, nos conduz a prejuízos de ordem mental, física e social. OBJETIVOS Identificar e descrever os fatores que levaram o paciente à dependência etílica. METODOLOGIA Relato de Caso, descritivo, explicativo e exploratório, com uma abordagem qualitativa realizada através de pesquisa de campo, na Clínica da Gávea, instituição psiquiátrica privada onde entrevistamos um paciente em sua primeira internação psiquiátrica. A entrevista foi gravada em aparelho próprio (mp4) a fim de lograr os fatores que levaram à primeira internação, decorrente do abuso de álcool, do paciente em questão. Para analisar os dados obtidos, adotamos os seguintes procedimentos: após as entrevistas, transcrevemos o áudio e realizamos uma primeira leitura do material, organizando os relatos, revendo os objetivos e questões teóricas discutidas no estudo. Terminada esta etapa, mapeamos os discursos, segundo os temas emergentes (sempre guiados pelo objetivo da pesquisa). Esses agrupamentos nos permitiram a apreensão dos significados, a associação de idéias, e a captação da variedade de pensamentos. Na análise final, utilizamos os passos de Minayo (2004): ordenamento dos dados, classificação dos dados e análise final. RESULTADOS A superproteção caracterizada na infância, intercalando com a ausência paterna e materna até a adolescência facilitaram a não construção da subjetividade do paciente. Este em busca de uma sociabilidade, vez não efetivada, desenvolveu o diagnóstico de fobia social. Nada obstante, a busca pela inserção na sociedade e a cobrança pelos amigos o fez buscar no álcool o meio que o possibilitasse a interagir socialmente. Sendo assim, a procura tornou-se constante fazendo do uso do álcool, antes corriqueiro, permanente para sua interação na sociedade. A dependência instalou-se e com isso as conseqüências físicas, mentais e os demais conflitos familiares tomaram proporções expressivas. CONCLUSÕES Evidenciamos quanto o meio, aqui personificado nos amigos e família, cobra comportamentos do ser humano, e este uma vez não adepto a critica adere às pressões, neste caso desenvolvendo o vício alcoólico, consequentemente a dependência.             O presente relato deixa claro que a construção da subjetividade de Anne, uma vez não fundamentada na crítica rumou ao não desenvolvimento, da sociabilidade e posteriormente à dependência etílica.             Sendo assim, nosso desafio como educadores na saúde reside em desenvolver atividades educativas, instruindo a todos ao convívio familiar de forma saudável, principalmente no que refere-se a fase conturbada da adolescência.
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