6 research outputs found

    To be a boy and a high-achieving pupil: masculinities and school achievement

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    Diversos indicadores educacionais demonstram que meninos tendem a estabelecer uma trajetĂłria escolar mais conturbada e marcada por interrupçÔes. A partir desses indicadores, pesquisas tĂȘm sido realizadas com o intuito de compreender a produção do fracasso escolar mais acentuado entre alunos do sexo masculino, por meio de uma discussĂŁo sobre gĂȘnero, masculinidades e desempenho escolar. Tomando essas diferenças de indicadores educacionais como ponto de partida, realizei uma pesquisa qualitativa sobre meninos avaliados como bons alunos por suas professoras, apostando numa inversĂŁo epistemolĂłgica - do fracasso ao sucesso escolar como um meio profĂ­cuo para pensar na multiplicidade de prĂĄticas de masculinidades entre os meninos e nuançar as discussĂ”es sobre a temĂĄtica. Baseada nas elaboraçÔes teĂłricas sobre masculinidades da sociĂłloga Raewyn Connell, pretendia analisar como estes meninos faziam para articular um bom desempenho escolar e as interaçÔes entre seus pares, considerando a agĂȘncia das crianças como um dos aspectos do regime de gĂȘnero das escolas. A pesquisa empĂ­rica foi realizada em uma escola pĂșblica da cidade de SĂŁo Paulo que atendia alunos e alunas das camadas trabalhadoras. Durante o segundo semestre de 2014 e o primeiro semestre de 2015 observei o cotidiano escolar de uma turma de 4Âș ano e de outra turma de 5Âș ano do Ensino Fundamental. AlĂ©m da observação participante, realizei entrevistas semiestruturadas com as crianças, o professor e a professora dessas turmas. QuestionĂĄrios socioeconĂŽmicos tambĂ©m foram respondidos pelos familiares. Diferentemente do que eu imaginava a partir da literatura sobre a temĂĄtica, identifiquei que ser bom aluno nĂŁo parecia contraditĂłrio ou difĂ­cil para a afirmação da masculinidade dos meninos, ao contrĂĄrio, o engajamento e o bom desempenho escolar era valorizado e reconhecido como um aspecto positivo entre os alunos. Apesar disso, nem todos os meninos eram bons alunos e aqueles avaliados positivamente pela professora ou pelo professor tendiam a se distanciar dos maus alunos, indicando uma dimensĂŁo relacional na constituição e percepção de si como um bom aluno. Envolvidos em prĂĄticas de hierarquização, para ser um bom aluno os meninos precisavam conseguir jogar nas relaçÔes de poder entre pares, valendo-se de prĂĄticas de masculinidades valorizadas, assim como construindo e reconstruindo hierarquias escolares, socioeconĂŽmicas e raciais em suas interaçÔes.Several Brazilian educational indicators show that boys tend to establish a shorter and more troubled school life. Considering these indicators, academical research has been done in order to understand boy\'s underachievement through a discussion about gender and masculinities. Taking these educational indicators as a starting point, I conducted a qualitative research about high-achieving boys as a way to think about the multiplicity of masculinities practices among boys and to nuance the discussion about the topic. Based on Raewyn Connell\'s sociological theory about masculinities and her ideias about the agency of children as an aspect of the schools gender regime, I analyzed how high-achieving boys articulate a good school performance and their interactions among peers. The qualitative research was done in a public primary school in SĂŁo Paulo (Brazil) that is attended by working-class pupils. During a semestre in 2014 and a semestre in 2015, I did a participant observation in the daily school life of a group in the 4th and 5th grades of elementary school. In addition to the participant observation, I interviewed the children, a male and a female teacher. Socioeconomic questionnaires were also answered by family members. Contrary to what I expected from the literature about masculinities and achievement, to be a \"high-achieving pupil\" was not contradictory or difficult for the boys, instead, engagement and academic achievement was valued and recognized as a positive aspect among boys students. Nevertheless, not all the boys were \"hich-achieving pupils\" and those tended to distance themselves from the \"underachieving pupils\". Involved in hierarquical relations among peers, in order to be a high-achieving pupil boys have to be able to play on the power relations, constructing and reconstructing social and school hierarchies among their peer group

    From the front to the back of the classroom: masculinities and school engagement in the periphery of SĂŁo Paulo

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    Essa pesquisa teve como objetivo investigar se as noçÔes coletivas de gĂȘnero do grupo de pares eram contrĂĄrias Ă  demonstração de envolvimento escolar pelos meninos. Essa pergunta foi elaborada em diĂĄlogo com a literatura sobre masculinidades e desempenho escolar e tinha como objetivo nuançar a compreensĂŁo sobre os processos sociais que culminam em um quadro de maior desvantagem no acesso integral Ă  educação bĂĄsica entre meninos negros e pobres. Para isso foi realizada uma pesquisa etnogrĂĄfica em uma escola pĂșblica, localizada na periferia de SĂŁo Paulo, considerando a intersecção entre gĂȘnero, raça e classe no contexto de expansĂŁo do crime e da violĂȘncia policial contra os meninos perifĂ©ricos na cidade de SĂŁo Paulo. Ao longo do ano letivo de 2018, foram observadas as interaçÔes de estudantes de duas turmas do 9Âș ano do ensino fundamental, em diferentes momentos e espaços escolares, e entrevistados estudantes, professoras e uma gestora da escola. O material empĂ­rico foi analisado no esforço de compreender as hierarquias e relaçÔes de poder entre meninos que se dividiam entre os grupos da frente e do fundĂŁo, estabelecendo uma relação de oposição e conflito no cotidiano da escola. Essa anĂĄlise nos permite afirmar que o envolvimento escolar dos meninos tendia a ser desvalorizado pelos pares, enquanto prĂĄticas de masculinidades contrĂĄrias Ă  escola e que tomavam o crime como uma referĂȘncia positiva tendiam a ser valorizadas entre meninos e meninas. Por fim, argumento que apesar dos estudantes se dividirem em dois grupos de meninos, frente e fundĂŁo nĂŁo devem ser tratados analiticamente como dois tipos de masculinidade e de relação com a escola, mas como um espectro de prĂĄticas de masculinidade entre meninos que negociavam formas plurais de estar no mundo, diante das desigualdades estruturais que condicionavam suas vidas e seus processos de escolarização na periferia da cidade.This research aimed to investigate whether the collective notions of gender in the peer group were contrary to boys\' engagement at school. The research question was elaborated in dialogue with the literature on masculinities and school performance. It aimed to nuance the understanding of the social processes that culminate in a situation of disadvantage in the integral access to basic education among black and poor boys. Ethnographic research was carried out in an elementary public school, located on the periphery of SĂŁo Paulo, considering the intersection between gender, race and class in a social context of the expansion of crime and police violence against peripheral boys in the city of SĂŁo Paulo. Throughout the 2018 school year, I observed the students\' interactions in two classes of the 9th grade at different times and school spaces and interviewed students, teachers and a school manager. The empirical material was analyzed to understand the hierarchies and power relations between boys, who divided themselves between the front and back groups. These two groups established an oppositional and conflicted relationship in the daily life of the school. This analysis allows us to affirm that the school involvement of boys tended to be devalued by their peers. Masculinities practices contrary to school and that took crime as a positive reference tended to be valued among boys and girls. Finally, I argue that despite the students being divided into two groups of boys, front and back should not be treated analytically as two types of masculinity and relationship with the school. Front and back is a spectrum of masculinity practices among boys who negotiated plural forms of being in the world, faced with the structural inequalities that conditioned their lives and their schooling processes on the city periphery

    Masculinidades e desempenho escolar: a construção de hierarquias entre pares

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    Seeking to understand the collective conceptions of masculinity among boys and the possible implications of such conceptions on their school performance, we conducted an ethnographic research with working-class students aged approximately ten years, from a public school in SĂŁo Paulo city, Brazil, using observations and interviews. We identified that being a “good student” did not contradict the affirmation of the masculinity of those boys; on the contrary, school engagement was recognized as a positive aspect among them. Nonetheless, to be “good students”, boys needed to be able to play in the power relationships between peers, drawing on practices of valued masculinities, and (re)constructing school and social hierarchies in their interactions. Buscando compreender as concepçÔes coletivas de masculinidade entre os meninos e as possĂ­veis implicaçÔes dessas concepçÔes em seus desempenhos escolares, realizamos uma pesquisa etnogrĂĄfica com crianças de aproximadamente dez anos de idade das camadas trabalhadoras, alunos/as de uma escola pĂșblica da cidade de SĂŁo Paulo, utilizando observaçÔes e entrevistas. Identificamos que ser “bom aluno” nĂŁo parecia contraditĂłrio para a afirmação da masculinidade daqueles meninos; ao contrĂĄrio, o engajamento escolar era reconhecido como um aspecto positivo entre eles. Para ser “bom aluno”, no entanto, os garotos precisavam conseguir jogar nas relaçÔes de poder entre pares, valendo-se de prĂĄticas de masculinidades valorizadas, (re)construindo hierarquias escolares e sociais em suas interaçÔes.Para tratar de comprender las concepciones colectivas de masculinidad entre los niños y las posibles implicaciones de dichas concepciones en sus desempeños escolares, realizamos una investigaciĂłn etnogrĂĄfica con niños de cerca de diez años de edad de las clases trabajadoras, alumnos/as de una escuela pĂșblica de la ciudad de SĂŁo Paulo, por medio de observaciones y entrevistas. Identificamos que el ser “buen alumno” no parecĂ­a contradictorio para la afirmaciĂłn de la masculinidad de los chicos; al contrario, el compromiso escolar era reconocido como un aspecto positivo entre ellos. Sin embargo, para ser “buen alumno” los chicos debĂ­an lograr jugar en las relaciones de poder entre pares a travĂ©s de prĂĄcticas de masculinidades valorizadas, (re)construyendo jerarquĂ­as escolares y sociales en sus interacciones. Souhaitant comprendre les conceptions collectives de la masculinitĂ© chez les jeunes garçons et leurs possibles incidences sur leurs rĂ©sultats scolaires, nous avons effectuĂ© une recherche ethnographique, basĂ©e sur des observations et des entretiens, concernant des enfants d’environ 10 ans appartenant au milieu ouvrier dans une Ă©cole publique de la ville de SĂŁo Paulo. Nous avons identifiĂ© que le fait d’ĂȘtre “bon Ă©lĂšve” ne semblait pas ĂȘtre en contradiction avec l’affirmation de leur masculinitĂ© et que, au contraire, l’engagement scolaire Ă©tait perçu comme positif. Cependant, pour ĂȘtre “bons Ă©lĂšves”, les enfants devraient entrer dans le jeu des rapports de pouvoir entre pairs ayant recours Ă  des pratiques de masculinitĂ©s valorisĂ©es, et (re) construire des hiĂ©rarchies scolaires et sociales dans leurs interactions.

    CUIDADO E GERENCIALISMO: PARA ONDE VAI O TRABALHO DAS PROFESSORAS

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    RESUMO: O artigo apresenta parte dos resultados de uma pesquisa sobre as atuais configuraçÔes de gĂȘnero no trabalho docente nos anos iniciais do ensino fundamental, que foi historicamente associado a uma feminilidade e a prĂĄticas de cuidado. Contudo, as novas formas de gestĂŁo difundidas na administração pĂșblica brasileira desde o final da dĂ©cada de 1990, tĂȘm colocado em questĂŁo esse modelo, ao exigirem dos educadores e educadoras posturas baseadas nĂŁo apenas na lĂłgica de mercado, mas tambĂ©m em valores que se considera como relativos a um tipo de masculinidade, como individualismo, competitividade, foco na ascensĂŁo na carreira e em recompensas monetĂĄrias. Para investigar se esses movimentos levaram ao apagamento dos traços histĂłricos de feminilidade associados ao trabalho das professoras dos anos iniciais, foi feito um estudo qualitativo na rede pĂșblica estadual de SP, que indicou a permanĂȘncia de referĂȘncias a uma feminilidade, porĂ©m ressignificadas e contraditoriamente integradas Ă s novas polĂ­ticas gerencialistas
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