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Recomendações de Triagem de Dengue de Doador e Receptor no Transplante de Órgãos Sólidos
A dengue, infecção caracterizada por ciclos epidêmicos que se repetem a cada 3 a 5 anos, figura como um dos problemas de maior destaque, tendo em vista sua progressiva expansão em número de casos e extensão geográfica. Em que pese sua vasta distribuição geográfica, é nas Américas e Sudeste Asiático que a doença incide de forma mais intensa. No contexto de surtos e epidemias, as infecções transmitidas pelos doadores podem representar um grande desafio devido à falta de dados, na literatura, de uma política clara para triagem dos doadores e dos possíveis desfechos indesejáveis. Casos de transmissão provável e confirmada têm sido relatados em receptores de diferentes órgãos. Embora o total de casos descritos seja pequeno, é importante considerar a possibilidade de subnotificação e o aumento substancial do risco desse evento, especialmente nos períodos em que a transmissão da dengue atinge níveis epidêmicos na população. Com base na escassa literatura, porém baseada em estratégias adotadas em outros países que já experimentaram epidemias de dengue com transmissão do vírus por meio de transplante de órgãos, a Comissão de Infecção em Transplante (COINT) da Associação Brasileira de Transplante (ABTO) sugere triagem de doadores e candidatos a transplante com o uso combinado de NS1/IgM no sangue e critérios para o aceite do doador e do candidato
Paracoccidioidomicose e infecção pelo virus da imunodeficiência humana
We present two cases of paracoccidioidorrvycosis, one occurring in an AIDS patient and the other in an HIV infected man. This is the first report of such association. The first patient, which was already followed for HIV infection (group IV-A) presented with high fever and hepatosplenomegaly. Plain X-ray, ultrasound and CT-scan of the abdomen showed solid nodules in the spleen, some of them with calcification. Both the direct smear and the culture of a bone marrow aspiration revealed Paracoccidioides brasiliensis. The patient died of acute disseminated Paracoccidioidomycosis. The second patient, a man anti-HIV seropositive presented with a mass on the right lower abdomen and inguinal region. A biopsy of the mass showed the association of Hodgkin's disease of the mixed cellularity type and paracoccidioidomycosis. With the expanding AIDS epidemic we believe this report emphasizes the need to consider Paracoccidioidomycosis in HIV infected persons in countries where this mycosis is endemic. We also suggest the inclusion of Paracoccidioidomycosis as a potential opportunistic infection in these areas.São apresentados dois casos de paracoccidioidomicose, um em paciente com a síndrome da imunodeficiência adquirida e o outro em paciente com infecção pelo HIV. Trata-se dos primeiros relatos em que esta associação é descrita na literatura. No primeiro, a micose se evidenciou durante o acompanhamento de paciente com AIDS, que passou a apresentar hépato-esplenomegalia e febre elevada. A ecografia, radiografia simples e tomografia computadorizada do abdômen, demonstraram nódulos sólidos, alguns calcificados, no parênquima esplénico. A punção aspirativa da medula óssea confirmou o diagnóstico; o conjunto dos achados caracterizou a forma aguda disseminada da paracoccidioidomicose, a qual levou o paciente ao óbito. No segundo relato, em paciente com infecção pelo HIV, a propósito de investigação de tumoração na região inguinal e fossa ilíaca à direita, constatou-se a associação de doença de Hodgkin, tipo celularidade mista e paracoccidioidomicose. Avalia-se a importância destes relatos frente a expansão da infecção pelo HIV e estima-se que mais casos venham a ser relatados em pacientes com AIDS, procedentes de áreas endêmicas desta micose. Propõe-se a inclusão da paracoccidioidomicose como infecção oportunística potencial em pacientes HIV positivos nestas áreas
Monkeypox em paciente transplantado hepático
Monkeypox (MKP)é uma zoonose causada por um virus DNA pertencente ao gênero Orthopoxvírus e à família Poxviridae e foi isolado pela primeira vez na Dinamarca em 1958. Em 1970 descreveu-se o primeiro caso em humanos, na República Democrática do Congo e desde então propagou-se com disseminação inter-humana e em julho de 2022 a OMS declarou estado de emergência sanitária. Sua apresentação clínica é semelhante à da varíola, com erupções cutâneas que evoluem como máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas. O primeiro caso em transplantado foi descrito na Tailândia em junho de 2022, num paciente transplantado de medula. Nesse relato, descrevemos caso de MKP num paciente em pós-operatório de transplante de fígado e discutimos aspectos clínicos nessa situação ainda pouco conhecida entre os transplantadores
Avaliação da resposta imunologica a vacina contra a hepatite B aplicada pelas vias intradermica ou intramuscular em profissionais da saude de hospital universitario : seguimento de cinco anos
Orientador: Fernando Lopes Gonçalves JuniorTese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias MedicasResumo: Os profissionais da área da saúde (P AS) apresentam risco de infecção pelo VHB três a cinco vezes mais alto que a população geral. Entretanto, o alto custo da vacina é um empecilho para que se possa garantir uma ampla cobertura vacinal. Vários estudos têm sido realizados no sentido de tentar-se viabilizar esquemas vacinais mais econômicos, mantendo a eficácia. A aplicação intradérmica reduz de sete a dez vezes o custo da vacinação e, em determinados grupos populacionais, apresenta eficácia semelhante à da intramuscular. Tentando buscar esquemas alternativos mais econômicos, para vacinação contra o VHB em P AS, selecionamos um grupo de funcionários da área da saúde da Unicamp para receberem a vacina contra o VHB. Estes profissionais foram divididos em dois grupos, conforme a via de aplicação: intradérmica (ID) ou intramuscular (1M). Todos os que foram alocados para aplicação ID e uma parcela dos que a receberam via 1M foram acompanhados para avaliação da resposta imunológica à vacinação, através da pesquisa qualitativa e quantitativa do anti-HBs. O esquema proposto para a vacinação foi de três doses, aplicadas nos intervalos de um e seis meses, em relação à primeira dose. A vacina utilizada foi a vacina recombinante belga ("Engerix B", SmithKline), na dose de 20 µ g (1 ml) para aplicação 1M e 0,2 µ g (0,1 ml) para aplicação ID (face ventral do antebraço esquerdo). De todos os funcionários que receberam a primeira dose da vacina fez-se a coleta de sangue, para determinação da prevalência do anti-HBc, como niarcador da infecção pregressa pelo VHB. Novas amostras foram colhidas no momento da aplicação das segundas e terceiras doses e seis meses após esta última para a pesquisa do anti HBs. Os profissionais que completaram todo este acompanhamento e permaneceram na instituição foram convocados, depois de cinco anos, para nova titulação do anti-HBs e pesquisa do anti-HBc. Nesta ocasião, aos que exibiram títulos de anti-HBs = 10 mUI/ml em 73,7 e 43,2% dos servidores dos grupos 1M e ID, respectivamente. Ao administrarmos uma dose de reforço em 36 funcionários com anti-HBs = 10 mUI/ml in 73.7% and 43.2% ofsubjects from groups 1M and ID, respectively. After administering a booster dose in 36 subjects with anti-HBs < 10 mUI/ml, 88.9% have shown titles of anti-HBs protectors; 83.3% have shown titles above 150 mUI/m1DoutoradoClinica MedicaDoutor em Clínica Médic
MENINGOENCEFALITE POR VARICELA ZOSTER (VZV) EM RECEPTOR DE TRANSPLANTE RENAL: UM RELATO DE CASO
O transplante de órgãos sólidos demanda imunossupressão potente que confere ao receptor susceptibilidade a diversos patógenos virais, podendo culminar em quadros disseminados com grande potencial de gravidade. Entre essas infecções, meningoencefalites requerem terapia direcionada e urgente. Entretanto, os dados em receptores de transplante renal são escassos. Paciente masculino, 60 anos, em pós-operatório recente de transplante renal de doador falecido. Em uso de tacrolimo (10 mg/dia), micofenolato sódico (1440 mg/dia) e prednisona (15 mg/dia). Após 30 dias do transplante evolui com dor em região lombar esquerda com irradiação para abdome, seguido de lesões vesiculares sob base eritematosa em regiões de dermátomos L1-L2, mal-estar, episódios de pré-síncope e astenia. Iniciado tratamento ambulatorial com aciclovir oral, sob hipótese de herpes zoster. Evolui com confusão mental, rebaixamento do nível de consciência e fala arrastada, sendo admitido com necessidade de intubação orotraqueal para proteção de via aérea. Tomografia de crânio sem anormalidades, iniciado ceftriaxona e aciclovir endovenoso. Mantido metilprednisolona e suspensos demais imunossupressores. Líquor evidenciou pleocitose moderada de predomínio linfomonocitário e hiperproteinorraquia, aumento de hemácias e consumo de glicose. Antígeno de cryptococcus, culturas de bactérias, micobactérias e fungos resultaram negativas. Suspenso ceftriaxona e mantido aciclovir endovenoso por 14 dias. Paciente apresenta resolução das lesões cutâneas e melhora progressiva do quadro neurológico. Realizado ainda diagnóstico de infecção por citomegalovírus (CMV) por PCR sérico, também tratada na internação. Posteriormente, evidenciada detecção de VZV por PCR em líquor, sendo confirmada meningoencefalite por VZV. Resultados: Foram negativos para CMV, EBV, HHV-6 e HSV 1 e 2. Recebe alta após 2 meses, com recuperação neurológica e renal. Existem poucos relatos na literatura de pacientes em pós-operatório de transplante renal com encefalite causada por Varicela Zoster. Em imunossuprimidos, o quadro é usualmente acompanhado de lesões cutâneas que sugerem o diagnóstico. É aventado que a coinfecção por CMV possa aumentar o risco de disseminação do VZV, como no caso descrito. Ressaltamos a importância da suspeição para condução adequada e obtenção do diagnóstico por técnicas de biologia molecular, a fim de evitar a progressão para sequelas neurológicas
TRACE ELEMENTS IN PLASMA AND NUTRITIONAL ASSESSMENT IN PATIENTS WITH COMPENSATED CIRRHOSIS ON A LIVER TRANSPLANT LIST
ABSTRACT Background - In chronic liver disease, trace element levels in plasma are usually low. However, the specific cause and functional implications of this abnormality are yet not well understood. These element levels may decrease as a result of abnormal liver function in patients with cirrhosis and/or malnutrition. Objective - To evaluate the nutritional status and the profile of trace elements in plasma of patients with cirrhosis on a liver transplant list and to correlate them with disease severity. Methods - This cross-sectional study evaluated 31 male patients diagnosed with compensated liver cirrhosis on a waiting list for liver transplant. Nutritional status was objectively evaluated through anthropometry using Mendenhall score and Blackburn classification, subjectively through the Detsky questionnaire and severity of the disease by MELD and CTP score. Trace elements (Zn, Se, Cu, Ca, Fe, Mg and Mn) in plasma were analyzed by inductively coupled plasma mass spectrometry (ICP-MS). Statistical analysis was performed using Mann-Whitney test. Results - According to the nutritional assessment 19 (61.3%) were malnourished and 12 (38.7%) were overweight. Regarding disease severity 12 (39%) were classified as Child A, 17 (55%), Child B and 2 (6%) Child C, with 46.9% of patients with MELD score >17. The trace element analysis indicated that 31 (100%) had Mn levels above the reference range, 23 (74.2%) low levels of Cu, 29 (93.5%) with deficiency of Se, and 31 (100%) low levels of Ca and Mg. Disease severity did not show statistical difference between the studied trace elements, in contrast to the nutritional status, in which the malnourished group showed higher levels of Mn (P=0.01) and Fe (P=0.01) and low levels of Zn (P=0.03) when compared to the overweight group. Conclusion - The results showed that the trace elements in plasma are altered in chronic liver disease; without significant correlation to disease severity, but correlated to nutritional status. Malnutrition is present in the patients studied, nonetheless a new scenario with an increase in the prevalence of overweight was verified regardless of the degree of hepatic decompensation