9 research outputs found
Os Retirantes em Vidas Secas (1938), as Vidas Secas em Os Retirantes (1944)
Este artigo propõe um estudo sucinto de teorias sobre a relação entre texto e imagem, tema que remonta a Antiguidade Clássica e que continua sendo alvo de especulação na contemporaneidade. A pesquisa apresenta também a análise de textos extraídos de um romance e de uma tela, a fim de investigar possíveis semelhanças entre literatura e imagem, a partir da temática expressa nas referidas obras, sob os pressupostos teóricos de Hagstrum, Joly, Iser, Praz, Silva, Souriau e Oliveira. O corpus analisado é o romance Vidas Secas (1938) de Graciliano Ramos e a tela Os Retirantes (1944) de Cândido Portinari. Ambas as criações retratam o desespero e a angústia em que vivem os retirantes, o que confirma a convergência de elementos com relação à temática trabalhada pelos autores. É possível evidenciar que as duas artes se completam, cabendo ao leitor a missão de descortinar as relações entre as obras, a partir dos recursos textuais e imagéticos
O CHOQUE CULTURAL ENTRE O DETERMINISMO BANGLADESHIANO E O RACIONALISMO EUROPEU EM BRICK LANE, DE MONICA ALI
This article analyzes the cultural clash betwen the rationalism, typical from european culture and the determinism (which is reduced to impotence) by Bangladeshi people, in the novel Brick Lane (2003), by Monica Ali. On the one hand, the determinism instilled in Eastern culture determines what the characters believe to be their choices. On the other hand, the European rationalism turns these characters, especially the female ones. Nazneen, a Bangladeshi woman in her 18 years, educated under the patriarchal mold is an example of determinism in the novel. Her background, her education and social situation in her homeland determine her life. Thus, at first she is presented as a submissive person, unable to extricate herself from patriarchal heritage and the belief in faith, legacy of her culture. The purpose of this article is to verify how the determinism and the overcoming of faith are represented in this novel, observing the diaspora, process in which the characters from the East come into contact with the West and then with the rationalism. The research methodology consists in theoretical texts which discuss the determinism in opposition to racionalism. The break with tradition and culture, especially the struggle to overcome fate are effective tools for achieving the subjetification process of the female characters. Results show that to integrate into European culture, the characters chosen for this analysis must leave the determinism and build their personal history or community one. Keywords: determinism; european rationalism; overcoming the destiny; BRICK LANE.Analisa-se o choque cultural entre o racionalismo, típico da cultura europeia e o determinismo (que se reduz à impotência) da pessoa oriental, no romance Brick Lane (2003), de Monica Ali. Por um lado, o determinismo incutido na cultura oriental determina aquilo que os personagens acreditam ser suas escolhas. Por outro lado, o racionalismo europeu transforma estes personagens, de modo especial, os femininos. Nazneen, uma jovem bangladeshiana de 18 anos, criada sob os moldes patriarcais, é um exemplo do determinismo no romance. Seu passado, sua educação e sua situação social em sua terra natal determinam sua vida. Assim, num primeiro momento, apresenta-se como submissa, não conseguindo desvencilhar-se da herança patriarcal e da crença no destino, heranças de sua cultura. O objetivo deste artigo é verificar de que maneira o determinismo e a superação do destino são representados nesse romance, tendo em vista a diáspora, processo pelo qual os personagens oriundos do Oriente entram em contato com o Ocidente e, então, com o racionalismo. A metodologia de investigação baseia-se em textos teóricos que discutem o determinismo em oposição ao racionalismo. O rompimento com a tradição e a cultura, especialmente, a luta para superar o destino são instrumentos eficazes para concretizar o processo de subjetificação dos personagens femininos. Os resultados da pesquisa mostram que para se integrar à cultura europeia, os personagens escolhidos para essa análise devem abandonar o determinismo e assumir a própria história pessoal ou da comunidade. PALAVRAS-CHAVE: determinismo; racionalismo europeu; superação do destino; BRICK LANE
RUMO À CULTURA OCIDENTAL: A TRAJETÓRIA DE NAZNEEN EM BRICK LANE, DE MONICA ALI
RESUMO: Este artigo propõe analisar a representação da mulher diaspórica no romance Brick Lane (2003), de Monica Ali. A personagem feminina em questão é representada por uma bangladeshiana que se muda para a Inglaterra após um casamento arranjado com Chanu, também bangladeshiano, que vivia em Londres. O objetivo desse artigo é investigar de que maneira a protagonista é representada no romance, tendo em vista não só sua experiência em Londres, mas também sua vida em Bangladesh, seu país de origem. A metodologia de investigação baseia-se em textos teóricos que discutem a objetificação da mulher, silenciamento e tentativas de agência desenvolvidos por Ashcroft (1998), Bhabha (1991), Said (2007), Spivak (1987) e outros. Os resultados da pesquisa mostram que a subjetividade da protagonista é construída a partir de uma mulher submissa, sem ambições para uma mulher moderna e independente
A perda da identidade cultural em Wedding at the Cross, de Ngugi wa Thiong’o
Baseando-se principalmente nas teorias sobre a identidade desenvolvidas por Stuart Hall e publicadas em Identidades Culturais na Pós-modernidade (2006), e em outras, como as de Eurídice Figueiredo (1998) e Bill Ashcroft (2001), no presente artigo analisa-se alguns dos aspectos da perda da identidade cultural na literatura pós-colonial africana escrita em língua inglesa. Tem-se, como corpus, o conto Wedding at the Cross, presente na coletânea Secret lives and other Stories, originalmente publicada em 1975, do queniano Ngugi wa Thiong’o. Na análise do conto o foco fica, mais especificamente, no personagem principal, Wariuki/Livingstone Jr., e na forma como sua identidade fragmentada reflete a natureza hierárquica do processo de colonização ao qual seu povo foi submetido. Na análise da diégese deve-se apresentar, ainda, como, pelos cinco descentramentos discutidos nos estudos de Hall, o personagem em questão revela-se um sujeito cuja crise identitária parece ter sido instaurada devido ao binarismo no qual foi socialmente educado
<b>O discurso da antropofagia como estratégia de construção da identidade cultural brasileira
Este artigo apresenta uma reflexão teórica a respeito do termo ‘deglutição’ utilizado por Oswald de Andrade no Manifesto Antropófago (1928). Nesse manifesto, recortamos o conceito de antropofagia, vocábulo que descreve a devoração do Outro no intuito de absorvê-lo, no afã de assimilar as características das estéticas estrangeiras, e que expressa o impacto dos processos colonizadores na formação da identidade brasileira. Partindo da crítica à civilização europeia (colonialista), Oswald de Andrade, nas entrelinhas de seu discurso sobre a antropofagia, dialoga com as atuais discussões acerca da dependência cultural dos países periféricos. Diante desses apontamentos, nosso propósito é traçar um percurso histórico das leituras e apropriações que o termo ‘deglutição’ sofreu ao longo destes 88 anos, na esteira de estudos de críticos consagrados como Candido, Schwarz e Santiago
“Vozes-mulheres” do terceiro mundo - a perspectiva de conceição evaristo
Este artigo apresenta uma análise do poema “Vozes-Mulheres”, de Conceição
Evaristo. As mulheres negras que compõem a família do eu-lírico são representadas pelas
“vozes-mulheres”, presentes no texto em análise. O objetivo desse artigo é aplicar a teoria de
Mulheres do Terceiro Mundo, evidenciado por Gayatri Spivak e desenvolvido por estudiosas
indianas feministas, como Chandra Talpade Mohanty às vozes presentes no poema “VozesMulheres”,
de Conceição Evaristo, discutindo a voz da mulher do terceiro mundo e os estudos
subalternos. A metodologia de investigação baseia-se em textos teóricos que discutem se o
subalterno tem voz, e as tentativas de agência, desenvolvida por Spivak (1987), Mohanty
(2003), Maggio (2007) e outros. Diante das vozes-mulheres, observamos os mecanismos de
resistência do eu-lírico que luta por conquistar seu espaço na sociedade. O revide via discurso
torna-se instrumento para a emancipação do eu-lírico negro, mulher. Os resultados da
pesquisa mostram que a subjetividade do eu-lírico é construída desde o momento que ele
descobre que a sua voz leva consigo as vozes de outras gerações e que esta voz existe e pode
ser ouvida. Ao fazer uso de sua voz como intelectual, Evaristo enfoca sua condição de
mulher, de negra e de origem pobre, sinalizando possibilidades de reconfiguração do papel da
mulhe
“Vozes-mulheres” do terceiro mundo - a perspectiva de Conceição Evaristo
Este artigo apresenta uma análise do poema “Vozes-Mulheres”, de Conceição Evaristo. As mulheres negras que compõem a família do eu-lírico são representadas pelas “vozes-mulheres”, presentes no texto em análise. O objetivo desse artigo é aplicar a teoria de Mulheres do Terceiro Mundo, evidenciado por Gayatri Spivak e desenvolvido por estudiosas indianas feministas, como Chandra Talpade Mohanty às vozes presentes no poema “Vozes-Mulheres”, de Conceição Evaristo, discutindo a voz da mulher do terceiro mundo e os estudos subalternos. A metodologia de investigação baseia-se em textos teóricos que discutem se o subalterno tem voz, e as tentativas de agência, desenvolvida por Spivak (1987), Mohanty (2003), Maggio (2007) e outros. Diante das vozes-mulheres, observamos os mecanismos de resistência do eu-lírico que luta por conquistar seu espaço na sociedade. O revide via discurso torna-se instrumento para a emancipação do eu-lírico negro, mulher. Os resultados da pesquisa mostram que a subjetividade do eu-lírico é construída desde o momento que ele descobre que a sua voz leva consigo as vozes de outras gerações e que esta voz existe e pode ser ouvida. Ao fazer uso de sua voz como intelectual, Evaristo enfoca sua condição de mulher, de negra e de origem pobre, sinalizando possibilidades de reconfiguração do papel da mulher.
Identidade comunitária e histórica do negro em SOU NEGRO, de Solano Trindade e NEGRO, de Langston Hughes
Esse artigo busca compreender como a identidade negra é abordada e discutida em dois poemas produzidos em períodos e locais diferentes, e por autores diferentes, mas com mesma temática identitária: ser negro. Os poemas Negro, do estadunidense Langston Hughes, e Sou Negro, de Solano Trindade, serão analisados de forma individual e comparativa para que possamos reconhecer como os autores discutem a identidade individual e grupal (coletiva ou nacional) nos poemas e quais estratégias utilizam para afirmar suas identidades como afro-brasileiro e afro-americano. Para desenvolvermos nosso estudo, utilizamos textos teóricos de autores como Hall (2006) e Bhabha (2000) que discutem a identidade individual e grupal (coletiva ou nacional). Os resultados da pesquisa mostram que os autores buscam a identidade grupal, ou a ideia de nação, de construção da identidade negra, por diferentes caminhos e ambos são bem sucedidos.