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    DOR E GOZO NA PSICANÁLISE: UMA REVISÃO

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    A dor sentida no corpo sem causa orgânica justificada suporta um modo de satisfação pulsional, um gozo definido por Lacan no Seminário XX como fora-da-linguagem sendo inacessível às palavras, aparecendo para o sujeito na repetição e está relacionado ao prazer que comporta um sofrimento, ligado ao masoquismo primário (Lacan,1959-60/2009). O que coaduna ao que Freud (1920/2006) estabelece como um prazer na dor manifestado na compulsão a repetição ligada à pulsão de morte. Tais manifestações que acometem o sujeito, deixando-o muitas vezes paralisado em meio a suas dores, resistem ao tratamento e a seu diagnóstico. A partir das teorizações de Freud e Lacan discutiremos sobre a dor e os mecanismos envolvidos em seu processo.Palavras-Chave: Dor Corporal; Pulsão; Gozo; Psicanálise

    A psicossomática e a escrita do real

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    A partir de uma investigação sobre psicossomática e de uma revisão das principais teorias sobre o tema, propomos neste artigo (re) visitar os textos de Freud e de Lacan, utilizando também textos de outros psicanalistas. Pretendemos com isso circunscrever o funcionamento conceitual das teorias inspiradas nos modelos freudiano e lacaniano sobre psicossomática, visando articulá-las às últimas elaborações de Lacan sobre o tema, apresentadas na Conferência de Genebra (1975), onde assinala que o fenômeno psicossomático é da ordem da escrita no corpo. Escrita que não é da ordem do signo, mas da assinatura, o que remete à dimensão do enigma. Para Lacan os traços são verdadeiros hieróglifos que ainda não se sabe ler, ou seja, traços escritos concebidos como “não-aler”, porque é um escrito indecifrável. Nosso objetivo é formalizar um saber teórico que possa nortear o fazer clínico, este que suscita questionamentos sobre como fazer uma escrita do gozo presente na reação psicossomática, que possa reduzi-lo. Acreditamos que a psicanálise, ao marcar a diferença entre sintoma neurótico e fenômeno psicossomático, abre a possibilidade de sustentar a direção da cura, ao pensar a clínica não somente como um trabalho do significante ou da letra, mas também como a intervenção que recorta, destaca, faz cair o que Lacan chamou de “pedaços de real”. É esta idéia que buscamos articular com a escrita do real, visando à possibilidade de que o gozo seja deslocado ao campo da palavra, na direção da cura

    Notas sobre “Um Discurso sem Palavras”: A Psicanálise na Instituição de Saúde

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    Ao exteriorizar seus anseios acerca do alcance da psicanálise para além dos limites do consultório particular, Freud já chamava nossa atenção para dirigirmos nosso olhar ao sujeito, ao seu sofrimento, não importando em que lugar ou condições ele pudesse se encontrar. Já indicava, assim, uma articulação possível entre a psicanálise e a instituição. Tratando-se, pois, do dispositivo analítico como aquele que não se restringe ao consultório, mas que se aplica a qualquer configuração analítica, o presente trabalho, fruto de questões articuladas no grupo de pesquisa “Psicanálise, sintoma e instituição”, propõe discutir o fazer da psicanálise enquanto um saber fazer que propicia um lugar para o sujeito, a despeito do local onde ela opere. Por conseguinte, entendemos que, na instituição de saúde, isso não se dê de modo diverso, porquanto, ainda que o contexto seja outro, a ética psicanalítica é a mesma. Se o sujeito tende a ser excluído na instituição regida pelo saber médico, o discurso psicanalítico, por sua vez, o inclui, na medida em que favorece o bem-dizer do desejo, logo, de um dizer que remete ao inconsciente. Para tecer algumas considerações acerca dessa temática, tomamos por fio condutor uma curiosa expressão proferida por Lacan: “um discurso sem palavras”. Com ela, podemos pensar na psicanálise enquanto um lugar discursivo onde cabe um fazer diferente: o de possibilitar o pronunciamento do sujeito do inconsciente através da palavra, oferecendo-lhe a escuta e permitindo que apareça aquilo que é da subjetividade, propiciando ao sujeito um lugar no e pelo discurso

    A Direção do Tratamento na Clínica dos Fenômenos Psicossomáticos

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    O objetivo deste relatório de pesquisa é discutir o manejo da transferência em pacientes acometidos pelos fenômenos psicossomáticos, demonstrando que a operação analítica nessa clínica só é possível a partir da função desejo do analista. A escuta de uma paciente acometida por urticária, doença classificada como psicossomática pelo saber da medicina, coloca em evidência a psicanálise como um discurso que pode operar alguma mudança no sujeito em relação ao seu sofrimento. Ressalta-se que o manejo da transferência é particularmente difícil nestes casos, pois o paciente busca uma resposta para seu mal e sua fala é circunscrita ao real do corpo, sempre em referência a este, apontando para um gozo específico fixado em um pedaço de carne, que, como ensina Lacan, é próprio ao fenômeno psicossomático. A análise deste caso mostrou que a possibilidade de circulação da palavra a partir da regra fundamental da psicanálise, a associação livre, a qual esteve fortemente comprometida durante o início do tratamento por conta de inúmeras falas quase que exclusivamente referentes à enfermidade do corpo, permitiu à paciente construir um sintoma analítico e um saber sobre a sua doença ao trazer questões familiares que favoreceram inúmeras associações, fazendo avançar a análise em direção a uma nominação, onde o Nome-do-Pai pode operar para ela

    Feminino em Questão: Diálogos Contemporâneos entre Psicanálise e Feminismo

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    O artigo tem por objetivo apresentar as discussões teóricas entre a psicanálise e o movimento feminista, em especial no que tange aos conceitos freudianos e lacanianos sobre a posição feminina e seus ordenadores simbólicos, como a primazia do falo – frequentemente associado pela crítica feminista ao pênis, a um falocentrismo teórico e seus desdobramentos. No centro desse debate, o feminino impõe-se com um questionamento à psicanálise: rompendo os limites de uma lógica fálica, seria este um caminho para pensar a alteridade? Em tempos de levantes conservadores, resgatar essa discussão é propor um espaço de abertura para pensar a diferença

    Do fenômeno psicossomático ao sintoma: a aderência do sujeito ao diagnóstico médico e o trabalho analítico

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    Discute-se a prática psicanalítica com sujeitos que apresentam fenômenos psicossomáticos, por meio de duas experiências de análise: a primeira, realizada em uma clínica-escola, e a outra em uma instituição médica de reabilitação motora. Os casos apresentados permitiram refletir sobre as possibilidades de reposicionamento do sujeito na relação com o seu próprio corpo, pois evidenciam a passagem de uma posição subjetiva - marcada pela aderência ao diagnóstico médico - a outra posição, por meio da formação de um sintoma no sentido analítico, no qual o sujeito pode se reconhecer.<br>From the psychosomatic phenomenon to the symptom: the adherence. This work aims to discuss the psychoanalytic practice applied to subjects that present psychosomatic phenomena, by means of two different analytical experiments: one of them taking place in a training clinic, and the other one in a medical institution for motor rehabilitation. The cases presented here enabled a reflection over the possibilities of repositioning of the subject in the relation with her/his own body, as they highlight the transition from a subjective position, marked by an adherence to the medical diagnosis, to another one in which the subject recognizes herself/himself by means of the formation of a symptom in the analytical sense

    Inscrições corporais: tatuagens, piercings e escarificações à luz da psicanálise

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    O presente artigo visa apreender os discursos contemporâneos sobre o corpo pensando-o como um espaço de inscrição subjetiva. O trabalho é resultado da interlocução entre pesquisas coordenadas pelas autoras em três programas de pós-graduação, cujo foco recai nos estudos acerca de diferentes modalidades de inscrições corporais. Tomando como crivo de nossas elaborações a psicanálise, enfocamos as tatuagens e as escarificações que, embora distintos, apresentam-se como formas de linguagem
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