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O futuro próximo - dez anos de curtas-metragens portuguesas (2000-2009)
Os anos 2000, no campo da curta-metragem portuguesa, são anos de enormes transformações. Resultado da revolução operada nos finais dos anos 90 - e que ficou conhecida como a "Geração Curtas" - a nova geração apresenta-se com características próprias, rodeada de enormes transformações produtivas, técnicas e, até, políticas. Neste texto, argumenta-se que os anos 2000 têm duas vagas distintas (o início desses anos e a partir de 2006), mas aspetos temáticos semelhantes (divididos em dois eixos: um mais visual e outro mais fantasista). Entre os autores abordados estão os principais nomes desta geração: Miguel Gomes, Sandro Aguilar, João Nicolau, João Salaviza, Cláudia Varejão ou João Pedro Rodrigues. São também abordados, complementarmente, os casos da animação, do documentário e do cinema experimental
Nova Geração?: a geração curtas chega às longas
No final dos anos 90, o cinema português estava vivo e recomendava-se:
para além da maior parte dos autores consagrados estarem a filmar
com alguma regularidade, uma nova geração chegava ao fim da década com
um bom número de obras que demonstravam uma certa maturidade. O clima
económico e político era também favorável, com uma época de aparente prosperidade
social de que o símbolo máximo foi o clima de euforia colectiva
marcado pela Expo 98, em Lisboa. Desse final de século, sobraram alguns filmes
importantes, como “Os Mutantes” (1998), de Teresa Villaverde, “Ossos”
(1997), de Pedro Costa, “Corte de Cabelo” (1996), de Joaquim Sapinho, ou
até “O Fantasma” (2000), de João Pedro Rodrigues
Algumas tendências do cinema português contemporâneo
Na primeira década deste século, o cinema português reconfigurou-se com o aparecimento de vários novos autores. Este novíssimo cinema português não é fruto do acaso, mas antes o resultado de várias transformações significativas que fora acontecendo progressivamente ao nível dos modos de produção e das novas opções temáticas e cinematográficas. Visualmente, o cinema português foi, lentamente, transformando-se e o panorama atual é, em muitos aspetos, diferente daquilo que, até há bem pouco tempo, era entendido como " cinema português ". Neste breve texto, tentaremos fazer uma análise tanto produtiva, como temática, mostrando, em concreto, que mudanças foram operadas e que tendências podemos vislumbrar nestes novos autores. Como ainda nos encontramos com pouca distância histórica, o nosso argumento é, em certo sentido, algo especulativo e a carecer de confirmação futura. É claro que não queremos, com este texto, fechar o conceito de "cinema português" num grupo de autores ou mesmo do género do “cinema de autor”. Apenas tentamos fazer uma análise de algumas das tendências que se podem reconhecer nas últimas duas décadas
Família e violência em João Canijo
O cinema é um dos repositórios culturais mais importantes do último século.
As suas imagens e os seus sons permitem imaginar mundos. É pelo
cinema (e pelas imagens em movimento, em escala maior) que construímos as
nossas representações, aquilo que conhecemos do mundo à nossa volta. O cinema,
portanto, é uma arma poderosa para a construção das identidades, quer
elas sejam nacionais, regionais, sexuais, profissionais, sociais, etc. De certa forma,
tomamos aqui a designação já popularizada de Benedict Anderson (2012),
quando este investigador propõe ver um determinado grupo nacional como
uma “comunidade imaginada”, isto é, uma comunidade construída a partir de
discursos dos meios de comunicação de massa que permitem o reconhecimento
comum de uma determinada identidade nacional
Escaping the future: o sangue
Texto de apresentação do filme "O Sangue", primeira obra do realizador português Pedro Costa. Argumenta-se que esta obra, muito diferente do resto da filmografia deste autor, obedece a uma narrativa específica, onde as personagens estão sempre presas ao passado. Internationally acclaimed for his more recent films, Portuguese filmmaker Pedro Costa has been making previously unheralded work since the late 1980s. After finishing his studies at Lisbon’s School of Cinema, Costa worked as an assistant director to a number of Portuguese filmmakers. His first film was a short – called Cartas a Júlia/Letters to Julia – made for a Portuguese National Television (RTP) series and released in 1988. Just a year later he finished his first feature film, O Sangue/The Blood.
The 1980s were, in Portugal, a time when the regular production of films, supported by the Portuguese Cinema Institute (a governmental institution for the promotion of cinema), really began. These were times when João Bènard da Costa, a Portuguese cinema theorist (and director of the Portuguese Cinémathèque), begun to talk about a “Portuguese Cinema School”, a concept that relates to and describes a particular way of making films, either in relation to a specific view of production or in relation to specific themes. This group was related to the Portuguese nouvelle vague, a movement that radically changed Portuguese cinema in the 1960s. Called “Cinema Novo”, this movement included such filmmakers as Paulo Rocha, Fernando Lopes, João César Monteiro and António-Pedro Vasconcelos. The so-called “Portuguese Cinema School” also included a wide spectrum of directors such as António Reis, João Mário Grilo and João Botelho. Manoel de Oliveira, of course, has to be accredited as the master of the various generations, influencing all of them.
In the context of the economic growth of the 80s – Portugal joined the European Union in 1986 – the Portuguese producer Paulo Branco started to support (with money from the Portuguese Cinema Institute) a new generation of Portuguese directors such as Botelho, João Canijo and Pedro Costa. It opened the door for a new generation who had its own problems and strategies
2000-2009: o cinema do futuro
Capítulo dedicado à década de 2000-2009 numa história do cinema português a partir das suas diferentes dimensões: produtiva, estética, temática. Assinala-se um conjunto de novos fenómenos e dos novos autores, assim como a emergência do audiovisual no espaço português. São abordados todos os autores relevantes das diferentes gerações e o seu impacto durante a década. No início de março de 2010, um grupo de realizadores e produtores do cinema
português, encabeçados pelo decano Manoel de Oliveira, lançou um "Manifesto
pelo Cinema Português". Nesse texto, os signatários relatam dramaticamente
que "Nunca como nos últimos vinte anos teve o cinema português uma
tão grande circulação internacional e uma tão grande vitalidade criativa. E nunca
como hoje ele esteve tão ameaçado." Na opinião deste grupo", "O cinema português
vive hoje uma situação de catástrofe iminente e necessita de uma intervenção
de emergência por parte dos poderes públicos". Este Manifesto surgiu corno
corolário de uma crescente dramatização da vida financeira do país que paralisou
- ou diminui drasticamente - os subsídios atribuídos ao cinema português
É o Amor, de João Canijo
Em 2012, o festival de cinema Curtas Vila do Conde organizou o Campus / Estaleiro, um intenso programa com estudantes de cinema da região do Porto. Como corolário, produziu diversas curtas-metragens, envolvendo esses estudantes com realizadores experimentados. Surgiu, nesse contexto, uma proposta direta a João Canijo: abordar o microcosmos social das Caxinas, um histórico bairro piscatório da zona norte, localizado em Vila do Conde. O bairro tem um potencial sociológico, já que se foi moldando às condições económicas, sociais e produtivas das últimas duas décadas do Portugal contemporâneo. O realizador, após um conjunto de investigações no local, decidiu abordar a questão a partir das mulheres dos pescadores, que considerou serem parte importante da atividade económica e emocional das vidas familiares das Caxinas: “a mulher confia e depende do pescador para ganhar a vida, e o pescador confia e depende da mulher para governar a vida”. O filme, assim, cruza três preocupações centrais do cineasta, que são também recorrentes na sua obra anterior: o método de aproximação; um documento sociológico; uma análise do mundo como representação. (Esta é uma crítica ao filme "É o Amor", de João Canijo)
Agência, uma década em curtas
O livro explora através de vários textos a década de 2000 ao nível da curta-metragem portuguesa (modos de produção e distribuição, temáticas, realizadores). Inclui também várias entrevistas a realizadores relevantes do período
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