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Influência da familiaridade com procedimentos judiciais de interrogatório na sugestionabilidade interrogativa de reclusos reincidentes
O presente estudo teve como objetivo examinar se o contacto com procedimentos de inquirição usados pelo sistema de justiça criminal afeta a sugestionabilidade interrogativa, avaliada pela Escala de Sugestionabilidade de Gudjonsson 1 (GSS 1). Foi também analisada a relação entre a sugestionabilidade interrogativa e outras variáveis psicológicas, designadamente a inteligência não-verbal, neuroticismo, desejabilidade social e simulação ou esforço insuficiente. Recrutaram-se dois grupos de indivíduos adultos, sendo um deles constituído por 42 reclusos com várias condenações e o outro por 42 sujeitos que nunca foram submetidos a inquirições judiciais. A ambos os grupos foram administrados, individualmente, além da GSS 1, os seguintes instrumentos: Matrizes Progressivas Estandardizadas de Raven, Inventário dos Cinco Fatores NEO, Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne e Test of Memory Malingering. Os reclusos reincidentes revelaram menor sugestionabilidade interrogativa comparativamente aos sujeitos sem contacto com inquirições judiciais. Foram apenas observadas correlações significativas entre sugestionabilidade interrogativa e inteligência não-verbal e desejabilidade social, apresentando características diferenciadas em ambos os grupos. Estes resultados sugerem que tais variáveis devem ser tidas em consideração no momento da avaliação da credibilidade de depoimentos e confissões
Estudo da sugestionabilidade interrogativa em reclusos
Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde (Psicologia Forense), apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.O presente estudo teve como objectivo analisar a sugestionabilidade
interrogativa, avaliada pela Escala de Sugestionabilidade de Gudjonsson 1
(GSS1), recorrendo a duas amostras da população portuguesa, sendo uma
delas constituída por 42 reclusos com várias condenações e a outra por 42
sujeitos sem contactos com sistema de justiça criminal. Pretendia-se
perceber de que forma o contacto com procedimentos de inquirição usados
pelo sistema de justiça criminal afecta a sugestionabilidade interrogativa,
bem como a relação que se estabelece entre esta última e outras variáveis
psicológicas, nomeadamente a inteligência não-verbal, neuroticismo,
desejabilidade social e simulação ou esforço insuficiente. A ambos os grupos
foram administrados, individualmente, além da GSS1, os seguintes
instrumentos: Matrizes Progressivas Estandardizadas de Raven, Inventário
dos Cinco Factores NEO, Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-
Crowne e Test of Memory Malingering. Os reclusos revelaram menor
sugestionabilidade interrogativa, memória e inteligência não-verbal
comparativamente aos sujeitos da outra amostra. Foram apenas observadas
correlações significativas entre sugestionabilidade interrogativa e
inteligência não-verbal e desejabilidade social, com características
diferenciadas em ambos os grupos. Estes resultados sugerem que tais
variáveis deveriam ser tidas em consideração no momento da avaliação da
credibilidade de depoimentos e confissões. Contudo, é necessário que se
continuem a realizar estudos que permitam utilizar a GSS como instrumento
de avaliação da sugestionabilidade interrogativa validado para a população
portuguesa em contexto forense.The presente study attempted to analyze interrogative suggestibility
as assessed by the Gudjonsson Suggestibility Scale 1 (GSS1) in two samples
from the Portuguese population. One of them was made up of the 42
prisoners with previous convictions and the other included 42 subjects
without contact with the criminal justice system. The objectives of this study
were to understand how the inquiry submission procedures used by the
criminal justice system affects interrogative suggestibility and what type of
relationships could emerge between interrogative suggestibility and other
psychological variables, namely non-verbal intelligence, neuroticism, social
desirability and malingering or insufficient effort. In addition to GSS1 were
administered, individually, to both groups the following instruments:
Raven's Standard Progressive Matrices, NEO Five-Factor Inventory,
Marlowe-Crowne Social Desirability Scale and Test of Memory
Malingering. Prisoners demonstrated lower interrogative suggestibility,
memory and non-verbal intelligence, when compared with the other sample
subjects. Statistically significant correlations were observed between the
suggestibility measures and non-verbal intelligence and social desirability,
with differentiated characteristics in both groups. These results suggested
that these variables should be included in credibility assessment of
testimonies and confessions. However, it is necessary to continue to carry
out studies that allow using the GSS as an evaluation instrument of
interrogative suggestibility validated for the Portuguese population in
forensic context