12 research outputs found
As clivagens políticas e os partidos: uma abordagem
O alinhamento partidário na Europa tem suscitado debates ao nível da ciência política e muitas são as vozes que destoam entre si. Se, por um lado, se tem como elemento central de análise o sistema político, sejam os programas eleitorais, os partidos políticos, os actores e as instituições, por outro lado, devem considerar-se os aspectos individuais de cada eleitor. A teoria das clivagens, como explicação do sentido de voto dos eleitores, tem sido abundantemente utilizada na análise eleitoral. Os autores Seymour Martin Lipset e Stein Rokkan introduziram, em 1967, esta tipologia também denominada por Modelo Social de Clivagem. Os dois autores desenvolveriam a base para uma análise distinta dos sistemas sociais. Foi igualmente com este início que avançámos caminho no desenvolvimento e na pesquisa conceptual da temática em causa. Ou seja, foi a partir desta obra que ampliámos o nosso argumento central, isto é, o facto de o modelo social das clivagens continuar a servir de elucidação para o sentido de voto dos eleitores, ainda que de uma maneira diferente da explicação de há quarenta anos. Partimos posteriormente para o debate mais recente e para algumas das diversas perspectivas acerca da teoria em causa. Além do anterior, procurámos dar pistas de análise para uma futura operacionalização conceptual e teórica. No final fizémos referência desta senda explicativa aplicada ao caso português.Party alignment in Europe has caused a great deal of debate in political science spheres, with many differing opinions being put forward. While on the one hand the central element of analysis may be the political system, i.e. manifestos, political parties, actors and institutions, on the other hand the individual aspects of the individual voter need to be taken into consideration. Cleavage theory, as an explanation of the way voters vote, has been widely used in voting analysis. In 1967 Seymour Martin Lipset and Stein Rokkan introduced this typology, also termed the Social Cleavage Model. The two authors sought to develop the basis for a different analysis of social systems. It was from this starting point that we advanced with the development of and conceptual research for the issue in question. In other words, on the basis of this work we expanded our central argument, that is, the fact that the social cleavage model still sheds light on the way voters vote, though differently from the explanation provided forty years ago. We then dealt with the most recent debate and some of the varied perspectives relating to this theory. In addition, our aim was to offer analysis leads for the future conceptual and theoretical operationalisation of the matter and discussed the application of this explanatory line to the case of Portugal
Understanding corruption through the analysis of court case content: research note
Purpose
The two main objectives of this project were to advance knowledge about the way corruption and related offences are structured and operate in society and to draw inferences on the efficiency and efficacy of the judicial authorities in handling reported offences with the ultimate goal of improving and effecting control policies.
Design/methodology/approach
In this research note the authors attempt to explore the relevance of judicial materials. The authors developed an analytical framework to extract information from court case decisions and analysed 838 court cases on corruption and related offences in Portuguese first instance courts for the period 2004–2008 to map the distribution of corruption and related offences, understand the anatomy of corruption as a criminal offence and learn from the judicial system's capacity to investigate, prosecute and trial reported occurrences.
Findings
Most corruption cases took place in the major metropolitan areas, involved municipalities as passive agents and construction companies as active agents and had to do with urban sprawl and land management policies. Court data also allowed the authors to gauge the areas or sectors of activity more exposed to corruption risks. Generally speaking, these tend to be those areas or sectors characterized by high levels of informality and clientelism, high profitability ratios deriving from political decisions, unbalanced supply-demand of decisional goods and services, disorganised and fragmented regulation, low levels of transparency and insufficient or misguided supervision.
Research limitations/implications
The framework for analysis is replicable in other contexts with minor adjustments. The major limitation is access to court decisions/narratives. This project was developed in partnership with the Portuguese Public Prosecutor's Office. This has facilitated access to those materials. For those wishing to use the database, the major limitation is that it covers only the period 2004–2008.
Practical implications
The court narratives confirm that in cases where the complaint is complemented by documentary, audio, video and photographic evidences collected by special investigative means the subsequent production of proof in court is more effective. The data also suggests that cases reported from inside the organisation where the offence takes place are likelier to reach the trial phase, thus reinforcing the need for diversifying and strengthening reporting mechanisms and procedures and the guarantees to those who are willing to collaborate with the auditing and investigative authorities.
Social implications
The authors contend that court cases of corruption and related offences yield important and useful policy-oriented information that should not be overlooked by decision-makers when upgrading their efforts to fight corruption.
Originality/value
This research note introduces a novel dataset on corruption court cases in Portugal. The policy significance of this dataset is threefold: (1) it provides decision-makers a more detailed mapping of the volume and distribution of corruption and related offences across the country than that provided by standard judicial statistics; (2) it fosters knowledge on key sociological aspects of the corrupt fact, thus helping decision-makers to understand better the type of actors, objectives, contexts, resources and exchanges involved and (3) it helps to understand the dynamics of judicial proceedings and how certain procedural and institutional features impact on outcomes.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
Este é um Caminho ou um Atalho? desemprego e turnout no comportamento eleitoral dos portugueses no sentido da Europa (1987-2014)
Quando no dia 19 de Julho de 1987 se realizaram as primeiras eleições
para o Parlamento Europeu em território nacional, nada poderia
prever que depois de quase trinta anos o sentimento português em
relação à União Europeia (UE) seria tão distinto do de então.
Alvo de intervenção externa desde 2011, Portugal encontra-se,
ainda, a lutar contra os efeitos que a crise do subprime gerou, resultado
da crise das dívidas soberanas europeias. A percentagem na taxa
de desemprego atual prova bem a devastação económica que o país
teve que lidar nos últimos anos. Curiosamente, e apesar de parecer
intuitivamente contraditório, a participação nas urnas, em especial nas
eleições para o Parlamento Europeu de 2014, não registraram valores
de turnout tão baixos como expectável. Portugal é quase sempre apresentado,
em estudos comparativos, como tendo uma baixa participação
política. Todavia, neste momento de crise e de desencantamento com
a UE tal não se manifesta pelo aumento da abstenção. Porque é que
isto acontece?
Esta dúvida leva-nos a alguns pontos recentemente desenvolvidos
a partir da literatura sobre turnout. Estes aspectos indicam o caminho
no sentido dos efeitos provenientes da relação entre variáveis até agora
não debatidas. Nessa linha de pensamento questionamos como é que o
desemprego afeta o turnout? Mais especiicamente, como é que isto ocorre ao
nível regional? E nessa senda, como é que o efeito decorrente da relação entre
desemprego e turnout é condicionado pela intervenção da troika nos assuntos do
Estado português
Knowledge of official ethical standards and tolerance towards corruption: An exploratory study
Corruption is often defined as a deviant conduct from established legal and formal norms and expected ways of behaving in the exercise of official duties and the discharge of official responsibilities. Readiness to tolerate corruption will hinge primarily upon the evaluator’s understanding of what those ethical standards are. This means that citizens’ willingness to accept corruption as something “normal” to the functioning of democracy or “beneficial” to economic development is likely to be affected by how knowledgeable they are about the ethical standards of governing public office. Such knowledge can be instilled by academic and experiential learning. So, we question to what extent citizens’ knowledge of official ethical standards affect their tolerance towards corruption? Based on new individual level data collected from six focus groups conducted in Portugal, we show a possible negative association between the appropriate knowledge of official ethical standards and tolerance towards corruption. The results are exploratory, but sufficiently interesting to test our hypothesis with a larger sample.info:eu-repo/semantics/publishedVersio
A corrupção participada em Portugal, 2004-2008
Para uma descrição completa do estudo, http://www.apis.ics.ulisboa.pt/catalogo/APIS0066.O projecto pretende contribuir, de uma forma geral, para o conhecimento científico do fenómeno da corrupção através da análise dos processos instaurados nos diversos Serviços do Ministério Público junto dos Tribunais de comarca, a nível nacional, bem como nos DIAP’s regionais e DCIAP, por factos suscetíveis de integrarem crimes de corrupção; participação económica em negócio e peculato a três níveis:
1. Análise do volume de ocorrências dos crimes de corrupção, participação económica em negócio e peculato e sua respetiva distribuição geográfica;
2. Análise sociológica dos intervenientes, objetivos, recursos, contextos e processos de troca envolvidos na prática destes crimes;
3. Análise da dinâmica processual, indagando sobre a capacidade de resposta do sistema de justiça em função do facto e do tipo de denúncia.info:eu-repo/semantics/updatedVersio
Introducing a New Database on Legislative Behaviour in Portugal
The development of new and bigger databases on law production fostered the study of legislative behaviour. This happened not only in the traditional stage of congressional politics, but also, in the European Union and country levels. As a developing reality, still several countries do not have accessible legislative data, and Portugal counts as one of these examples, this database was constructed with this in mind. The time covered here comprises the period of 1982 to 2009 and covers all the legislative initiatives and approved laws that were proposed and enacted by the Portuguese Parliament and the Council of Ministers. Because of the institutional information, the detailed features of each one of the observations (legislation), the extended time-period and of the incorporation of variables potentially strategic, this database can be useful for a wide range of Academics
Government’s decision : a theoretical and empirical study on legislative initiative as strategic behaviour
Tese de doutoramento, Ciência Política (Política Comparada), Universidade de Lisboa, Faculdade de Direito, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, 2015O poder político e as instituições políticas estão no centro da investigação em Ciência Política. De igual modo, a pesquisa sobre a separação dos poderes estatais é um dos temas recorrentes para aqueles que se debruçam sobre essa área científica. Esta dissertação incorpora estes três elementos: o poder político, as instituições políticas e o seu papel no Estado. Adentro da mesma, o estudo do comportamento legislativo do Governo e os seus processos de tomada de decisão. A problemática que serve de inspiração ao meu trabalho pode ser resumida na seguinte questão: Quais são as condições em que existe uma maior probabilidade de o Governo emitir um projecto de lei ou uma proposta de lei? A resposta a esta pergunta não é simples nem directa. Contudo, eu demonstro que a escolha do Governo pelo tipo de legislação não se deve ao cenário institucional, per se, mas à variação do estatuto maioritário que o Governo tem no Parlamento. Esta dissertação oferece contribuições aos níveis teórico e empírico, apresentando uma explicação proveniente das perspectivas da escolha racional e do institucionalismo. Desta forma, eu proponho um modelo formal de decisão governamental ao nível legislativo e com este modelo espero responder à dúvida que se coloca acerca do funcionamento do sistema legislativo nas democracias. Mais concretamente, estou interessada em compreender como é que os governos utilizam estrategicamente o seu poder legislativo. Com a codificação de uma nova base de dados sobre o sistema semi-presidencial português, contribuo para a comunidade académica, acrescentando um novo caso codificado (Portugal) ao número total de possíveis unidades de estudo na investigação sobre processos legislativos. O meu objectivo principal nesta dissertação é, assim, uma tentativa de anuir e compreender as interacções estratégicas entre actores institucionais. Para tal, é necessário aceder aos cálculos estratégicos de alguns actores (que iniciam o processo) e compreender as suas preferências e as preferências correntes e acções futuras dos outros actores. Testo empiricamente estas condições e concluo que os Governos vão utilizar o seu poder legislativo como uma ferramenta estratégica, com vista a atingir os seus propósitos. O modelo formal, que apresento, permite que novas pistas de investigação se adicionem à literatura existente. Tal, significa uma mais-valia, especialmente porque concretiza a análise dos estímulos e entradas do sistema, sendo raros e subestimados os estudos que consideram os poderes legislativos do Governo e o entendem enquanto instituição que define essa agenda. Há investigação escassa na área dos estudos legislativos e do aspecto comportamental dos Governos, ao contrário do que se observa na investigação acerca do comportamento legislativo Parlamentar. O modelo que aqui apresento é um modelo processual. Enquanto modelo de negociação e de veto, ainda que verse maioritariamente sobre aspectos relativos ao processo, também se debruça sobre o veto presidencial. É porque não se ocupa primordialmente do veto presidencial (que pode ser ultrapassado), que eu o intitulo de processual por oposição a de negociação e de veto. Com vista a resolver o meu modelo formal, identifiquei quatro possíveis cenários que condicionam o processo de decisão do Governo: (i) cenário de um governo forte, quando o Governo tem uma maioria no Parlamento e o Presidente da República partilha o espectro político; (ii) cenário de um governo maioritário, quando o Governo tem uma maioria no Parlamento e o Presidente da República é de um espectro político diferente; (iii) cenário de um governo minoritário, quando o Governo não tem uma maioria no Parlamento e o Presidente da República partilha o espectro político; e (iv) cenário de um governo fraco, quando o Governo não tem uma maioria no Parlamento e o Presidente da República é de um espectro político diferente. Derivo quatro hipóteses, tendo como contexto o tipo de maioria no Parlamento, e a partir dos quatro cenários e respectivos comportamentos dos actores quando estes tentam maximizar as suas utilidades. A primeira hipótese é relativa ao cenário de um governo forte e define que nesse caso há uma maior probabilidade do Governo de propor uma proposta de lei. A segunda hipótese é relativa ao cenário de um governo maioritário e pressupõe que, nesse caso, há uma maior probabilidade de o Governo propor uma proposta de lei. A terceira hipótese refere-se ao cenário de um governo minoritário e especifica que, assim, há uma maior probabilidade de o Governo propor um decreto de lei. A quarta hipótese é relativa ao cenário de um governo fraco e define que, nesse caso, há uma maior probabilidade de o Governo propor um decreto de lei. Depois da definição do meu modelo formal, testo as suas hipóteses empiricamente. A nova base de dados, que eu codifico, é a segunda contribuição feita neste trabalho. Esta traz informação nova e ajuda na compreensão, a vários níveis, de um país que é frequentemente descurado. Escolhi Portugal como unidade de análise, uma vez que é um país normalmente considerado um caso isolado. Não é claro nem consensual em que tipo de sistema Portugal pode ser classificado. Esta questão tem sido alvo de atenção por parte de vários estudos, ainda que indirectamente. Possivelmente devido a este aspecto ou a factores como a língua e o acesso de informação por parte de estudiosos da Ciência Política, a incorporação do caso português em estudos comparados, ao nível institucional (Governo, Parlamento e Presidente da República), tem sido esparsa. Esta base de dados, que codifiquei e utilizo para testar o modelo que proponho, abarca um total de 27 anos (1982-2009) da democracia portuguesa e contém vários níveis de informação (por exemplo, distintas legislaturas, identificação presidencial com certos partidos políticos, e diversas maiorias parlamentares), o que permite variação suficiente nos dados no sentido de obter uma análise estatística relevante. Com o intuito de estudar as propostas legislativas com origem no Governo e os seus percursos, eu procuro compreender o raciocínio que guia as acções dos actores. As quatro hipóteses aqui apresentadas são, por essa via, confirmadas. Isto acontece no total das iniciativas governamentais, mas também, nos casos em que utilizo apenas o subconjunto com as propostas que denominei de estratégicas. O modelo estatístico, que utilizei com o intuito de testar empiricamente as hipóteses do modelo, é uma regressão logística. Uma das lições mais importantes que acompanham a minha investigação, prendese com os pesos de influência distintos das instituições envolvidas no processo legislativo de sistemas semi-presidenciais, onde o Presidente da República pode ser ultrapassado pelo Parlamento quando emite um veto e quando é o Governo o órgão que define a agenda. No caso português é ao nível do estatuto governamental da maioria parlamentar que se encontra o ponto decisivo. No encalce de uma série de estudos, também demonstro que num ambiente em que os actores agem de forma absolutamente estratégica e em que não há erros de cálculo, um veto presidencial não ocorre. Na verdade, a possibilidade de este veto ser ultrapassado implica custos para os actores que podem ser evitados se o mesmo não for emitido (Presidente da República) ou se o ultrapassarem (Governo e Maioria Parlamentar). A literatura em que esta dissertação se funde é vasta e abrange vários ramos da produção académica em Ciência Política. Primeiramente e porque verso sobre órgãos estatais e soberanos, tive que partir das teorias da representação e com estas das teorizações com base em ideias de responsabilização política, com o objectivo de compreender melhor o processo que leva ao comportamento institucional daqueles e as suas respectivas fundamentações filosóficas. Foco-me, ainda, nas abordagens relacionadas com a definição da agenda, já que o modelo formal que concebo é estruturado, por forma a enfatizar a lógica da vantagem do actor que inicia a proposta. Decorrente do anterior, no que concerne aos processos de negociação legislativa este aspecto relativo ao proponente é estratégico e importante. O Governo, no momento em que processa a decisão, calcula estrategicamente entre escolher um dos dois tipos de legislação possíveis, e fá-lo considerando os possíveis cenários (um de quatro). O papel do Presidente da República tem um efeito fraco nesta avaliação, uma vez que não é o alinhamento presidencial, mais perto ou mais afastado das posições do Governo, que define o comportamento governamental. Todavia, falta compreender, adentro desta lógica, se este enquadramento e se estas condições se mantêm noutros sistemas políticos. Este será um dos percursos de investigação que abraçarei em futuros desafios.Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), SFRH/BD/45119/200
Introducing a New Database on Legislative Behaviour in Portugal
The development of new and bigger databases on law production fostered the study of legislative behaviour. This happened not only in the traditional stage of congressional politics, but also, in the European Union and country levels. As a developing reality, still several countries do not have accessible legislative data, and Portugal counts as one of these examples, this database was constructed with this in mind. The time covered here comprises the period of 1982 to 2009 and covers all the legislative initiatives and approved laws that were proposed and enacted by the Portuguese Parliament and the Council of Ministers. Because of the institutional information, the detailed features of each one of the observations (legislation), the extended time-period and of the incorporation of variables potentially strategic, this database can be useful for a wide range of Academics