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Memória e trajeto secular: os terena como protagonista de sua história
O presente artigo possui como objetivo apresentar duas situações de protagonismo Terena na luta pela terra ao longo do século XX e historiar o movimento Terena em defesa de seus direitos. A metodologia utilizada foi à história oral e a etnografia (trabalho de campo), portanto um diálogo entre a História Indígena e a Antropologia. Os resultados apresentados foram de intensa movimentação dos indígenas para recuperação de seus territórios tradicionais. As duas situações reivindicativas em destaque demonstram que essa etnia e seus “guerreiros” (autodenominação dos homens que vão para frente dos embates com os fazendeiros) estão dispostos a retomar seus territórios, ao menos esses dos quais não se apartaram, para dar continuidade ao seu jeito de ser Terena. Os Terena atuais, pelo que pudemos perceber, foi tomando consciência de seu lugar social na sociedade brasileira. A partir desse movimento foram traçando novas estratégias políticas para ocupar novos espaços sócio-políticos. A arte da dissimulação faz parte do conjunto de táticas de negociação dos Terena e é amplamente utilizada pelas lideranças. Essas costumam concordar e aceitar as propostas que lhes são feitas em espaços não-indígenas de poder. Muitas vezes se comprometem a desenvolver as atividades propostas que lhes são favoráveis. Ou seja, concordam e se propõem a executar as atividades desde que sua população o aceite. Entretanto, se o grupo de apoio na aldeia discordar dos encaminhamentos propostos, simplesmente engaveta o projeto e suas ações
As Relações Interétnicas: os Terena e os demais atores sociais em Mato Grosso do Sul
Neste artigo apresentamos as relações interétnicas entre os Terena e os atores sociais com os quais estreitaram os contatos ao longo do século XX. Em algumas passagens do texto sentimos a necessidade de realizar algumas digressões para situar o leitor acerca das permanências ou rupturas históricas. Dessa forma, realçamos, principalmente, as relações entre os indígenas e o Estado brasileiro. Portanto, percorremos rapidamente as últimas décadas do século XIX e entranhamo-nos no XX
Entre a Antropologia e a História: alguns pressupostos teórico-metodológicos no estudo das religiosidades Terena
Neste artigo traçaremos parcialmente o caminho teórico-metodológico interdisciplinar percorrido na produção resultante dos estudos sobre religiosidades Terena desenvolvidos nos últimos anos. Para isso, faremos algumas considerações sobre conceitos e categorias utilizadas ao longo do texto para alicerçar nossas argumentações em torno da hipótese central – os Terena, principalmente as lideranças religiosas, apropriaram-se e terenizaram o cristianismo nas terras indígenas no Mato Grosso do Sul, a partir da Terra Indígena de Taunay-Ipegue. Dentre os vários enfoques destacados selecionamos como diretriz central a parte da epígrafe acima destacada, que retrata o protagonismo desses sujeitos históricos Terena em reproduzir-se como sociedade através dos religiosos não indígenas e de suas instituições cristãs, recrutando os brancos para sua própria continuidade. Nossa trajetória, portanto, será marcada pelos diálogos entre a Antropologia e a História
A crise da modernidade e suas implicações na produção de conhecimentos
O processo de instalação da crise da modernidade, que abordamos neste texto, nos coloca em uma posição incômoda e ousada de perscrutar o tempo presente, ancorado no passado e com um pé no futuro. Percebemos que os nossos conceitos e categorias não dão conta de compreender, predizer, explicar e interferir, mas ficamos reticentes e fragilizados em abandoná-los completamente. A solução encontrada, momentaneamente, foi fazer uma ponte entre esses instrumentos umbilicalmente ligados ao solo antropológico moderno e os novos construídos pelo e no desdobramento desse período de transição, no qual nos encontramos. Procuramos perceber como as correntes filosóficas estão reagindo diante dos abalos produzidos pela crise estrutural do mundo moderno responsável, em larga escala, pela crise teórico-metodológica das ciências. Para isso, traçamos um breve panorama histórico, a partir da Segunda Guerra Mundial, entre as ciências ditas exatas e as ciências humanas; destacamos os espaços ocupados por elas na modernidade, sob a orientação das leituras de Bruno Latour; esboçamos as tentativas de reação dos modernos, pós-modernos e aqueles que arriscam dizer que “jamais fomos modernos” diante da crise
As mulheres corajosas da aldeia Taunay/Ipegue em Mato Grosso do Sul/Brasil: xamanismo, cristianismo e atualização cosmológica
Los Terenas cristianos hablan en los chamanes como si estuvieran rescatando los recuerdos de sus infancias o relatos de sus ancianos lo que nos llevan a reflejar que el tiempo de la desaparición de los koixomuneti no es tan remoto como pretenden presentar. Los líderes evangélicos y católicos con los que dialogamos en el período de 2003 a 2009 y recientemente en 2016 hacían esas inquietud constantemente. De esta forma, sus narrativas y historias, nos llevaron a evidenciar un perfil de pajé, tal como se autodenominó en la época nuestra principal interlocutora Doña Miguelina Silva, Terena de la Aldea Ipegue de la Reserva Taunay / Ipegue, ubicado en el municipio de Aquidauana en el Estado de Mato Grosso do Sul- Br a sil. El pa j é t ambi én e r a una de l a s coordinadoras/líderes del Grupo de las Mujeres Corajosas de la Iglesia Católica, que atentas a los movimientos de la aldea se unían para informar al Consejo Tribal, sobre situaciones de riesgo en la comunidad. Las mujeres llevaban al Cacique, liderazgo temporal de la aldea terena, demandas y situaciones consideradas por ellas como fuera del patrón Terena. Una característica que notificamos fue que las mujeres del grupo, en su mayoría, eran bendecidas y afiliadas a la Capilla Católica de la aldea Ipegue. Las Mujeres Corajosas, por lo tanto, era un grupo de referencia católica y de bendecidades, que ocupaban la función de denunciar comportamientos que consideraban inadecuados o fuera del ethos Terena. Se perciben las actualizaciones de la figura del chamán, que en contacto directo con los Terena y destacamos los nuevos chamanes católicos resignificados en bendecir, pajés, puruleros y hacedores de simpatías (MOURA, 2009). Por lo tanto, algunas blandas del grupo de Miguelina, según ella, se especializaban en enfermedades específicas de un grupo de edad. Así, Doña Miguelina bendecía a los niños, pero también a los adultos. El destaque para esa situación en que la interlocutora es pajé, bendecidora y asociada a un grupo de mujeres, que se autodenominan a Corajosas, para enfrentar situaciones liminares en su comunidad y, tiene el objetivo de evidenciar los lugares sociales y políticos que ellas ocupan en una situación El pueblo Terena para manejar las diversas instancias internas y externasOs Terenas cristãos falam nos xamãs como se estivessem resgatando as lembranças de suas infâncias ou relatos de seus anciãos o que nos levam a refletir que o tempo do desaparecimento dos koixomuneti não é tão remoto quanto pretendem apresentar. Os líderes evangélicos e católicos com os quais dialogamos no período de 2003 a 2009 e recentemente em 2016 faziam essas inquietações constantemente. Dessa forma, suas narrativas e estórias, levaram-nos a evidenciar um perfil de pajé, tal como se autodenominou à época a nossa principal interlocutora Dona Miguelina Silva, Terena da Aldeia Ipegue da Reserva Taunay/Ipegue, localizado no município de Aquidauana no Estado de Mato Grosso do Sul- Brasil. A pajé também era uma das coordenadoras/líderes do Grupo das Mulheres Corajosas da Igreja Católica, que atentas aos movimentos da aldeia se uniam para informar ao Conselho Tribal, sobre situações de risco na comunidade. As mulheres levavam ao Cacique, liderança temporal da aldeia terena, demandas e situações consideradas por elas como fora do padrão Terena. Uma característica que notificamos foi que as mulheres do grupo, em sua maioria, eram benzedeiras e filiadas à Capela Católica da aldeia Ipegue. As Mulheres Corajosas, portanto, era um grupo de referência católica e de benzedeiras, que ocupavam a função de denunciar comportamentos que consideravam inadequados ou fora do ethos Terena. Percebemos as atualizações da figura do xamã, que em contato direto com os Terena e destacamos os novos xamãs católicos ressignificados em benzedores, pajés, purungueiros e fazedores de simpatias (MOURA, 2009). Portanto, algumas benzedeiras do grupo de Miguelina, segundo ela, especializavam-se em doenças específicas de uma faixa etária. Assim, Dona Miguelina benzia as crianças, mas também os adultos. O destaque para essa situação em que a interlocutora é pajé, benzedeira e associada a um grupo de mulheres, que se autodenominam Corajosas, para enfrentar situações liminares em sua comunidade e, tem o objetivo de evidenciar os lugares sociais e políticos que elas ocupam em uma aldeia Terena para lidar com as diversas instâncias internas e externas