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    Um estupro de sessenta mil: feminismos 2.0 e a circulação do conceito de cultura do estupro

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     Em 2016, o Brasil registrou sessenta mil casos de estupros, com média de uma mulher sendo vítima a cada dez minutos no país. Em quarenta segundos, um desses casos, envolvendo trinta e três homens e uma adolescente de dezesseis anos, na comunidade do Barão, Zona Oeste do Rio de Janeiro, se tornou público, após a divulgação do vídeo com a legenda “amassaram a mina intendeu ou não intendeu”. A comoção do caso serviu para aprofundar a dimensão da cultura do estupro no debate sobre as violências sexuais, sendo identificada a partir dos estudos, vivências e pensamentos feministas. O desenrolar da discussão traz as informações divulgadas pela imprensa sobre o caso, em um debate que acentua o jogo discursivo de interpretações de comportamentos, no qual permeia a opinião pública e a relação dos movimentos feministas com as mídias sociais. Resultam em considerações as contribuições da produção de discursos dos movimentos feministas, que questionam as ‘normas’ que produzem a naturalização das violências sexuais contra as mulheres, indicando possibilidades e perspectivas de desconstrução da cultura do estupro. Ressalto a urgência de se considerar a análise da cultura do estupro a partir de um olhar intersecional, rompendo com a universalização da categoria gênero e atentando-se para as diferenças nas experiências de mulher

    Sala de recurso multifuncional UFSJ: perspectivas e desafios na acessibilidade para alunos surdos

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    O presente relato de experiência trata da descrição e reflexão das ações realizadas no ano 2015, por meio do Programa de Extensão “Sala de Recursos Multifuncionais UFSJ, financiado pelo Programa de Bolsas de Extensão da UFSJ – Universidade Federal de São João del Rei. Os objetivos do referente programa se baseavam em promover a acessibilidade dos alunos da UFSJ com algum tipo de necessidade específica, além de acompanhar, apoiar e dar suporte educacional para a comunidade surda local, visando garantir a este grupo minoritário condições de acesso ao conhecimento acadêmico.

    Educar sobre o estupro, educar sobre a diferença: a redefinição do estupro e a reivindicação de não violência na apropriação e construção do conceito de cultura do estupro

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    The concept of rape culture is attributed to the American feminists of the 1960s and 1970s in the context of the anti-rape movement in the United States for the analysis of the naturalization of sexual violence against women in (re) production myths and stereotypes that tend to blame the victim and protect the perpetrators. The research shares the argument that the term comes into evidence in Brazil through mobilizations of feminist cyber-feminism, also known as feminism 2.0, after the repercussion of a case of collective rape, involving a 16-year-old girl and 33 men in the Barão, West Zone of Rio de Janeiro, and treating the mobilization as a claim of non-violence. In this sense, the text of this dissertation unfolds in the repercussion of collective rape. Through a netnographic immersion, it was possible to observe discussions in feminist groups and follow pages on the social network Facebook From the pages, movements of appropriation and construction of the rape culture concept were mapped, contextualizing the conditions of the claim. Of the groups observed, six were selected, bringing together women affiliated to different feminist perspectives. In these groups the form "Feminism 2.0 and the circulation of the concept of culture of rape" was made available. The analyzes approach the poststructuralist theoretical perspective, seeking to explore alternative ways of thinking, speaking and remodeling the research methodologies so that they do not constitute tools of social reproduction, but that contribute to problematize and to break with hegemonic discourses underpin the hierarchy of differences . The concept of intersectionality is activated to think in an articulated way the different experiences of women, sometimes invisible, in the ritual of compulsory heterosexuality and racism, which involves the culture of rape. The contributions of the discourse of the feminist movements that question the norms producing the naturalization of sexual violence against women, suggest possibilities and perspectives of deconstruction of the rape culture. The study emphasizes the urgency of considering the analysis of rape culture, starting from an intersectional look, at breaking with the universalization of the gender category, in the attention to differences in the experiences of women. In this sense, it is also worth defending the expansion and encouragement of the gender debate in schools, which is intrinsic to the debate of confronting the culture of rape, which has undergone institutionalized distortions and attacks, engaged in what is called the fight of gender ideology.O conceito cultura do estupro é atribuído às feministas americanas das décadas de 1960 e 1970, no contexto do movimento antiviolação nos Estados Unidos, para a análise da naturalização da violência sexual contra as mulheres, na (re)produção de mitos e estereótipos, que tendem a atribuir a culpa vítima (processo chamado de culpabilização) e a proteger os agressores. Compartilho do argumento de que o termo entra em evidência no Brasil, por meio de mobilizações do ciberativismo feminista, também conhecido como feminismo 2.0, após a repercussão de um caso de estupro coletivo envolvendo uma adolescente de 16 anos que foi estuprada por 33 homens na comunidade do Barão, Zona Oeste do Rio de Janeiro, e trato a mobilização como uma reivindicação de não violência. Nesse sentido, o texto, dessa dissertação se desdobra, na repercussão do estupro coletivo, através de uma de uma imersão netnográfica, onde foi possível observar discussões em grupos feministas, além do acompanhamento de páginas na rede social Facebook. Das páginas trago os movimentos de apropriação e construção do conceito de cultura do estupro; dos grupos observados, foram selecionados seis, que reúnem mulheres filiadas a diferentes perspectivas feministas. Nesses grupos foi disponibilizado o formulário “O feminismo 2.0 e a circulação do conceito de cultura do estupro”. As análises se aproximam da perspectiva teórica pós-estruturalista, buscando explorar modos alternativos de pensar, falar e remodelar as metodologias de pesquisa para que elas não constituam ferramentas de reprodução social, mas que contribuam para problematizar e romper com discursos hegemônicos sustentam a hierarquização das diferenças. Aciono o conceito de interseccionalidade para pensar de forma articulada as diferentes experiências de mulheres, por vezes tornada invisível no ritual da heterossexualidade compulsória e no racismo que envolve a cultura do estupro. Resultam em considerações desta pesquisa as contribuições da produção de discursos dos movimentos feministas, que questionam as ‘normas’ que produzem a naturalização das violências sexuais contra as mulheres, indicando possibilidades e perspectivas de desconstrução da cultura do estupro. Ressalto a urgência de se considerar a análise da cultura do estupro a partir de um olhar intersecional, rompendo com a universalização da categoria gênero e atentando-se para as diferenças nas experiências de mulher. Nesse sentido, cabe também, a defesa pela ampliação e incentivo ao debate de gênero nas escolas, pauta intrínseca ao debate de enfrentamento a cultura do estupro, que vem passando por distorções e ataques institucionalizados, engajados no que é chamado de combate à “ideologia de gênero”
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