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    O estado social activo à prova dos beneficiários da Iniciativa Novas Oportunidades

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    Pretendemos com esta comunicação estimular o debate e a reflexão sociológica em torno das políticas públicas de activação a partir dos resultados parciais de uma investigação de doutoramento em Sociologia a decorrer na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa onde se estuda a acção pública do trabalho de formar adultos na sociedade portuguesa a partir da Iniciativa Novas Oportunidades. Os dados empíricos já produzidos resultam da análise estrutural de conteúdos a trinta e oito entrevistas semi-estruturadas. É a partir das representações e dos sistemas de sentidos que os técnicos que trabalham no terreno têm dos beneficiários com e sobre os quais trabalham que esta reflexão é levada a cabo. As políticas de activação propõem uma distinção marcante entre, por um lado, um Estado Social Passivo, cujas políticas teriam como centralidade o assegurar de direitos sociais sob a forma da assistência e da indemnização face aos destroços provocados pelo sistema capitalista e por outro lado, um Estado Social Activo, que põe a tónica na necessidade de activar os indivíduos, torná-los autores da sua própria vida, responsabilizá-los pela sua própria trajectória e destino social, promover a sua autonomia. Os indivíduos passam a ser portadores de direitos sob a condição de cumprirem os deveres impostos pelo Estado. Eles são merecedores das alocações atribuídas pelo Estado, se e só se, demonstrarem voluntariamente a sua adesão a este novo contrato social que lhes impõe um conjunto de obrigações. Ora o que os dados produzidos no âmbito da nossa investigação demonstram é que nem todos os beneficiários estão predispostos a aderir ao jogo ideológico das políticas de activação uma vez que é muito evidente que uns estão mais predispostos à activação do que os outros

    Lógicas de apropriação local das políticas de educação básica de adultos: o território conta

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    Na presente comunicação apresentam-se os resultados parciais de uma investigação de doutoramento em Sociologia realizada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa intitulada “Das Políticas Às Praticas de Educação de Adultos: Lógicas de Acção, Sentidos E Modos de Apropriação Localmente Produzidos”. Partindo da análise da medida de política pública Iniciativa Novas Oportunidades a investigação teve como um dos seus objectivos centrais os modos como a mesma é apropriada pelos actores nos terrenos onde ela é implementada. Procurando conhecer em profundidade o trabalho realizado em duas organizações formativas de características marcadamente diferenciadas, uma Associação de Desenvolvimento Local e um Centro de Formação Profissional na região do Algarve, com recurso a uma metodologia de investigação qualitativa e tendo como técnica de recolha de dados privilegiada a entrevista semi-estruturada, o material empírico recolhido foi sujeito a tratamento a partir de uma análise estrutural de conteúdos. Os resultados de investigação permitem dizer que os modos como as diferentes organizações se apropriam localmente desta medida, os modos como o acompanhamento dos projectos é produzido nos territórios onde é implementada e os modos como o currículo é localmente construído e apropriado condicionam decisivamente a implementação desta medida de política pública. O trabalho que os actores fabricam quotidianamente no terreno conta

    O Estado social ativo: um novo paradigma legitimador das políticas públicas em Portugal

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    Elabora‑se neste artigo uma reflexão crítica sobre as políticas de ativação estatal a partir da análise dos resultados empíricos de uma investigação sociológica sobre a implementação das políticas públicas de educação de adultos no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades. O novo paradigma de políticas públicas centrado na ideia de Estado social ativo é aqui questionado a partir das representações dos técnicos responsáveis pela implementação desta medida, uma vez que é possível constatar que nem todos os beneficiários são perspetivados como dispondo das características necessárias para ir ao encontro da ideologia estatal da ativação. A partir de um estudo qualitativo que recorre a entrevistas aprofundadas com formadores de adultos, foi possível construir uma tipologia de beneficiários que remete para uma diversidade de modos de relação com as propostas de ativação estatal

    A construção social das práticas de apoio educativo aos alunos com "dificuldades de aprendizagem": um estudo de caso numa escola primária portuguesa

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    A escola é aqui problematizada como organização complexa, dotada de “autono- mia relativa” e o trabalho de apoio educativo perspectivado como um “sistema de acção concreto”, em que as diferentes categorias de actores em análise, professores de apoio educativo, professores do ensino “regular” e alunos interagem estrategi- camente constituindo um sistema de interdependências sociais do qual vai resul- tar o modo como o seu trabalho quotidiano vai ser construído. Conceitos centrais na análise são o poder, as estratégias e as negociações dos actores, o domínio (ou não) das zonas de incerteza organizacionais, a escola como um lugar onde a “micropolítica” é uma constante. Este trabalho de investigação empírica revela- nos como as relações de poder e de status entre diferentes categorias de professores influem fortemente no trabalho pedagógico que os mesmos realizam com os seus alunos

    Modos de apropriação local da Iniciativa Novas Oportunidades: entre a lógica da intervenção comunitária e a lógica da qualificação individual

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    Este artigo tem como objectivo a apresentação dos resultados parciais de uma investigação de doutoramento realizada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa intitulada “Das Políticas Às Práticas De Educação De Adultos: Lógicas De Acção, Sentidos E Modos De Apropriação Localmente Produzidos”. A investigação teve como objectivo principal a compreensão dos modos de produção da acção pública na sociedade portuguesa a partir do analisador “Novas Oportunidades”. É a partir da análise das lógicas de acção e dos sentidos atribuídos pelos técnicos de reconhecimento, validação e certificação de competências e pelos formadores dos cursos de Educação e Formação de Adultos e dos Centros Novas Oportunidades que se procura perceber como é apropriada localmente esta medida de política pública. Foi privilegiada uma entrada teórica com o enfoque a partir de uma sociologia política da acção pública, de uma sociologia da individuação e ainda do conceito central de agir poiético. Do ponto de vista metodológico o estudo segue os procedimentos da análise qualitativa e teve como técnica de recolha de dados privilegiada a entrevista semi-estruturada. A partir do estudo de dois casos, uma Associação de Desenvolvimento Local e um Centro de Formação Profissional, ambos situados na região do Algarve, foi possível constatar que o nível meso de análise é de uma importância crucial nos modos diferenciados de apropriação local da Iniciativa Novas Oportunidades. Os principais resultados de investigação permitem-nos constatar que a apropriação diferencialmente produzida da medida faz-se a partir de duas lógicas de acção predominantes tendo sido ainda possível a identificação de um terceiro modo de intervenção. Assim, na Associação de Desenvolvimento Local em estudo predomina a lógica de intervenção comunitária centrada no móbil principal de intervir no território de modo a encontrar soluções para os problemas concretos das populações que se colocam ao nível do local. No Centro de Formação Profissional predomina uma lógica de qualificação individual centrada no reconhecimento, produção e certificação de competências dos indivíduos e/ou numa relação muito estreita entre formação de adultos e empregabilidade. A análise do material empírico permitiu ainda identificação de um terceiro modelo que remete para uma lógica de acção ritualizada em que a realização das acções de formação é uma finalidade em si própria

    A construção social das práticas de apoio educativo aos alunos com "dificuldades de aprendizagem" numa escola primária portuguesa. O poder e o status na mediação do modo de organização do trabalho professoral

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    O trabalho de investigação sociológica que apresentamos nesta dissertação de mestrado tem como objecto de estudo “A construção social das práticas de apoio educativo aos alunos com “dificuldades de aprendizagem” ”. O trabalho de apoio educativo foi perspectivado como um sistema de acção concreto em que os diferentes actores em análise, professores de apoio educativo, professores do ensino “regular” e alunos constituem um sistema de interdependências sociais do qual vai resultar o modo como o seu trabalho quotidiano vai ser construído. Privilegiámos uma abordagem de carácter mais qualitativo e optámos pela análise de um estudo de caso, problematizando a escola como organização complexa, dotada de autonomia relativa, onde o trabalho de apoio educativo é conceptualizado como um constructo social resultante das diversas interacções estratégicas postas em prática pelos actores, assim como das significações sociais que os mesmos dão às suas acções. Conceitos centrais na análise são o poder, as estratégias e as negociações dos actores, o domínio (ou não) das zonas de incerteza organizacionais, a escola como um lugar onde a micropolítica é uma constante. Como principais resultados da investigação destacamos: - Um dos principais resultados do estudo é que não são somente e primordialmente as “necessidades” educativas dos alunos e a percepção que as professoras têm das mesmas que são um aspecto essencial a partir do qual é estruturado o modo de organização do trabalho pedagógico e a divisão social do mesmo mas são acima de tudo as relações de poder e de status entre as duas categorias de professores que vão ser fulcrais no modo como o trabalho escolar vai ser construído. Nos casos em que o apoio é definido como sendo de primeira importância apoiar os alunos com “n.e.e” em primeiro lugar, são as professoras do ensino “regular” que sendo portadoras de um maior status social dentro das organizações escolares que “empurram” as docentes de apoio para o “cantinho” das salas de aula agindo estrategicamente numa postura mais ofensiva, de forma a não sofrerem interferência nos seus tradicionais espaços de trabalho, os quais sempre dominaram, numa relação social isolada e assimétrica com os “seus” alunos. Optando por uma estratégia mais defensiva as professoras de apoio educativo perdem o controlo das zonas de incerteza que lhes era fundamental dominar para que o seu trabalho fosse conforme ao que está estabelecido nas normas oficiais como sendo o comportamento esperado para o “bom” desempenho do seu papel social, que seria então “um apoio dirigido prioritariamente ao professor da turma, aos pais, à escola e só em último caso ao aluno”. - As principais estratégias postas em prática pelos actores para levarem a “bom termo” o seu trabalho conjunto de cooperação são assim as estratégias de evitamento do conflito, em que as professoras procuram chegar a acordos de trabalho “ajustando-se” umas às outras, criando interactivamente consensos sobre a “forma de fazer as coisas”. Existe desta forma uma valorização das “boas” relações de trabalho pelos actores, sendo isto essencial para ultrapassar potenciais conflitos nos seus quotidianos de trabalho diário. - Outra estratégia posta em prática pelas docentes consiste em procurar conquistar e preservar um mínimo de autonomia nos seus contextos de trabalho. Neste tipo de estratégia as diferentes categorias de actores procuram não interferir no trabalho das colegas, optando por trabalhar cada uma com os “seus” alunos. - Ainda uma outra estratégia detectada, consiste em economizar esforço, uma vez que com uma definição do trabalho de apoio como apoio primeiro ao docente do “regular” e fazendo uma divisão do trabalho escolar mais cooperativa centrada sobretudo no grupo-turma e não nos alunos com “n.e.e.”, haveria “naturalmente” uma intensificação do tempo de trabalho de que por exemplo a preparação e a programação conjunta das actividades certamente obrigaria. - Sobre uma outra dimensão do trabalho de apoio educativo, o apoio aos pais dos alunos rotulados com “dificuldades de aprendizagem”, também este aspecto considerado oficialmente de primeira prioridade pelas autoridades educativas, pudemos constatar que mais uma vez são as professoras que no quotidiano escolar redefinem através de entendimentos tácitos a divisão social do trabalho de apoio e que o apoio aos pais não é tido como prioritário pelas docentes de apoio. Esta é uma dimensão do papel social do professor de apoio educativo que não foi ainda incorporada por esta categoria de professores. - Quanto às perspectivas das professoras sobre as “dificuldades” escolares dos alunos, para as professoras do ensino “regular” surge a ideologia do “dom” e do “handicap-sóciocultural” como as principais razões justificativas deste facto social. As professoras de apoio educativo apresentam nas suas enunciações discursivas uma tonalidade mais “positiva” em relação às competências escolares deste tipo de clientes. Contudo, são as professoras “especializadas” e com maior experiência no ensino “especial” que detêm expectativas mais positivas sobre os mesmos. As docentes de apoio referem ainda que as docentes do ensino “regular” vêem muito os aspectos “negativos” destes alunos, enquanto que algumas delas dizem mesmo assumir uma postura de “defesa” dos mesmos uma vez que o seu papel “também é levar uma outra visão às outras professoras sobre este tipo de meninos”. - Os momentos iniciais do ano escolar, nos primeiros encontros sociais entre as diferentes categorias de professores podem ser de extrema importância para o futuro escolar dos alunos etiquetados com “dificuldades”. É durante os mesmos que é construído interactivamente o consenso sobre o valor escolar destes últimos e a definição das suas “dificuldades”. Novamente aqui é o professor da “turma” que já tendo “solidificado” perspectivas sobre estes alunos no ano anterior vai produzir uma “definição da situação” baseada numa imagem estereotipada dos mesmos e de suas famílias, definição esta a que o professor de apoio “adere”, facilitando o consenso. - Um dos “efeitos perversos” resultantes das diversas interacções e adaptações estratégicas postas em prática pelos actores é o do reforço da diferença e do estigma em relação aos alunos com “n.e.e.”. Sendo o apoio definido estrategicamente como “apoio prioritário aos alunos” o facto destes serem apoiados ao “fundo” das salas de aula, separadamente, pelas professoras de apoio, contribui para a acentuação da diferenciação espacial e simbólica deste tipo de clientes em relação aos clientes “normais”. Passa-se desta forma de uma segregação por “fora” a uma segregação por “dentro”, agora no interior das salas de aula, que só é provocada e acentuada quando as professoras de apoio educativo “entram” nas turmas duas vezes por semana para efectuar o seu trabalho

    Adult education in a context of structural transformation of educational policies

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    UID/SOC/04647/2019Procura-se neste artigo contribuir com uma reflexão sociologicamente apoiada na análise científica das políticas públicas de educação de adultos que vem sendo realizada em Portugal ao longo das duas últimas décadas, para problematizar alguns dos principais desafios que se colocam à atividade de quem exerce o seu trabalho na educação e formação de adultos pouco escolarizados. Inspirados nos resultados de investigação da nossa tese de doutoramento e sobre alguns dos principais trabalhos científicos sobre as políticas públicas do Programa Novas Oportunidades, um momento importante do investimento Estatal e do voluntarismo político vigente ao longo deste período neste campo de práticas educativas, problematizamos alguns dos principais desafios a partir dos quais vamos defender o nosso ponto de vista. O exercício de uma prática educativa que tem lugar num contexto do novo paradigma hegemónico da “aprendizagem ao longo da vida” coloca um conjunto de provações fundamentais ao ofício de educador de adultos.publishersversionpublishe

    Contributos para uma sociologia do tempo dos indivíduos

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    UID/SOC/04647/2019Este artigo contribui para a discussão teórica em torno de uma sociologia dos indivíduos, num tempo societal marcado por uma forte individualização das relações sociais. Mobiliza-se o trabalho de três dos principais autores que se situam neste movimento teórico de uma sociologia à escala dos indivíduos, Bernard Lahire, François Dubet e Danilo Martuccelli, para fundamentar a pertinência heurística, no tempo dos indivíduos, de uma sociologia da individuação. Parte-se de uma crítica do que Martuccelli designa por sociologia da socialização para chegar a uma sociologia talhada para a compreensão sociológica dos desafios que os indivíduos enfrentam num mundo social em processo crescente de singularização societal.publishersversionpublishe

    Um olhar micropolítico sobre as organizações escolares

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    No presente texto propõe-se uma revisitação da abordagem micropolítica das organizações escolares no sentido de realçar a sua potencialidade heurística para a compreensão das organizações escolares no seu nível meso de análise. Rompendo com as propostas das abordagens mais clássicas das teorias organizacionais as propostas analíticas a partir das micropolíticas de escola têm como enfoque fundamental as relações de poder que os diferentes actores escolares levam a cabo a quando dos processos de construção social da ordem social no interior dos espaços escolares

    O Rasto mora na Floresta : a Teologia como Hermenêutica do Mundo

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    Depois de elaborar uma crítica a dois modelos insuficientes para compreender a relação Deus-Mundo, propomos uma definição de natural e sobrenatural pesando, em primeiro lugar, o significado da sua habitação no Mundo e, em segundo, a trajetória dos conceitos na história da teologia. Seguidamente veremos como isso se relaciona com o conceito de tradução em Paul Ricoeur e com os tópicos do mistério e da interrogação em Vergílio Ferreira, para recompor a tarefa da Teologia como hermenêutica do Mundo.After the criticism of two insufficient models as God-world relationship we came to a proposal definition of natural and supernatural, thinking firstly, the meaning of their dwelling in the world, and secondly, the trajectory of concepts in the history of theological reflection. So we will see how this connects to the idea of translation in Paul Ricoeur and to the topic of mystery and interrogation in Vergílio Ferreira, in order to recomb the task of theological as a hermeneutic of the world
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